제 1 장
O rosto do garoto ardia por conta do ar gélido. Ele tentava correr mas suas botas afundavam na neve branca e extremamente gelada. Ele arfava pesadamente, tentando ter fôlego para não acabar desmaiando. Suas mãos ardiam violentamente, pois esquecerá de usar luvas e seu cabelo começará a ficar branco pela quantidade de flocos de neve que caiam sobre o mesmo.
Ele enfim chegou na faculdade, suspirou satisfeito e se jogou no chão quentinho, por conta do aquecedor. O inspetor passou pelo corredor, marchando com suas botas pesadas que faziam um alto barulho. O garoto se levantou rapidamente e sorriu compelido. Abriu a porta vagarosamente e ao entrar, a fechou novamente. O ar da sua sala estava cálido e com um leve aroma de orquídeas. Se sentou em umas das carteiras e pegou seu caderno, que estava com a capa inteiramente arranhada, por conta do seu cachorro sapeca.
O professor dava sua aula sentado, pois estava com fortes dores nas costas, culpa da sua idade provecta. Ele falava baixo e muitas vezes sua voz falhava porque o frio havia acabado com sua garganta. Ele já não estava aguentando mais então pediu para os alunos fazerem uma réplica de qualquer pintura do Paul Delvaux.
O garoto suspirou alto. Adorava fazer pinturas, por isso fazia faculdade de artes visuais mas já havia feito tantas que suspeitava de suas habilidades estarem se desgastando e ao invés de melhorar, estarem piorando.
Todos os alunos começaram a se levantar de suas carteiras e saírem da sala de aula para sala de pintura.
—Jimin? —o professor o chamou, após perceber que apenas ele ainda estava na sala, com a cabeça deitada em sua carteira.
—Senhor Louis. —se levantou rapidamente, se curvando para ele. —Me desculpe. —correu até a porta e, antes de sair, se curvou novamente.
Um sorriso genuíno floriu em seu rosto exaurido pela exagerada formalidade do garoto. Ele apagou a luz e saiu da sala.
Os alunos se devotavam em suas pinturas, o pincel de cada um deles deslizava levemente pelos quadros, mas, o quadro do Jimin se encontrava desprovido de tinta.
O garoto estava extremamente desanimado naquele dia e nem a pintura, que era o que mais amava, conseguia a tirar de sua letargia.
—Como sua vó está? —perguntou de modo plácido se sentado ao lado do garoto.
—Ela foi mandada para um asilo. —respondeu com uma voz melancólica, deslizando o pincel limpo sobre o seu quadro ainda absterso. —Eu não tenho dinheiro suficiente para cuidar dela e minha tia... Disse que não quer gastar com a vovó.
—Oh, eu sinto muito. —Ele havia ficado perplexo e não sabia mais o que dizer. Deu uma leve massagem nas costas do Jimin e se levantou. —Que tal a obra Loneliness?
—Tudo bem... —aceitou levianamente, pegando seu celular para pesquisar a obra, pois não se lembrava detalhadamente.
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Novamente o Park estava exposto ao frio. Ele andava devagar pela calçada coberta pela neve, enquanto escutava sons de chuva em seu fone.
Entrou em uma cafeteria e se sentou perto da janela, o dando uma vista perfeita da neve que não parava de cair. A garçonete veio ao seu encontro radiante, pois era seu primeiro dia naquele trabalho e estava álacre com sua conquista.
—Boa tarde, o que desejas? —perguntou sorridente, encarando o garoto estranho que folheava o menu com o cardápio extremamente perto do seu rosto.
—Me desculpe, mas... —levantou a pequena listinha para a garçonete, que ergueu uma sobrancelha, ainda sorrindo. —O que está escrito aqui? —Apontou para o cardápio e olhou para a moça, esperando a resposta.
—Corretto. É ótimo para o frio, e muito gostoso. —Colocou as duas mãos para trás observando o seu cliente pensar por alguns segundos.
—Pode me trazer um desse. —sorriu amigável e colocou o mini cardápio de volta à mesa.
A moça fez um OK com as mãos e saiu. Jimin ficou folheando um dos livros de arte que havia pegado emprestado em sua faculdade enquanto esperava seu café chegar.
