04. Ameaça evidente
Pela primeira vez tive aquele sentimento de amar alguém que contribuía intensamente esse amor recíproco, não era surpresa que o amava. Mas, aquele maldito mas que surge entre tantas coisas maravilhosas prontas para serem estragadas pelo universo cruel que tinha a desculpa de: Tudo tem um significado.
Eu nego a acreditar nas forças do além, nego entender esse sofrimento da perda. O que realmente aconteceu é tão claro como água, simplesmente ele se foi como o vento rápido.
Mas, lá vamos nós de novo. Um estranho é um estranho, apareceu como uma lesa notável. Aquele garoto chamado Bruno é questionável nos meus pensamentos correntes.
A música Requiem for a Dream ressoava no quarto, abri os olhos a deparar com o celular tocando no play music. Lembro de ter colocado o celular no carregador em cima da cabeceira, mas o encontro na cama perto do travesseiro. Outro som chamou minha atenção, a torneira do banheiro encontrava-se aberta e a porta entreaberta com água invadindo o piso xadrez. Receosa entrei no banheiro vendo tudo alagado, fechei a torneira, logo vi meu batom jogado na pequena pia, levanto o olhar para o espelho que estava escrito com a cor vermelha.
" Bruno é o próximo "
Arregalei os olhos assustada com o que estava perante a mim. Eu não posso deixar que as coisas se repitam novamente, agora vou deixar uma pausa para as suspeitas sobre Bruno.
Lembrei do parque, o garoto dos famosos olhos escuros devia aparecer por lá ou deve estar esperando, olhei as horas do relógio que apontava para as 4hrs. Joguei água no rosto, não me importei com a aparência demoníaca que aparentava após acordar, saí em disparada pelo longo corredor, desci a escada.
— Cuidado! Olhe por onde anda se não quer bater a cara linda no chão. — Mamãe exclamou.
— Alguém entrou no meu quarto?
— Não vi ninguém, eu saí para comprar algumas decorações por alguns minutinhos, porquê? — respondeu desconfiada.
Essa tem um olho agudo para qualquer coisa suspeita, nesse aspecto admito ser igualzinha a ela.
Queria dizer tudo agora, mas preciso ter certeza do que realmente está acontecendo nessa bagaçada vida, não posso preocupá-la sem evidências consistentes, tenho que mudar a postura frágil, um erro ela descobre tudo, pois conhece-me tão bem.
Desde criança a proteção que recebia parecia especial. E com o tempo que crescia a preocupação deles aumentavam, principalmente quando eu surtava por pequenas coisas que julgara ser errado, ou quando os pesadelos atormentavam as noites mal dormidas. Todos os dias me sentia péssima por vê-los sofrendo por causa da minha existência.
Além disso, algo assustador tentava surgir na memória, era alguma lembrança escondida nos escombros mais sombrios da minha cachola doentia, querendo surgir de qualquer maneira. Senti um misterioso desespero crescer fortemente com a chance de lembrar, então ocupei os longos anos com Boxe, Natação, Balé, BMX, Rapel, Parkour e as vezes drogas.
Qualquer tipo de esporte valia nesses momentos desesperadores. No entanto nada preenchia a dor desconhecida.
—Nada, mãe...
— Quando estiver pronta para contar o que está acontecendo, estou aqui disposta a escutar. — Acariciou meu cabelo e sorriu. — Cuidado.
—Terei cuidado... te amo.
Abracei-a sabendo que o futuro é duvidoso, nunca se sabe se voltarei para seus braços gentis. Abri a porta saindo correndo até o parque, algo poderia acontecer. Toda vez que saia de casa uma aflição apoderara nos seus lindos olhos castanhos, saí pela àquela porta com a mão no coração.
As pessoas não eram discretas ao me ver nesse estado deplorável, Bruno estava sentado no banco escrevendo algo no papel de seu caderno, o livro que leremos juntos encontrara no seu lado, havia nada de estranho no local, crianças brincavam no balanço com euforia enquanto suas mães conversavam alegremente.
