10 장
—Você gosta da cor azul? —a garotinha perguntou, enquanto desenhava flores em seu próprio vestido.
—Sim, acho muito bonita. —a Violet respondeu indiferente, dando de ombros.
Naquele dia, uma nova garota chegou ao orfanato. Ela era pequenina, com cabelos loiros e olhos escuros, tinha uma pele clara como a neve e seus dentinhos eram tortinhos, mas, mesmo assim, era uma garota muito linda. A Violet sentiu inveja dela por ter chegado com roupas tão bonitas, por trazer consigo uma áurea tão boa, por não ter chorado até agora.
Já estava de tarde, elas haviam acabado de almoçar, e a garotinha não havia deixado sequer uma lágrima cair. A outra se encontrava confusa, pensando que, talvez, ela não tivesse as glândulas necessárias para o choro. Porém esse pensamento foi descartado de prontidão, pois não fazia sentido, era impossível.
No entanto, aquela garota não sabia ao menos que lugar era aquele, não sabia que ficaria ali por longos dias, e não apenas aquela semana. Ela achava que seus pais a colocaram ali para se divertir, pois havia tantas crianças que ela se viu no paraíso. Parecia sua escola, e ela amava, então imaginou que adoraria ficar ali também.
Porém, o que ela não sabia era que, seus pais não mais a queriam, a garota dava muito trabalho, eles eram novos e queriam viajar pelo mundo inteiro e, levando uma criança para lá e para cá só iriam os atrapalhar. Não eram pais de verdade, como pode, deixar um filho de lado, só para poder viver a vida? Não podiam se divertir com ela? Jovens podem se divertir com crianças, mas eles não pensaram nessa possibilidade, já que a garota loira só dava problemas.
Mas, a Violet sabia que aquela sua nova '' amiga'', ficaria ali não apenas por sete dias, e sim por meses. Isto é, se alguém não a adotasse. E a de cabelos escuros estava com inveja novamente, pois, ela não parecia legal como a outra, não era bonita, não tinha cabelos loiros e muito menos roupas bonitas. Ela achava que a aparência era o principal que as pessoas procuravam. E, talvez ela estivesse certa.
—É melhor você parar de pintar seu vestido... —Violet sibilou, chegando pertinho da garota e segurando seus dois braços, para que ela parasse de rabiscar uma roupa tão bonita. —As superiores daqui podem brigar com você... Aliás, vista-se rapidamente, pois senão se meterá em encrencas caso alguém te veja aqui fora usando apenas um blusa e roupas intimas.
—Por que em encrencas? É meu vestido. —contrapôs, um pouco confusa, mas logo vestindo sua roupa já não mais limpinha.
—Como se chama? —perguntou finalmente, preocupada com o fato da garota ter seu mesmo nome, pois, naquele orfanato, as meninas que viessem sem nome se chamavam Violet, todas elas, se diferenciando apenas no sobrenome, este que era dado pela coisa que faziam lembrarem-se delas, de acordo com suas superiores.
—Hilary, e você? —respondeu com um enorme sorriso no rosto, ajeitando seu cabelo cor de ouro.
—Me chamo Violet Flores. —respondeu, também contente, pois amava seu sobrenome e fazia questão de usá-lo como argumento em discursões com outras garotas chamadas '' Violet'', mas com sobrenomes estranhos.
—Oh, que nome bonito. —elogiou genuinamente, chegando pertinho da nova amiga e a dando um abraço.
Era exatamente aquilo que a Violet precisava, de um abraço apertado, cheio de amor. Ela estava se sentindo sozinha á muitos dias, e para espantar sua tristeza seria apenas encontrando a sua família: o cachorrinho do Jeon Jungkook. Mas, quando esta foi até o asilo e não encontrou seu irmãozinho, ela ficou extremamente triste, voltando para o orfanato mais cabisbaixa do que quando havia saído.
