Os dias com você eram coloridos de muitos tons.
Nem sempre alegres
Nem sempre vivos.
Um dia você era cinza
No outro, luzes de néon.
Também eram cheios de sons
Harmônicos
Suaves
Estridentes
Cacofonicos.

Você nunca era uma coisa só.
Nunca simples, sempre composta.
Como uma calmaria tempestuosa Ou euforia silenciosa.
E ainda havia a dor no seu olhar
O vazio de quando estava com ele, permanecia lá.
Eu não sabia de onde vinha
O que havia cavado abismos tão escuros em você
Quem havia te transformado em um poço profundo com cascalhos no fundo.
Eu não conseguia entender
E você insistia em não falar.

Eu me sentia impotente a cada vez que te via chorar.
Não era o suficiente para calar as vozes na sua cabeça.
Não era o bastante para preencher seus vazios
Curar seus pesadelos
Ou suprir suas manias de tentar fugir e se esconder todas as vezes
Seus hábitos teimosos de querer desbravar o mundo
Questionar tudo.
Saltar sem olhar.

Você dizia não ter medo
Com um "caí fora" que afastava todos estampado na cara, você fingia não se importar.
Mas eu via nos seus olhos castanhos que doía
Que temia
Que queria ficar.
Eu te avisei
Caramba, eu te avisei tantas vezes que iria se machucar.
Que podia confiar em mim.
Eu prometi de tantas formas nunca te decepcionar, nem te fazer chorar.

Mas você chorava
Caía
Desmoronava.
Gritava em silêncio.
Para silenciar, as vezes gritava ao som de baterias e guitarras.
Só não falava, não comigo
Não para mim.