제 9 장 | 1
PARTE 1
Jungkook sempre foi um garoto muito sensível. Seus pais tomavam cuidado com o que diziam para ele nunca interpretar algo de modo ruim e ficar chateado, eles eram cautelosos com todos os seus atos, pois sabiam que seu filho era carente, não só de atenção, como de compreensão também. Eles sabiam que o Jeon era difícil de agradar, sabiam que todas as críticas que ele dizia deveriam ser respeitadas ou, até mesmo, apoiadas, pois, ele nunca foi um garoto de mentir, sempre foi muito observador e descobria certas coisas muito rápido.
Mas, seu irmão Jung-ho nunca entendia, porque a única coisa que ele decidiu focar era a distância dos pais para si em consideração ao irmão. Oh, ele era muito privilegiado por ser o filho preferido. A sua mãe passava a noite inteira tentando acalmar o garotinho e fazê-lo parar de chorar, e o outro apenas ficava com raiva, também não conseguindo dormir, tentando entender porque eles o ajudavam e não lhe ajudava também.
Mas a verdade era que o Jung-ho não precisava de ajuda. O Jungkook sofria bullying em sua escola e, mesmo não contado para os pais, eles sabiam, pois aquela era cidade muito pequena e os moradores eram fofoqueiros. Já o outro, era popular entre os amigos, sempre foi atrevido e tinha várias namoradas, os alunos beijavam seus pés e ele se vangloriava por onde passava. E foi por esse motivo também que o Jeon passou a odiar crianças, a odiar a si mesmo, definindo todas elas como tolas e egoístas.
Por fim, em sua adolescência, o Jung-ho entendeu que, não era os seus pais que foram distantes de si, e sim ele quem fora distante do seu irmão. Seus pais os amavam igualmente, mas o outro havia colocado em sua cabeça que era a ovelha má e não percebia o amor que todos lhe davam.
Voltando ao início, o Jungkook sempre foi um garoto muito sensível. E agora, o seu irmão sabia disso.
—Gosta de bala de hortelã? —Jung-ho perguntou, oferecendo ao garoto que estava sentado ao seu lado, parecendo estar tão nervoso como o irmão, visto a poucos minutos atrás.
—Obrigada. —ele sorriu forçado, agradecendo enquanto pegava a balinha, colocando-a rapidamente na boca. Seu corpo todo tremia e ele já estava ficando com vergonha por ver que o outro ali presente não parecia estar tão nervoso.
Não era seu cachorro, mas, para o garoto, qualquer que fosse, seu coração iria doer ao extremo. Ele acreditava que cachorros são bem melhores que humanos e por isso não mereciam sofrer nem um pouquinho. Talvez, seu sonho fosse, na verdade, ser veterinário. Oh, ele nunca sabia ao certo.
Passou-se mais alguns minutos e o Jungkook finalmente saiu da sala, onde estava conversando com seu amigo veterinário. Ele estava com seu cachorrinho em mãos, com os olhinhos vermelhos e bochechas rubras, sinal de que havia chorado, mas, estampava um sorriso miúdo no rosto. O Jung-ho suspirou aliviado, sabendo que não havia sido nada sério.
—Ele teve alergia alimentar. —Jeon disse, mesmo com nenhum dos dois tendo feito-lhe alguma pergunta. —Comeu chocolate. —disse por fim, olhando para o irmão, com uma expressão totalmente diferente da inicial. Ele estava bravo, muito bravo.
—Por que está me olhando assim? Deve ter caído no chão e ele comeu. Eu não dei nada! —se defendeu, fazendo gestos exagerados com as mãos, atônito por tal acusação.
—Por que você estava comendo doce lá em casa? Eu já lhe disse que não é para comer esse tipo de coisa! —gritou exasperado, mas tentando manter a calma com sua expressão serena.
—Tsc... —ele revirou os olhos, e desviou o olhar, resmungando baixo. —Jungkook, eu não posso comer no trabalho, e nem em casa, onde vou comer?
—Na rua. —respondeu indiferente, fazendo uma expressão sarcástica. —Saia de casa, vá um pouquinho longe da varanda, ai pode comer a vontade.
—Eu não acredito. —riu incrédulo. —Você também é alérgico a chocolate?
—Não, mas eu não gosto. Tanto o cheiro quanto o gosto são horríveis. —confessou, ajeitando seu cachorrinho em seu colo.
