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Parte Final: O confronto dentro da capela.

Tera procurou permanecer da forma mais discreta possível no interior daquela Capela enorme e sombria. A arquitetura, a decoração e tudo mais que possa apresentar-se naquele ambiente indicava que era um centro religioso que foi corrompido. Como uma mão maligna e astuta ousou profanar um tempo de Fé.

A caçadora não estava muito preocupada com as crenças das pessoas, mas com aquele mal materializado em forma de um vampiro de vestimentas brancas e ações manipuladoras.

A mulher girava com habilidade a sua lança improvisada, mas ter parte do seu sangue drenado pela serva do Lorde Abraxas, foi o limite de sua resistência física. Ela encontrou algumas pílulas estimulantes que a ajudaram a continuar a sua caçada ao seu inimigo.

Tera Calypso não podia se dar ao luxo de descansar.

O vampiro estava no seu terreno e ele sabia da vantagem que isso significava.

Lutando contra o monstro e debilitada como estava, a caçadora saberia que era uma questão de tempo para ele mesmo a confrontar usando todas as suas vantagens que foram apresentadas.

— Eu estou aqui em cima! Venha me pegar! — alertou aquela voz masculina do vampiro.

Tera sabe que ele quer que ela fique ainda mais cansada.

A vida de uma caçadora sempre tem um preço a se pagar.

Sem dizer uma palavra, a mulher começa a subir as escadas.

Devido a falta de sangue e o cansaço da procura, Tera Calypso sobe as escadas com vagar e sem nenhuma pressa. O inimigo sabe onde ela está e ele quer deixá-la ainda mais cansada.

— Venha, meu amor... Eu estou te esperando. Não tenho a noite toda para confrontá-la. — disse o vampiro de cabelos brancos e braços cruzados no parapeito do alto da escadaria em espiral.

Em silêncio, ela continua a subir as escadas.

Então, finalmente, atinge o andar onde está o vampiro.

— Muito bem! — aplaudiu o vampiro fingindo admiração. — Quer respirar um pouco? Quer água? Pode descansar!

Tera abaixa a cabeça, não por cansaço, mas para que o vampiro se aproxime dela e para transpassá-lo com a sua lança.

A caçadora sussurrou alguma coisa.

Obviamente que o vampiro não ouviu.

Novamente, ela repetiu os ruídos.

Lentamente, o vampiro se aproxima da mulher.

Tera respirou de forma ofegante e esperando o seu inimigo se aproximar.

Ao ver os sapatos do vampiro, a caçadora deu um bote tão rápido quanto uma serpente com a sua lança na direção do coração do mesmo.

Infelizmente, o seu golpe atingiu o ombro esquerdo do vampiro.

Ele sentiu a dor e o susto do ataque inesperado dela, mas não foi o suficiente para atingi-lo. Apesar da dor, o monstro rasgou a sua própria carne para se libertar da lança. E movido pelo ódio, o vampiro esbofeteia o rosto da mulher.

Em seguida, o monstro segurou o pescoço da caçadora e começou a apertar.

— Querendo me paralisar com esse GRAVETO?!

O vampiro retirou a lança da mão da mulher e o jogou para longe dela.

Tera sentiu a pressão da mão do vampiro e sua força sobre-humana.

— Acha que sou como os outros vampiros que caçou? O meu nome tem um "Lorde" por um motivo, garotinha!!! — urrou de ódio o vampiro.

Tera estrebucha e começa a sentir os efeitos da falta de ar.

Então, subitamente, o vampiro à solta.

O corpo da mulher desaba no chão como um saco de batatas.

— Preciso de você, viva! Os vampiros não bebem sangue de humanos mortos. Todo o sangue de corpos mortos envenena-nos. Aposto que em sua mente tacanha e oca nunca imaginou que motivo não atacamos zumbis ou outros da nossa própria espécie. — explicou o vampiro.

Tera apenas tosse e tenta se recompor.

— Ah, garotinha... Como seu sangue é delicioso... Imagino como enganou a idiota da Alaska com a sua barganha de sangue. Deve ter sido atraente para uma vampira como ela oferecer o seu sonho de liberdade. Vocês são todos tolos! Não existe liberdade para aqueles que servem as Trevas! Todos nós somos atrelados a correntes! Correntes físicas, psíquicas, emocionais e o que mais possa imaginar! A própria imortalidade é uma prisão! A questão é como vamos aproveitar o "tempo livre". — neste momento o vampiro segurou a caçadora pelos seus curtos cabelos dourados. — Como gostaria de matá-la... Mas o seu sangue...

Neste momento, os dentes vampíricos mordem a caçadora no pescoço.

No mesmo local que Alaska tinha mordido anteriormente.

Dessa vez, a dor é muito mais intensa e mais potente.

A sua energia vital estava fluindo como um rio em direção ao mar.

Desesperada, Tera implora:

— Pare... Se beber tudo, o que vai sobrar? — balbuciou a caçadora.

Então, o vampiro interrompe a sucção e a joga ao chão.

Destruída, muito mais do que antes, a caçadora rasteja, ferida e fraca em direção de sua lança.

O vampiro observando a ação patética da mulher a segue com o olhar.

Lentamente, Tera segurou em sua lança como fosse o seu último fio de esperança.

O sapato do vampiro abruptamente pisa na lança, machucando os dedos da mão direita da caçadora.

Ela gritou de dor ao ter os seus dedos esmagados pela pressão da pisada.

— Seu... Bastado Maldito...

