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Capítulo 1: Eu sou um babaca

Benício

- Uau! Você realmente caprichou!

Violeta exclama quando entra em seu quarto novo. Eu não quero admitir a felicidade que toma conta de mim quando ela fica satisfeita em ver seu novo quarto. Ainda não acredito que ela quis se mudar comigo. Ainda não acredito que ele topou deixar a pousada que era de nossa família. Ela nasceu e cresceu lá, assim como eu, mas diferente de mim, ela só tem boas lembranças. As lembranças ruins são por minha conta. Eu. O idiota que não tirou os olhos da própria bunda e negligenciou sua irmã adolescente.

- Não é grande coisa.

Eu digo e sou sincero. Isso não é nada perto do que Violeta merece. Eu devia construir um castelo para ela.

- Claro que é! É o meu quarto! E está do jeito que te pedi.

Ela diz eufórica e eu não escondo o sorriso dessa vez. Jesus, quanto tempo eu perdi com ela? Quanto sofrimento eu trouxe para sua vida?

- Eu posso chamar meus amigos para virem?

- Claro que pode.

Eu só não sei se os pais deles deixarão que venham. Eu não sou o cara mais querido da cidade. Todo mundo meio que me odeia porque pensaram que eu tirei a pousada de Ana Flora e porque todos viram o quanto eu ignorei Violeta. Mas não é só isso. Desde a juventude, eu sempre fiz questão de mostrar como eu era um babaca. Nunca baixei a cabeça para minha mãe, sempre a enfrentei, sempre enfrentei os professores e nunca permiti que as pessoas se aproximassem de mim. Então, sempre tive poucos amigos. Fui mantido no time de futebol da escola, apenas porque eu era um bom jogador. De resto, era um irresponsável. Eu cuidava apenas das notas porque fazer faculdade fora e nunca mais voltar, era minha meta.

- Chame em um dia que Margarida esteja.

Essa foi outra surpresa. Eu nunca imaginei que Margarida sairia da pousada e viria comigo. Quando comuniquei aos funcionários que Ana Flora e Erik iriam assumir a Lago Encantado, disse que compraria uma chácara por aqui e abriria um novo negócio na cidade. Ela olhou para Ana Flora, sorriu, pediu a palavra e disse que o lugar dela era comigo. Talvez tenha a ver com todas as vezes que Margarida me levava biscoitos quando me ouvia chorar na adolescência. Talvez tenha a ver com o fato de Margarida ter chamado o doutor Abraão quando ela me encontrou inconsciente em meu quarto. Talvez seja todo o sangue que ela limpou escondido.

- Combinado! - Violeta diz.

-Eu vou deixar você se instalar. Você precisa de ajuda?

- Não. Eu gosto de arrumar minhas roupas.

- Certo. Você está precisando de alguma coisa? Quer dizer, não de roupas, qualquer coisa... Comida, coisas de comer...

- Não, eu estou bem. Falo se precisar. Mas se você quiser, pode começar a me ensinar a andar de moto.

- Nós dois combinamos que farei isso no meio do ano, perto de você fazer 18 anos.

- Eu tenho certeza que você aprendeu antes disso.

- Aprendi e ganhei uma costela quebrada e ralados no corpo inteiro.

Eu não digo que o álcool em meu organismo contribuiu para isso. Violeta faz um biquinho.

- Tá bom, não se pode dizer que não tentei.

Eu queria abraçá-la. Queria dizer que eu jurava que a faria feliz. Estou assustado pra caralho em dividir uma casa com uma garota que está no fim da adolescência, mas eu quero estar ao lado de Violeta. Eu quero protegê-la. Fazer por ela o que não fizeram por mim. Meu estômago embrulha. Isso tem acontecido com frequência, há meses... Sempre que eu percebo que deixei Violeta desprotegida, assim como me deixaram. Eu fiz tudo errado.