—Não! —Jimin gritou, perplexo com a informação, arregalando levemente os olhos.
—Ele é estranho... —Jung sussurrou para o garoto, que não se conteve em concordar. —Se você vendesse rosquinhas com cobertura de chocolate, ao invés de só morango, sua cafeteria ia ficar lotada... —sugeriu, ainda com o olhar desviado, encarando suas unhas.
—Eu vendo várias coisas com chocolate lá, as rosquinhas não precisam também! —contrapôs, já saindo do veterinário, cansado daquela conversa, mas os outros dois lhe seguiram, e seu irmão continuou:
—Você está totalmente errado. As pessoas gostam de chocolate em tudo, Jungkook! —gritou brincalhão, apenas para ver seu irmão irritadiço.
—Sinto muito, mas eu sou o dono da cafeteria Ami e não tenho vontade de agradar o paladar de todo mundo. Vai lá quem quiser. —disse por fim, tentando finalizar aquela conversa.
E o assunto enfim acabou. O Jung-ho andava lado a lado do Jimin, tentando segurar sua risada, com ambas as mãos nos bolsos da calça por conta do frio repentino. Já o Jeon passou a andar pelas ruas desertas acariciando seu cachorrinho, segurando uma sacola com remédios, enquanto cantarolava alguma música, tentando fazê-lo dormir. E o garoto apenas observava os dois, percebendo o quão diferentes eram e fascinado com o fato do outro ter um irmão, pois este nunca havia a contado.
Era estranho, muitas vezes, saber que, mesmo tendo uma longa amizade com o Jungkook, o garoto mal o conhecia, de fato. Ele não sabia sobre ninguém da família do outro, enquanto este conhecia todos os seus: sua tia, sua prima e sua avó. É claro que ele não havia contado da sua mãe, mas isso porque ainda não havia chegado o momento certo. Ele não queria esconder, pois não tinha o porquê. Mas, o Jimin só esperava poder escutar do Jungkook todas as suas histórias de vida, pois, certamente, deveriam ser bem melhores que a dele.
Talvez, algum dia ele tentasse entrar em um assunto mais profundo com o mesmo. Sua avó, um dia lhe disse, que contar do passado para alguém é algo relaxante, pois, o passado é o principal de toda a história, e para conhecer alguém verdadeiramente, deve-se saber tudo dês do início, certo?
Enquanto seus pensamentos rodeavam sobre isso, o Jung-ho pensava em como o irmão podia não gostar de chocolate. Ele não entendia porque, aliás, quando eram pequenos, era a comida favorita dele. Talvez, com o tempo, ele finalmente percebeu que comer muito fazia mal, mas ele não imaginava que o Jungkook iria passar a odiar. Era estranho, de fato, alguém parar de gostar de algo que tanto ama, assim de repente.
O Jungkook abriu a porta da sua casa e soltou seu cachorrinho, o vendo sair correndo pela sala. Então, encarou sua pintura, tentando a todo custo a amar como da outra vez. Os outros dois entraram no cômodo e encararam a obra, tentando entender porque o Jeon tanto a olhava.
—Você vai dormir aqui? —O Jung-ho perguntou confuso para o garoto ao seu lado, quebrando o gelo que se formou entre eles.
Então, todos os três se tocaram. Os irmãos olharam para o garoto espantado, de olhos arregalados e lábios entre abertos. Por um segundo ele se perguntou como havia parado ali. A pouco tempo havia saído do veterinário e achou que estava indo para sua casa. Um bobo ele se sentiu. Os caminhos eram completamente diferentes e ele nunca teria uma casa tão espaçosa como aquela.
Oh céus, ele estava na casa do Jeon Jungkook!
Ele abriu a boca para responder a pergunta do outro, mas resposta alguma saiu. O garoto passou a fazer várias expressões estranhas, intrincado com a situação. O que diria? Que voltaria para sua casa, é claro. Mas ele ao menos queria voltar. Como poderia mentir em frente a garotos tão sérios?
—Vou considerar isso como um sim. —o mesmo respondeu, quebrando novamente o silêncio, ascendendo as luzes. Seu irmão o olhou boquiaberto. Puxa, aquela casa era sua, mas, aparentemente, quem era o dono de verdade era o Jung-ho. —Você pode dormir com meu irmão, e eu durmo na sala, de novo... —sugeriu, um pouco chateado com o fato de estar sempre dormindo sozinho naquela sala escura e em um sofá um tantinho desconfortável.
