❝O primeiro dever da inteligência é desconfiar dela mesma❞

Podia dizer com toda certeza que era um dia normal. Sem nenhuma ocorrência relevante, nada que não fosse o estipulado para a definição de tedioso e rotineiro – na minha concepção limitada.

Nada naquele dia alertou sobre uma possível mudança.

Nem sinais.

Frases jogadas ao ar.

Tempo oscilante.

Chamados estranhos.

Absolutamente nada.

Foi meio que pra ser pega desprevenida mesmo – quase que quando cria expectativa sobre tomar sorvete e a decepção de encontrar feijão no pote. E, de todos os dias da semana, sábado certamente era mais lento – não comparado com domingo – e esperar grandes coisas de um dia parado não seria uma ideia muito interessante. Essa deve ser uma das razões que não instigou minha inquietação e desconfiança.

Então nunca teria reais motivos para estranhar, certo?

Você pensa: Nossa, o dia está bem tranquilo para um passeio. Bater perna por aí.

Imagina chegar no meio do caminho e BAM!, uma situação louca acontece. Nesse caso, não tinha nada disso.

Se eu soubesse o que estava por vir, teria feito diferente? Teria agido diferente? Em vez de aceitar, meio contragosto, a proposta de Nora de acompanhá-la e continuasse com minha programação normal de sábado, algo teria sido alterado? Claro, ou talvez não. Teria sido menos precipitada, um pouco mais sensata em meu julgamento. A verdade é; não tinha como ter certeza.

No fim, como eu poderia saber?