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02| LIKE A MORTAL.

[ COMO UMA MORTAL ]


NÃO SOU MUITO boa com matemática, ou qualquer coisa que envolvam cálculos específicos, mas tenho absoluta certeza que estou caindo a uns cem quilômetros por hora dos céus. Me sinto como um objeto, como um desses cometas que tanto caem na Terra, e a sensação não é das melhores.

Minha pele está aquecendo a cada segundo que se passa, mas são os meus braços em especial que estão queimando, e tenho quase certeza que a tonalidade alaranjada que minha pele está formando se dá pelo contato com o fogo. Pelos deuses, estou pegando fogo! Sinto uma ventania agressiva invadir os meus pulmões, e sei que não vou morrer, mas a transfusão de um ar para o outro faz com que eu deseje estar morrendo. Sinto que estou sufocando, principalmente porque o ar terrestre, em relação ao ar externo ao planeta, é quente e um pouco sujo.

Com a sensação latente de queimação e a dificuldade em respirar, o meu único conforto é observar enquanto a superfície terrestre se aproxima, cada vez mais rápido, e rezo para cair em algo macio, ou maleável o suficiente para não quebrar os meus ossos. Eu até poderia tentar adivinhar o solo ao qual meu corpo está prestes a colidir, mas ainda está de noite, e não consigo enxergar nada com fidelidade ao olho nu. Apenas sei que algo está chegando, e isso passa a me apavorar.

Meu corpo continua aquecendo, mas agora sinto falta de algo. Devo estar a uns cinco metros de meu destino quando percebo o que é: minha túnica! Sou agora um corpo aleatório caindo pelos céus, no meio da noite, despida daquilo que me tornava minimamente decente aos olhos mortais.

Posso identificar características do solo que me aguarda no segundo seguinte, quando estou prestes a colidir com algo. É escuro e demonstra alguma profundidade, como se houvesse algo além dele. Sei que a terra não apresenta essa aparência, tão menos concreto, e fico minimamente feliz por entender que não serei espatifada logo depois de me livrar da minha antiga realidade.

Mas ainda assim, é água. E antes que eu pudesse rezar para que aquele rio fosse profundo o suficiente para não denunciar a minha presença, estou dentro de um rio raso o bastante para chacoalhar os objetos que boiavam dentro dele.

Quero ir para a superfície, mas a água é convidativa. Sempre gostei dos mares, de seu mistério, de suas magias. Mas agora, gosto de como ele esfria minha pele quente, de como esfria meu corpo para o que deveria ser uma temperatura normal, e estou perdida na reconfortante frieza das águas quando, involuntariamente, boio um pouco. Talvez seja um sinal. Talvez seja hora de nadar para cima, pois não consigo ficar mais que sete minutos sem respirar, embaixo da água. E não quero que meus pulmões voltem a arder de novo, porque a sensação é angustiante.

Então movimento meus braços e pernas de uma forma engraçada, mas eficaz, e subo até a superfície. O que é rápido, considerando que minhas inibições serviram para uma leveza incomum em meus movimentos.

Posso chutar que são entre uma e duas da manhã, e não há ninguém por perto. Os humanos costumam descansar nesse horário, então sei que estou segura. Olhando em volta, posso perceber algumas pequenas embarcações. Devido às variações de cores, entre o claro e escuro, consigo identificar o que só podem ser barcos. Mas não me arrisco a me aproximar de um. Deve haver muitas pessoas adormecidas por aqui, mas isso indica algo bom também. Possivelmente, há alguma plataforma por aqui, alguma passarela que me permita sair das águas. Um cais.

Estou nadando até um barco grande, no qual ninguém poderia me ver, quando vejo ela. Tenho que espremer os meus olhos azuis para conseguir identificar de fato, mas consigo.

E então vou até ela, dessa vez nadando como uma maldita sereia, e felizmente, tenho facilidade para puxar meu corpo para fora do rio. Minhas mãos raspam na superfície de madeira, mas ignoro a sensação de uma farpa entrando em minha palma até que eu esteja totalmente fora daquela esfera misteriosa. Passei tanto tempo inerte na sensação de frescor que me esqueci que alguma coisa poderia me puxar para baixo. Talvez Zeus tivesse ordenado para que algumas criaturas viessem me matar, mas descarto a possibilidade em seguida.