Como é bom ser criança, queria voltar a essa época de diversão. Meu celular começou a vibrar, percebi que estava com ele.
" Nem vai durar por cinco minutos"
O que ele quis dizer com isso? Pense Catherine, olhei para os lados até ver um prédio que se localizava um pouco distante do parquinho, tinha um homem de preto armado, concentrei-me fixamente para enxergá-lo. Não pode ser!
—Bruno!
Ele encarou confuso com aqueles olhos inocentes, assustada corri desesperadamente para seus braços, abracei como se a vida dele dependesse disso, e dependia. Puxei-o para baixo do banco.
—Catherine?
Paralisado e assustado com essa reação, fechei os olhos amedrontada, portanto abri os olhos para encará-lo.
— Não posso aceitar que se machuque— falei tremendo.
Senti sua respiração acelerada, levantou meu rosto com a mão direita.
—O que aconteceu?
— Eu não quero que tudo se repita.
— Dá para falar minha língua, quero muito entender porque está tremendo assim, venha vou levá-la para o hospital.
— Não!
Ele se levantou tentando me levar junto, peguei na sua mão com rapidez e o puxei de volta para debaixo do banco. Seus olhos pareciam sair de órbita, pressionei seus dedos de forma ríspida.
— C-calma...
Bang, bang!
De repente o barulho alto de tiro interrompe sua frase, as pessoas começaram a gritar em desespero enquanto corriam, viramos o rosto para direção do caos, a criança que brincava no balanço estava no chão morta por um tiro na cabeça. O sangue espalhado por todos os lados, outras crianças foram atingidas e os pais gritaram aterrorizados.
Todo meu corpo tremia com aquela agitação de pavor das famílias que corriam e choravam incrédulos pelos seus familiares assassinados do nada.
— Não, não, não, não...
Agarrei seu braço agoniada sentindo um nó na garganta, ele escondeu meu rosto no seu ombro largo para impedir de continuar ver a tragédia, pude sentir suas mãos apoiando minha cabeça. Antes que eu piorasse com o nervosismo, Bruno segurou em meu rosto com suas mãos macias, não pude evitar de chorar.
— Vai ficar tudo bem — avisou.
— Você mente muito mal.
—MEU FILHO!
A senhora chorava ao colocar a criança no colo, as pessoas próximas correram para ajudar os pais assustados. Em um minuto aquela alegria desapareceu, as crianças que estavam sorrindo, não poderia mais sorrir. A dor veio à tona para substituir a felicidade construída pelo tempo.
É minha culpa! Se eu tivesse negado vim para cá tudo poderia ser diferente? A culpa pelo fato de ser manipulada e por proteger somente ele. Havia vários motivos para ser culpada.
Bruno tentou me acalmar como Derek conseguia, estou enlouquecendo por tudo nele fazer lembrar do amor que ainda está preso no coração alucinante, estaria eu vendo alucinações? Além de sua personalidade ser idêntica ao preço da diferença.
Por uns segundos, quando os tiros acessaram atrás de nós, pensei que havia acabado. Mas, o som de mensagem do celular demonstrou que não tinha acabado o pesadelo, com as mãos trêmulas cliquei para ler.
Afaste se quer ele vivo.
Por que essa pessoa faz isso com a gente? Senti o medo de negar sua ameaça, com impulso me afastei de Bruno derrubando o caderno que estava no banco. Paralisei vendo o desenho que foi aberto pelo impacto, a folha solta caiu nos meus pés, encarei perplexa.
— Por que está com o desenho de Derek? Foi ele que desenhou no nosso primeiro encontro.
Bruno guardou o papel no caderno firme para não cair de novo, fixou o olhar no chão como se fosse um refúgio para seus pensamentos.
— Quanto você não vinha acabei desenhando para passar o tempo, pensei que não viria me encontrar — respondeu sem tirar os olhos do chão.
