01. Depois de um ano
Eu sempre gostei de acelerar a vida, principalmente quando se trata de estudos. Na minha cabeça transborda impetuosamente milhões de alternativas para encerrar essa aula monótona.
Primeiro: Congelar a boca do professor Stefan ou melhor tele transportá-lo para o continente gelado, mas ele pode morrer pela mudança repentina do clima. Melhor não.
Segundo: Fingir ter um ataque epilético, porém tem o risco de ser levada para enfermaria e lá com certeza pode conter diversas agulhas de diversos tamanhos, seja pequeno porte ou não, o medo é a mesma intensidade. Nego essa possibilidade.
Terceiro: Usar macumba para pausar o tempo, entretanto vai que acontece um paradoxo, uma bugada estranha na linha temporal, coisa do tipo? Confesso na mínima probabilidade dessa ideia ir avante.
Quarto: Subornar o Stefan com Netflix, chocolate, dinheiro, e qualquer outra coisa no meu alcance, mas é inútil quando prefiro essas coisas só para mim. Fora de cogitação!
Quinto: Fingir ser possuída por um espírito chamado Charlie Charlie "Yes or no?" espera ele era mexicano. Mas mexer com o sobrenatural pode me deixar paranoica.
Suspirei de forma dramática, pois percebi o aumento de besteira dominando aos poucos a cabeça e as sem nexos eram as vencedoras.
— Todos sabem que dia é hoje, não é? —Os alunos concordam tristes. Stefan já estava chorando, então acrescentou: — Era uma das pessoas mais amáveis que se possam conhecer, com seu carisma mudou bastante nossas vidas, dando um tom de felicidade. Aprendemos muito com Derek o nosso anjo da guarda que mesmo do céu está nos protegendo do perigo, nunca vamos esquecer o quanto nos apoiou... só peço um minuto de silêncio.
A maioria juntara as mãos em forma de oração enquanto o barulho corrompeu a calada, o choro e a demonstração de raiva pela realidade marcante apoderava alto na sala, continuo sentada na cadeira fitando o teto nada interessante. Infelizmente os cochichos desagradáveis começaram com o mesmo diálogo do ano passado, as desconfianças jamais foram confirmadas.
Se eu sair dessa sala, serei covarde?
— Não entendo o motivo dele se matar. — Alguma garota conhecida choramingou, depois acrescentou: — Como a própria namorada não percebeu? Talvez fingiu nem saber, deve ter ignorado.
—Acho que foi insuficiente para nosso Derek, ninguém aguenta por muito tempo uma perturbada.
—Ela estava com ele no dia da sua morte e pelo visto não fez nada para impedir.
O grupinho a frente se aproximou mais para falar baixo entre si, mas as falas rápidas tornaram insuportáveis por formar vozes num tom elevado incompreensível. Por Derek tento controlar a faísca de raiva que se acendia de forma absurda dentro de mim, com as mãos tremulas seguro firme na parte lateral da cadeira.
Antes de conhecer Derek, nunca pude controlar meus sentimentos impulsivos. Não vou surtar, não vou surtar, não vou surtar...
Fecho os punhos tentando conter a vontade imensa de bater em alguma coisa, ou alguém.
— Quem era esse Derek?
De repente escuto a voz masculina atrás de mim, parece que tudo em volta paralisa e a lógica que tanto prezo desaparece. A constância lembrança de Derek morto invadem minha mente insana, sinto as batidas cardíacas aumentarem na frequência do desespero, engoli em seco. Assustada, arrepiada e com a respiração fugindo da normalidade, inclino a cabeça para encarar o dono da voz.
É impossível ser meu namorado.
Meio desapontada observo os seus cabelos negros que diferente dos de Derek eram longos, desço os meus olhos analisar por inteiro, miro a sua nuca semelhante. O garoto se encontrara de costas esperando a resposta de Ítalo, um cretino que estar do seu lado me encarando com um sorrisinho cínico.
