Capítulo LIV - A Lagoa das Mágoas/ Parte 2
" Jennifer: Depois dessa, acho que não vou conseguir dormir a noite por duas semanas inteiras!"
.... Jennifer Narrando....
Todo barco tem em sua parte de baixo uma salinha, própria para os marinheiros dormirem ou se protegerem da chuva, essa parte fica embaixo do convés. O único problema é que eu queria entender, como tinha alguém aqui dentro? Como alguém se escondeu aqui dentro se eu conferi tudo, o barco inteiro, de canto a canto para garantir que não havia ninguém?
Parei de me interrogar quando uma música começou a ecoar pelo convés, vindo dos confins da parte de baixo do barco.
Sabe aquela caixinha de música que quando você abre tem uma bailarina dançando dentro, e que tem uma musiquinha que fica tocando enquanto ela dança? Então, era essa a música que ecoava pelo convés inteiro.
Eu e a Luciana estávamos com os olhos grudados na porta que dava pra parte de baixo do barco. Não conseguiamos tirar os olhos de lá, com uma ansiedade horrível nos correndo de querer saber o que sairia de lá. De repente, balões rosa e branco começaram a flutuar pra fora da velha porta de carvalho. Não seria tão assustador aquele momento, se o convés não estivesse se enchendo sozinho com nevoeiro, espesso o bastante para que não pudéssemos enxergar nada através dele.
Em seguida escutamos uma risada forçada e histérica e das sombras daquela porta um homem saiu, e depois outro e depois outro, e depois outro, e mais outros, e não paravam de sair homens de lá, rindo histéricamente de forma macabra e assustadora. Apertei a mão de Luciana e nos levantamos do chão, a mão dela estava tremendo tanto quanto a minha.
Os homens, que eu não conseguia identificar nem ter noção de quem eram, começaram a se aproximar. Meu coração estava disparando dentro do peito. A música ainda estava tocando e eu estava ficando nervosa. Foi então que um dos homens se aproximou o suficiente, ficando a cerca de um metro de distância de mim e da Lucy, que eu vi o que eles eram.
Palhaços... Assassinos...
Meu corpo congelou e eu não consegui me mexer, eram palhaços assassinos, cheios de sangue em suas roupas espalhafatosas coloridas, com nariz de plástico vermelho e a maquiagem toda borrada, carregando facas e armas de porte pesado. Todos rindo. Todos iguais. Eu não conseguia fazer nada, minha respiração travou nos pulmões e o ar não saia nem entrava, eu estava paralisada como se estivesse presa. Palhaços não! Tudo menos palhaços! O que estava mais próximo e que segurava uma faca de açougueiro toda ensanguantada lançou a faca na minha direção, e ela ia atravessar a minha cabeça certeiramente, se não fosse pela Lucy, que me puxou pela mão para longe da direção em que a faca alcançaria. Assim que ela me puxou voltei a respirar. Segundos depois outros palhaços tacaram facas, porém neste exato momento o barco bateu em terra, em algum lugar desconhecido, e as facas não nos atingiram como estava previsto. Uma passou bem perto do meu rosto e fez um corte pequeno na minha maçã do rosto do lado esquerdo e outra faca fez um corte no braço da Lucy. Assim que o barco atracou eu e ela pulamos pra fora, o vestido atrapalhou um pouco e por isso praticamente caimos pra fora do barco de cara na água propositalmente. Levantamos o rosto do chão, a água salgada molhou o meu vestido, pensei em correr e já estava quase me levantando do chão quando a Lucy apertou a minha mão pra me segurar, olhei pra ela e em seguida, antes que eu dissesse qualquer coisa, uma saraivada de balas que poderiam estourar nossas cabeças passou por cima de nós. Não nos levantamos do chão até que os tiros parassem. E quando cessaram saímos correndo, ainda segurando fortemente a mão uma da outra, e segurando a barra do vestido que tinha ficado pesado pelo fato de estar molhado e porque atrapalhava na hora de correr.
Quando fomos parar de correr já estava amanhecendo, o sol ainda não tinha aparecido mas o céu já dava indícios que em breve ele se levantaria, eu estava cansada e sem fôlego, acho que em nenhuma das minhas missões policiais eu corri tanto na minha vida. Lucy estava sem fôlego também, soltamos a mão uma da outra e caimos de joelhos na areia gelada da praia, praticamente desabamos no chão, o vestido que estava molhado quando tínhamos começado a correr a noite já estava seco agora de manhã. Respirei fundo tentando acalmar meu coração disparado e olhei pra areia, minhas palpebras pareciam pesar quilos e minha retina ardia de tanto sono, uma canseira forte queria me tomar, e eu estava tão cansada que quase perdi o equilíbrio e cai deitada de exaustão, quase. Não cai por que reparei que tinha alguma coisa diferente no lugar onde nós estávamos... A areia em que pisavamos era da praia, mas não estávamos na praia, estávamos na frente de um lugar sinistro.
Pra começar, tinha uma lagoa enorme no centro daquele espaço todo, com uma água tão cristalina quanto eu já vi em toda minha vida, sem contar é claro que haviam diversas pessoas chorando sobre a lagoa e a enchendo com suas lágrimas. Isso sim era sinistro. Atrás da lagoa com pessoas sinistras, tinha uma montanha bem alta com o topo coberto de neve, vasculhei toda a montanha com os olhos e nos pés da montanha avistei uma caverna. Arregalei os olhos na mesma hora.
- Lucy olha lá! - Gritei eufórica, me levantando do chão, aquela era nossa chance de sair daqui.
- Uma caverna? - Lucy indagou confusa se levantando com menas euforia que eu.
- Sim! O bruxo disse que se a gente entrar numa caverna e for até o final dela sairemos da prisão mental!! - Falei quase gritando de felicidade, agora iríamos poder voltar pra casa. Lucy me encarou estupefata e em seguida pegou na minha mão e olhou pra frente.
- O que estamos esperando pra sair correndo??! - Indagou ela compartilhando da mesma animação que eu estava no momento e desatamos a correr.
Ansiosas, disparamos a correr em direção a caverna. Com alguns metros já estávamos nos aproximando da lagoa, mas quando passamos perto o suficiente, eu vi algo que me surpreendeu e arrepiou até os cabelos da nuca. As pessoas que estavam enchendo a lagoa com suas lágrimas não eram pessoas de verdade, eram anjos... Anjos celestiais chorando...
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