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Os passos da Lalá

(História real)

Eu sempre me considerei um cara meio perdido na vida, mas já houve um tempo em que fui mais. Tão perdido, que aos dezenove anos de idade acabei, de alguma misteriosa forma, trabalhando um ano inteiro como atendente de educação, mais conhecido popularmente como “tio de creche”.

Muitas coisas estavam erradas nesse conceito. O primeiro, é de um garoto recém- entrado na vida adulta, trabalhando no ramo mais improvável possível, só para conseguir pagar a faculdade. O segundo erro é claramente do sistema de educação da cidade de Praia Grande, que jogou a vida de dez crianças sob inteira responsabilidade de um pós-adolescente cabeludo que mal consegue cuidar de si mesmo. Mesmo assim, não me arrependo da experiência. Sinto que sou um adulto melhor, graças a ela.

Na primeira escola em que trabalhei, fui literalmente sacaneado. Veja bem, para um cara ser sacaneado por tias de creche a situação tem que ser precária. A partir disso você pode mensurar o grau de inocência que eu apresentava na época.

A sacanagem consistiu nelas jogarem para a minha responsabilidade, todas as piores crianças da turma. Os desobedientes, os que corriam, os que mordiam. Porque deixar um garoto cuidar de crianças já não era perigoso o suficiente, é claro.

Entre a turma de pestinhas (aos quais eu realmente me apeguei com o passar do tempo), ainda tinha um problema bônus para a minha cabeça:

Vamos chamá-la de Lalá.

Lalá não era desobediente e nem birrenta como as outras crianças, mas ela tinha uma condição: ainda não andava, apesar de já estar na idade para isso. Ela até conseguia ficar de pé, quando apoiada em algo, mas não dava um passo sequer sem cair no chão. Conversamos com a mãe dela, que falou que em casa era a mesma coisa e que já estava pensando em levá-la ao médico, pois acreditava que algo estava errado.

Como se não bastasse a dificuldade em levar as piores crianças da turma para o parque, o refeitório e a salinha, eu ainda tinha que fazer isso com uma única mão, enquanto carregava a Lalá no colo.

Mesmo assim, eu sentia falta quando ela não aparecia. Era extremamente simpática, obediente e sempre dava risadas de qualquer coisa que eu fazia. Por muitos meses, a minha brincadeira favorita era tentar fazer a Lalá andar.

Em vão.

Depois de algum tempo, ela dava alguns passos tortos e inseguros quando segurava as minhas duas mãos, mas nada mais do que isso.

Uma vez, virei a noite no computador fazendo um trabalho da faculdade. No dia seguinte acordei uma hora atrasado para o trabalho, me arrumei correndo e cheguei lá duas horas depois do horário que deveria ter chegado.

Quando entrei na sala, todas as minhas crianças estavam sentadas ao lado das crianças de uma outra atendente, enquanto ela contava uma história (chata e repetitiva) para todas. Passei pela porta com uma olheira do tamanho do mundo, a roupa amassada e o cabelo desarrumado por ter voado de bicicleta para chegar na creche.

A Lalá olhou para o lado, me viu nesse estado, sorriu, se levantou e andou até mim.

Simplesmente, sem que a outra atendente visse, ela levantou-se e andou toda torta gargalhando ao meu encontro. Gargalhando. Nunca vou esquecer aquele som. Quando chegou aos meus pés, caiu de bunda sem chorar e ficou olhando para a minha cara, como se nada tivesse acontecido. Você fez algo importante, Lalá! Como não percebeu isso? Você fez o meu emprego de 800 reais fazer sentido!

Naquele mesmo dia, à tarde, ela voltou a andar. Dessa vez outra atendente viu também, ela exclamou toda alegre, “olha a Lalá dando os seus primeiros passos!”. Eu não contei que aqueles não eram os seus primeiros passos. Na época, eu tinha um sentimento de posse. Lalá havia dedicado seus primeiros passos a mim e somente a mim.

Obrigado.

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