Há um espanto por parte das pessoas quando digo que "não sei por que me sinto tão triste".

Saber, eu sei.

Todos os dias insisto em repetir que não devo mais me culpar por aquilo que não dependia de mim, que nunca dependeu da minha (boa) vontade. Nunca tive o controle de nada, mas sofri inúmeras vezes antes de o pior acontecer e nunca aprendi como não desmoronar diante do inevitável, se é que se aprender a ser fria é uma boa ideia.

Preciso sentir de alguma forma que ainda estou viva, que ainda posso recomeçar, mas quando todas as forças se esvaem, preciso sair da cama e cumprir minhas responsabilidades. Preciso sobreviver, preciso acreditar que não respiro em vão, que não estou apenas me arrastando pela escuridão, encurvada pelo peso dos sonhos deixados para trás.

Preciso sair da cama e cumprir as responsabilidades, preciso sobreviver, preciso apenas sobreviver.

Como ilustrar algo tão abstrato, mas tão rico de significados?

Por mais bem-intencionadas que possam ser as tentativas, ainda falho miseravelmente na hora de encontrar uma linguagem que possa ser direta e justa para que a tristeza também possa expressar seu ponto de vista sem linchamento moral.