—O idiota que tinha a vida ganha, mas o idiota se matou no penhasco. Sinceramente não entendo como pode se jogar daquela altura em meio a tantas rochas, e nem o motivo de te jogado tudo de bom para o escanteio. A namorada perfeita, melhores notas, pais perfeitos, e era realmente bom em todas as coisas que exercia... e além disso era amado pela escola toda.
—Pessoas ignorantes gostam de julgar o que não sabem, ninguém quer abandonar uma vida repleta de amor, principalmente das pessoas que mais ama. —Ele diz, e depois completa de forma pensativa: — Deve ter sofrido muito para chegar nessa decisão.
A raiva penetrou profundamente todos os sentidos que possuía internamente e externamente, na verdade a raiva nunca tinha ido embora. Entretanto respiro fundo de novo para manter serenidade. Sofrido? É isso que não entendo.
— Carter? — Thomas apareceu na minha frente. Sutilmente desfez os punhos fechados e os colocou em cima da mesa perto do caderno. — Eles são tolos que metem a boca no trombone, é bem chato quando falam desse jeito. Qualquer coisa estou aqui para ser seu ombro para chorar, então não chore sozinha, me chame!
Thomas volta para seu lugar depois de ter o agradecido, sua irritação é tão visível. Depois do professor parar de chorar a aula maçante continuara, as horas passava e finalmente era a hora do intervalo, penso em chamar Thomas, mas dormia tranquilamente.
Finalmente estou saindo.
— Espere, Catherine! As duas horas da tarde vamos nos reunir com a família de Derek e...
Nem precisava ler a mente dela para concluir o que seria dito.
— Eu não vou —falei sem antevisão de deixa-la terminar ou tentar me persuadir, sai da sala.
Finalmente após andar pelos corredores entro na biblioteca, ou seja, entro no mundo das fantasias, o que precisava era fugir por um determinado momento da realidade dolorosa, sim os livros traziam paz para minha mente. Nesse horário há poucos estudantes em algumas fileiras, curiosa ando no rumo da última fileira e olho alguns livros enquanto pegava os que chamavam atenção, desinteressada coloco os de volta.
No final vejo a capa neutra com apenas alguns nomes, esse livro parece simples. Entretanto parecia me chamar "venha logo me ler, garota culta." Enquanto caminho no fim daquele estreito espaço entre a prateleira e a parede fria me ocorre as lembranças de hoje cedo de manhã quando me olhava no espelho com uma tesoura na mão, observara atenta a tinta avermelhada tomar conta dos fios loiros dos meus longos cabelos, de forma rápida ponho fim no aspecto "longos."
Só penso em vê-lo de toda maneira, as lembranças são as doses de controle para acalmar os monstros vividos dentro de mim. Lembro de acariciar seus cabelos avermelhados, e vê-los balançar em movimento de euforia, de repente escuto um barulho de algo caindo, reparo no livro que estava tocando antes de cair do outro lado.
Dei à volta para buscar. Agacho esticando o braço, inesperadamente vejo uma mão pegar o livro no mesmo momento, levanto a cabeça para ver quem era. Essas mãos, esse rosto e a intensidade desse olhar.
Qualquer movimento estava difícil executar, num misto de sentimentos confusos que apoderavam em forma de lágrimas. Nada mais fazia sentido, eu queria acreditar no inacreditável e me arriscar a escutar esse coração tolo.
—Derek?
Tudo foi um pesadelo ou você resolveu voltar dos mortos? Ele me encara confuso.
— Você vai ler?
Então a ficha caiu, os olhos de Derek eram verdes e não pretos.
— Quem é você? — insisti escutar meu coração sem noção.
— Bruno, e você é? —Um impacto perfura toda esperança sem sentido. - Catherine?
— Como sabe?
—Seu nome é bastante citado.
— Aposto que são só coisas agradáveis —falei, ironizando.
