queria
Eu tinha horror de pensar em uma vida vivida no piloto automático. Queria movimento, ação, coragem. Queria lutar pela minha felicidade. Queria a minha liberdade. Queria erguer a cabeça depois das reviravoltas e caminhar como se nunca tivesse sido ferida.
Queria, do fundo do meu coração, acreditar. Crer. Em mim, enfim. Naquele frio na barriga que me tornava destemida e pronta para me refazer, para um novo dia, para uma nova versão de mim mesma, pronta para ser a melhor versão de mim mesma, pronta até quando o frio na barriga é de medo.
Crer, talvez, em algo maior do que meu entendimento. Crer, talvez, que o amor não morreu, não se transformou apenas em memória, pois dos antigos amores ainda carrego o peso das ausências e dos sonhos pela metade, sonhos que sonhei sozinha, porque sempre fui a única parte que amou, que amou a ideia de amar outro alguém, que nunca, de fato, soube o que era ser amada.
Queria aquele ânimo de volta. Queria a minha voz de volta. Queria vomitar os sapos atravessados na garganta, ser leal aos meus princípios, defender o meu espaço. Queria voltar ao front de batalha e, mesmo ciente de que há metade de chance de eu perder, sou vencedora pela força de vontade e pelo desejo de aprender a contornar os obstáculos para construir alicerces permanentes e sustentados por pilares dignos.
Queria lembrar que tenho o direito de não gostar de algumas pessoas, mas não tenho inimigos e não quero o mal de ninguém. Queria lembrar que nunca fui perfeita, nem sequer poderia prometer uma utopia, ninguém é perfeito, estamos todos errando, mas errando - creio eu - para amadurecer. Queria não fugir da escrita mesmo vibrando de desejo pelas palavras.
Queria reencontrar minha válvula de escape para não ser engolida pelos dias que passam e me devastam, pelos dias sem esperança, pelos dias que cumpro sem nem saber de onde vem a força que me mantém viva, mesmo que dentro de mim o vazio ocupe tanto espaço que até dói.
- 13 de setembro de 2022
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