Música: I want you around, Snoh Aalegra
{A segunda parte do capítulo tem uma playlist especial no meu perfil do Spotify @mclarah "Miyoung's lullabies", em que as músicas aparecem na ordem em que são mencionadas!}
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Miyoung's lullabies
Seongdong, Seul, 28 de abril de 2026
— E então, o que você acha? — estiquei-me na ponta dos pés para alcançar alguns copos na parte mais alta do armário da cozinha e senti as mãos de Yoongi cercarem minha cintura por trás, me fazendo sorrir sem que ele se desse conta.
— Acho que eles poderiam ir embora, — balanço a cabeça em reprovação e, ao sair da ponta dos pés, sinto seu aperto mais forte quando seus lábios alcançam meu pescoço com um beijo calmo. — Estou doido pra ficar sozinha com a aniversariante.
Deixei mais um sorriso escapar, sentindo tudo se aquecer dentro de mim. Minha cabeça era capaz de imaginar e premeditar vários cenários para a nossa madruga, quando os convidados já tivessem ido embora, as luzes da sala já estivessem apagadas e toda a bagunça da pequena confraternização estaria sobre a essa mesma bancada em que eu agora ajeitava os copos sobre uma bandeja.
— Yoongi, não vamos mandar ninguém embora, combinado? — deixei por um instante os copos, virando-me para vê-lo mais de perto, tocar nossos lábios e ouvi-lo murmurar alguma coisa, ignorando solenemente meu pedido. Algo sobre como eu estava linda naquele vestido, vestido que ele mesmo havia me dado de presente. — Obrigada, aparentemente, a pessoas que escolheu me conhece bem.
Sorriu satisfeito, em um misto de orgulho e encantamento, tocando com cuidado o tecido de seda estampado para sentir sob suas mãos as minhas curvas. Perdi os sentidos não só com o seu toque, mas, principalmente, com a sua expressão que transcrevia de forma perfeita o que era desejo, e era lindo. A sinceridade das nossas trocas ainda era o meu mistério favorito.
Não existiam mais labirintos entre nós, com Yoongi eu era a minha versão tão mais transparente quanto o possível, vivendo entre o paradoxo da vulnerabilidade e da segurança. Mais um dos paradoxos que partilhamos todos os dias, entre o beijo de bom dia e o café amargo, até o boa noite antes de apagar as luzes. Afinal, eu só conseguia ser tão transparente por me sentir segura, ao mesmo tempo em que me desnudava aos seus olhos, me tornando tão vulnerável quanto segura.
Tive que cessar nosso momento, pois a conversa seguia agitada do lado de fora da cozinha. E, após chamar sua atenção, passei a mão por seu rosto em um carinho delicado, convidando-o a voltar para a sala, mesmo diante dos seus protestos. Entreguei-lhe a bandeja com os copos, enquanto cuidava de segurar a garrafa d'água, solicitada por Hoseok. Ele havia sido o primeiro a pedir um copo d 'água, alertando a todos a necessidade da hidratação, mesmo que soubéssemos que ele já indicava sinais de embriaguez após a primeira garrafa de soju.
— Eu ia te perguntar do Tae, o que você acha? — retomei o assunto, pegando as garrafas na geladeira. — Você acha que é ela?
— Miyoung, eu acho que ela não tá entendo nada... — Yoongi disse bem humorado, comentando sobre Paola, a nova namorada de Taehyung, uma modelo italiana lindíssima que ele havia conhecido em Milão no último fashion week. Ela dividia a mesa de jantar com os outros convidados e, por motivos óbvios, não conseguia acompanhar toda a conversa. — Mas ele parece gostar dela.
— Claro que ela não tá entendo, pelo menos o Namjoon está conversando com ela em inglês... — senti o olhar implicante Yoongi sobre mim e soube que o motivo era a minha trégua com Namjoon. Mesmo que já houvesse séculos desde que paramos de nos "estranhar", Yoongi seguia não dando créditos às minhas tentativas de ser legal com o líder do Bangtan.
— Não olha pra mim, o meu inglês é péssimo e o sotaque dela não ajuda... — balancei a cabeça em negação, mas sabia que Yoongi, de fato, era um pouco tímido para tentar bater um papo em inglês com a mulher que acabara de conhecer. Ainda assim, algo me dizia que dessa vez seria diferente, mas isso só Taehyung e o tempo diriam.
Voltamos à sala e meus palpites condiziam com o sorriso amplo de Taehyung, segurando de forma carinhosa a mão da namorada por debaixo da mesa, enquanto participava do grande debate que acontecia na mesa sobre os tempos da House of Bangtan. O tópico agora era sobre quem bagunçava mais o dormitório e por qual razão era o Jimin. Ele tentava se defender de todas as formas, se justificando e empurrando parte da fama para Taehyung, SeokJin e Namjoon, mas Hoseok era categórico, Jimin sempre foi o mais bagunceiro, fazendo que os outros rissem mais da irritação de Jimin do que da conclusão de Hoseok em si.