Ele deu um meio sorriso.
— Vamos ler juntos? Talvez esqueça os outros. — Concordei com segundas intenções, preciso saber o motivo de confundi-lo. Ficamos aqui mesmo escorados na parede lendo, ele começou. — "A única saída é enfrentar esse problema que rodeia minha vida, corroendo meu pobre coração.
Depois de lermos algumas páginas, ele ofereceu seu fone para escutar músicas no seu celular. Não pude acreditar como sentia uma leveza a ponto de nada me incomodar, estranhamente me sentia bem. Infelizmente minha barriga faz um barulho irritante, então ele afirma ir buscar algo na cantina ou comprar alguma coisa melhor.
Rolei pela lista de música até apertar na mensagem que acabara de chegar, entrei na notificação.
Cadê o Derek? O que você fez?
Há grandes possibilidades no mundo da coincidência bater na porta e atormentar a lógica estimada, me levanto indo procurar por Bruno e quando finalmente me encontro com ele na entrada da biblioteca, vejo segurando duas sacolas. O único Derek conhecido nessa cidade era o amor da minha vida.
—Que merda é essa?
Mostro o celular com a mensagem aberta.
—É... É... —Bruno evitava olhar para mim, enquanto tentara formular a frase que persistia no mesmo gaguejo.
—RESPONDE, MERDA!
Joguei seu celular contra parede enquanto a raiva esvaia para fora tanto que acendia uma grande manada no sistema de controle das funções motoras, já era tarde demais para arrepender-me, ele se assustou ao ver o aparelho quebrado, em seguida pegou do chão, e depois franziu o cenho. Sem dizer mais nada saiu da biblioteca indo para os corredores, o sentimento cresce cada vez mais quando o sigo.
— Estou falando com você! OLHA PARA MIM! —Com grande impulso puxo-o para trás, seu corpo vacila deixando ser trazido como uma pena, minha mão ainda segura o seu ombro para puxar de novo, ele segurou a mão tirando-a do ombro e puxando para mais perto do seu corpo. Minha mão contra seu peito.
— O que você quer tanto que eu responda? Não tem nada a ver com você. — Estico-me nas pontas dos pés para o intimidá-lo.
— Nunca mais me deixe falando sozinha, entendeu?
—O que está acontecendo aqui? — O diretor entra no meio de nós dois separando nossos corpos grudados. — Voltem para sala, esse não é mais horário do intervalo...
— Sinto muito, senhor. Perdi a noção do tempo com ela.
Fico calada.
— Catherine... seja forte! Sei que hoje é um dia difícil para você está em perfeita condição de argumentar, então vou deixar essa passar.
Sem saber o que dizer com aquele olhar de pena ando na frente deixando os dois no corredor, Bruno estava quieto acelerando os passos para poder me acompanhar, acelero com sua aproximação. Entro na sala junto com ele, o diretor avisou a professora para deixar entrar na aula.
Após entrar lembro do livro deixado novamente no chão na biblioteca, ao pedir para ir buscar o livro a professora foi bastante compreensiva só por causa do dia de hoje. Rápida pego o livro avistando Lydia a bibliotecária no sono pesado, apressada corro para aula, entretanto um papel caiu do livro e volto para pegar.
Não leia sem mim, esse é meu número. Se quiser marcar um dia para ler sem sermos chamados atenção. Bruno.
Entrei na sala encarando-o até encontrar o lugar onde estava sentada, Thomas nunca deixou algo escapar de seus olhos, ele me puxou para frente.
— Olhe para o quadro, e não para gente estranha.
Apenas o ignorei com os pensamentos confusos, depois da aula ter acabado formos juntos para casa, paramos no meio do corredor olhando o armário de Derek enfeitado de lembranças, os alunos paravam para orar por ele.
Derek trazia felicidade para todos.
Duas horas mais tarde me encontro sentada na poltrona do escritório do Sr. Jacob, pai de uma amiga.