Mas, com aquele abraço, nenhum acontecimento fútil iria a abalar, pois, ali, agora, ela estava feliz, por saber que uma garota que mal a conhece não se importou em lhe dar aconchego. A Hilary lhe elogiou, lhe deu um carinho maravilhoso e sorriu para si, perguntou sobre sua cor favorita e até mesmo onde ela mais gostava de ir. A conversa fluía tão bem que ela estava assustada, pois nunca se imaginou sendo amiga de uma garotinha da sua idade, uma garotinha que parecia muito legal, sem dúvidas, pois... OH, ela lhe deu um abraço!!!
—Quando for quinta-feira, quero que vá à um lugar comigo, tudo bem? —sugeriu risonha, ainda abraçada a nova amiga. Ela sabia que seu plano de levar a Hilary ao asilo daria certo, pois, as suas superiores a colocariam na escola imediatamente, então, naquela mesma semana, a garotinha iria para sua nova escola.
—Tudo bem. —concordou, amando a ideia, mesmo sem saber para onde iriam.
Elas se afastaram, finalmente, e então sorriram uma para a outra. Mas, sorriram genuinamente, contentes como nunca com aquele momento aconchegante. E então começaram a dançar, espontaneamente, cantando músicas que lembraram de repente, animadas com o fato de terem o mesmo gosto musical. E então a tarde inteira passou-se assim, com duas garotinhas, agora amigas, brincando no parquinho enorme, mesmo estando em um lugar cheio de melancolia. Elas sorriam o tempo inteiro e não se importavam nem mesmo com os olhares estranhos que as outras crianças lhe davam.
Violet almejava ter uma amiga, e naquele dia ela havia ganhado uma.
>>><<<
—Por que você está correndo? —Jimin perguntou desordenado, parando no meio do caminho para recuperar o fôlego que perdeu na pequena corrida.
—Eu já sei sobre o que você quer conversar, e eu já dei minha resposta. —Jungkook disse, também parando de correr e olhando para o garoto que agora o olhava incrédulo.
—Que resposta? Você saiu correndo, como está fazendo agora. —contrapôs, colocando ambos os braços na cintura.
—A minha resposta é o silêncio, e quero que você respeite e pare de sugerir coisas como aquela. —finalizou, agora voltando a correr, sendo seguido pelo garoto, que estava um pouco distante de si.
—O quê? Eu estou respeitando. —respondeu, um pouco duvidoso, sem saber ao certo se tudo que estava fazendo era mesmo desnecessário ou doentio. Mas, ele não achava isso, já que sugerir que ele converse com uma garotinha não era algo ruim, na verdade, era simples e poderia ser divertido.
Jimin poderia ficar semanas inteiras matutando suas ideias sobre: por que o Jungkook não gosta de criança? A resposta poderia ser simples ou até mesmo complexa. Ou nem tivesse resposta. Talvez ele nem saiba porque, apenas odiava e pronto. Ele já havia pensado até mesmo no fato dele ter um filho indesejado ou um outro irmão mais novo que o desse trabalho. Não... Na verdade, ele não podia supor resposta alguma, pois nunca chegava em uma conclusão sensata. Portanto, ele iria parar de pensar nisso.
Então decidiu perguntar:
—Por que não gosta de criança?
Jungkook parou novamente de correr, fitando seus sapatos, com os olhinhos arregalados.
Ele nunca, jamais, nunquinha mesmo, imaginou que o Jimin desejasse acrescentar em suas conversas assuntos delicados como aquele. Isso significava que ele queria se aproximar cada vez mais dele, e isso parecia ótimo, em vista de que era exatamente isso que ele queria. Ou não... Talvez ele desejasse apenas que o relacionamento evoluísse sem precisar conversar sobre assuntos profundos. Mas, aquilo talvez não importasse, de fato. Ele era seu amigo, e uma pergunta boba como aquela não tinha problema em responder... Quer dizer, era o que ele achava... Nos dez primeiros segundos.
