Viagem pelas estrelas (Final)
- Boa noite. - Wuju desejou ao último cliente do dia, que agradeceu e saiu pela porta da padaria.
Wuju foi até a porta da padaria e a fechou, suspirando pesadamente. Mais um dia finalizado.
Olhou ao redor, sua padaria, um dia tão alegre e cheia de vida, a qual as pessoas podiam sentir o cheiro de bolos e croissants de longe, agora estava escura e fria, as prateleiras cheias de doces estavam praticamente vazias.
Raon tinha ido embora, e levado a vida de Wuju junto com ele.
Já haviam se passado dois anos desde que Raon foi embora e, cada dia que se passava, matava Wuju um pouquinho mais.
Wuju sempre foi alguém sozinho, e gostava disso. Porém, desde que Raon apareceu em sua vida, iluminando-a como uma estrela, Wuju queria passar o resto de sua vida ao lado dele, e isso foi arrancado dele. Wuju voltou à ficar sozinho, dessa vez não porque gostava.
Wuju saiu de sua padaria e caminhou algumas quadras até sua casa, ela também estava muito vazia desde que Raon foi embora.
Ele entrou em casa e se jogou no sofá, mais tarde prepararia algo para comer, ele não sentia fome, mas sabia que precisava comer para continuar existindo.
Wuju pegou seu celular, indo até a galeria, abrindo as mesmas fotos antigas de Raon que ele tinha em seu celular. Wuju sorriu ao ver as fotos de Raon. As primeiras eram desfocadas, tremidas e fora de quadro, depois que aprendeu, Raon passou à tirar fotos melhores dele e de Wuju.
Wuju sentiu lágrimas brotarem em seus olhos. No dia que Raon foi embora, ele disse que não sabia se iria voltar. Uma resposta tão vaga, mas que enchia o coração de Wuju de esperanças, o que era pior ainda. Wuju queria que Raon tivesse dito que não, ele não voltaria. Isso teria machucado, mas Wuju não iria se torturar com a esperança de Raon voltar para ele.
- Eu sou tão idiota. - Wuju soluçou. - Ele deve estar casado agora, feliz com Dion. E eu aqui, chorando por ele, aquele cachorro.
Wuju não sabe quando mas, depois de chorar por alguns minutos, ele apagou, deitado no sofá.
Quando acordou, algumas horas depois, seu estômago roncava, implorando por comida. Wuju se levantou, cambaleante. Sua cabeça doía por conta do choro.
Wuju foi até a cozinha, tomou um remédio e começou à preparar algo para comer.
Quando já estava na metade do seu sanduíche, acompanhado com um suco de melancia, Wuju ouviu um grande barulho vindo do lado de fora.
A casa estava escura, e de repente ela se iluminou com uma luz muito forte vinda da rua.
- Oh, caralho... - Wuju xingou, coçando os olhos. Quase tinha ficado cego com aquela luz.
Wuju se levantou e caminhou até a janela, olhando para a rua, avistando uma nave em seu quintal.
Wuju ficou estático por vários minutos. Estava sonhando? Delirando?
Ele se beliscou, soltando um gemido de dor, mas a nave continuava ali.
Wuju se apressou para a sala, abrindo a porta e ficou parado no lugar, olhando para a nave. Era igual às que se vê em filmes: uma espécie de disco oval, com quatro pernas que se prendiam ao chão.
Ele observou um tipo de porta se abrindo, e uma rampa se estender até o chão. Wuju viu que alguém descia por ela.
Quando o ser saiu de lá, a luz dos postes de luz iluminou seu rosto: era Raon.
Wuju segurou o impulso de levar a mão até o cabelo bagunçado, sabia que estava deplorável. Raon, por outro lado, estava tão lindo quanto no dia que ele foi embora, parecia mais maduro.
- Raon? - Wuju perguntou, com a voz trêmula.
Raon sorriu.
- Oi, Wuju. - Ele cumprimentou. - Eu voltei.
Wuju mordeu os lábios, pensando no que deveria fazer em seguida. Em um impulso, seus pés o levaram em direção à Raon.
Raon, ainda sorrindo, abriu os braços, esperando um abraço apertado.
Mas não foi isso que aconteceu.
Wuju, ao chegar perto o suficiente, empurrou Raon. Ele não esperava por aquilo e acabou se desequilibrando e caindo.
- Seu... Desgraçado! - Wuju caiu em cima de Raon, dando tapas nele. - Seu filho da mãe!
- Ai! Ai, Wuju! Para! Tá me machucando! - Raon tentava se defender dos tapas, mas Wuju não parou até que Raon segurou seus pulsos. - Calma!