—N-não, eu... —o garoto tentou dizer, já sentindo seu corpo todo tremer. O que ele estava fazendo ali ainda, afinal?
—Bom... S-se você quiser, não vejo problemas. —Jungkook finalmente disse, raivoso consigo mesmo por ter voltado a gaguejar. —Posso dormir na sala também. —finalizou, antes que o outro o achasse um pervertido por ter concordado em dormir com ele, sendo que eram apenas amigos, e era um tanto quanto vergonhoso, já que algumas horas atrás eles estavam aos beijos.
—Me desculpe. —disse rapidamente, se curvando em frente aos dois, para esconder suas bochechas rubras.
O Jung-ho olhou para o irmão com ambas as sobrancelhas arqueadas, segurando seu riso, embasbacado com a educação do outro, sendo que acreditava que os dois já eram casais. Ele se sentou no sofá e ligou a televisão, procurando por algo que gostasse, enquanto esperava os outros dois pararem de se encarar e decidirem logo o que de fato fariam.
O Jungkook saiu do seu transe e correu até o seu quarto. O Jimin tirou seus sapatos e enfim fechou a porta, ainda ficando parado em frente a sala, esperando que algum dos dois dissessem o que ele teria que fazer. Então o outro garoto saiu rapidamente do cômodo onde entrou, com uma almofada e uma coberta enorme nos braços. Ele foi até a sala e ajeitou sua '' cama'', olhando de relance para o irmão, tentando o avisar para não colocar em algo inapropriado e ver apenas jornal.
—Eu já arrumei a cama, caso já queria dormir... —o Jungkook disse por fim, encarando o garoto que sorria sem jeito. Ele se curvou novamente e agradeceu baixinho. —Podemos ver um filme, se não tiver sono. —sugeriu cortês, o lançando um sorrisinho, para que ele se relaxasse mais.
—Tudo bem. —respondeu sorridente, agora estando, de fato, mais aliviado, respirando normalmente. —Que filme vamos ver? —perguntou divertido, se sentando na pontinha do sofá, mesmo com o Jung-ho deixando um grande espaço livre.
—Eu sugiro que vejamos... —o Jungkook olhou rapidamente para o Jung-ho, antes que ele terminasse sua frase.
—Sugiro que vejamos A Família Addams.
—Nossa, mas você é tãoooo sem graça... —o irmão contrapôs, revirando os olhos.
—Pulp Fiction.
—Cada vez piora... —bufou, rindo das sugestões do outro, também tentando pensar em um filme.
—Vamos assistir Up - Altas Aventuras! —Jimin gritou, se animando quando disse o filme que queria ver. Não tinha como eles não gostarem do filme citado, já que era tão belo e fofo que atiçava o coração de qualquer um.
Os dois irmãos se entreolharam e enfim concordaram. Todos eles se ajeitaram nos cobertores quentinhos e o Jungkook preparou pipoca. O filme começou e os três ficaram quietinhos do início ao fim, abrindo um sorrisinho nas cenas mais fofas. O tempo passou tão rápido que eles mal perceberam quando já estava no quarto filme, eles voltaram a sentir fome mas nada tinha na casa do garoto, apenas pipoca e algumas verduras, isso porque o Jung-ho comprou, já que o outro comia apenas fora.
No fim, nenhum deles dormiu no quarto, os três adormeceram na sala, encolhidos nos grandes cobertores, não se importando com a proximidade.
Era raro o Jimin se sentir tão feliz como estava naquele dia. Ele tinha sorte, de fato, pois tudo que menos esperava aconteceu, e tudo de bom. Tirando o acontecimento terrível com o cachorrinho do amigo. Mas, ele se sentia tão bem que ao menos se lembrou de tudo ao redor, ao menos se lembrou que sua avó estava esperando os exames médicos, ao menos se lembrou da preocupação que teve quando viu a carinha triste da Violet ao ir embora com uma garota que, realmente não parecia se importar com todas aquelas crianças ao seu redor.
O mundo pregava peças consigo e ele, as vezes, se esquecia de jogar também. Como aquele dia, ele esqueceu de participar do joguinho, e mal sabia que a vida nunca para, como ele havia feito. Mesmo estando despreocupado, todos os ex-motivos do seu nervosismo estavam brincando de piorar tudo.
Certamente, nunca se deve esquecer completamente de um problema ainda não resolvido.
