3: (não) transe pela manhã
O amor é o sentimento mais doce existente. Quando experimentado da forma certa, pelas pessoas certas em conjunto, é como dividir um algodão doce. Satisfatório, gracioso, nostálgico. Contudo, o amor também pode ser como provar uma fatia de limão, ou até mesmo uma pimenta raivosa. Intenso, azedo, nada agradável. O amor cura, mas também é traiçoeiro. Ele te dá esperanças, como também suga toda sua vitalidade pouco a pouco.
O amor é uma porra.
Jungkook suspirou ao analisar o rosto sereno adormecido ao seu lado. Até quando continuaria naquele ciclo vicioso de amar alguém inalcançável? Até quando seria apenas mais um súdito fiel rendido aos pés do príncipe da trapaça? Até quando iria ignorar todo seu bom senso e aceitar cada pedido exigido por aqueles olhos brilhantes? Não deveria ter dormido ao seu lado, mesmo que não tenham feito nada durante a noite, acordar ao lado daquele anjo era um tormento.
Sentir seu cheiro característico adocicado, admirar o biquinho adorável que faz quando dorme, o cabelo rosado espalhado no travesseiro, as mãos unidas embaixo do rosto. Era lindo demais, perfeito demais. Fazia-o querer ter aquela visão todos os dias, e isso era perigoso. Querer demais, desejar o impossível, isso era uma afronta ao seu pobre coração.
Porque amar Jimin era uma porra.
Sem querer, acabou suspirando novamente. Ele estava fodido, sentiu vontade de enfiar a cara no travesseiro e gritar a plenos pulmões. Não eram nem sete da manhã e lá estava ele olhando o rapaz dormindo e pensando em como era patético por amá-lo tão profundamente. O que ganhava com isso? Um coração partido todas as vezes, lágrimas escondidas, e uma lista enorme de palavras não ditas que arranhavam sua garganta todo maldito dia. Jimin havia prometido não afastá-lo mais, mas como confiaria na palavra de um bêbado? Como teria certeza que ele não o expulsaria assim que abrisse os olhos? Quem garantiria a segurança do seu coração nas mãos de Jimin?
Ninguém. Jungkook estava profundamente lascado.
— Você tá suspirando tanto que tô começando a achar que virou uma chaleira. — Jimin murmurou, para a surpresa do jovem confeiteiro. Sua voz rouca reverberou pelo quarto com a suavidade do bater de asas de uma borboleta, o coração de Jungkook não estava pronto para isso, nem para ver um par de olhos grandes e brilhantes vidrados em si.
— Você está acordado. — murmurou, patético. Jimin sorriu adoravelmente, algo que não estava habituado a ver nas manhãs que passavam juntos. Ele sempre era arisco, duro, e fugia para longe de sentimentos calorosos. Contudo, ali estava Jimin com uma expressão serena e um sorriso doce.
Jungkook se sentiu curioso e confuso.
— Você também. — constatou o óbvio, fazendo Jungkook se sentir ainda mais bobo. — Minha cabeça tá explodindo.
A expressão suave dele foi substituída por uma carranca desgostosa e sua voz se tornou manhosa.
— Eu vou preparar algo para você comer... — Jungkook ameaçou se levantar, sentando-se na cama, mas dedos pequenos ao redor do seu pulso o impediram. Ele encarou o rapaz deitado, sentindo seu coração afundar-se dentro do peito e perder-se na imensidão do mar castanho do seu olhar. Jimin lhe encarava com ternura, receio, e algo mais que não conseguia distinguir.
— Eu disse que não quero mais que você se afaste.
Ele se lembrava das palavras da noite anterior, estava mesmo falando sério e Jungkook não sabia o que fazer com aquela informação. Por um tempo, ficou apenas estático, encarando Jimin com um olhar brilhante e inquisitivo. Passou tanto tempo em um amor unilateral, acreditando fielmente que o dia em que Jimin o olhasse daquela forma tão afetuosa jamais chegaria, que ali, estando diante dele exatamente assim, não sabia o que fazer primeiro. Queria beijá-lo, falar tudo o que nunca foi dito e tomar algumas boas decisões ruins. Contudo, apenas piscou os olhos repetidas vezes, temendo estar sonhando e tudo não passar de uma doce ilusão causada pela sua mente apaixonada.