Enquanto isso, Hana não desperdiçava nenhuma oportunidade de implicar com o coitado, relatando sobre a bagunça que ele deixava no seu quarto, causando sempre protestos eufóricos exagerados e biquinhos da parte de Hoseok que, não raramente, terminavam em beijinhos. Eles, realmente, eram um casal fofo.
— Quando vocês se mudam? — Yoongi perguntou, dando uma trégua ao debate, para o alívio de Jimin, e voltou se sentar, logo após posicionar a bandeja ao lado das bebidas no buffet, um móvel de madeira comprido que havia na parede próxima à mesa retangular. Móvel este que eu nunca tinha entendido a função até dar a minha primeira "confraternização".
Dei a volta ao redor da mesa para deixar a garrafa de água com Hoseok e quando tornei ao meu lugar, fitei rapidamente a sala, me dando conta de como o cômodo havia mudado nos últimos dois anos. As alterações que eu e Yoongi implementamos aos poucos — ele mais timidamente no início até, finalmente, se apossar do espaço. Os quadros novos, as diferentes posições em que colocamos o sofá, o painel que ele fez questão de pintar por conta própria na parede, o tapete persa no centro da sala, as almofadas listradas, a mesa retangular grande que substituiu uma mesa oval e os livros sobre arte e música expostos sobre algum dos móveis que seguiam chegando pelo correio. Eu gostava daquelas mudanças da mesma forma que gostava de como nós havíamos mudado e, com o passar do tempo, nos constituímos como casal. Nos adaptamos tantas vezes quantas fossem necessárias para que ainda fosse possível, e sobretudo, para que continuasse a fazer sentido.
— Em junho, né, amor? — Hoseok disse, sendo seguido por um aceno discreto da namorada, enquanto se servia de mais vinho, ignorando a vermelhidão que já tomava seu rosto. — Estamos fazendo algumas reformas, já que o apartamento esteve alugado todo esse tempo... — ele riu, mas não havia muito humor naquela fala e eu sabia.
A verdade é que o BTS ficara conhecido como um dos grupos a morar por mais tempo junto no k-pop e isso ainda era uma questão delicada entre eles. Yoongi e Jin começaram alguns anos antes o processo de saída do dormitório e foram os responsáveis por pressionar a empresa. E enquanto Jimin e Namjoon ficaram chateados, Hoseok e Taehyung queriam o mesmo direito. Jungkook, sem querer tomar nenhum dos lados, fez muito bem o papel de conciliador, tentando apartar as discussões e acalmar os ânimos dentro do dormitório, um cenário raro dentro do grupo, conhecido por ser constituído efetivamente por laços de amizades, para além da estabilidade que a fama requeria.
— Vamos ser praticamente vizinhos... –comentei me lembrando das torres onde ele, Jungkook e Yoongi possuíam imóveis e para onde o casal se mudaria em breve. Só não seríamos vizinhos de condomínio, pois o apartamento que Yoongi possuía lá seguia alugado. Decidimos trocá-lo por um imóvel um pouco menor, porém localizado em uma área mais residencial do bairro, além de ter uma vista linda para o Rio Han e para o skyline de Seoul.
— Essa área valorizou muito, né... — Namjoon comentou, enquanto se servia de mais um dos petiscos sobre a mesa. — E abriram várias galerias interessantes por aqui.
— Chamam de Brooklyn de Seul. — Nari, minha antiga colega de mestrado, atual professora do departamento de psicologia clínica, comentou bem humorada, fazendo surgir uma conversa animada sobre o bairro nova-iorquino, em como nenhum deles achava realmente parecido com Seongdong. Namjoon traduziu algumas frases para Paola e Taehyung juntou-se ao processo, tentando inserir a moça na conversa, enquanto Nari conversava com Jimin sobre a especulação imobiliária em Seoul, assunto esse que chamou de volta o interessante de Namjoon. Sorri para Yoongi e ele sabia o que eu queria dizer sem que fosse necessário uma palavra, mas se resumiu a balançar a cabeça negativamente. Ele não concordava com a minha ideia de juntar os nossos amigos, mesmo que eles já tivessem dado alguns sinais de que pudesse dar certo e, principalmente, de que quisessem ser "juntados".
Os dois sempre perdiam bastante tempo conversando nas nossas confraternizações. Nari era tão intelectual quanto Namjoon, mas tinha um temperamento mais, como eu poderia dizer, agitado? Minha amiga era bem divertida e de uma simpatia invejável. Era, realmente, fácil se dar bem com ela e talvez a sua lista contínua de namorados dissesse um pouco sobre isso ou sobre uma carência afetiva oculta, quem sabe. De qualquer forma, todas as vezes em que ela e Namjoon se encontravam aqui em casa, ela estava comprometida, mas não agora. Nari havia terminado há pouco tempo e Namjoon, pelo que parecia, seguia solteiro. Ainda assim, eu não gostava de me meter muito em combinações amorosas, Yoongi menos ainda. Por outro lado, eu não conseguia deixar de torcer em silêncio para que o vinho e o decorrer das horas fizesse seu papel. Namjoon merecia uma pessoa legal e eu sabia que, apesar dos passeios descolados documentados no Twitter por galerias e parques, ele queria dividi-los com alguém.