Ele provavelmente quer que eu volte para ele. Arrependida, melancólica e submissa. É claro que ele quer isso. Então não vai me matar. Pelos menos, não agora. E toda essa sua arrogância me enfurece, então estou andando pelada pela passarela, frustrada e querendo chutar alguma coisa ─ visto que a cara de meu marido é inviável nesse momento ─ quando algo me chama a atenção.

Sob os meus pés, vejo uma luz amarela. Ela ilumina os meus dedos descalços, e isso soa como um mal presságio.

Quem diabos estaria navegando por aqui a essa hora?

Estou cogitando correr quando uma voz me chama, e eu me sinto sob a mira de mil caçadores.

─ Olá? ─ É de um timbre masculino. A voz é tranquila, mas não quero deduzir o tipo de pessoa que a porta como inofensiva. Vozes podem enganar tanto quanto a aparência propriamente dita.

Então me viro, lentamente, mas sem levantar as mãos. Não quero soar como uma presa. Não estou me rendendo. Muito pelo contrário. Só quero analisar quem eu irei atacar, e como devo fazer isso.

À minha nova frente, vejo um homem negro segurando uma lanterna em sua mão. Ele parecia ter a mesma altura que a minha, mas não posso deduzir que sou mais forte, visto que seus braços são consideravelmente volumosos. Então vou para o seu rosto. Do pouco que vejo no escuro, posso concluir que é uma daquelas criaturas humanas e belas. Com o brilho refletido pela lanterna, posso perceber que ele só pode ter olhos castanhos. E então percebo uma coisa. Criatura humana. O que torna a minha força, velocidade e resistência superiores a dele.

Enquanto aquele homem me encara, provavelmente analisando o que deve dizer em seguida, eu distribuo na mesa as minhas opções. 1) Fugir. Pode ser estúpido. E se ele estiver enfeitiçado? E se isso for um truque para ele estar sempre ciente da minha localização? E se isso for um modo de me manter no radar dele? Droga! Zeus ainda está mexendo com a minha cabeça.

E isso me leva a opção 2) Nocauteá-lo. Não é muito esperto. Quer dizer, eu até posso conseguir um tempo para fugir, mas como sei qual força aplicar? Se ele for mesmo humano, posso acabar matando um inocente com um único golpe. Não me parece correto algo do tipo.

Além do mais, isso pode chamar atenção. Um cara aparece morto em um bairro movimentado, e podem chegar até mim. Quer dizer, se a tecnologia daquele Anthony Stark alcançou as ações do Estado, então realmente será fácil me achar. Não posso arriscar.

A partir disso, descartei a opção 3, que parecia viável até eu analisar a segunda. Matar esse homem está fora de cogitação.

E por fim, tenho a quarta opção. Então, por um curto momento, cogito usar ela.

─ Está perdida?

Tento visualizar um pouco mais do seu rosto, mas falho miseravelmente.

─ Senhorita?

─ Onde eu estou? ─ Pergunto. Não deixa de ser uma boa dúvida. Já consegui identificar o inglês dele, mas não lembro muito do sotaque. Honestamente, até que ele fale "água", não saberei dizer se ele é britânico ou americano.

─ Nova York.

Estados Unidos. Ótimo. Tudo o que eu preciso é estar no olho de um furacão dos super-heróis. Convenhamos, noventa por cento deles estão aqui.

─ A quem pertence esse cais, mortal? ─ Involuntariamente, ergo o queixo. É um mal hábito, mas me recuso a me curvar diante de alguém com menos poder que eu.

Não consigo vislumbrar direito o seu rosto, mas tenho a sensação de que ele franziu o cenho. Ou fez algo com as sobrancelhas que denunciasse dúvida.

─ Ao Governo, talvez?

Nem ele sabe. Pelos deuses! Como você simplesmente está em uma região e não sabe quem a governa?

Mas um segundo depois, me permito assumir um erro. São novos tempos. Algo entre 2023 e 2025, mas não é uma informação importante. Sei que se eu perguntar o ano em que estamos, ele me achará maluca. Eu posso descobrir isso depois.

Só preciso saber onde estou e para onde ir. Acho que ter ciência das horas também pode ser útil.

─ Eu sou Sam Wilson. ─ Ele se apresenta, com cautela.