Se ele lhe respondesse aquela curta pergunta talvez, só talvez, o garoto o olhasse diferente, o achasse estranho por odiar crianças por uma coisa tão boba. Ou, até mesmo, ficasse com pena de si, olhando para ele sempre com olhinhos magoados, com muita, mas muita dó. E era exatamente isso que ele não queria. O Jungkook não queria que ele parecesse o coitadinho cheio de problemas. Ele de fato era, tinha um problema muito sério, mas, ninguém precisava saber disso.
—Desculpa, fui muito indelicado. —Jimin cancelou sua pergunta de prontidão ao ver que o garoto se sentiu desconfortável, por conta das caretinhas que ele fazia enquanto olhava para seu tênis. —Já que você nunca fala sobre si, eu acho que eu posso falar sobre mim, não é? Para ficarmos mais íntimos... —disse por fim, bem baixinho, pois, depois de dizer aquilo, suas bochechas ficaram rubras e seu suor não era apenas pela corrida.
O Jungkook então arregalou os olhos mais ainda, agora olhando para o garoto que fez o mesmo que si, achando que talvez tivesse sido muito ousado.
—P-pode falar. —o garoto respondeu, antes que ele mudasse de ideia.
—Eu gosto de criança. —começou, se sentindo mais leve quando o Jungkook lhe permitiu contar sobre si, ou seja... Ele queria se mais íntimo dele. Ele revirou os olhos ao ouvir o amigo confessar algo que já sabia, e ele apenas riu, enquanto continuava a falar: —Elas são... como flores...
Então o garoto a interrompeu, rindo alto, jogando seu corpo para frente e no fim batendo palmas, tentando, de alguma forma, parar de rir.
—Você sempre irá usar flores como metáfora para tudo, não é?
—Sim?! —respondeu cruzando os braços, pois, aquilo era óbvio. —Enfim... Não me interrompe. —pediu, antes de continuar, voltando a andar. —As flores são crianças pelo fato de estarem sempre felizes quando a damos atenção. Por exemplo, quando nós damos água para uma flor, ela ficará linda, contente, irá cantar e dançar independente do momento, seja triste ou feliz. Assim é o caso de uma criança, ela ficará contente quando der algo para ela, nem que seja apenas um sorriso. Elas são inocentes, se divertem com mínimas coisas, são mais amorosas e bem engraçadas. Aliás, as crianças são aquelas que menos mentem, acredita? Eu pesquisei. —o lançou uma piscadela, e então voltou a explicar: —Tendo em vista todos esses aspectos, é difícil não gostar de uma criança quando esta não lhe quer mal, quer apenas um abracinho... É difícil ver uma flor murcha e não correr para ajudá-la. —finalizou, abrindo um sorrisinho, contente por ter descoberto, definitivamente, que amava crianças como amava flores.
—Estranho. —depois de tantas palavras ditas, ele o respondeu apenas com uma, mas, ao ver que ele havia ficado magoado, ele completou, se juntando profundamente no assunto: —Nem todas as crianças são assim, Jimin. Elas são sim mentirosas, elas querem apenas ver a si própria feliz, elas não se importam se você está bem, pois, seu único pensamento é estar sempre à frente. O que eu quero dizer é que, se alguma criança não tem o que quer ela fica maldosa, pois ela nunca acha nada justo. Ela consegue magoar alguém apontando todas as verdades sombrias, pois, crianças são as mais observadoras. Eu pesquisei. —também lhe lançou uma piscadela, mas apenas viu a expressão confusa e desconfortável do amigo, que juntou sua mão com tanta força que fez todos os seus dedinhos ficarem brancos.