A cafeteria estava quente e com um forte cheiro de café expresso. Várias pessoas entravam, seus passos eram vertiginosos, todos estavam com frio, alguns entravam com casacos enormes e cachecóis maiores ainda. O tempo estava gélido já o clima da cafeteria estava escaldante.
Finalmente o café do garoto havia chegado. A xícara estava tórrida, então ele teve total cuidado, mas ao beber, a ponta da sua língua queimou e ardeu ao extremo. Ele comprimiu seus olhos e a dor foi passando aos poucos.
Ficou pouco tempo na cafeteria, pois ainda não terminara sua pintura do Paul Delvaux. Sentou-se no banco frígido do ponto de ônibus e se encolheu. Sua pele ardia por conta do frio, ele havia saído de casa despreparado para a baixa temperatura e havia se arrependido por não ter trago luvas. Suas botas estavam cheias de neve, então as tirou e revirou-as para baixo, deixando todos aqueles floquinhos de neve macios mas intensamente frios caírem sobre a calçada.
—Com licença. —Um garoto alto de cabelos pretos extremamente escuros, que se destacava naquela neve branquinha, se aproximou, dizendo com uma voz melódica. —Desejas um aquecedor de mãos? —ofereceu ao perceber as mãos vermelhas de frio do Jimin.
—Oh, terei que aceitar. —Sorriu ao receber os aquecedores. Apertou ambos em suas mãos, suspirando satisfeito. —Muito obrigada. —agradeceu genuinamente.
—Não há de quê. Tenho vários desses em minha bolsa. —sorriu, também se sentando no banco.
Ele olhou para suas mãos que apertavam fortemente os aquecedores e depois olhou para o garoto que estava com ambas as mãos no bolso do casaco pesado e preto, congênere ao seu cabelo.
O seu ônibus chegou, então ele se levantou e estendeu os saquinhos ao garoto.
—Obrigada. —Ele lançou um sorriso cortês, se curvando.
—Pode ficar. —Riu baixinho, tirando as mãos dos seus bolsos e ambas seguravam aquecedores.
—Sério? Você é tão gentil. —Sorriu bobo mas foi interrompido com a buzina do ônibus. —Obrigada moço. —Acenou, entrando rapidamente no automóvel.
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Jimin entrou em sua casa, retirando as botas molhadas e se despindo de sua roupa suja. O ar estava aconchegante e quentinho. Enquanto a banheira enchia, ele preparava uma boa sopa de cogumelo.
Ao entrar na banheira, seu corpo se tranquilizou na água aquentada. Tomou um banho prolongado e vestiu agasalhos quentes e confortáveis. Colocou uma pequena quantidade de sopa em uma tigela e foi assistir um pouco de seriado na TV.
A lua enfim surgiu, alvejando o céu escuro, iluminando a varandinha de sua casa. Ele então decidiu prosseguir com sua pintura. Tirou o pequeno quadro da sua bolsa, retirando meticulosamente o plástico que cobria a tela. Pegou seu cavalete e colocou na varanda, ligando também a luminária. Após ter preparado sua mesinha com pincéis e tintas, começou a pintura.
Ele pincelava o quadro de forma leve e minuciosa. A arte já está ganhando forma e se tornando uma pintura esplêndida, cheia de opulência. Ao terminar a obra, arrumou sua bagunça e foi se deitar.
Os lençóis de sua cama eram aveludados, abstersos e com um cheiro maravilhoso de jasmim. Toda sua casa era rodeada de flores, ficando com um aroma magnífico por todos os cantos.
O garoto demorou para dormir pois já sentia saudades do seu cachorrinho travesso, mas ele estava no veterinário, pois não aguentava o tempo gelado.
Seus olhos foram se fechando e ele finalmente adormeceu.
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O garoto havia acordado assustado pois sonhara com sua avó. Ela estava sorrindo mas de repente uma enfermeira chegou perto de si entregando um comprimido e a cada minuto ela recebia mais e mais remédios, ficando cada vez mais doente.
Se levantou da cama atordoado e apenas ignorou o sonho. Tomou um banho quente e se vestiu com agasalhos pesados. Naquele dia ele não estava atrasado, assim daria tempo do mesmo buscar seus óculos novos na ótica e ver sua avó.