Ele já acha que eu sou louca! Como ele pode cogitar isso? Eu me portei muito bem.

Com exceção de que estou nua. Os homens não costumam interpretar isso muito bem.

Estou cogitando se devo ou não inventar um nome para Sam quando ele me interrompe os pensamentos, dando um passo para frente. Eu não movo um músculo se quer.

─ Posso te ajudar, se precisar. O barco do meu pai não está muito longe e...

Ultrajante! Ele acha mesmo que eu deveria confiar em um estranho? É claro que ele quem corre real perigo aqui, mas ele acha mesmo que eu não sei como o seu povo funciona, como os homens funcionam?

Ou talvez não. Apesar de não ter sido viável pontuar isso antes, ele parecia bem constrangido em olhar para o meu corpo, abaixo da clavícula. Procurou manter o seu olhar do pescoço para cima a todo o momento, mas isso seria algo que devo associar às suas intenções?

─ Sou Hera. ─ Digo. Estou um pouco desconfiada, e sei que meu semblante entrega isso, mas talvez ele possa ser útil. E se ele me viu cair dos céus e ainda quer me ajudar, ou é muito estúpido, ou muito gentil. ─ A deusa. ─ Completo.

Ele não parece muito surpreso quando se aproxima mais um pouco, tira o seu casaco de moletom e o entrega para mim. A uma distância segura para ambos. Não o pego, mas quando ele continua ali, com o braço estendido e a peça em minha direção, me sinto obrigada a pegar o objeto.

─ Não estou com frio. ─ Hesito, cerrando os olhos para a roupa.

Mas ele insiste.

─ Se for mesmo uma deusa grega, então vai precisar se disfarçar até o amanhecer.

Encaro a roupa mais uma vez. Enfim, cedi aos meus próprios anseios para favorecer a linha de pensamento dele. O seu casaco é largo, então consegue cobrir boa parte do meu corpo exposto, até um pouco depois da metade das coxas. Não é feito de um tecido muito quente, mas é macio e conforta a minha pele fria e úmida.

Então encaro o tal Sam Wilson.

─ Não sou uma alucinada. ─ Afirmo, sentindo a necessidade de defender minha própria honra.

─ Eu sei. ─ Ele diz, mas não acredito em sua resposta. O homem permanece com o rosto sério, e sinto que ele está planejando alguma coisa. Talvez chamar a polícia.

Então quando ele se aproxima um pouco mais, eu finalmente recuo.

─ Não acredita em mim. Deve ser uma dessas pessoas que não acreditam mais nos deuses. ─ Momentaneamente, me sinto ofendida. Se eu estivesse com minha túnica comigo, poderia comprovar minha identidade. Ou talvez se meus poderes fossem explícitos, como os de Poseidon, Apolo, ou Hermes.

Maldição! Estou furiosa comigo mesma pela discrição de minhas habilidades.

Eu não voo, nem manipulo algum elemento. Sei ler emoções e às vezes posso manipulá-las, mas não me sinto confortável invadindo os pensamentos de um estranho.

─ Eu já vi um deus, então não tem porque questionar você.

Eu reviro os olhos.

Que audácia! Como ele poderia conhecer um deus? Os únicos que costumam mostrar tamanha falta de apreço pela introversão são os nórdicos. Loki e Thor, especificamente. Eu fiquei muito a par da exposição desses dois.

Bem, não me resta outra alternativa. Eu encaro Sam. De costas para mim, analiso sua nuca exposta, e procuro acalmar a minha mente. Já faz tempo que não faço isso, mas é como aquela estúpida frase humana: "É como andar de bibicleta". É impossível esquecer. Então, em alguns poucos segundos, tenho acesso a essa parte específica do seu cérebro, responsável pela voz consciente e subconsciente.

"Quando eu achava que teria paz...", ele começa, com uma pausa dramática, "Agora o Olimpo está vindo para cá também? Espero que ela só seja realmente uma maluca."

Para onde estou, incrédula e com raiva.

─ Como ousa!?

Sam se vira. Uma luz externa me permite captar melhor o seu rosto, e ele definitivamente está confuso.