— Eu não vou embora, eu só vou...
— Fica. — Jimin o cortou, erguendo o tronco, sentando-se próximo ao Jeon. Seu tom de voz foi firme, soou quase como uma ordem e Jungkook sentiu todo seu corpo estremecer.
Jimin tinha olhos de raposa, astutos, um olhar de quem sabia exatamente o que fazer. Isso era um pouco assustador, pois ele se moveu na direção de Jungkook como se soubesse exatamente onde tocar, o que dizer para gerar o impacto necessário. Jungkook era um castelo de cartas, e ele sabia que Jimin sabia qual carta puxar para que ele desmoronasse. Contudo, seu corpo se aproximou cada vez mais, sua respiração chocou-se contra a sua e seus olhos fincaram-se em sua pele como duas espadas afiadas. Jungkook suspirou, rendido, quando ele levou uma mão para sua cintura. As íris cor de chocolate inspecionaram seu rosto com precisão, como se quisesse memorizar cada traço.
Beijar Jimin não era uma boa decisão, mas não beijá-lo tendo-o a menos de um palmo de distância, soava quase como um crime.
— Já foi fodido, Jungkookie? — ele questionou, com a voz rouca e grave. Jungkook sentiu a visão ficar turva por breves instantes, e o quarto se tornou extremamente quente demais para suportar ficar vestido. Jimin de alguma forma se embrenhou entre as suas pernas, causando uma fricção gostosa entre as suas virilhas e Jungkook sentia, aos poucos, sua sanidade voar pela janela. Pois havia acomodado o rapaz entre seus braços como se aquele sempre fosse o seu lugar, e não o contrário.
— Não... — ele sussurrou com dificuldade, fazendo o rapaz dar um sorriso ladino. Observou a forma como os fios rosados caiam na testa dele, e como os lábios carnudos eram extremamente convidativos. Queria beijá-lo, queria arrancar aquele pijama, queria tomar todas as decisões que se arrependeria depois, mas não fez nada. Continuou estático, tendo o corpo dele sob o seu, os olhos inspecionando seus traços. Submisso, rendido.
— Tem curiosidade para descobrir qual a sensação? — seu tom parecia sugerir todos os pecados descritos na bíblia e Jungkook nunca quis tanto cair em tentação. Os dedos passearam pelo seu tronco de maneira despretensiosa, mas ele sabia que era tudo calculado para gerar aquele efeito, para ter Jeon aos seus pés.
Não. Jungkook nunca teve desejos em inverter posições sexuais, nunca sentiu-se tentado a permitir que outra pessoa provasse seu corpo daquela forma. Contudo, com Jimin era diferente. Ele sentiu seu interior ferver de uma maneira inexplicável, e o desejo por ter aquele corpo dentro de si crescer, assim como o volume dentro da sua calça. Por isso, suspirou deleitoso, hipnotizado ao sentir os dedos de Jimin subindo e descendo lentamente pela sua lombar.
— Sim... — murmurou, como um súdito fiel ao rei do seu coração. Jimin sorriu, como se esperasse por aquela resposta por milênios, contudo, sua expressão malandra se desfez lentamente conforme ele admirava cada traço do rosto à sua frente.
Seu olhar se tornou terno, brilhante. Uma mão aproximou-os ainda mais, enquanto a outra subiu para seu rosto. Jimin encarava-o como se Jungkook fosse uma miragem, um objeto precioso. O rapaz sentiu-se desarmar ainda mais sob aquele olhar carregado de significado.
— Eu quero fazer do jeito certo. — disse ele, surpreendendo Jungkook. — Eu quero te foder, não apenas hoje, mas todos os dias da semana e do jeito certo.