A conversa seguiu animada e tivemos que repor as bebidas algumas vezes antes de cantarmos os parabéns, esperando que Jungkook chegasse de um compromisso. Era curioso que, enquanto os demais queriam focar em outros projetos, desacelerar, o maknae seguia com todo o fôlego, investindo em novas mixtapes e produções audiovisuais. Os demais membros gostavam de brincar, mas era mesmo verdade que Jungkook fazia de tudo e tudo muito bem feito.
SeokJin, por outro lado, não pode vir, pois Mina estava ocupada gravando um novo dorama até tarde e esta seria sua noite de ficar com o filho. Coisas de pai, você sabe, ele disse bem humorado quando me parabenizou por telefone mais cedo. Ainda assim, fez questão de participar por chamada de vídeo, exibindo na tela o filho no colo batendo palminhas animado. Jun-Ho, que em hangul quer dizer "talentoso e brilhante" era a definição perfeita do pequeno, desde cedo esperto e lindo como os pais. E estava estampado no sorriso de Jin, brilhante e visível pela tela, o encantamento que tinha pelo filho.
Yoongi surgiu do corredor segurando um bolo bonito enfeitado com várias velas coloridas de corações e eu tinha certeza que a decoração era obra Taehyung que sorria ao lado, cerrando-as com as mãos para que não se apagassem. Hoseok desligou as luzes da sala e todos cantavam animados os parabéns, enquanto eu era incapaz de conter meu sorriso, ainda que sentisse um pouco de vergonha em ser efetivamente o centro das atenções. Era, porém, inevitável não se contagiar pela alegria daquelas pessoas que partilhavam esse momento comigo, graças a ele. O sorriso mais contido e, ao mesmo tempo, o mais amplo, me olhando fixamente.
Os nossos amigos me disseram para fazer um pedido. Tão logo fechei meus olhos, meu inconsciente me levou às minhas antigas festas de aniversário, as mãos de minha mãe em minhas costas, a sua voz dizendo empolgada, "assopra, minha filha, faz um pedido", como se rezasse em silêncio por um futuro mais promissor para mim. E, diversamente de hoje, não havia muitas pessoas nas minhas festas de criança, basicamente só nossa antiga vizinha de porta e seus filhos uns bons anos mais novos que eu. Ainda assim, a minha mãe não abria mão de comemorar as primaveras da sua bela flor (Miyoung), palavras dela. Eu não me lembro dos pedidos que costumava fazer e pode soar clichê, mas, certamente, quando apagava as velas naquela época, eu devo ter desejado algo parecido com o tinha hoje.
Talvez, por essa razão, quando fechei os olhos hoje, não consegui pensar em nada que eu já não tivesse. Suspirei fundo e abri os olhos como se tivesse feito o pedido e entre o soprar das velas, quis a permanência de tudo isso. Então, talvez eu quisesse que fosse eterno? Que isso nunca acabasse?
Parti o primeiro pedaço de bolo e dei a Yoongi, que tomou o pratinho em mãos agradecendo todo bobo, com um sorriso discreto nos lábios. Me forcei a sorrir, mas sentia meu coração doer, só de pensar que isso tudo pudesse acabar do nada, sem aviso, sem alerta, em uma manhã qualquer. E, no segundo pedaço, que dei para Taehyung, passei a espátula para o mesmo, pedindo que ele terminasse de partir o bolo para mim, e me retirei alegando que pegaria uma água na cozinha.
Me encostei sobre a bancada, segurei o copo cheio d'água, mas não bebi. Fechei os olhos, contei até vinte em silêncio, respirando fundo e procurei não pensar naquilo, mas eu sabia que o meu medo sobre o futuro tinha tudo a ver com o passado. E quando abri os olhos, Yoongi estava encostado no vão da porta.
— Tá tudo bem? — ele deixou seu pratinho sobre a bancada e abriu os braços, esperando que eu fosse até ele, e foi o que fiz. Me aconcheguei em seus braços e senti ele beijar o topo da minha cabeça.
— Tá sim, só lembrei da minha mãe... — Yoongi murmurou um "ah sim" e me apertou mais em seus braços. — Mas tá tudo bem, de verdade. Eu quero me lembrar dela... Não quero esquecer. Estava pensando esses dias que tenho medo de esquecer o som da voz dela, sabe que salvei os áudios que ela me enviava do Kakao?
— Eu entendo... — Yoongi disse com pesar, a voz discretamente embargada. Ele não sabia como esconder a sua angústia quando tocávamos no assunto, mesmo depois de quase 10 anos, e fiquei com medo de fazê-lo chorar durante uma noite que, em tese, deveria ser de comemorações.