Isso me faz querer beber. Então, eu foco nas minhas metas: construir memórias com Violeta, fazer Violeta sentir que tem um lar comigo, não deixar Violeta desprotegida. Eu foco que bêbado nunca farei isso.

- Hum... o que você acha de uma comida gostosa para comemorar nosso primeiro dia juntos? - Eu pergunto.

- Você vai cozinhar? - ela me pergunta surpresa.

- Morei uns bons anos sozinho, garota, eu sei fazer uma boa comida.

- O que você está pensando em fazer?

- Lasanha, talvez? Ainda é seu prato predileto?

Essa é uma das coisas que temos em comum: nosso prato predileto. Vou partir daí e torcer para que a gente encontre novos pontos em comum.

- Excelente! Eu posso ajudar?

- Claro. Começamos umas 18. O que acha?

- Combinado.

- Eu me viro para sair de seu quarto.

- Beni!

Eu congelo por um momento. Violeta me chamava assim quando era criança e já há alguns anos que eu não ouço esse apelido. Eu me volto para ela fingindo que não é emocionante saber que ela superou todo o mal que eu causei. Eu me volto fingindo a mim mesmo que sou merecedor do seu perdão quando sei que não passo de um monte de merda.

- Sim?

- Obrigada por me deixar morar com você.

Eu me emociono é juro solenemente fazer tudo de bom para essa garota porque mesmo com minha negligência, ela se entrega para nossa relação de irmão, sem receio.

- Obrigado por querer morar comigo.

Ela sorri e eu saio do quarto. Eu não posso acreditar em como minha vida mudou no último ano e como vai mudar mais ainda no próximo.

Minha mãe morreu há 18 meses e eu assumi sua pousada. Eu odiei cada minuto porque depois que parti, jurei a mim mesmo que nunca mais pisaria ali. Eu cumpri essa promessa. Mesmo quando eu vinha visitar, eu não pisava lá. Eu odeio cada parede daquele lugar. Cada lembrança maldita que eu não consigo esquecer. São anos de terapia e ainda sinto dor física ao pisar lá.

Mas eu tinha que fazer. Eu tinha que estar aqui por Violeta. Então, eu me enfiei naquela maldita sala de escritório e me tornei a pior pessoa que eu fui em muitos anos. Eu maltratei meus funcionários, eu negligenciei Violeta. Inferno. Eu a ouvi dizer que eu não a amava. Como isso é possível se foi por ela que eu me permiti voltar? Como eu pude transparecer isso, se ela é a razão da minha sobriedade?

Ouvir Violeta foi a primeira das situações que fizeram eu tirar os olhos do meu umbigo.

Eu me recuso a pensar na segunda e na terceira.

A quarta foi eu descobrir que minha mãe estava mesmo passando a pousada para Ana Flora. Nessa altura do campeonato eu já conhecia sua história e já sabia que ela era uma das boas. Inferno. Erik também é um dos caras legais. O cara deixou tudo para viver ao lado de Ana Flora. Eles poderiam nunca mais trabalhar, se quisessem, mas estão melhorando ainda mais a Pousada.

Eu? Eu tirei meu time de campo. Entreguei a Lago Encantado, abri uma livraria e comprei uma chácara. Uma chácara que estava caindo aos pedaços. Isso fez com que a mudança de Violeta demorasse alguns meses, quase oito. Por um lado foi bom, nós conseguimos nos reaproximar nesse tempo, até passamos o Natal juntos em Vitória. Foquei na parte de criar memórias.

Também estou incentivando sua aptidão para costura. Eu comprei uma máquina de costura para ela e transformei um dos quartos da casa em um pequeno ateliê. Embora o ano esteja no início, Violeta parece decidida em cursar moda. Eu não falo sobre isso, mas sei que nossa mãe odiaria essa decisão. Sei que ela faria Violeta seguir outro caminho.