— Jeito certo? — o rapaz murmurou, tropeçando em cada sílaba.
— É, Jungkookie... Eu quero só você, não quero mais te machucar e nem te afastar. — ele se aproximou, deixando um selar casto nos lábios corados que já o aguardavam ansiosamente. — Eu quero só você, Jungkookie... Só você.
— Então me tenha. — o rapaz praticamente gemeu, em uma súplica incansável. A boca a centímetros da sua não deixava que ele pensasse com clareza, os olhos cravados em si demonstravam toda a luxúria que os seus também transmitiam. — Me faça seu, me fode, me ama...
Nada mais foi dito, e nem precisaria de tanto. As mãos afoitas, as roupas jogadas de qualquer jeito no quarto, os olhos, as línguas entrelaçadas; tudo isso falava por si só. O olhar faminto e ao mesmo tempo carinhoso que Jimin carregava era um oásis, a boca carnuda que sugava a pele sensível de Jungkook era a própria definição de Paraíso, os dedos ao redor do seu desejo pulsante era o pecado mais saboroso do mundo. Os movimentos das mãos pequenas eram suaves, passeavam pela derme de Jeon com maestria, como quem conhece o território e sabe bem onde tocar e como. Jungkook suspirava, gemia, clamava pelo seu nome em agonia. Ele precisava sentir Jimin, como nunca quis antes, desejava ser preenchido por todo aquele sentimento tempestuoso, toda a luxúria presente nos olhos e nas pontas dos seus dedos, que trilhavam um caminho do mau para o bem.
Jimin tinha mãos de anjo, e Jungkook teve ainda mais certeza disso quando sentiu as pontas dos dedos do rapaz atingirem um ponto específico do seu corpo. Ele gemeu, clamou por mais, porém Jimin não o fez. Ao invés disso, parou os movimentos dos dedos, encarou Jungkook por trás da franja rosada com um olhar cauteloso e terno. Jeon nunca havia o visto com aquele olhar, como se estivesse diante de algo raro, e temesse quebrá-lo.
— Você tem certeza disso? — ele sussurrou, ainda exibindo aquele brilho cuidadoso nos olhos.
Jungkook suspirou, elevou as mãos para seu rosto e permitiu-se analisar com carinho cada traço delicado de Jimin. Ele era tão bonito, e ficava ainda mais lindo visto daquele ângulo, com aquele olhar carregado de desejo, a boca inchada de tanto ser sugada, a pele exposta, e os dedos em si. Jimin era magnífico, mas teve a certeza de que ele ficava ainda mais ali, naquela posição dominante.
— Como nunca antes. — praticamente gemeu em resposta, sentindo seu corpo sensível por tanto tato. Porém, necessitava de mais, precisava senti-lo. — Me fode logo, idiota.
Jimin não respondeu, seus olhos famintos falaram por si, apenas suspirou ao atender o pedido de Jungkook. Não houve pressa ao procurar pelo preservativo, nem ao despejar o conteúdo do lubrificante em seus corpos. Eles não tinham pressa para provar o sabor do fruto mordido quando sabiam o quão delicioso ele ficava ao ser devorado lentamente. Portanto, apenas aproveitaram cada toque e cada beijo como se tivessem todo o tempo do mundo. Pois ali, naquele quarto, eles eram os reis que governavam um mundo entre os lençóis e nada mais importava além disso. Jungkook apreciou cada sucção na sua pele com prazer, tocou cada linha de Jimin como se o descobrisse pela primeira vez.
E quando finalmente sentiu todo o desejo de Park dentro de si, foi como descer no inferno, e ser devorado pelo fogo ardente. Contudo, voou ao céu minutos depois, viu todas as estrelas e planetas dentro das íris castanhas e gemeu seu nome como se aquela fosse a única coisa certa a se fazer. Ele estava pronto, para ser fodido, ser amado, ser inteiro de Jimin se ele assim quisesse. Estava pronto para perdoá-lo por todas as vezes que foi um babaca, por todas as lágrimas derramadas no silêncio do seu quarto. Ele estava pronto, como nunca antes. Correria todos os riscos, tomaria todas as más decisões pois sabia que com Jimin, elas se tornavam fantásticas. Por isso assentiu e forçou um sorriso quando o rapaz sob si lançou-lhe um olhar preocupado. Ele estava pronto.
