Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

VINTE E QUATRO (Parte II)

Domingo | 11 de Dezembro

O intervalo antes das finais era mais longo que as pausas simples entre as lutas da primeira fase. Ele, além do tempo óbvio de descanso, era também o momento para limpar o ringue, conferir as contagens de pontos e, claro, para as últimas reuniões entre os finalistas e seus treinadores.

E, naquele torneio, os resultados haviam ficado particularmente interessantes em boa parte das categorias: de um lado, havia várias competidoras da academia a que Helena pertencia. E, do outro, havia quase a mesma quantidade de lutadoras de um time que ─ deixando o espírito esportivo um pouco de lado ─ nutria uma certa rivalidade pelo de Felipe. E, entre elas, a própria Júlia.

Assim, passando pelos vestiários, conversas e arquibancadas, todo o ginásio parecia vibrar em um leve, mas excitante, clima de clássico esportivo.

Helena, porém, estava sentada num dos bancos perto do vestiário e apenas se concentrava em compreender as orientações rápidas e diretas de Felipe. Ela, apesar de não conhecer sua oponente pessoalmente, tinha plena consciência do que a esperava. E, àquela altura, apesar de querer muito a vitória, se daria por satisfeita independente do resultado, apenas pela oportunidade do combate contra a garota ─ que parecia, na mesma medida, ser incrivelmente irritante e uma ótima lutadora.

Não demorou muito, no entanto, para que Lena começasse a sentir seu pulso acelerado, e o nervosismo do último combate vindo em ondas. Para se distrair, ela acompanhava as lutas das outras categorias, tentando adivinhar suas pontuações ─ porque, nas finais, os resultados só saíam depois, no momento da premiação. Porém, o nervosismo realmente só passou no instante em que o locutor anunciou seu nome, num só fôlego, e ela atravessou o pedaço da quadra e subiu ao ringue, sentindo pela quarta vez a lona sob os pés.

À sua frente estava Júlia, os cabelos curtos e rosa-claro bagunçados, ajeitando as luvas azuis e dando pulinhos para se aquecer. E, quando o olhar das duas se encontrou, tanto ela quanto Helena sorriram, e o ar era puro desafio.

Então, a árbitra se afastou e deu a ordem de início. E o primeiro round começou com um chute que, pelo menos por alguns instantes, conseguiu desestabilizar Júlia completamente.

─ ─ ─

Dessa vez, o round realmente pareceu durar apenas dois minutos. Os golpes, tanto de Helena quanto de Júlia, eram extremamente ágeis e consecutivos, e, Marina viu, várias vezes, a árbitra precisar intervir, quando uma encurralava a outra nas cordas. A certo ponto, um chute de Júlia a fez desequilibrar, mas sua queda foi quase tão rápida quanto sua subida ─ a ponto de a juíza nem ter tempo de interromper a luta.

E, assim, quando o primeiro round terminou, as duas estavam ofegantes, sentadas em seus banquinhos, e igualmente inquietas.

O segundo round, instantes depois, começou tão intenso quanto o primeiro.

Na opinião de Marina, era uma interação curiosa: mesmo de longe, os olhares de Helena e Júlia pareciam se desafiar; mas, quando elas se cumprimentavam, segundos antes do combate, parecia haver também, além da obrigação e do respeito esportivo, um tipo de admiração mútua. Essa, impressão, no entanto, desaparecia no momento do primeiro golpe. E, em seguida, a luta voltava a se tornar frenética.

─ Caralho, a Lena tá com sangue nos olhos mesmo ─ Jordan comentou então, quase no fim do segundo round, quando a garota desferiu uma série impressionante de socos na direção do rosto de Júlia, a ponto de ser quase impossível ver se ela havia, de fato, conseguido se defender de todos.

Mari soltou uma risada com as palavras do irmão, mas seu olhar não deixava o ringue por nem um segundo.

E então, Lena caiu.

Também foi questão de segundos e, inclusive, ela ainda teve tempo de se levantar e desferir um último soco na direção de Júlia antes que a árbitra as separasse, demarcando o fim do round. No entanto, Marina conseguiu ver que, quando ela se sentou no banquinho, em seu corner, o assistente dedicou um tempo considerável analisando seu ombro direito.

Logo, porém, o sinal para o terceiro round cortou o ginásio. E, na mesma velocidade que entraram, os assistentes deixaram o ringue, e em segundos eram apenas Helena e Júlia frente a frente, aguardando somente o sinal da juíza.

O último round começou, curiosamente, com menos movimento, mas com muito mais tensão. Até mesmo a arquibancada, por alguns instantes, ficou em silêncio, pelo tempo em que as garotas apenas se encararam, planejando e esboçando golpes sem muita força.

Até, pelo menos, o momento em que Helena quebrou a breve calma com uma joelhada que, já de início, fez Júlia recuar alguns passos. No entanto, quando ela voltou a recuperar espaço, Marina não deixou de ver que havia um sorriso atrevido em seus lábios.

A sequência de golpes que veio em seguida foi tão rápida que foi quase impossível de acompanhar com clareza: primeiro, Helena desferiu alguns socos e joelhadas que fizeram, novamente, Júlia recuar. Porém, no instante seguinte, Júlia voltou a ganhar espaço e desferiu um único chute, tão alto que atingiu Lena nas costelas e foi o suficiente para a desestabilizar.

E então era Helena que estava encurralada nas cordas, e Júlia distribuía golpes vertiginosamente ágeis com os punhos e os joelhos, de forma que tudo que Lena conseguiu fazer foi apará-los com as luvas ─ até que, em uma pequena brecha, conseguiu envolver Júlia com os braços, num abraço imobilizador.

