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Sobre proteger a coisa mais valiosa do mundo

É preciso ser muito homem para ter uma filha. Se você for um cara razoavelmente macho pode criar um filho sem o menor problema, mas é preciso ter níveis elevados de testosterona para criar uma menina. A filha significa que você é definitivamente o alvo macho da casa e que além de proteger a sua amada esposa, também precisará fazer a sua pequena sentir-se segura.

Além, é claro, de levantar os muros necessários para proteger sua cria dos lobos que começam a cercá-la a partir do exato momento em que desce a sua primeira menstruação. Pessoas ferozes e indignas de segurar as mãos da sua protegida, quanto mais de segurar aquilo que eles querem segurar. Eu sei que são indignas, pois nenhum homem é digno de uma fêmea antes dos 26 anos. Atesto isso com conhecimento de causa, pois sou tipo "o cara mais legal do planeta" e eu mesmo era um babaca aos dezesseis anos. Quanto mais meus amigos, colegas e rapazes que jogavam futebol. Todos indignos e muitos continuam assim até hoje, especialmente aqueles que jogavam futebol.

Deus sabe que eu sou muito macho, por isso, me presenteou com uma linda garotinha. A partir do momento que aquela lindeza saiu de dentro da minha outra lindeza me dei conta de que o meu sêmem não era como o das outras pessoas. Eu havia nascido com alguma espécie de mutação genética proveniente da evolução humana que tornava o meu esperma o primeiro estágio para o nascimento das coisas mais lindas do planeta. A minha filha era, por conta de tal mutação genética, uma joia rara de beleza impecável que iria guiar as gerações futuras rumo à luz apenas por existir. A próxima grande maravilha do mundo moderno. Deus me deu uma grande responsabilidade, proteger isso não seria uma missão fácil.

Inevitavelmente me matriculei na academia assim que cheguei em casa, deixei a barba crescer de forma que  impusesse o maior respeito possível e passei a treinar todas as noites em frente ao espelho qual é a forma mais convincente de dizer que tenho uma arma em casa e que mato por diversão.

Tudo para me preparar para o fatídico momento.

O momento (que gosto de me referir como "o confronto") demorou dezessete anos para chegar e mesmo assim pareceu chegar cedo demais. Minha princesa iria trazer um "cara" para dentro de casa, um cara que ela chama de namorado, que enfeita a tela inicial do seu celular e que ela julga decente o suficiente para nos conhecer. Não era. Eu sei que não era.

Minha missão hoje não é apenas intimidar, mas sim identificar o perigo. Preciso ser eficiente, pois a minha mulher não conseguiria identificar. Não que as mulheres sejam inferiores em algum patamar (elas são superiores em noventa e nove por cento deles, na verdade), mas ela não tem o gene masculino que permite identificar ESSE tipo específico de perigo. Caso contrário ela não teria saído com um jogador de futebol no colegial.

Minha filha, coitada, tinha uma pureza de espírito tão ofuscante que a tornava um alvo fácil. Tão inteligente nas aulas de português, tão sábia quanto a sua faculdade e tão ingênua quanto as coisas do amor...

Não, a missão era minha. É para isso que o homo sapiens se desenvolveu por tantos anos. Existem registros históricos de que o primeiro homem das cavernas a deixar de andar de quatro o fez por que precisava das mãos para socar o miserável que se meteu a engraçadinho com a sua filha.

Eles entram na sala, estão juntos, mas não estão de mãos dadas em sinal de respeito.

Ele é muito mais alto do que eu, ou qualquer outro ser humano, mas é especialmente magro. Sua cara é cavalar, suas orelhas são de abano, sorriso deveras desagradável. Primeira impressão positiva, homens feios têm menos chance de serem cafajestes.

Ele me cumprimenta com um aperto tentando demonstrar confiança:

- Boa tarde, senhor Alberto.

Nos chamar de "senhor" é a forma que os jovens inventaram para demonstrar superioridade travestida de boas maneiras. Eu posso ser senhor e você um não-senhor, mas minhas pernas ainda são fortes o suficiente para alcançar até o mais rápido dos não-senhores. Não se engane, meu colega.

Depois de uma breve apresentação, minha preciosidade foi ajudar sua mãe na cozinha e me deixou a sós com o "cara" no sofá da sala. Ele não fez a menor menção de levantar-se, segurar o seu braço levemente e dizer, "não amor, descanse aqui enquanto eu faço o almoço em sinal de gratidão com a sua família por permitir que eu profane o sagrado templo da sua residência". Não, ele permaneceu sentado ao meu lado no sofá. E como se não bastasse, tentou puxar assunto.

Até que conversar não é tão má ideia, é necessário recolher informações sobre o seu inimigo. Ele faz inúmeras piadas sem graça, minha preciosidade deve adorar, ela ri de qualquer coisa devido ao seu permanente e perigoso estado de bom humor.

 O que a torna mais vulnerável ainda.  

Não ouvi mais nada do que ele disse depois que notei um desenho dançando por baixo da manga curta de sua camisa. Ele tinha uma tatuagem no braço direito e não era uma tatuagem qualquer.

O "cara" tem um brasão de time de futebol em seu braço. Ele poderia tatuar qualquer coisa, hieróglifos, nomes de entes queridos, qualquer coisa com significado. Ele poderia tatuar frases de livros famosos que tentam entender relações humanas e traçar um paralelo objetivo entre os nossas felicidades e tristezas. Ele poderia tatuar uma citação de Kafka que tenta entender o sentido da vida, então quando fosse tomar um banho no mar, as pessoas leriam o sentido da vida em seu braço, correriam para suas casas, abraçariam sua família, satisfeitos por irem à praia justo no dia em que um jovem com feições cavalares desfilava com o sentido da vida tatuado em seu braço.

Mas não, ele tatuou um time de futebol. Uma mera marca capitalista que sobrevive de patrocínio, propaganda, vendas de produtos licenciados, eventos televisionados e corrupção. Se tornando um outdoor ambulante de uma das mais rentáveis marcas brasileiras. O ópio do povo.

O cara falava e falava e eu só conseguia o imaginar chorando dentro de um estádio. Foi quando um pensamento terrível passou pela minha cabeça, tão terrível quanto poderia imaginar, tão terrível que jamais cogitei durante os dezessete anos de espera do meu primeiro confronto.

- Você... – Falei, temeroso pela resposta. – Você... Joga futebol?

Ele abriu um sorriso orgulhoso e respondeu:

- Jogo todo final de semana.

Era o fim. Nem mesmo eu poderia prever essa. Em apenas um segundo percebi que não tenho controle nenhum sobre a vida da minha preciosidade. Nada que eu possa fazer ou falar surtirá qualquer efeito nisso. O "cara" pode pegar outras garotas durante o namoro, romper relacionamento e esperá-la parar de chorar para dizer que se arrependeu e que quer tentar de novo, brigar com ela, comer a última batata frita do McDonalds... Eu não tenho nenhum poder sobre esse relacionamento. Não é mais como quando ela era pequena, não é assim que funciona.

A resposta estava bem na minha cara. Tal perfeição e preciosidade que é minha filha nunca poderia ter sido enviada para os MEUS cuidados. Pobre mortal. Já sei quem a deve proteção e quem devo cobrar caso dê merda. E olha que cobrarei com tudo que tenho! Quero ver o todo poderoso manter a sua pose de criador do universo no dia que minha filha derramar uma gota de lágrima sequer. 

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