— Mas, vamos mudar de assunto! Tá tudo bem... — desfiz o nosso abraço e ele olhou-me desconfiado com minha mudança repentina de humor. Tentando convencê-lo, sacudi seus ombros e deixei um beijo estalado em sua bochecha. — O que achou do bolo? Quero o meu pedaço!
Peguei Yoongi pela mão, conduzindo-o de volta para a sala, recebendo um pratinho das mãos de Taehyung que, em seguida, me cercou com uma abraço apertado, lamentando ter que ir embora. Pisquei para ele ao se afastar e, esticando seus lábios finos, Taehyung abriu aquele seu sorriso quadrado, enquanto apertava a mão da namorada, se despedindo dos demais. Me senti feliz por vê-lo bem depois de tantos meses aparecendo por aqui bêbado, encerrando a noite entre prantos e resmungos no quarto de visitas, se penalizando por algo que ele não tinha (de todo) culpa: o excesso de inocência e a falta de prudência com que conduzia seus relacionamentos.
Mei não havia sido a primeira a se aventurar em casamentos relâmpagos, com festas tão caras quanto os respectivos divórcios. Antes da modelo japonesa, Taehyung havia se casado com uma atriz coreana que mal tivemos tempo de conhecer. E entre as declarações apaixonadas dele, enquanto namoravam escondidos da empresa, até o dia em que puderam marcar o casamento e, por fim, o divórcio, não contamos nem um ano completo. Eu tentei dizê-lo que era cedo demais, das duas vezes, mas era difícil dissuadi-lo quando ele jurava ter encontrado a pessoa que fazia seus olhos brilharem só de pensar na possibilidade de viver a mesma coisa que seus pais.
E quando Taehyung atravessou a porta em despedida, sinceramente, torcia para que ele esperasse pelo menos alguns anos antes de decidir se casar mais uma vez. E se o desgaste emocional não tivesse ensinado-o, talvez ele fosse mais cauteloso depois do gasto financeiro do divórcio com a Mei que incluiu, além de valores exorbitantes, um carro e o apartamento deles em Gangnam. Isso sem contar toda a exposição que a empresa tentou, sem muito sucesso, abafar na mídia.
Após fecharmos a porta para Taehyung, Yoongi e eu nos juntamos à mesa, onde estavam Jimin e Jungkook, enquanto Namjoon e Nari estavam na varanda conversando. Aquela constatação fez com que a felicidade que eu sentia por Taehyung se transferisse para os dois, aumentando em muito minhas expectativas sobre o desfecho da noite. Infelizmente, não durou muito tempo, pois logo em seguida Nari avisou que iria embora, deixando um Namjoon sem reação na varanda, encarando sozinho o conteúdo da sua taça de vinho. Decidi então me aproximar, chamando-o.
— Achei que você fosse se oferecer para levá-la. — comentei e ele soltou um suspiro audível, incapaz de esconder seu descontentamento com o desenrolar da noite.
— Eu deixei o carro em casa... Eu até queria, mas não sei. — Namjoon deu um gole na sua taça de vinho e tornou a olhar em minha direção, mas evitando olhar diretamente em meus olhos. — Miyoung-ssi, às vezes acho que tentei proteger tantos os outros disso que hoje não consigo nem convidar uma mulher para sair sem repensar infinitas vezes até desistir...
— Namjoon, me chama de noona, não precisamos mais ser tão formais. — estendi minha taça da sua para um brinde, convidando-a a virar o resto de vinho. — Mas me diz, por que? Você é Kim Namjoon, RM do BTS, foi eleito o homem mais interessante da Coréia pela KoreaBoo umas mil vezes. — tentei soar bem humorada, mas ele só balançou a cabeça em negação. — Brincadeiras à parte, eu sei que a Nari concorda com a KoreaBoo e com certeza quer sair com você.
— Não sei, noona. — sorri, por ele ter rapidamente seguido minha sugestão, mas não havia empolgação no seu tom. — A Nari quer um cara normal, não alguém que precisa se esconder atrás de uma máscara e que só janta em salas reservadas...
— Você não tem como saber o que a Nari quer se não perguntar... — sugeri, não só porque queria juntá-los, mas, principalmente, porque queria encorajá-lo a se abrir. Dentre os meninos, Namjoon era o único que ainda não havia apresentado ninguém ao grupo ou engatado um relacionamento mais sério.
— Acho curioso a noona querer me ajudar... — ele encarou a taça vazia e depois direcionou os olhos até mim. — Sendo que eu nunca apoiei o seu relacionamento com o hyung.
— Não era o seu papel nos apoiar. — disse sincera, sem mágoas, mesmo que talvez o passado as justificasse, era passado. — O seu papel era manter o grupo junto e você tem feito isso muito bem até hoje, mesmo com tudo que tem acontecido.