Os movimentos começaram suaves, lentos, e Jungkook sentiu novamente descer ao inferno. Pois o fogo dentro de si queimava e o corpo colado ao seu era tão quente quanto a temperatura do quarto. Jimin estocava fundo, enquanto ostentava um olhar predador. Jungkook nunca gostou tanto de ser presa, mas naquele momento, agarrou-se ainda mais naquele corpo e se fez de banquete apenas para que ele se sentisse satisfeito. Pois também o desejava com a mesma intensidade, também queria render-se e rendê-lo em meio aquela névoa efervescente em que estavam. Jungkook o queria cada vez mais, por isso clamou por mais, sentindo-se insatisfeito com os movimentos suaves. Tomado pelo pecado da gula, Jungkook não conseguia parar de implorar por mais de Jimin
E seu pedido foi acatado como uma ordem, Park acelerou os movimentos do quadril, levando Jungkook à loucura. Ele gemeu alto, clamou o nome de Deus tantas vezes que o quarto estava quase se tornando consagrado. As peles suadas se uniam em um contraste bonito, quase pitoresco. Jimin mordiscava e lambia a derme dourada de Jungkook como se saboreasse mel escorrendo do favo, enquanto Jeon fincava as unhas nas costas e ombro dele, deixando arranhões na tez pálida. Os gemidos e respirações pesadas mesclavam-se pelo quarto, tornando o cenário ainda mais erótico.
— Jimin...
— Tudo bem, tudo bem... Eu sei... — ele tinha o cabelo grudado na testa, fazendo algumas gotículas de suor escorrerem em um tom rosado pelo rosto.
— Sabe? — Jeon questionou, em meio a um gemido quando Jimin atingiu em cheio seu ponto sensível. Não fazia ideia do que ele estava falando, não sabia nem mesmo soletrar seu nome, muito menos onde estava. Tudo o que via era Jimin, tudo o que sentia era o corpo dele e a única certeza que tinha era o quanto Jimin era bom naquilo.
— Sim... — respondeu ele, em um tom rouco que deixou Jungkook ainda mais alucinado. — Namora comigo, Jungkookie... Eu disse que quero só você...
Jimin estocou fundo, Jungkook jurou ver estrelas. Gemeu alto, enquanto sentia o desejo de Park afundar em si fortemente.
— Sim... Porra, sim.
Jimin o beijou, como nunca fez antes. Transmitindo não somente o desejo, mas um sentimento a mais. Um certo carinho, cuidado, doçura. Jungkook nunca pensou que algum dia fosse sentir aquele sabor em seus lábios, por isso sentiu-se flutuando em nuvens quando o beijo se findou e o clímax lhe alcançou. Jimin se desfez dentro de si e, juntos, transformaram-se em poeira estelar sobre o colchão. Manchando os lençóis daquele sentimento púrpura, e unidos pelo olhar que compartilhavam do mesmo sentimento intenso de pertencimento.
— Porra, acho que tô fodidamente apaixonado por você. — Jimin exclamou, arrancando um sorriso de Jungkook. Havia como ficar melhor?
— A sua sorte é que é recíproco.
Jimin sorriu docemente e Jeon sentiu o mundo ao seu redor florescer. Ali teve a certeza que por ele tomaria todas as boas decisões ruins pois sabia que era impossível ir contra o seu coração, que parecia esquecer da sua função de bombear sangue para o corpo e focava-se apenas em bater por Jimin Park. Por isso, se fosse possível voltar no tempo, ele faria tudo aquilo novamente, se entregaria de corpo e alma para aquele garoto e faria isso sorrindo, mesmo sabendo dos riscos.
Porque Jimin era o crime que valia a pena.
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