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O ônibus estava rodando em terra de ninguém. Era essa a impressão que se tinha.
Ali não havia nada. A rodovia era ladeada por campos e mais campos e não havia absolutamente nenhum sinal de civilização. Era literalmente o fim do mundo.
Seu Jorge Alencar, motorista oficial do time de basquete da Escola estadual de Santa Ana, era quem dirigia o ônibus, e o GPS que ele usava dizia que o caminho era exatamente aquele, por mais incrível que pudesse parecer.
Na verdade, o GPS havia "dito" aquilo há umas três horas atrás, agora ele tinha parado de funcionar porque ali não tinha sinal de satélite, nem sinal de celular, e o professor Castro confirmou aquilo ao olhar em seu telefone.
O professor Castro suspirou e abriu mais um botão de sua camisa porque estava fazendo um calor dos diabos ali naquele ônibus e não havia ar condicionado. Na verdade, na opinião do professor aquele ônibus estava caindo aos pedaços, precisando ser aposentado, e não havia qualquer sinal de que a escola estava disposta a gastar alguns milhares de reais na compra de um novo ônibus. Era sempre assim, use o que tem até acabar e depois... Bem, depois que se dane.
Dentro do ônibus havia umas quarenta e cinco pessoas, incluindo o time, a comissão técnica, algumas garotas líderes de torcida, alguns alunos que estavam ali só para andar a toa e mais dois supervisores que vinham para ajudar a olhar aquele monte de adolescentes pirralhos de merda.
A maior parte daqueles adolescentes não estava nem aí para o time de basquete, na verdade o time deles tinha perdido de 105 a 90. Grande parcela daqueles adolescentes era puxadora de fumo, muitos daqueles rapazes arranjariam empregos de ajudantes, alguns se tornariam traficantes e iriam para a cadeia antes de completarem 25 anos, outra parcela seria morta, as garotas que hoje em dia se gabavam por serem gostosas, arranjariam maridos vagabundos, bebedores de cerveja, apanharam a maior parte da vida e seriam eternas donas de casa.
Era esse o futuro da juventude, de modo que o professor Castro achava que aquilo tudo era uma grande perda de tempo.
Mas essa perda de tempo servia para que ele tivesse um emprego, e a grana até que era razoável. Ele tinha um apartamento que comprara em 78 prestações e devia valer uns 300 mil hoje em dia, um Ford fusion semi novo na garagem e uma Suzuki Hayabusa que sempre tinha sido seu sonho de consumo. Além disso ele pagava a academia para se manter em forma. Nada mal, nada mal mesmo.
A melhor parte eram as alunas. Aos 43 anos, porte atlético e esbanjando saúde, o professor João Castro era meio que adorado pela maior parte de alunas da escola. Mas apesar disso, ele tinha olhos somente para uma: Micaela.
Essa tinha 18 anos, era morena, seios fartos, a pele de porcelana, cabelos pretos lisos, olhos azuis e uma boca linda, do tipo que faria qualquer homem perder a cabeça.
O professor Castro mantinha uma "relação" com a aluna do terceiro ano, já a uns seis meses. A levara para a cama em seu apartamento umas três vezes. Era uma coisa perigosa, ele podia ter problemas se o negócio fosse descoberto, mas o professor Castro costumava tomar cuidado, além disso, Micaela era gostosa demais e ele achava que compensava correr o risco. Micaela parecia estar apaixonada por ele e o professor Castro já estava pensando em assumir a garota, afinal, que mal podia haver em um cara de mais 40 anos namorar uma garota de 18?
Uma das únicas coisas que estava compensando aquela viagem era a presença de Micaela, que estava sentada ao seu lado, mesmo havendo lugar lá atrás, e enquanto os alunos estavam cantando alguma canção nojenta que falava sobre peitos e bundas, o professor Castro aproveitava para, discretamente, fazer um carinho nas coxas gostosas de Micaela, enquanto ela segurava seu pênis.
Professor Castro sentia tanto tesão que achava que podia transar com Micaela ali mesmo, naquele banco, na presença de todos.
Mas então Jorge, o condutor dissera que eles pegariam um atalho pela SP 27, porque a rodovia principal estava interditada na altura do quilômetro 56. O atalho alongava a viagem em pelo menos mais uns 30 quilômetros, mas naquele momento era a melhor opção.
A viagem estava ficando entediante, porque o máximo que dava para fazer era passar a mão em Micaela e ficar de pênis duro. Além disso os alunos estavam cantando e enchendo o saco; e cantando aquelas músicas de merda, sem falar no calor que estava fazendo. Se tinha uma coisa que o incomodava eram alunos enchendo o saco.
O professor se levantou olhando para a paisagem ao seu redor, vendo apenas campos cobertos de mato. Deu uma bicada na garrafinha de água que estava levando e se aproximou de Jorge, que guiava o ônibus ao som dos Beatles.
- E aí seu Jorge. Tem ideia de onde estamos?
O velho pigarreou de uma maneira extremamente desagradável, e olhou para o GPS que estava no painel.
- Essa porcaria parou de funcionar lá atrás. Não sei que lugar é esse aqui mas sei que essa estrada vai na direção certa.
- Não é o que parece meu chapa. Não mesmo.
- Relaxa professor, logo logo vamos chegar.