A árbitra, enfim, interveio ─ para o alívio de Marina, que já sentia dores no estômago apenas de assistir ─ e, em segundos, as duas estavam de volta ao centro do ringue, enquanto, no telão, o relógio anunciava os últimos segundos da luta.

Júlia parecia ter em seus planos uma última ofensiva, e Marina percebeu isso no instante em que ela armou uma postura de ataque. Ela, inclusive, chegou a desferir um soco ─ mas Lena, apesar de um pouco mais lenta que o normal, a interceptou com um chute incrível.

Então, o sinal do fim do round soou ─ e, no instante em que a juíza as separou, Helena quase automaticamente ergueu a mão. Agora que enfim estava parada, era possível ver integralmente seu estado: a pele clara avermelhada, a respiração completamente ofegante e, apesar do rabo de cavalo, as mechas vermelhas grudando no suor do rosto. E, entre todas elas, o tom inconfundivelmente mais escuro do sangue, que brotava de um corte na sobrancelha.

Quando Lena deixou o ringue, com um salto, a médica e o assistente, já estavam à sua espera, enquanto Felipe parecia querer se certificar de que ela estava bem.

Da arquibancada, Marina apenas conseguia ver Helena, junto ao pequeno grupo, caminhando na direção da enfermaria. E ela tinha o coração disparado a ponto de sentir seu pulso no pescoço.

─ ─ ─

─ Tá sentindo tontura? Algum mal estar ou dor? Consegue mexer a cabeça?

Helena balançou a cabeça com cuidado e soltou uma risada pelo nariz, enquanto a médica terminava de ajustar a tipoia.

─ Não. Não. Sim. Só meu ombro que tá fudido. Fora isso... tá de boa. Posso terminar de ver as lutas?

A médica acabou sorrindo também, mais de leve. Apesar da expressão grave, Lena percebeu que ela não era tão séria quanto parecia.

─ Foi um corte bem superficial mesmo, mas... é importante checar. Fora isso, é remédio pra dor, spray anti-inflamatório e imobilização pra esse ombro e repouso, porque você pode ter certeza que a dor vai chegar quando a adrenalina passar... Sua receita vai estar com seu treinador, ok? Daqui a dez dias pode ir em qualquer posto pra tirar esses pontinhos.

─ Valeu ─ Helena acenou com a cabeça e desceu da maca com cuidado, tentando apoiar-se, principalmente, no braço esquerdo.

─ Melhoras, Helena.

Ela sorriu de lado.

─ Valeu.

Pouco depois, estava de volta ao banco próximo ao vestiário, entretida com a última luta do dia ─ a ponto de só perceber que Júlia estava indo em sua direção, com o pulso enfaixado, quando a garota já estava perto.

─ Foi mal pela sobrancelha e pelo braço ─ ela soltou, sem qualquer introdução, de maneira brusca e meio sem jeito.

Lena torceu um sorriso de lado; conseguia enxergar sua própria inabilidade social, sempre compensada com uma expressão fechada, na forma como o rosto da garota se mantinha severo. Elas, afinal, eram bastante parecidas.

─ Foi mal pelo pulso ─ respondeu, por fim.

Júlia meneou a cabeça e ergueu o punho fechado em um cumprimento ─ que, prontamente, Lena correspondeu, com um soquinho quase amigável. E, por alguns segundos, elas trocaram um curto olhar com ares de respeito, logo antes de a garota de cabelos rosa-claro entrar no vestiário.

No instante seguinte, soou o sinal do fim da última luta do dia. E Lena sabia que, dali a poucos minutos, começaria o momento da premiação.

─ ─ ─

Marina estava um pouco nervosa. Enquanto as categorias do sub-13 e sub-15 eram premiadas, ela havia conversado com Daniel, Gabriela e os outros amigos de Helena ─ e, inclusive, Gabi a tranquilizou sobre o corte e a tipoia, afirmando que, apesar de visualmente desagradável, não era nada de mais.

No entanto, quando finalmente Helena, Júlia e Fernanda foram chamadas para o ringue, no qual o pequeno pódio havia sido montado, a preocupação de Marina era outra: a luta final de Lena havia sido, provavelmente, uma das mais acirradas daquele dia no torneio. E, apesar de torcer muito para ela, Mari não fazia ideia de para quem a vitória iria.

O primeiro anúncio, obviamente, foi da medalha de bronze de Fernanda Wang, que foi amplamente comemorado e aplaudido, inclusive por Helena ─ afinal, Marina descobriu, a garota era a mais jovem da categoria sub-17, tendo completado 16 anos no mês anterior.

Assim, com Fernanda já no degrau mais baixo do pódio, com sua medalha no pescoço, aquele era, invariavelmente, o momento da decisão.

─ E agora, em segundo lugar, com a medalha de prata, e com a menor diferença de todo o torneio, de apenas dois pontos... ─ o locutor começou a anunciar, arrancando alguns gritos e exclamações da arquibancada. ─ Helena Martins!

A equipe de Júlia explodiu em uma comemoração no mesmo instante, mas, apesar disso, a garota apenas virou para Helena, cumprimentando-a com um aceno de cabeça cortês.

Lena tinha um sorriso leve nos lábios quando subiu ao pódio, ainda aplaudindo Júlia meio desajeitadamente, e agradeceu à árbitra que lhe colocou a medalha de prata. Felipe, ali por perto, também aplaudia, e Marina abriu um sorriso leve ao perceber que ele elogiava a performance de Helena.

E então, diante da comemoração da arquibancada, Júlia quebrou todas as expectativas: subitamente, esticou as mãos e segurou as de Lena e Fernanda, erguendo-as no ar em uma comemoração tripla ─ que arrancou ainda mais aplausos de todo o ginásio.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro