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Capítulo XLVIII - Universo Paralelo/Parte 3

Girei sobre os pés me virando pra ele, eu sabia que era ele, não comecei a correr como queria, eu tinha medo dele e não queria estar de costas sabendo que ele poderia me atacar com mais brutalidade do que eu já esperava. Meu coração estava acelerado, minhas mãos já estavam tremendo de novo e eu me sentia com mais medo do que eu fiquei quando estava naquele lugar escuro a poucos minutos atrás. Foi então que meus olhos contemplaram algo estranho, o Rive estava diferente, parecia mais velho e a cor de seus cabelos era azul e não vermelho como eu conhecia. Estava diferente, até seu olhar estava mudado. Ele estava segurando uma faca que pingava sangue da lâmina, sabe quando você quer gritar mas o grito não sai de tanto pavor, foi o que eu senti quando os olhos dele cruzaram os meus, com um sorriso menos cruel do que eu conhecia esboçado nos lábios, ele começou a se aproximar, mas seus olhos não estavam mais fixados em mim, parecia que ele não me queria, ele queria o que estava atrás de mim, fiquei confusa quando ele passou reto por mim, sem nem mesmo me olhar, eu podia jurar que ele ia me bater, mas ele não o fez, ao invés, ele caminhou até Vlad, me voltei pra eles, Vlad estava com os olhos arregalados, e sem cortesia alguma Rive enfiou a faca suja de sangue na barriga de Vlad, que gruniu de dor.
- NÃO! - Eu gritei como reação, mas a versão do Rive não me ouviu, nem sequer olhou pra mim, apenas olhava dentro dos olhos de Vlad, que já pegava os colarinhos de Rive para lhe segurar e bater. Rive enfiou a faca de novo e Vlad gritou de dor franzindo o cenho, eu não conseguia me mexer, eu queria ajudar mas estava congelada. Rive sorria assistindo enquanto Vlad começava a sentir dor, enquanto o sangue começava a manchar a camiseta e escorrer pela barriga.
- Vamos brincar Lucy, me deixe mostrar o quanto eu te amo... - Escutei uma voz atrás de mim e assim que me virei recebi um soco na barriga. Gruni de dor perdendo o ar e Rive, o segundo Rive, a versão mais nova e de cabelo vermelho que eu conhecia, estava rindo na minha frente. Minha cabeça estava abaixada de dor enquanto eu tentava me recompor, não deu tempo e nem chances, assim que voltei a respirar recebi mais dois socos, um na barriga e outro na costela, com tanta força que eu tenho certeza que o osso que passou raspando no meu pulmão esquerdo tinha saído fora do lugar. Gritei de dor sentindo meus olhos se encherem de água. Com a dor cai de joelhos na neve gelada, a neve molhou o tecido da calça nos meus joelhos e Rive se abaixou pra ficar na mesma altura que eu. Levantei os olhos e ele encostou sua testa na minha, me observando com aqueles olhos tomados de insanidade.
Com as mãos pressionadas na barriga e na região da costela que estava doendo eu tentei ir pra trás, mas não consegui, antes que eu pudesse Rive me pegou pelo colarinho da camiseta pra me segurar e deu mais socos, socando as minhas mãos que estavam na frente da minha barriga, a minha barriga que já estava doendo, e meus braços, a cada soco eu gritava, sentia meus órgãos doerem por dentro do meu corpo, tentei em vão empurra-lo e recebi um tapa na cara, com tanta força investida que eu cai pra trás, minhas mãos agarraram-se na neve e meu rosto, ardendo por causa do tapa foi refrescado pelo gelo, quando cospi sangue eu percebi que o tapa tinha me feito morder a língua, estava sangrando, e eu estava sentindo um gosto metálico desagradável na boca. Não gosto de sentir o sabor do meu sangue, me dá ânsia.
- Você me ama Lucy...? - Perguntou Rive e eu já comecei a chorar, por que ele sempre pergunta isso?!! Quando ele me pegou pelo colarinho de novo eu cerrei os olhos de medo.
- Eu amo, eu amo sim! - Gritei de volta abrindo os olhos novamente e Rive sorriu e me puxou para um abraço. Foram alguns segundos de calmaria.
- É feio mentir. - Sussurrou ele no meu ouvido e eu só senti a lâmina de uma faca afiada atravessar minha pele e passar entre o vão das minhas costelas no lado direito do meu corpo, a lâmina passou entre os ossos, e a faca perfurou meu pulmão. Eu estava gritando de dor, socando o Rive e me debatendo tentando com todas as minhas forças afasta-lo, enquanto sentia o sangue quente vazar do meu machucado e escorrer pela minha cintura, estava ardendo! Eu gritava desesperada. E aquilo doia demais, era pior que jogar álcool em cima de um corte feito recentemente! Gritei mais, as lágrimas já corriam pelo meu rosto descontroladamente. Estava doendo tudo, a minha barriga o meu machucado na costela, tudo!
- Vou te ensinar a me amar Lucy, vamos nos amar eternamente...
- Não! Não vamos! Eu te odeio! Você é louco e vai morrer sozinho! - Berrei sentindo meus braços perderem força, eu já estava ficando fraca. Rive começou a gargalhar, rindo histéricamente, enquanto ria ele me empurrou para longe e eu cai de costas na neve, batendo a cabeça com força, eu ainda não tinha perdido a consciência, mas estava quase, o meu machucado estava doendo demais, escutei mais gritos, não eram meus eram de Vlad, olhei pra trás, onde a versão velha do Rive estava, e Vlad estava estirado no chão, gritando de dor enquanto levava uma sequência infinita de facadas na garganta e em seus órgãos, sim diretamente nos órgãos porque a barriga dele tinha sido aberta, rasgada de fora a fora com aquela faca cheia de sangue. Os rins estavam dilacerados jogados na neve, as tripas estavam saindo pra fora da barriga dele e dava pra ver o coração batendo, ao redor do corpo de Vlad estava uma poça enorme de sangue cobrindo a neve. Eu queria ajudar o Vlad, mas eu não estava numa situação melhor que ele, a tortura do Rive de cabelos vermelhos só estava começando...

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