—A Violet não é assim! —gritou exasperado, sem saber ao certo o que dizer. —Ela é carinhosa e muito fofa, e é certo que ela irá querer apenas o seu bem. Ela não se coloca em sua frente, pois, na sorveteria, ela me esperou pedir o meu sorvete, me esperou comer primeiro e dizer se estava bom, me perguntou se eu estava gostando do passeio e nem se importou no fato de não ter recebido a mesma pergunta de volta. Ela ficou olhando para mim até eu entrar no asilo quando foi embora. Jungkook, ela é uma criança boa, e eu sinto muito se não consegue perceber isso também. —disse por fim, soltando suas mãos, se sentindo superbem ao dizer tudo o que queria.
O silêncio tomou o caminho inteiro deles, até ambos chegarem na casa do Jimin, e a única despedida dos dois foi apenas um aceno, não houve nem mesmo um sorriso.
O Jungkook precisava pensar, mas pensar a noite inteira. Precisa, na verdade, conversar com suas flores.
>>><<<
—Está conversando sozinho, por quê? —Jung-ho perguntou ao seu irmão, assustado, tirando seus sapatos e entrando em casa.
—Eu estou conversando com as flores. —respondeu sincero, revirando os olhos para a caretinha que o outro fez, o ignorando totalmente e voltando a falar: —O que vocês acham que significa? Ele prefere que eu saia com uma criança do que com ele mesmo. Ele está recusando sair comigo! Sendo que da primeira vez ele foi tranquilo... Eu devo ter feito algo que o assustou, não tem outra explicação. —pensou, fechando seus olhos com força, totalmente frustrado.
O Jungkook já estava há dois dias matutando explicações, mas, até agora não havia encontrado nenhuma. Ele não entendia porque o garoto que ele achava que o relacionamento estava evoluindo, de repente, parecia o ignorar totalmente. Talvez, o beijo que eles deram na casa do Jimin realmente não significou nadinha para o garoto e ele estava no fundo do poço sozinho.
Ele até chegou a pensar que fosse ainda por conta da avó do garoto, pois seria a única explicação em que ele não sairia magoado. Mas, parecia que ele estava mesmo o ignorando, não mandava mais cartas e não lhe chamava para passear com seus cachorros. O Ami já estava chateado também, o Jungkook podia sentir isso.
Pensando bem, o seu cachorrinho poderia estar, na verdade, com saudades daquela garotinha. Porque, talvez ele realmente tivesse gostado dela. Mas não! O Jeon não podia acreditar que seu amigo fiel estava encantado por outra pessoa tão rapidamente, e por uma criança! Estas que eles concordaram que nunca entrariam em suas casas, nunca trocariam conversas e nem mesmo pensariam nelas. Eles fizeram esse acordo, mas seu amigo não parecia que estava se importando em não cumprir.
Com quem ele reclamaria se não fosse o Ami?
Seu irmão Jung-ho estava ali, morando consigo, poderia muito bem jogar todas as suas mágoas em cima dele, mas ele não queria. Parecia que, apesar de toda a fúria, o Jungkook não queria magoar o irmão, queria o deixar feliz, na verdade. Queria que o Jung-ho se sentisse bem estando em sua casa, que tivesse tudo que precisava e que não ficasse chateado consigo. Mas o que ele não levou em conta que o próprio irmão poderia lhe magoar caso ele ficasse tão escondido em seu respeito um tanto quanto desnecessário.
Era um absurdo não conversar com o irmão só porque achava que iria o incomodar ou atrapalhar com qualquer que fosse os problemas que o outro tivesse. E o Jungkook novamente não levou em conta do fato de que, já que ele estava emprestando sua casa, o mínimo que o outro deveria fazer era lhe escutar e, até mesmo, lhe dar bons concelhos.
As flores até pareciam entediadas de tanto escutar o Jeon reclamar, de tanto o escutar gritar desesperado. Mas, eram seus sentimentos ali, e ele sabia que eram tão bagunçados quanto seus pensamentos, e suas novas amigas deveriam saber também que o garoto era complicado, e tudo nele era complexo demais para entender, para achar normal. Ele considerava todos os seus surtos como culpa sua ou, coisa de louco. E, mesmo depois de tantas terapias, ele ainda não havia entendido que aquilo tudo não era controlado facilmente, portanto, não era culpa sua.