─ "Espero que ela só seja realmente uma maluca"? ─ Gesticulo com as mãos, furiosa. ─ Não minta para mim, Sam Wilson. Eu não estou mentindo para você! É por isso que não me comunico mais com a sua espécie. Humanos são criaturas ridículas e...

Mas paro. Ele está silencioso e incrédulo, mas não explica o porquê.

Até olho para trás, para ter a certeza de que nenhuma serva de Poseidon veio me caçar.

─ O que foi, Sam Wilson?

─ Acabou de falar o meu pensamento?

─ Eu detesto invadir mentes humanas, mas você não me deu escolha. ─ Tento me justificar, abraçando os meus braços e puxando o casaco para mais perto do meu corpo.

─ Leu a minha mente...

─ Sim. Mas não vou me desculpar por isso, visto que o senhor não demonstrou qualquer confiança em mim. Foi de bom tom para a minha própria proteção.

─ Então você é mesmo a deusa Hera? Do casamento?

Eu suspiro.

─ Prefiro o termo "matrimônio", mas... Sim. Sou eu.

Silêncio. Nos encaramos por uns dois minutos antes que ele voltasse a falar.

─ Por que está aqui?

Eu arregalei os olhos, indignada com a sua falta de educação.

─ Não é da sua conta!

─ Não posso te ajudar se não for confiável.

Eu não sou confiável, quero dizer em voz alta, mas sei que é estúpido. Não preciso ser cem por cento sincera com ele.

─ Eu... ─ Em minha mente, reflito as possibilidades. Obviamente não posso dizer que vim para a Terra em uma missão. Ninguém cairia nessa. Sou a mais fraca dos deuses, e apesar de aprender rápido e ser ótima com informações, ainda assim, não sou o soldado ideal para esse tipo de encargo.

Também não posso falar o real motivo. Não. Não posso afirmar que estou me separando de Zeus.

Por Gaia! O que eu deveria falar para aquietar a mente dele?

─ Tudo bem. ─ Ele me tira dos planos inúteis que formulo em minha mente, e eu encaro seus olhos escuros com atenção. Estou realmente interessada no que ele vai dizer a seguir, porque pode mudar toda a minha trajetória nos eventos seguintes. ─ Estou cansado, e você provavelmente não tem um lugar para ficar a noite. Pode ficar no barco da minha família.

Um barco? Pelos céus! Eu fui de uma cama de dois metros de largura recheada de travesseiros de penas de cisnes brancos e lençóis do mais fino tecido para... um barco.

Mas ainda assim, é o máximo que posso ter. E ele está sendo, mais uma vez, muito gentil ou muito estúpido de me oferecer ajuda.

Então lhe estendo a mão, pois sei que isso é um costume de negociação típica entre os humanos. Ele me encara por um momento, mas aperta a minha mão em seguida, o que, não mentirei, foi incrível.

Minha primeira negociação humana!

Céus! Sei que eu transpareci isso em meu rosto, porque ele sorriu como se tivesse se deparado com algo muito engraçado, mas não pudesse rir.

Apenas o ignoro. Sei que sou arrogante o suficiente para não deixar isso me abalar.

─ Onde fica esse barco, Sam Wilson?

─ Me chame de Sam, apenas.

─ Mas Sam Wilson não é o seu nome? ─ Ergo uma sobrancelha.

─ Bom... Eu só irei te chamar de Hera, certo? Ou prefere "deusa Hera"?

Seria o mais apropriado, mas sei que é indiscreto.

Então me lembro de uma vez em que eu e meu marido inventamos uma vida humana, há muito tempo atrás. Lembro do sobrenome que inventamos, o consenso com a sonoridade e o peso que ele causava quando somado aos nomes.

─ Hera Olympian. ─ Eu dou de ombros, como se não fosse nada demais.

Acho que para humanos, um sobrenome não é nada demais. Mas estou um pouco entusiasmada de agir feito uma mortal.

─ Certo, Hera. ─ Ele me ignora, e apesar de eu ver um sorriso mínimo em seu rosto, sei que ele está ficando sonolento pelo modo com as pálpebras estão caindo. ─ Podemos ir?

Eu balancei a cabeça prontamente, seguindo-o por um tempo pequeno.

E então alcançamos um barco mediano, que parece simpático apesar da baixa iluminação.

E Sam Wilson me deixa entrar, no que seria, pelo menos por uma noite, a minha casa.




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