Wuju ainda tentou se soltar, queria bater mais em Raon, mas Raon apertou seus pulsos com força.
Quando Wuju parou de se debater, ele ficou ofegante, enquanto Raon o analisava atentamente.
De repente, o corpo de Wuju começou à tremer, preocupando Raon.
- Wuju? - Raon soltou os pulsos dele. - Você tá bem?
Os braços de Wuju envolveram o corpo de Raon, o abraçando. Raon, sem entender, mas feliz pelo abraço, retribuiu. Uma de suas mãos estava no cabelo de Wuju, e a outra estava em suas costas, fazendo um carinho ali.
- Shh, shh... - Raon deixou um beijo na bochecha de Wuju. - Tá tudo bem, agora. Eu tô aqui com você.
- P-por quê?... P-por que você demorou t-tanto? - Wuju perguntou, em meio aos soluços.
- Me perdoe, Wuju. - Raon pediu. - Quando cheguei lá, tudo estava pior do que eu achei que estaria. Mas ao juntarmos nossas tropas com as de Dion, conseguimos vencer a guerra em seis meses.
- Seis meses? - Wuju repetiu, se separando do abraço e olhando para Raon com surpresa e raiva. - E os outros um ano e meio, seu cachorro?!
- Eu fiquei para ajudar com os danos da guerra. Muitos morreram, e os danos psicológicos foram difíceis de cuidar. - Raon explicou. - Eu queria ter voltado imediatamente, mas eu precisava ficar para ajuda-los. Foi por minha culpa, pela minha fuga, que atrasei o fim da guerra e, consequentemente, deixei que a situação da guerra se agravasse. Eu devia isso à todos. Semana passada, quando não precisavam mais de mim, eu peguei minha nave e vim pra cá. E aqui estou.
- Ah... - Wuju sentiu as bochechas quentes. Se sentiu completamente envergonhado por olhar para o próprio umbigo. Raon era importante em seu planeta, eles precisavam de Raon mais que Wuju. - Desculpe.
- Não precisa se desculpar. - Raon sorriu, levando as mãos até o rosto de Wuju, secando o rosto molhado. - Vamos entrar?
Wuju assentiu, saindo de cima de Raon e o ajudando à se levantar. Os dois foram para dentro de casa, direito para a cozinha.
- Você tem bolo de chocolate? - Raon perguntou, animado. Wuju se lembrou do dia que ensinou Raon à fazer um bolo de chocolate, acabou sorrindo.
- Você pode fazer, se quiser. - Wuju permitiu. - Você ainda se lembra como faz?
- Eu lembro, sim. - Raon respondeu. Bem à vontade, começou à vasculhar os armários de Wuju, procurando os ingredientes.
Wuju mexia na barra da camisa, enquanto observava Raon dar voltas pela sua cozinha. Estava ansioso, queria falar sobre o casamento de Raon. Ele tinha se casado? Estava feliz? Onde estava Dion? Se ele tinha mesmo se casado, por que veio até aqui? Pra ver um antigo amigo? Wuju não queria ser um amigo. Raon iria fazê-lo de seu amante? Wuju disse que não se importaria de ser amante de Raon.
- Você tá bem? - Raon perguntou, atraindo a atenção de Wuju para si.
- Eu tô. - Wuju respondeu, dando um sorriso sem graça para Raon.
- Não está, não. - Raon disse, olhando para Wuju com olhos cerrados. - Fala logo.
- Como vai... Como foi seu casamento? - Wuju perguntou, sentindo o coração bater rapidamente, temendo a resposta de Raon.
Wuju pode ver um sorriso nascer nos lábios de Raon.
- Teve um casamento, mas não foi o meu. - Raon respondeu, vendo Wuju franzir a testa.
- Eu não entendi. - Wuju admitiu.
- Quando chegamos no meu planeta, estava quase tudo pronto para o casamento. - Raon começou. - Eu estava certo que teria que me casar com o insuportável do Dion, mas, no último minuto, ele disse que não queria se casar comigo.
- O que? - Wuju arregalou os olhos. - Então o que foi todo aquele showzinho dele, na minha padaria?
- Você se lembra de um dos homens que estava com ele? O Alpha? - Raon viu Wuju assentir. - Os dois tinham um caso, estavam apaixonados um pelo outro. Dion me entendia, e disse que poderíamos juntas nossas tropas de outra maneira, sem ser através de um casamento. Eu concordei na hora, meu pai teve que aceitar, e Dion e Alpha se casaram. Eu fui o padrinho deles.
Wuju soltou o ar que prendia, completamente aliviado.