— Não é parecido, Bruno. É igualzinho sem retirar nenhum detalhe. Essa sou eu olhando para o penhasco, são os mesmos detalhes da paisagem e da roupa que usava nesse dia.
Balancei a cabeça tentando entender o que acabara de ver, ele deu um passo para frente enquanto dou dois para trás.
— Posso explicar...
— Do que você sabe? Quer saber, fique longe de mim, essa é a melhor solução para nós dois.
— Não pode confiar nenhum um pouco? — pediu. — Preciso que pelo menos acredite antes que eu desmorone.
— Não somos amigos, mal te conheço para confiar cegamente, não quero que conquiste ou prove alguma coisa, a única coisa que quero é distância e que pare de confundi minha cabeça. Só pare de me confundir!
Comecei a ir embora virando as costas para o garoto de cabelos escuros, com um aperto no coração corri para longe, mas escutar sua voz, automaticamente virei o rosto.
— Ruiva — ele começou a vim correndo. — Vou levá-la para casa.
— Pare de me chamar assim! Fique longe! — apontei acelerando os passos, voltando olhar para frente tropeço em algo duro e cai de cara no chão.
— Uh... essa deve ter doido — ele esticou a mão calmamente.
— E de quem é a culpa? — falei rangendo os dentes.
— Sua?
— Sua, seu idiota!
— Acho que tenho que me redimir para uma bela ruiva atraente. — Levantei a sombrancelha e franzi o cenho, o idiota apoiou seu braço na minha cintura elevando meu corpo para seus braços colocando-me no seu colo, coloquei os braços entre seu pescoço para ter apoio.
—Vamos sair daqui — falei olhando para o prédio que havia um homem mascarado desaparecendo daquela corbertura.
Suspirei aliviada. Dessa vez, ele suspirou aliviado.
— Por que estava fugindo? Tem medo de que? Devo ser bem estranho...
— Nunca disse isso.
—As pessoas falam que pareço um pouco com ele e que você vai arruinar minha vida — falou meio arrependido.
—Você nunca vai ser ele — declarei.
— Sou grato por isso, serei capaz de ser imune a sua beleza — brincou.
— Acha que é tolice se apaixonar por mim?— falei levando na defensiva.
—Espera, eu não quis...
Fiquei em silêncio, sinto algo muito errado comigo pois estou ficando magoada por besteira.
— Desculpe por magoar você, qualquer pessoa séria sortuda em se apaixonar por você. — comentou, Ignorei qualquer tentativa dele, então insistiu. — É esperta, amável, linda, qualquer pessoa que estiver em sua vida é sortuda. Olha para mim, fala comigo.
Continuei quieta pensando numa boa resposta para acabar com esse momento.
— Cala boca — rebati.
—Eu sei que sou um idiota. — O encarei no momento certo, ele sorriu. — Sabia que estava me elogiando mentalmente.
Virei o rosto novamente.
— Sei andar.
— Onde é sua casa mesmo? Ah, lembrei — falou com uma voz agradável ignorando o que disse.
A memória dele é boa.
Minhas pernas doem, resolvi escorar a cabeça em seu peito, fechei os olhos vencida pelo cansaço e pelo sentimento de culpa do que aconteceu hoje, porque no final aquele atirador estava lá por minha causa. Pensar nisso dói.
E como posso sentir bem ao lado de alguém que possa está envolvido na morte de Derek? Ele me deixa tão confusa, mas sinto que ele não fez nada de errado, entretanto está envolvido, isso é minha certeza.
— Sente culpa? Vi como estava desesperada como se soubesse de algo, Catherine a culpa não é sua por existir pessoas cruéis.
— Como pode me ler tão bem? — falei baixo.
— Nunca esqueça isso.
Chegamos na minha casa, a familia estava toda em casa, Bruno entrou comigo carregando no colo despertando olhares curiosos, principalmente da minha mãe que sorriu maliciosamente.
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