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'' Jimin,
Demorei para lhe escrever essa carta por motivos banais, estes que não irei lhe contar, por pura vergonha. Oh, sim, eu deveria ter lhe entregado a muito tempo atrás. Mas, você estava muito distante, mal te vi nessas últimas semanas, você parece triste, e um amigo não gosta de ver o outro cabisbaixo.
De certo modo, eu estou preocupado. Talvez eu saiba exatamente o motivo da sua tristeza, e eu também estou triste, estou até sem jeito de dizer o quanto uma notícia curta me deixou desconcertado. Sei também que a dor que tu sentes é maior que a minha, que não posso dizer que sei o que há em sua mente, e nem mesmo em seu coração. Sei apenas que, independente do motivo, devo tentar de animar, pois, como eu disse, amigo serve para isso, não é?
Fiz questão de preparar rosquinhas com chocolate para você, pois fiquei sabendo que você gosta muito, e a Lua me disse que o primeiro passo para animar alguém é lhe dando algo que goste. Bem... Sou um pouco indeciso e acabei preparando vários presentes para você, de acordo com os poucos conhecimentos que eu tenho.
Me prometa que da próxima vez que nos encontrarmos, você vai dizer qual sua comida favorita.
Belas são as flores do jardim perto da minha casa. Lhe preparei um buquê com todas elas. Acho que já está na hora de invertermos os papéis. Desta vez, sou eu quem vou te mimar, ter dar vários presentes, independente do preço, e a única coisa que deve fazer é aceita-los.
Pode agradecer com um beijo na bochecha também...
Tenho medo dessa carta ficar muito grande, pois nunca lhe perguntei se gostava de ler. Você gosta de ler? Pois eu pretendo escrever várias cartas para você. É antiquado, mas acho romântico.
Aliás, para você, tudo deve ser o mais romântico possível, tudo tem que ser bem feito, pois, você merece, de fato.
Espero que você volte a vir ao asilo, e não apenas ao médico. Sua avó lhe ama tanto... Não é justo você desaparecer de repente. É necessário que a dê todo o apoio do mundo, pois nesses momentos caóticos, a única pessoa que ela espera que a relaxe é você, Jimin. Como eu disse no início, eu não sei o que lhe passa em sua cabeça, e muito menos tenho direito de te impor ordens. Então, considere isso como apenas uma sugestão de um amigo.
A Lua me disse que o segundo passo seria apoiar. E é claro que eu apoio todas as suas escolhas, afinal, eu te admiro. Portanto, o terceiro passo seria o mais fácil, te mandar uma carta, dizendo todas as coisas que tanto esperei pelo momento certo, dizendo o quanto você é importante para mim e o quanto o Ami gosta de você. Nós dois sentimos saudades dos passeios, e esperamos ansiosos que você fique bem logo.
Com carinho,
Jeon Jungkook.''
Jimin não sabia ao certo como responder aquela carta. Ele lia e relia e tentava encontrar algo que não gostasse para aquelas palavras não ficarem em sua cabeça, mas, cada parte era perfeita, cada frase fazia seu coração palpitar, e ele se sentia pequeno ao saber que um homem tão sábio e carinhoso como o Jeon era amigo dele, um garoto tão bobo e sem graça.
Ao se ver, ele sentia nojo. Nojo por não ter nada, ele não era... nada. Sua aparência não era tão exuberante quanto ele gostaria, sua habilidade de pintura não era tão boa, e nem mesmo a de jardinagem. Ele não sabia fazer outras coisas, a não ser isso. E ele achava que esse fato o tornava uma pessoa sem graça, que não tem muito o que contar ao não ser assuntos melancólicos, dizendo o quanto sua vida é monótona.
Não saberia se descrever, de modo algum. Ele poderia acabar ficando dias e noites em claro e não conseguiria escrever nem mesmo uma linha sobre si. A única coisa que ele tinha certeza era que seu nome era Park Jimin.
Não existia sentido de haver uma amizade de um garoto que teria uma grande biografia e um garoto com uma vida que não chegava nem mesmo nas vírgulas.
Ele riu sozinho, encarando a porta da sua casa, esperando, estranhamente, que alguém tocasse a campainha. Especificamente, o Jeon Jungkook. Afinal, ele tinha muitos presentes para lhe entregar, certo? Ou ele estava esperando-o no asilo, ou, até mesmo, em sua cafeteria? Oh, ele não sabia, e por isso continuou deitado no sofá, esperando o horário de ir, na verdade, ao médico, acompanhando a sua avó na quimioterapia.