Um chá, talvez, melhorasse as coisas. Ele deveria urgentemente encher seus armários com alguma coisa, ao invés de ter que sair da sua casa em pleno final de tarde.
—Quer sorvete? —Jung-ho sugeriu, ao ver seu irmão puxar seus próprios cabelos, de repente, mas não de modo bruto, apenas forte o bastante para ele começar a ficar preocupado.
Oh sim, sorvete era o que ele realmente precisava agora.
—Sim. —aceitou prontamente, se levantando e indo até a cozinha, sentando na poltrona que havia colocado ao lado da única cadeira ali, para que ele ou seu irmão não tivessem que ficar em pé quando comiam. Ele deveria mesmo fazer compras, primeiro de uma cadeira.
—Me conte: o que lhe atormenta? —perguntou, já sabendo que aquela poderia ser uma longa conversa, visto que seu irmão não estava em seus melhores estados, pois, naquele momento sua mente não estava trabalhando devidamente, ele estava pegando fogo.
Jungkook suspirou, puxando todo o ar da sua casa para enfim começar a dizer:
—Da última vez que eu saí com o Jimin... saída eu digo... um encontro. —disse enquanto olhava para suas mãos, brincando com o anel que nem mesmo lembava de ter colocado. —Nós damos as mãos. —seu irmão murmurou um '' hum'', o incentivando a prosseguir, enquanto colocava uma quantia exagerada de sorvete em um pote grande. —Eu achei aquele ato normal, afinal, foi ele quem me deu a mão primeiro... Eu acho. Enfim, depois disso nós ficamos mais íntimos... Quer dizer, íntimos nada, ele continuava só falando da sua avó, quando eu queria que ele falasse sobre... coisas divertidas, como qual foi a viagem que ele mais gostou. Adiantando toda a história, nós nos beijamos, naquele dia em fui em sua casa para pintar.
—Sei bem. —Jung-ho interrompeu, rindo baixinho, entregando ao outro o sorvete. —Mas foi só um beijo mesmo? —perguntou curioso, ansioso para que ele continuasse.
—Sim, infelizmente. —disse sem pensar, mas logo concertou, constrangido: —Sim. Não quero ir rápido demais, então foi justo. —tomou a primeira colherada do sorvete de chocolate, parando por alguns segundos para elogiar, mas logo voltou a contar sua história: —Mas, depois disso ele sumiu, literalmente. Depois de descobrir que sua avó estava com câncer eu achei que ele viria conversar comigo, afinal, somos amigos... Eu acho.
—E você quer que ele venha até você para conversar, novamente sobre a avó, sendo que você acabou de dizer que não queria que ele colocasse a idosa em seus assuntos? —contrapôs, tentando entender tudo que o irmão dizia, mas, ele falava tão rápido que o outro mal conseguia assimilar as informações.
O Jungkook franziu o cenho, o olhando confuso, largando o sorvete, voltando ao mundo de guerras que era a sua mente, pensando agora, seriamente, que ele estava contradizendo o que queria.
—O que está dizendo? —disse de repente, após pensar por longos minutos, se levantando da poltrona.
—Calma. —se levantou também, apontando com ambas as mãos para onde o irmão estava sentado antes, para que ele voltasse a estar bem ali, quieto e controlado.
—Calma por quê? Estou calmo. Mas eu realmente não entendo por que ele está me ignorando, de repente, sendo que, independente da conversa que tivermos eu quero estar com ele, seja sorrindo ou chorando. Mas, claramente ele não quer o mesmo, já que não tocou nem mesmo no assunto do nosso beijo, sendo que, era tudo que eu mais queria. Eu queria a gente esclarecesse as coisas, queria que ele dissesse o que significou para ele e se vamos tentar algo ou continuar com a amizade. Poxa, Jung-ho, eu queria que me incluísse nos assuntos, que ele voltasse a me chamar para passear com os cachorros enquanto conversávamos sobre flores! —gritou, totalmente fora do controle, pegando seu sorvete e indo direto para seu quarto, mas, por conta de sentir raiva, sua visão estava turva e ele acabou por deixar o potinho de vidro cair no chão, formando uma onda enorme de cacos de vidros, mas ele apenas ignorou, passando por cima de todos eles e se trancando no quarto.