— É uma loucura pensar que essa vai ser a última turnê... A despedida. — a forma que suas palavras soaram, discretamente fragilizadas, fez com que eu partilhasse do seu sentimento. Era realmente uma loucura pensar no BTS "em hiatus" depois de 14 anos de carreira.
— Todo mundo sabe que não vai ser a última... — disse, convicta. — Até parece que vocês aguentam ficar separados. Aposto que vocês vão tirar umas férias mais longas e vão voltar com algum projeto novo. — ele sorriu, sem querer se comprometer, mas eu sabia que, no fundo, ele concordava.
— Quem sabe... É só que muita coisa mudou, Jin hyung agora tem o Jun-Ho, — Namjoon não conteve o sorriso só com a menção ao seu afilhado. — Hoseok está se mudando com a Hana, Kookie está envolvido com vários projetos, Taehyung, você sabe... E o Yoongi hyung, você também sabe... Aí sobrou a unit dos sem namorada, Jimin e eu.
Contive minhas risadas e pedi que Yoongi trouxesse mais vinho para encher nossas taças, mas antes que isso acontecesse, Namjoon prosseguiu: — Enfim, o que eu queria te dizer... É que acho que nunca pedi desculpas para a noona, por ter sido tão rígido e pouco compreensivo com você e o hyung... Me desculpa.
— Joonie, isso já passou... Mas sim, eu te desculpo. — sorri feliz por suas palavras, tendo que confessar que também havia sido responsável por nossos desentendimentos. — E também peço desculpas pelo meio jeito difícil... E pela minha teimosia.
— Se não fosse a sua teimosia, talvez não estivéssemos todos aqui hoje. — ele rebateu e eu assenti com a cabeça, pensativa. É, talvez seja isso mesmo. Suspirei fundo e deixei um sorriso escapar vendo Yoongi passar pelo portal da varanda com a garrafa de vinho em mãos, o seu semblante relaxado, as bochechas discretamente coradas pelo vinho consumido, as mãos em contraste com a garrafa escura e a aliança fina de ouro branco brilhando discretamente em sua mão direita. E ao estender minha taça para que ele servisse o vinho, o mesmo anel, mas com uma pedrinha no centro, também brilhou no meu dedo. É, com certeza.
(...)
Acordei na manhã seguinte sorrindo e sem o som do despertador, o que significa duas coisas: era domingo e eu e Yoongi tivemos uma noite incrível. Me espreguicei e constatei que estava sozinha na cama de casal. Passei os olhos pelo quarto, mas não havia sinal dele. Alcancei, então, o controle do ar condicionado na mesa de cabeceira e me desvencilhei do edredom macio, indo em direção ao banheiro da suíte. Perdi uns bons minutos no banho e enquanto a água quente caía sobre meu corpo eu conseguia rememorar perfeitamente a noite passada — o toque de suas mãos por cada centímetro meu e todas as nossas trocas e sons que ecoavam nas paredes brancas do quarto ao lado — fazendo com que eu sorrisse e suspirasse entre o box e o espelho embaçado.
Vesti uma calça de moletom larguinha, peguei uma de suas infinitas camisas cinzas e deixei o quarto quase às 11 da manhã. Passei na cozinha e notei que ainda havia café quentinho na cafeteira e enchia a minha caneca, sorrindo ao constatar que além disso toda a louça da noite passada ou estava na máquina lava louças ou lavada no escorredor. E, com o café em mãos, segui o som do piano que vinha do estúdio de Yoongi.
Empurrei discretamente a porta entreaberta e só desejei bom dia, procurando não atrapalhar as suas manhãs de produção, e voltaria para a cozinha se ele não tivesse chamado por meu nome. Em resposta, afastei a porta e me deparei com Yoongi sentado de frente para o piano, vestindo uma camiseta branca de gola V amassada e a calça xadrez de pijama, seus cabelos escuros bagunçados caindo em partes sobre os olhos e ao me encarar, ele sorriu. Me aproximei e, desde de já, ele cercou minha cintura com um abraço gostoso e aproveitei para depositar um beijo do topo da sua cabeça.
— Tá cheirosa, jagiya... — sua voz soou rouca e me curvei para beijar seus lábios, com cautela, pois ainda tinha a xícara em mãos e eu seria uma pessoa morta se derramasse café no piano caríssimo, importado da Áustria, e que Yoongi tratava como um filho.— Senta aqui do meu lado. — ele me convidou, então deixei com ele a peça de porcelana e arrastei uma cadeira giratória que estava no outro lado do cômodo, de frente para o monitor grande e todos os seus equipamentos de gravação.
— Acordou cedo hoje. — comentei dando mais um gole na bebida quente. — O café tá uma delícia e você não adoçou, obrigada. — ele sorriu orgulhoso com o meu elogio e eu tive que sorrir por tabela, era mesmo bonito como coisas simples o faziam feliz. — Ah, e a cozinha também... — pisquei para ele que só assentiu com a cabeça. Felizmente, não era incomum que Yoongi cuidasse da cozinha, já que cozinhar não era exatamente uma das minhas tarefas favoritas e ele, por outro lado, cozinhava muito bem. Ainda mais para os meus parâmetros, incapaz de fazer uma simples omelete sem queimar, kimchi, kimbap e afins nem pensar.