Após o resultado sair, foi descoberto que sua avó Dinah estava com leucemia. Ninguém esperava aquela notícia, realmente, e logo quando ela voltou ao asilo, contando sobre a resposta do médico, todos ficaram espantados. O Jimin não soube dizer nada e nem fazer nada. Ele paralisou onde estava, encarando a avó de longe, conversando com alguns enfermeiros.
Naquele dia, o Jungkook havia ido conversar consigo, mas sua tentativa de fazê-lo responder suas perguntas foram em vão. Ele não sabia ao menos o que sentir, então, o que diria? Então, a partir daquele dia, o garoto sabia que não haveria mais aulas de pintura tão cedo.
E realmente não teve. O Jimin não estava mais em seu estado sã, ele estava só... vivendo. Acordava, ia ao médico com sua avó, depois para faculdade e, por fim, para o trabalho na loja de conveniência da tia. As únicas palavras trocadas, cerca de quase um mês, foram com seu professor e clientes, ninguém além deles. Era como se ele tivesse morrido, e ninguém estava reparando em si, realmente. Afinal, ele havia se transformado em um fantasma.
A pele sempre tão impecável estava pálida como a neve, seus cabelos não estavam mais macios como antes, sua vestimenta era mal escolhida, ele passara a usar roupas largas demais para si, sendo três números acima do seu. Ele já não mais se importava em ser vaidoso, pois, se ele estava passando despercebida por todos, isso era o que menos importava.
O Jimin descarregava todo o seu stress chorando. Chorando até que suas pálpebras mal pudessem se abrir, até o bolo da garganta se tornar insuportável, até ficar sem ar, até seu corpo inteiro tremer, até seu rosto ardem, até todas as suas flores pedirem por ajuda. O fundo do poço estava lhe rejeitando, mas ele queria ficar lá, bem no fundo, como da primeira vez.
Ele passou a ler romances todas as noites, tentando colorir sua vida, que, de repente, se tornou preta e branca, como as cenas dos filmes antigos que gostava. Apesar disso, sua vida não era nem um pouquinho legal como as das pessoas do cinema. Jimin sentia seu coração apertar todas as vezes que via alguém chorando, e, mesmo sendo encenação, seus olhos lacrimejavam e ele chorava por toda a noite.
O garoto estava quieto por fora e por dentro. Ele não se permitia sentir nada, então nada ele sentia. Seu corpo inteiro tremia de medo, gritava e chorava por ajuda, mas, ele apenas ignorava. Pois, quando estava magoado, ele sempre ficava em silêncio, mesmo sabendo que manter seus sentimentos para si poderia impactar de modo negativo ao seu corpo. E ele já estava se sentido fraco.
E agora ele finalmente percebeu que as pessoas que se achavam as mais maduras eram as mais bobas.
—Jimin! —o garoto deu um sobressalto ao escutar a voz do Jeon Jungkook. Era coisa da sua cabeça ou ele estava mesmo o chamando?
Ele se levantou devagar do sofá, olhando pela janela da sua casa, e então o avistou, trajado em um terno altamente chique, com uma boina nova em sua cabeça e um sorrisinho nervoso estampado em seu rosto. Ele encarava a porta enquanto gritava pelo amigo, segurando diversas caixas brancas, estas que ele não teve a mínima ideia do que tinha dentro. O Jimin sorriu institivamente, aliviado por saber que ele havia mesmo ido atrás dele, sem que ele fizesse esforço.
—Oh céus, Jungkook... —disse baixinho, rindo do comportamento um tanto quanto exagerado do outro. Ninguém jamais tinha ido em sua casa lhe entregar presentes.
Ele abriu a porta lentamente, parando de escutar os gritos, já segurando sua risadinha. Então enfim eles se viram cara a cara. O garoto arregalou os olhos, pois não sabia que ele iria realmente ir vê-lo, ele apenas sonhava acordado.
—Suas rosquinhas! —gritou animado, estendendo as caixas em frente ao outro, que ia chegando cada vez mais perto de si, abrindo um sorriso enorme. Oh, como ele amava aquele sorriso.