—Oh céus, Jungkook... —Jung-ho suspirou auditivo, massageando suas têmporas, tão frustrado quanto.
Ele queria conversar sério com seu irmão, mas ele nunca teve a capacidade de participar de um discurso sem se estressar, já que apenas ele poderia estar certo, apenas ele poderia contrapor alguém, apenas ele tinha as decisões certas, apenas ele sabia resolver os problemas, sendo que, seu maior problema era ser dependente de ajuda mas não aceitar isso e resolver tudo da pior maneira.
—Abra a porta. —pediu autoritário, pois não queria que seu irmão se afundasse na tristeza, não queria que ele usasse drogas novamente, que ele sabia que o mesmo citado tinha várias destas escondidas em seu quarto. Ele queria ver seu irmão bem, nem que precisava brigar com ele. O Jung-ho apenas deseja que, ao menos em uma discussão o Jungkook saísse bem, saísse sã.
—Não estou afim. —respondeu rude, com o tom não tão alto, por conta de estar abafado, provavelmente, por alguma almofada sua.
Depois de alguns minutos esperando e mais algumas batidas na porta, o Jung-ho finalmente percebeu que seu irmão não iria mesmo abrir a porta, porque, tudo que ele menos queria era que alguém o visse chorar, que alguém lhe ajudasse a resolver problemas em que ele acreditava que poderia resolver sozinho. Seu orgulho era tão grande quanto sua tristeza.
—Jungkook você é um orgulhoso do caralho! —gritou, cansando de esperar o outro lhe deixar entrar no quarto. —Você tem que entender que o Jimin deve estar tão chateado com o fato da avó estar com câncer que não tem tempo para pensar em qualquer outra coisa, e a única coisa que você está fazendo é ficar o chamando para encontros, enquanto ele, mesmo em um estado crítico, está tentando ajudar a rixa que você tem com uma criança! —começou a dizer, gesticulando com as mãos, mesmo sabendo que seu irmão não podia lhe ver, e talvez, nem estivesse o escutando.
Mas, o Jung-ho precisava tentar, nem que todas as suas tentativas dessem errado. Ele precisa ajudar o irmão urgentemente, mesmo que aquele relacionamento com o Jimin não tivesse nem mesmo começado, de fato. Ele sabia que daria problemas, já que, mesmo estando no início, o seu irmão já estava aos prantos.
Era difícil entender o Jungkook. De tantas pessoas, por que ele havia escolhido alguém tão complicado? Ele tinha uma ótima renda, era muito bonito e muito simpático. O Jung-ho acreditava que qualquer mulher ou homem estaria aos pés dele, porém, ele escolheu justamente o que nunca se ajoelhou.
—Jungkook, eu quero dizer, por fim, que você deveria pensar nele de um modo melhor, tudo bem? Não fique com pensamentos melancólicos, não pense que ele não gostou do beijo, não pense que ele está lhe ignorando, não pense que ele não gosta mais de você. Pense apenas que ele deve ter motivos plausíveis para estar tão distante, e você deve respeitar e tentar entender todos eles. —finalizou baixinho, saindo de perto da porta do quarto e indo para sala ver TV.
Ele estava certo, todas as suas palavras ditas eram sensatas. E o garoto cujo não conseguia parar de chorar, trancado em seu quarto, deveria apenas considerar todas elas como as corretas e não tomar nenhuma atitude contraditória a elas.
O Jeon precisava ligar para o Namjoon urgentemente.
{...}
tá tenso
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