Neste momento, o vampiro fica de cócoras e com os dois pés pisando na lança.

— Acha mesmo que vou te dar qualquer chance de reagir ou te dar alguma esperança? Eu vou colocá-la para engorda! Tu vais ficar amarrada, alimentada e drogada. Vou abusar de você. Transformá-la numa bolsa de sangue humana. Vou prová-la todos os dias. Irei destruir a sua mente e ser apenas um pedaço de carne que produz sangue para mim. O seu sangue é como um vinho raro, e quando cansar de você, vou cloná-la e transformar a sua cópia numa versão em miniatura de você. Levá-la para outra cidade e transformá-la numa caçadora igualzinha a você. Como fiz com a sua avó e a sua mãe. — E um sorriso medonho surgiu daqueles dentes monstruosos de vampiro.

Tera fez uma expressão de horror.

— Sim, garotinha. Você é um clone de sua avó e sua mãe. Todas vocês tiveram o mesmo destino. Minhas escravas de sangue! O seu passado é nebuloso, pois eu o criei. O seu clã a adotou, pois eu os induzi a aceitá-la. Tudo na sua vida foi uma criação minha. Eu fiz as suas habilidades e talentos. Os seus golpes foram milimetricamente calculados para as suas capacidades físicas. Eu mesmo a testei em meus laboratórios. A sua própria mãe a treinou. Depois que a transformei em uma vampira e eu fiz questão que você mesma a matasse. O futuro elimina o passado. Há uma certa simetria nisso. — revelou o vampiro.

Tera, a princípio, ficou confusa, mas as palavras do vampiro descortinaram o véu das memórias do passado e constatou que o vampiro disse era uma macabra e cruel verdade.

No seu interior, a caçadora começa a dar um grito.

Esse grito cresce tanto que se transforma em ação.

Um soco atinge o vampiro e faz com que a caçadora fique ensandecida.

Enlouquecida pelo choque de ter matado a sua própria mãe, a caçadora consegue segurar a lança novamente.

— Vou matá-lo... — urrou de ódio a mulher.

O vampiro apenas sorriu.

— Boa sorte... — e o vampiro abriu os seus braços.

Tera joga a sua lança na direção do vampiro e como uma flecha vai na direção do coração do mesmo...

Os reflexos sobre humanos do vampiro fez que o seu derradeiro golpe final da caçadora culminasse num erro. Provocando um deslocamento corporal do vampiro e fazendo com que a lança atingisse o vitral da janela da Capela quebrando-o totalmente.

Fazendo que a lança caísse para fora do templo do vampiro.

Como um raio, o vampiro abraça a sua vítima.

Imobilizada, Tera ficou gritando em desespero.

— Não adianta lutar, Tera... Você é minha! É o seu destino. Você vai ser a minha escrava, minha bolsa de sangue e... — então ele lambe a bochecha dela. — Minha mulher...

O horror e o nojo culminam num brado tão horrendo que Alaska dá um pequeno sorriso de triunfo ao ouvir o grito de sua inimiga, porém há algo muito mais aterrorizante para a imobilizada vampira surgindo ali no horizonte...

Abraçada a sua vítima, começa lamber a pele da caçadora, com a sua baba viscosa e repelente no seu rosto e boca.

Tera sentiu ânsia de vômito, mas ela acaba se entregando e retribui o seu abraço.

— Isso... Você é minha... Aceite o seu destino.

— Você também aceite o seu... — sussurrou a caçadora.

Sem entender muito bem, o vampiro estava tão entretido em sua vitória que ele se esqueceu que o tempo e um velho inimigo muito mais poderoso e antigo do que ele estava surgindo na janela.

Aos poucos, o vampiro nota uma mudança na iluminação à sua volta.

— Lorde Abraxas... Faça Amor comigo! — e a caçadora riu de deboche e raiva, pois as suas pernas e braços seguram o vampiro com toda a sua força que sobraram.

— Maldita! Solte-me!

— Não gosta mais de mim? Eu estou magoada... Fica comigo, seu BASTARDO! — a caçadora segura com o máximo de força que podia no corpo do vampiro.

Os primeiros raios solares atingem as costas do vampiro, fazendo que, em pouco tempo, o transformasse em pó.

Tudo termina em poucos segundos.

Tera Calypso estava toda coberta de pó e roupas brancas sujas de poeira cinza.

Ferida, cansada e destruída psicologicamente, a caçadora demora algumas horas para fazer algumas ações que demorariam alguns minutos em condições normais.

Ao ver a cadeira de onde estava a vampira Alaska coberta de pó, a caçadora considerou a sua missão cumprida.

A mulher nem tinha mais forças, porém a sua determinação fez que ela encontrasse álcool e revistas antigas.

Curiosamente, não faltavam velas acesas e cortinas de tecido inflamável.

"O miserável do vampiro ainda é sovina. Nem pensou num sistema anti-incêndio." Ironizou a caçadora ao jogar uma vela acesa nas cortinas do salão principal da capela.

Quando começa a espalhar as chamas no local, Tera caminha cambaleante para fora da Capela. Em seguida, desmaia devido ao esgotamento mental e físico.

A fumaça se espalha nos céus, chamando a atenção das autoridades de Minerva Sombria para que os bombeiros debelassem as chamas fora de controle.

Rapidamente, ao ser encontrada, os bombeiros chamaram os socorristas, que levaram a caçadora ao hospital municipal mais próximo.

Afinal, ela estava ferida, suja de pó e quase anêmica...

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