— Perdi o sono... Mas eu dormi bem. — ele descansou as mãos que antes estavam sobre as teclas brancas na perna. — A noite ontem foi... — me resumi a assentir lentamente com a cabeça, partilhando da sua opinião, e notei que ele encarava a aliança em seu dedo. — Jagiya, você não acha curioso isso? Como parece que cada vez faz mais sentido... que fica melhor?
Seus olhos desviaram da aliança para mim e ele voltou a posicionar as mãos sobre as teclas do piano, como se simulasse alguma melodia que tocaria em breve.
— Você tá falando do sexo? — apertei os olhos e Yoongi resmungou em resposta, eu sabia que ele não estava falando disso. — De fato, no início, você não era tão bom de cama... A prática é importante, você sabe. — sua expressão se fechou, mostrando que eu havia conseguido irritá-lo com sucesso e segurei o riso.
— Miyoung, sério... Você é a maior corta clima, que saco. — ele franziu as sobrancelhas. — Espera. Eu não era bom de cama? — fiz uma careta confirmando e não consegui mais segurar com a sua expressão desapontada e desatei a rir.
— Ei, é brincadeira... — acariciei o seu braço. — Eu entendi o que você quis dizer... E concordo.
— Não, agora responde... Eu era ruim de cama? — o seu ego ferido falou mais alto, me fazendo rir mais uma vez.
— É mentira, Yoongi-ah, eu estava só implicando com você. Sempre foi ótimo, ok? É que agora é ainda melhor... — pisquei e ele relaxou a expressão, deixando escapar um sorriso, certamente ele também tinha memórias bem vivas da última noite. E, por um instante, tive vontade de chamá-lo para voltar para cama, mas me resumi a dar mais um gole no café.
Nosso silêncio logo foi substituído pelo som das teclas do piano que ele conseguia, sem muito esforço, fazer com que soasse como música. Nesses momentos, eu me sentia realmente especial, presenciando o momento exato em que Yoongi fazia o que amava mais no mundo: música.
— Eu estava pensando em algumas coisas mais cedo, aí quero te mostrar... — sua voz sobressaiu ao som delicado do piano, já que seus dedos estavam concentrados nas teclas mais agudas na ponta esquerda do instrumento. Por um instante ele tirou a mão direita do instrumento e virou a página do caderno pautado apoiado à sua frente, exibindo o que parecia ser uma lista. — Acho que nunca te falei das suas músicas.
— Minhas? — perguntei curiosa, alternando meu olhar entre seu rosto, discretamente corado, e as palavras soltas pela página pautada.
— Queria te mostrar as músicas em que eu me inspirei em você, na gente..— sua voz foi praticamente ocultada pelo som do piano, e achei curioso como ele costumava gravar vídeos de horas explicando os conceitos dos álbuns do BTS, o seu processo de composição e produção, mas agora se sentia tão tímido diante de mim. Talvez sua confissão fosse muito mais íntima do que eu imaginava, só se comparando quem sabe às cartas que eu escrevia sobre nós e as mantinha guardadas no meu escritório. Em resposta, eu não disse nada e só assenti com a cabeça sorrindo, quando seus dedos passaram a tocar uma melodia familiar. — Lembra dessa?
— Coffee, sério? — perguntei sem muito acreditar e ele assentiu com a cabeça. — Mas eu nem gosto de caramelo macchiato.
— Isso foi coisa do Namjoon, ele disse que era mais sonoro e a metáfora com o doce encaixava melhor. — ele deu de ombros. — A maioria das músicas nós compomos juntos, mas a ideia inicial da música foi minha... Tava guardada anotada no meu caderninho desde o nosso primeiro café, lembra?
— Que você disse que gostava de café, mas quase afundou o café no açúcar pra conseguir beber? Me lembro bem. — roubei um sorriso seu que fez par com meu, encantada com a forma que ele tocava, enquanto cantava o seu trechinho do rap, com sua voz baixinha para casar com o som do piano.
— "Minhas memórias ainda me levam para aquele café."... — ele finalizou a música, descansando as mãos sobre as teclas e passou a se concentrar em mim. — Sabe, eu queria parecer um cara descolado, que bebe café sem açúcar.— balancei a cabeça em negação, achando graça.— Lembro que cheguei no dormitório com muita raiva que não tinha conseguido te beijar naquele dia.
— A gente era engraçado né... Eu não entendia muito bem por que você queria tanto ir na cafeteria comigo e ficava sempre adiando, dizendo que tinha que estudar... — comentei rememorando aquele tempos, antes amargos, que agora em forma de memórias eu era capaz de vê-los de forma bem humorada. — Será que o restaurante do Lee ainda tá aberto?