Ao sair de casa percebeu que em todos os lugares de sua rua havia cartazes. Alguns pregados nos postes, outros em árvores e alguns até mesmo nas caixas de correio. Vários estavam sobre o chão, talvez a pessoa que os espalhou tenha ficado exausta e os jogou todos pelo ar.
Era sobre um cachorrinho perdido. Um Akita, que usava uma gravatinha azul com bolinhas brancas. A recompensa era alta, o dono certamente amava o bichinho de estimação. Ele pegou um cartaz e colocou em sua bolsa para caso achasse, pudesse devolver o cachorro ao proprietário.
Ao chegar na ótica pegou seus óculos às pressas, pagou e foi embora rapidamente, rumo ao asilo.
Seu casaco não estava a aquecendo, o vento passava facilmente sobre o tecido e os pelos dos seus braços já estavam eriçados. Pegou o dinheiro para pagar sua passagem de ônibus e percebeu que suas mãos estavam descobertas e vermelhas. Deu um gritinho e revirou os olhos, desacreditando de que havia esquecido suas luvas, novamente. Ao sair do ônibus, tentou esquentar suas mãos nos bolsos do casaco, mas, seu agasalho não tinha bolsos.
Entrou no asilo e foi até a recepcionista. Ela estava sorrindo boba olhando para seu celular enquanto enrolava seus cachinhos com o dedo indicador. O garoto se aproximou e lançou um grande sorriso pidão para a moça. Ambos se olharam sorridentes mas logo a maior desmanchou o sorriso.
—Você de novo? —perguntou áspera, revirando os olhos em tédio. —Sabia que é a única pessoa que vem visitar os velhinhos daqui? —Riu sem humor, parando de mexer em seus cabelos para pegar uma mão cheia de chips.
—Sabia... —respondeu desalegre e aflito.
—Aceita? —Estendeu o saquinho de salgadinhos. —Aposto que você não comeu nada, tá pálido que nem a neve. —Apontou com o queixo para a janela que estava coberta de neve, não dando para ver a paisagem lá fora.
—Por que a janela está assim? —Segurou seu riso, pegando alguns salgadinhos e se curvando para ela em agradecimento.
—Eu havia limpado elas mas me esqueci de enxugar. Acabou que a neve grudou no vidro. —riu entorpecida. —Oh, me desculpe. Aqui seu crachá. —Se lembrou que o garoto não estava ali para conversar consigo e sim com a avó dele.
—Obrigada. —Sorriu instintivamente correndo para sala de jogos.
Logo quando entrou, avistou sua avó, que estava sentada em uma cadeira de rodas, virada para a janela branquinha. Foi até ela e viu seu rosto exaurido. Lágrimas tímidas escorriam sobre suas bochechas gordinhas, seu olhar estava vazio e sua boca altamente ressecada por conta do frio.
Ele sabia que sua avó odiava ficar ali. A mesma havia a contado que entre os idosos que ali moravam, ela era a única que sabia falar e as enfermeiras não davam muita atenção para si.
Puxou uma cadeira para se sentar junto a ela. A velhinha ao menos percebeu a presença do neto então o Jimin tocou seu ombro. A idosa o olhou assustada mas logo sorriu ao vê-lo.
—Vovó Dinah. —Pegou em sua mão, sentindo as pontas dos dedos dela entrelaçarem aos seus.
A idosa havia ficado hílare e satisfeita com a presença do garoto. Seus olhinhos se afundaram em lágrimas e teve o enorme prazer de mostrar seus dentes branquinhos em um sorriso genuíno. O Jimin também começou a chorar, tentando se controlar para não desabar em melancolia. Ele estava angustiado e desalegre sabendo que sua avó teria que passar todas as noites ali.
—Vovó, eu prometo que quando eu tiver dinheiro irei te levar comigo para casa. —jurou de pés juntos mas sua avó ao menos sorriu pois sabia que seria muito difícil conseguir cumprir a promessa.
—Querido, apenas cante para mim. —pediu sonolenta, descansando sua cabeça em sua mão direita.
O garoto sorriu e fechou os olhinhos. Sem pudor começou a cantar a música preferida da sua avó, You are the reason do Calum Scott.
{...}
oi oi oi, tudo bem?
espero que tenham gostado do primeiro capítulo. não esqueçam de votar e comentar, isso me motiva bastante
beijinhos
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