- Foi uma cerimônia muito linda. - Raon comentou, sorrindo carinhosamente. - Eles fazem um belo casal.
- Eu não conheço muito eles, mas vou confiar no seu julgamento. - Wuju riu. Aquela informação o deixou mais leve e alegre.
Raon sorriu enquanto preparava o bolo. Ambos ficaram em silêncio por alguns minutos.
- E você? - Raon perguntou de repente.
- Eu o que? - Wuju perguntou de volta.
- Você tem alguém?
- Não. - Wuju respondeu, vendo Raon também soltar um suspiro aliviado.
- Eu estava com muito medo. - Raon comentou, agora ele misturava os ingredientes do bolo. - Eu sempre fui muito egoísta, sabe? E, nesses dois anos, eu admito, desejei imensamente que você não se esquecesse de mim, que não seguisse em frente, que esperasse por mim.
- Eu esperei. - Wuju sorriu, vendo Raon retribuir, com lágrimas nos olhos.
Raon deixou o bolo de lado, deu a volta no balcão da cozinha e foi até Wuju, o puxando para um beijo, que Wuju retribuiu imediatamente.
Era um beijo desesperado, cheio de saudades. Ambos se apertavam, não querendo que aquele momento acabasse nunca mais.
Quando se separaram, Raon segurou o rosto de Wuju, enchendo o rosto molhado de beijos, arrancando risadas de Wuju.
- Eu senti tanto a sua falta. - Raon dizia, em meio aos beijos. - Eu não quero te soltar nunca mais!
- Nem eu quero que você me solte. - Wuju sorriu, sentindo a cabeça de Raon se recostar em seu ombro. O rosto de Raon foi para o pescoço de Wuju, sentindo seu cheiro, e os braços envolveram o seu corpo, o apertando contra si. - Você continua muito carente, não é?
- Só sou assim com você. - Raon murmurou, deixando um beijinho no pescoço de Wuju, que se arrepiou.
A mão de Wuju foi para o cabelo de Raon, fazendo um carinho ali. Wuju pode ouvir um suspiro de satisfação vindo de Raon.
- Você me trás tanta paz, Wuju. - Raon declarou. - Eu te amo muito.
Wuju sorriu grandemente, completamente bobo pela declaração de Raon.
- Eu também te amo. - Wuju respondeu. - Então você veio pra ficar?
- Melhor. - Raon se desvencilhou do abraço, ele olhava para Wuju com os olhos brilhando de animação. - Vim te levar comigo.
- O que?! - Wuju arregalou os olhos.
- Vim te levar para fazer uma viagem no espaço! - Raon respondeu, segurando as mãos de Wuju e as agitando. - Você sempre me faz várias perguntas sobre estrelas, planetas, cometas e outros. Por que não te mostrar, agora que a guerra acabou?
- Você tá falando sério? - Wuju perguntou, vendo Raon assentir.
- Claro que sim. - Raon respondeu. - Lembra do que você me disse, sobre não conseguir imaginar a imensidão do universo? Você não precisa mais imaginar, você pode ver comigo. Você vem?
Wuju ficou pensativo por alguns segundos, mas não havia o que pensar. Ele queria ir com Raon, não tinha nada o prendendo ali, na Terra, então, por que não?
- Eu vou. - Wuju respondeu, sendo abraçado novamente por Raon. - Estou tão ansioso!
- Eu também! - Raon disse. - Vou te mostrar tudo, tudo! Vou fazer você ver estrelas!
O rosto de Wuju se avermelhou com aquela frase. Raon franziu a testa.
- O que foi? Por que você tá vermelho? - Raon perguntou.
- Nada, não. - Wuju fingiu uma tosse. - Mas.. E minha padaria?
- Depois da nossa viagem, a gente pode voltar e ficar aqui. Eu te ajudo na padaria, como antes. O que acha? - Raon sugeriu, vendo um sorriso pequeno nascer nos lábios de Wuju.
- Eu acho perfeito. - Wuju respondeu, e Raon retribuiu seu sorriso. Se aproximando e deixando um selinho em seus lábios.
Quando amanheceu, as pessoas foram até a padaria de Wuju, para comprar os ingredientes para seus cafés da manhã. Mas, o que encontraram, foi uma pequena placa, e nela estava escrita: "Fechado sem tempo determinado. Motivo: fui viajar".
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acabooooou gente 🥺 amei muito escrever essa minific bem boiolinhas dos jeffcode, espero que vcs tbm tenham gostado 🥰
e mal posso esperar pra ver o bl, pra ver quanto eu acertei no plot da fickkkk
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