— Eu não sei... Tem um tempo que não passo por aquela parte da cidade. — Yoongi disse pensativo. — Passou tão rápido, né? Não parece que já tem o quê? Uns 15 anos que a gente se conhece?
Assenti boba e, por alguns segundos, fui transportada para o nosso primeiro beijo, nos fundos do restaurante do Lee, num dia bonito de primavera como hoje. Era quase como se eu pudesse sentir o ar fresco dessa época do ano, misturado com o cheiro de fritura e nicotina, o meu estômago se revirando com a proximidade daquele menino. Yoongi era um menino com os cabelos espetadinhos, fingindo ser um bad boy que eu sabia que não era, com as mãos nos bolsos dos jeans gastos, o cigarro descansando no canto da boca.
— A gente podia passar lá né... — comentei olhando agora para o homem à minha frente. — Imagina só?
— Acho que temos que passar lá para agradecer, não acha? — assenti com a cabeça e senti tudo se agitar dentro de mim com aquelas memórias, tendo consciência de todos os movimentos do universo para que hoje estivéssemos aqui e chegava a ser assustador. — Ah, e essa aqui... — olhei-o sem acreditar, negando com a cabeça. — Quem você acha que é a garota fria, Miyoung?
— Yoongi, para... — senti minhas bochechas corarem e comecei a sorrir involuntariamente quando reconheci a melodia bonita de I need you desenhada por suas mãos nas teclas do piano. — Eu não sou tão fria assim.
— Miyoung, você não chorava por nada naquela época e ia embora sem mais nem menos... — tive que concordar, muito envergonhada por ser a referência de garota fria em I need you. — É sério, o nosso primeiro término rendeu algumas boas músicas... — ele riu sem graça. — I need you, Love is not over, Autumn Leaves... Deixa eu ver... Ah, o Outro também, House of Cards... Engraçado que agora eu nem me lembro muito bem por que a gente terminou.
— Foi o que? Em 2014? 2015? — tentei recuperar na minha memória, mas o tempo em que ficamos separados tinha sido tão curto, que eu nem acreditava que Yoongi tivesse mesmo escrito tantas músicas. — Sei lá, foram umas duas semanas que durou?
— Eu te liguei chorando bêbado. — ele disse envergonhado, descansando as mãos sobre a perna. — Eu sempre te ligava chorando. Curioso é que essa era se chama The Most Beautiful Moment in Life e tem várias músicas sobre término, no caso, sobre o nosso.
— Eu teria nomeado essa fase de The Worst Moment in life. — ele riu da minha brincadeira, mas eu sabia que, de certa forma, ele concordava. — Mas a gente terminou algumas vezes ou tentou né? Porque eu sempre ia atrás de você lá no dormitório quando você ligava... Nossa, eu lembro direitinho da cara de ódio do Namjoon quando eu tocava a campainha. — conseguia rir hoje, mas me recordo de subir derrotada os degraus até a porta do dormitório, casada e irritada com aquela situação, a cabeça coberta por um capuz, para ainda dar de frente com Namjoon que, não raramente, não queria me deixar entrar. — Acredita que ele me pediu desculpas ontem?
— Namjoon? — assenti com a cabeça. — Por que?
— Ah, por não ter apoiado a gente... Mas eu falei com ele que o papel dele não era esse, sabe. — comentei misturando memórias da noite passada com do início do nosso relacionamento. — E, sinceramente, não acho que teria feito diferença se ele estivesse do nosso "lado"... Enfim, não se volta no tempo.
— Não sei pra você, mas se ele tivesse sido menos chato, a minha vida teria sido mais tranquila... — Yoongi disse bem humorado, virando a página do caderno, exibindo outra lista de músicas. — Essa aqui é polêmica, — riu discretamente, voltando a se concentrar no piano. — por que muitas pessoas trabalharam nessa letra e ela tem vários significados, mas o título Spring day foi uma ideia minha e primavera, na verdade, também faz referência ao seu nome, Mi-young (bela flor). A minha parte eu escrevi quando terminamos no início de 2017, então tem sentimentos um pouco conflitantes, você sabe... Até me perguntaram uma vez numa conferência, e eu falei que era sobre um amigo. — Yoongi riu fraco antes de começar a cantar, sendo acompanhado pelo piano, e eu estava sem palavras, ele sabia que aquela era uma das minhas músicas favoritas do Bangtan.
— Curioso, eu nunca pensei em Spring Day como uma música romântica... — comentei quando ele terminou de tocar. Eu não ia dizer, mas ela me lembrava a minha mãe. — Mesmo que eu ache ela uma das músicas mais bonitas do BTS... de todas, sabe.
