Parte 4 - 5
O peixe que Amal assou para o jantar não soou com estranho sabor, mas com uma neutralidade, algo sem sal, o natural ao qual se acostumou. E o rosto inerte ao ter o estômago saciado, além de ficar parado, só presenciou a tristeza de seu dono.
Após comer lhe veio o sono.
Amal se enrolava num edredom grosso e mofado, deixando o caderno com sua história ao lado, enquanto pensava, deitado, afundando a cabeça numa almofada minimamente confortável. E imaginava numa maneira de continuar tal história. Será que a princesa morrerá? Ou quem a escreve manterá para ela uma vívida trajetória?
"Após o medo, que não teve no corte dos cabelos, surgir e travar o sacrifício, o general Cole, chefe da guarda real, aparece às costas da rainha, pronunciando as palavras referentes aquela magia: 'Vossa majestade, não precisará suicidar-se! Necessitará de coragem, mas não em tamanha barbárie! O coração do vosso pai pode ser entregue para que a magia se emane por completo. Não precisa ser um corpo morto da atual chefia, mas de algo vital de tua família, Rainha Amanda!' Ela o estranha, questionando: 'Como pode ter certeza de coisa tamanha? Eu li o ritual e sei como sucedê-lo! Preciso matar-me para salvar meu povo, para o bem eu fazê-lo!' O oficial insiste, contando-lhe: 'Aquele diário é falso, Vossa Majestade, o que vi em tua escrivaninha! Escute-me, Rainha! É somente preciso entregar o coração de seu pai ao ponto mais alto de nosso reino, ao pico do castelo!' A rainha se afasta da beirada da varanda, confiando no general. Encaminha-se com ele, então, à torre em que o rei está sepultado, não percebendo às suas costas um sorriso sádico de Cole, numa felicidade do mal..."
Uma dor na barriga interrompeu o pensamento de Amal. O agudo desconforto foi passageiro, tendo a fuga do sono do garoto como resultado ligeiro. Ele sentou-se e acendeu uma luz ao seu lado, uma lâmpada puxada com o fio do teto. Escreveu no caderno o que pensou, e ao terminar, teve poucos segundos para que o desconforto que o desconcentrou retomasse. Desta vez mais forte e contínuo, o fazendo apertar o estômago, com peixe assado que foi assassinado, que talvez fosse também assassino.
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