—Você estava falando sério mesmo... —o garoto sussurrou, na verdade, para si mesmo, se tocando de que era ele quem tinha os pensamentos muito melancólicos e não acreditava em nenhum ato fofo feito para si. Talvez, ele estivesse apenas sonhando. —A entrega é grátis? —perguntou brincalhão, semicerrando os olhos.
—Claro que não. —o Jungkook respondeu, fazendo o outro ficar confuso e sem jeito. —Tive que pagar um táxi para vir até aqui. Mas, foi para lhe entregar um presente, então o único que deve pagar aqui sou eu. —disse por fim, aliviando o garoto.
E então os dois ficaram em silêncio, pois o Jimin não sabia o que dizer. Ele estava, de fato, grato por tudo que o garoto estava fazendo para si. Era como um sonho, certamente.
Por conta dele não ter ao menos pegado as caixas com rosquinhas, o seu amigo disse melancólico:
—Em agradecimento, você deve ao menos receber...
—Oh, não Jungkook! —gritou exaltado, negando com as mãos, pois ele, aparentemente, tinha entendido errado todo o seu espanto. —Quer dizer... isso é tão incrível que apenas receber não é o suficiente como agradecimento. Eu acho que, lhe devo um beijo... —disse acanhado, incerto se havia parecido muito perverso. Mas, ele não deveria pensar tais bobagens, pois fora o Jeon quem sugeriu aquilo.
O garoto quase deixou todas as caixas caírem ao chão, sentindo ambas as suas pernas bambas, sem saber o que dizer, ficando com os olhos arregalados. Ele não sabia que o seu amigo levaria a sua sugestão boba a sério. É claro que ele almejava um beijo, nem que fosse apenas na bochecha, pois, era o Jimin ali...
Então, para quebrar o gelo logo de uma vez, o garoto pegou todas as caixas, segurando sua risadinha quando percebeu que o outro continuou com seus braços levantados, como se ainda estivesse segurando as rosquinhas. Ele então se levantou um pouquinho e o deu um beijo estalado na bochecha, sentido a quentura e a maciez, se controlando para não acabar distribuindo beijos por todos os lugares possíveis do garoto a sua frente. Ele tinha um cheirinho tão bom que foi quase inevitável.
—Vai ao médico comigo? —perguntou, quando ambos já estavam dentro da casa dele. O Jungkook estava sentando com uma bela postura na mesa da cozinha enquanto o outro arrumava as rosquinhas na geladeira.
—Claro. Essa semana sou eu quem fiquei encarregado de acompanhar os idosos do asilo todas as vezes que forem ao médico.
—Você trabalha tanto... O que houve com o enfermeiro que fica no seu lugar? —perguntou curioso, se lembrando de quando o amigo lhe disse que aquele seu trabalho não era fixo.
—Ele se mudou de cidade, então eu estou no lugar dele para todo sempre... —cantarolou, fechando os olhinhos.
—" Para todo sempre." —repetiu risonho, terminando de arrumar seus presentinhos e então foi ajeitar seu cabelo.
Ele estava atônito ao se tocar de que estava completamente desarrumado em frente a um cara tão elegante que estava usando terno em plena manhã. Mas, era como pensava: ele era um garoto sem graça demais para ficar se arrumando como o Jeon.
Ao estar pronto, ambos foram para o táxi em que o garoto havia chamado para eles. O dia estava escuro e, aparentemente, choveria muito por longas horas, por isso, muitas pessoas ainda estavam atoa na rua, conversando entre si, observando as crianças brincarem. Era maravilhoso ver todos unidos, e isso só ocorria nas primaveras, tal estação que não durava muito tempo. Sendo assim, a população daquela cidade não era de ser tão próxima, mesmo sendo tão pequena, pois o clima não permitia. Era melhor ficar em casa encolhidos em uma coberta quentinha do que ficar expostos ao frio batendo papo.
Mas, o Jimin sorria ao saber que havia feito amizade com o garoto no inverno e isso significava muito para si. Era como sempre dizia, '' a neve ficava cálida'' no encontro dos dois. E esse fato era desconhecido pelas outras pessoas. Se elas não se tornassem frias como o clima, talvez o inverno não fosse tão rigoroso como costumava ser.
{...}
cara meus capítulos tão ficando muito grandes socorrokk, eu tive que dividir esse em dois de novo, tem muita informação e nenhuma pode passar despercebida
tenham paciência cmg e não reclamem que ta grande demais. vocês só leem livros curtos msm ou é meme?
enfim, não esqueçam de votar e comentar <3
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