— Spring Day é bem especial... Eu vejo ela mais como uma música sobre saudade e como a letra é bem aberta, quem ouve pode dar a interpretação que quiser... Provavelmente, se você perguntar pro Namjoon ou para o Hoseok sobre o que é Spring Day, eles vão dar respostas diferentes... O que eu estou querendo dizer, é que tem alguma coisa sua nas minhas músicas e eu me dei conta disso hoje. — Yoongi soltou um suspiro audível e suas palavras estavam carregadas.
— Hmmm, você está dizendo que o Suga do BTS escreve músicas românticas para a Park Miyoung desde sempre? E você nunca me falou? — brinquei acariciando seu braço, encontrando seus olhos.
— Você acha que eu escrevo músicas românticas para quem, Miyoung? — ele cruzou os braços na frente do corpo, arqueando as sobrancelhas, e voltou a virar a página do caderno pautado. — Você lembra dessa, Pluto? — sorri quando Yoongi fez um arranjo bonito para 134340' no piano.
Eu me lembrava bem dessa música. Yoongi apareceu no meu apartamento uma madrugada sem avisar e me mostrou o rascunho dessa letra, confessando que tinha medo que eu desaparecesse da vida dele. Foi um período estranho, nos víamos quase nunca, ele estava sempre em turnê, emendando uma viagem na outra. E, naquela noite, antes de dormirmos abraçados, ele disse boa noite, Pluto, inaugurando ali o meu "apelido".
— Eu adoro essa. Ela e Seesaw, são as minhas favoritas... Claramente meu bias no BTS é o Suga. — brinquei e ele balançou a cabeça em negação, deixando um sorriso discreto escapar.
— Seesaw você sabe... — assenti me lembrando bem de quantas vezes ensaiamos o término que se concretizou em 2020, em meio à pandemia, e quanto tempo ficamos pendurados, em um equilíbrio instável. Yoongi tinha medo de terminar e eu medo de ficar sozinha. Respirei fundo me sentindo aliviada, pois agora tudo aquilo não passava de memórias gravadas em melodias bonitas. — E bem... Tem Eight... a minha parte é uma homenagem para a sua mãe, mas acho que você já sabia.
— É, eu acho que já sabia... A gente não estava juntos quando a música foi lançada, mas eu ouvi mesmo assim. — admiti, afinal, eu nunca consegui me desligar da verdade dele.
— Tem outras, algumas frases... Mas acho que as mais importantes são essas. — ele apoiou as mãos sobre as pernas, encarando as teclas brancas, como se sinalizasse que ele havia acabado. — Achei que precisava te dizer, não sei...
— Yoongi-ah, eu não sei o que dizer... Isso é tão surreal. O jeito que você transforma tudo em poesia e em músicas bonitas, até os nossos piores momentos, diga-se de passagem. — ri tentando descontrair um pouco, ainda buscando as palavras. — Mas eu... eu não acho que mereço, fico um pouco sem graça para ser sincera...
Ele seguia em silêncio, encarando o piano, enquanto eu tentava compreender o que significava ter um espaço que parecia ser tão importante no meio daquilo que Yoongi mais amava, a música, mas só consegui balançar a cabeça incrédula. Encarei por um momento a aliança que usávamos no mesmo dedo e era difícil, talvez impossível, tentar explicar tudo que nos unia.
— Não precisa dizer nada, isso foi só mais um jeito de dizer que eu te amo... E que já te amei de muitas formas. — senti sua mão sobre a minha. — E como foi seu aniversário, quis te dar esse "presente"... Mesmo que não esteja tudo bonitinho e seja um monte de rabiscos neste caderno, quando você escutar essas músicas de novo, você vai se lembrar de que não é só sobre mim, é também sobre nós. Eu sempre me senti um pouco culpado, porque durante todos esses anos você parecia se sentir tão desimportante e alheia às coisas do Bangtan... Sem se dar conta de que você sempre esteve presente na minha vida, em todos os espaços.
Yoongi pegou minha mão e levou até os lábios, deixando um beijo sobre a aliança e, em seguida, fiz o mesmo. E quando levantei a cabeça e seu sorriso se abriu para mim, naquele instante, eu compreendi que o significado de permanência e eternidade estavam menos na aliança brilhosa e nos votos que faríamos na semana seguinte perante o tabelião do cartório e mais nas melodias de Yoongi que dançavam pelas teclas do seu piano, no beijo que ele deixou em minha mão e no seu sorriso.
— Eu vou pegar um café para mim, você quer mais? — Yoongi se levantou e pegou minha xícara vazia apoiada sobre a madeira escura no instrumento. Em resposta, assenti sorrindo.
E vendo ele passar pela porta, me dei conta de que eternidade não era um conceito estático, ou uma medida que permitia que o tempo se esticasse à perder de vista. E se eu pudesse defini-lo, o conceito de eternidade seria essa decisão diária, algo que se renova todos os dias em que eu decidisse dividir minhas manhãs, minha xícara de café e minha vida com ele.
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Hello amores!
E aiii, ansiosa pra saber o que acharam!
O próximo capítulo será o último, ok?
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Beijos da Maria ❤️
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