Eu não falo sobre minha mãe com Violeta. Na verdade, eu não falo com ninguém. Eu sei de suas contradições. Todos nessa cidade a amavam. Ela ajudava cada um sempre que possível - e às vezes, mesmo não sendo. Aparentemente, seu lado não tão legal, era destinado a mim. Ela não me ouvia. Ela não acreditava em mim. Ela não me enxergava e quando enxergou foi para dizer que eu não devia fazer a faculdade que eu queria. Foi para dizer o quão perdido e ferrado eu seria. Eu sei. Parece pouco.

Mas essa é só uma parte da história.

Apenas não quero pensar nisso por enquanto. Prefiro manter tudo o que aconteceu, bem enterrado. Eu aprendi a lidar com isso.

Quando estou caminhando até a cozinha, meu celular apita em sinal de mensagem.

Cecília: Eu não sei mais o que fazer. Priscila se recusa a ir ao médico.

Benício: Ela ainda está mal?

Cecília: Sim.

Benício: Vou tentar dar um jeito.

Eu tenho uma ideia maluca para ajudar Priscila e isso está me matando. Eu não sei se é uma ideia ou se é apenas meu subconsciente me fazendo pensar de novo. Talvez seja essa porra querendo lembrar do segundo e do terceiro motivo para eu tentar voltar a ser gente. Esses mesmos motivos que eu estava agora há pouco dizendo que não ia pensar. Mas o pensamento me invade e eu sei o que me mudou, definitivamente: conhecer Charlene e Elaíse, salvar a vida de Elaíse. De alguma forma, isso me modificou. Eu não sei explicar o quanto essas duas me deixaram sem estribeiras.

Eu poderia dizer que odiei Charlene imediatamente, o jeito que aquela mulher me enfrentou. A forma que ela me tratou. Mas então, eu não tratava os outros de maneira diferente. Logo, é natural que ela já me conhecesse com resistência. Era meio óbvio que Ana Flora já teria falado de mim e contado como eu tratava a todos.

Charlene chegou sabendo exatamente quem eu era e não baixou a guarda. Não se assustou. Pelo contrário. Ela me olhou nos olhos e me enfrentou. Na frente de todos.

Até Elaíse. A criança de três anos simplesmente me disse com tom de brava que eu devia ser gentil. Aquilo me descompensou e eu apenas me calei - porque obviamente, eu sou um cuzão, mas não gritaria com um bebê. Ainda mais com uma menina tão adorável como ela.

Sinceramente, eu não me recordo de conhecer outra criança tão linda. Eu não sei explicar como Elaíse me faz sentir, mas desde a primeira vez que vi seus olhinhos curiosos e sua braveza angelical, senti algo quebrar em mim. E eu não sabia mais como agir.

Depois, veio o incidente do lago. Tudo aconteceu muito rápido. Eu estava conversando com Ana Flora, Elaíse estava brincando perto de nós. Ninguém viu, mas ouvimos o barulho de seu corpinho caindo no lago. Não pensei em mais nada, eu apenas corri e pulei.

O fato de ser um lago e de eu ser um homem grande facilitou. Mesmo com Elaíse se debatendo, eu a tirei de lá com facilidade e a entreguei para sua mãe que estava desesperada. Isso, porém, não amenizou o meu próprio desespero. Mesmo agora, eu ainda sinto um tremor e um medo bizarro ao pensar no que poderia ter acontecido. Talvez você não veja gravidade nisso, já que ela ficou pouco tempo na água, mas nós sabemos como as águas às vezes são traiçoeiras e mesmo um lago pode ser perigoso para uma criança.

Vou até ao cômodo que transformei em sala de leitura e um pequeno escritório. Pelo menos eu tenho o contato dela porque ela mesma passou caso Ana Flora precisasse de algo. Penso se eu devia ligar, talvez eu precisasse de outra solução, mas Charlene jurou que eu podia pedir algo se fosse preciso. Eu não queria fazer isso. Eu não salvei Elaíse para que ela me devesse favores, mas eu não via outra saída. Respiro fundo e resolvo ligar.

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