— Vejo que sua manhã foi bem conturbada pelo rapaz, sabe que deve outro celular? — falou na graça.
—Só sinto que decepcionei Derek, agir impulsivamente depois de tanto tempo por causa de um mero desconhecido. Não quero chegar em medidas extremas, voltar a ser quem era —falei, desconfortável —, É de longe tornar-se solução para meus problemas.
Jacob me aconselhou até a sessão finalizar, após isso saí do escritório indo para casa, as horas passaram voando e a tarde se dissipara como mais um dia doloroso sem ele, rapidamente estou em casa. A noite fria já tinha chegado incomodando meu corpo, sentei na cama e fiquei olhando para o celular na minha frente, era o celular de Derek.
Papai, mamãe e Rodrigo meu irmão saíram para encontrar os pais de Derek. Com o coração a mil tomo coragem para pegar o celular e ver as recordações, e reler as mensagens antigas. Desde o dia que ele se matou no penhasco havia encontrado o seu aparelho, antes da polícia encontrar.
Franzo cenho ao ver um número desconhecido, abro a mensagem:
Criança burra, escolheu sua cova. 17:30pm
Não tenho medo de você e faço que bem entender, a vida é minha.
Fique longe dela! Vou te encontrar seu desgraçado. 17:30pm
Ela está tão linda passeando com Toddy. 17:31pm
Coloco as mãos na boca ao me deparar com tantas ameaças, derrubo o celular no piso amadeirado com tanto ódio circulando nas veias que começo a pisar em cima. O sangue já estava desvaindo do machucado superficial que acabei criando quando a tela quebrou em diversos pedaços de vidro, enquanto ignorava a dor do pé me preparava para ir no cemitério antes da minha família chegar.
Toddy era meu cachorro que morreu no dia que o levei no parque, nesse mesmo dia Derek apareceu correndo feito louco, coisa que o mesmo não costumava fazer. A data das mensagens coincidia.
Peguei o casaco às pressas enquanto acelerava os passos passando pelas ruas estreitas e atravessando mais de duas, finalmente atravessei o ultimo cruzamento para chegar e quando ficou livre passei como se fosse enlouquecer. Havia uma pequena grade de ferro enferrujada na entrada, abri o minúsculo portão e desci os três degraus, olho as vastas curvas estreitas complementadas pela grama cortada com longas decorações, começo indo ao rumo do seu túmulo.
Pensei que estava sozinha, mas me enganei. Um cara de cabeça baixa coberta pelo capuz preto, e com mãos depositadas no bolso, arfa saltando um grunhido, passou do meu lado.
—Boa noite.
O barulho dos passos apressados me possibilita de escutar perfeitamente.
— Boa noite...
Quando as palavras são proferidas a fumaça branca do ar gélido saí pela boca, andando mais um pouco vejo a laje de Derek, diante dela me agacho. Joelhos sobre a terra fria, mãos tremulas alisando a lápide, e o coração a mil por saber que há situações imutáveis. Não pude e nem quis mais segurar as lágrimas.
— Devo ter sido uma péssima namorada, porque no final não enxerguei o quanto sofria.
Espera um pouco... havia rosas brancas no meio onde sempre fui única a colocá-las, ninguém antes ousou pôr no meu lugar. Pego as flores logo percebendo a diferença das outras, pois deviam aparentar estar murchas e não novas como se fossem colocadas agora.
Observei o pequeno papel enrolado na ponta com letras de forma.
AVISEI QUE ERA SEU FIM.
Levantei com repulsa, a pessoa que fez isso acha que os mortos olhariam seu recadinho? Com que intuito faria isso? De jeito nenhum foi coincidência.
O último indivíduo que passou por mim pode ser uma testemunha ou o maldito cretino brincando comigo. Começo a correr na direção do cara do capuz, correndo para dar jugo as incertezas.
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