O professor não estava nem um pouco a fim de relaxar. Não naquele ônibus, não naquele lugar. Nem mesmo a presença de Micaela o fazia relaxar.
Ele suspirou e voltou a sentar.
Olhou para fora e foi quando ouviram um barulho de estouro. O ônibus balançou e todos tiveram que segurar. O alvoroço de alunos cessou subitamente, dando lugar a murmúrios de surpresa.
A coisa durou uns 20 segundos e então Jorge conseguiu finalmente parar o ônibus, meio atravessado no meio da estrada.
- Mas que desgraça está acontecendo? - Perguntou Júnior, um dos inspetores.
Professor Castro tirou a mão de Micaela que estava na parte da frente de sua calça e se levantou novamente se aproximando do motorista.
- Está tentando nos matar velho?
- O caralho professor. Foi apenas um pneu que estourou.
Jorge abriu a porta do ônibus.
Os alunos começaram a fazer alvoroço e alguns deles se levantaram.
O professor Castro apontou o dedo para eles e gritou:
- Calem a boca todos vocês e sentem nessas merdas de bancos. Se algum de vocês se mexer arranco suas orelhas!
Assim que ele virou as costas para sair alguns alunos mostraram o dedo do meio. Houve sussurros de filho da puta, chupe um pau e vai tomar no olho do seu cu.
O professor desceu e Jorge já examinava os pneus. Ele acendeu um cigarro e olhou para a paisagem à sua volta. A estrada era ladeada por campos de pasto. Havia uma cerca do lado direito, uma dezena de vacas brancas pastavam tranquilamente ali. A uma distância de uns 200 metros colina acima havia uma fazenda, que, a julgar pelo aspecto, parecia estar abandonada. Era o único sinal de civilização até então.
O professor Castro estava olhando a paisagem e de repente desviou os olhos dando de cara com Jorge que sorria.
- Você me assustou homem!
- Está tenso professor.
- Furou o pneu?
- É.
- Pode concertar?
- Não.
O professor franziu o cenho.
- Mas por que não?!
- Porque foram dois pneus que furaram e temos apenas um estepe.
- Mas que puta que pariu! Só pode estar brincando!
- Não. É verdade.
Dentro do ônibus os alunos estavam impacientes e os inspetores estavam tendo dificuldades para controlá-los.
Micaela desceu e se aproximou do professor.
- Oi gostoso. O que está havendo?
- Ah não, agora não! Agora não é uma boa hora! Volta pra dentro, boneca.
- Mas quero chupar seu pau!
Micaela o abraçou fortemente. O cheiro gostoso que ela exalava o deixou tonto.
Ele olhou para a situação no ônibus, os alunos estavam fazendo o inferno lá dentro, Jorge tinha entrado talvez para usar o rádio. Ninguém estava prestando atenção neles.
O professor olhou para os lados da cerca e viu o que parecia ser a entrada da velha fazenda.
- Vem cá.
Ele arrastou Micaela até lá.
Os dois começaram a se beijar.
Micaela era muito gostosa. Ele simplesmente não podia resistir.
O professor chupou os peitos dela. Micaela jogou a cabeça para trás e gemeu de prazer.
Ela abriu os olhos e olhou para os lados da casa que havia lá em cima.
Meio de ponta cabeça, ela enxergou uma figura bizarra.
Parecia um homem usando uma calça preta e uma camisa regata branca, manchada de sangue. A cabeça do homem era uma cabeça de vaca. Além disso o homem estava segurando um machado.
Ela soltou um grito.
- Meu Deus! O que é aquilo?
- Aquilo o que?
Micaela estava olhando na direção da casa. O professor Castro olhou na mesma direção e não viu nada senão a construção que lá havia.
- Mas que porra está vendo?
- Tinha uma coisa lá...
- O que?
Micaela olhou para ele antes de responder:
- Não sei... Era... Era um homem... Ele... Ele tinha... Tinha a cabeça de vaca.
O professor ficou olhando para a garota. O tesão que sentia tinha sido subitamente cortado.
- Vamos voltar para o ônibus.
Micaela olhou novamente para a casa lá em cima e franziu o cenho. Não havia nada lá.
Eles voltaram meio disfarçando.
Uma parte dos alunos estava do lado de fora. Os inspetores estavam falando alguma coisa.
O professor viu alguns alunos atravessando a cerca, talvez para tirar uma água do joelho.
- E então? - Perguntou Castro.
Hélio, o outro inspetor suspirou:
- Estamos fodidos. Muito fodidos. O Jorge não conseguiu contato com a escola. Não tem sinal de satélite nesse lugar.
- Era só o que me faltava! Soltaram a tropa.
- Melhor do que aguentar eles dentro dessa merda de ônibus nesse calor.
O professor Castro olhou para o campo e voltou a fitar o homem. Mas imediatamente após voltou a olhar para o campo.
As vacas, que antes estavam dispersas, agora estavam agrupadas em uma única fila, e pareciam literalmente estar olhando para eles.
O professor Castro franziu o cenho.
Ouviram um grito. Ele olhou para o campo e viu alguns alunos correndo para tentar voltar para a proteção da cerca.
O professor voltou a olhar para as vacas e pela primeira vez ponderou que havia algo de muito errado com aquelas vacas .
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