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Carta Inicial

Em tese, nós colhemos o que nossa família deixa para trás, seja boas lembranças à segredos terríveis. Isso é o verdadeiro significado de herança.

Adolescentes são complicados.

E não digo isso por ser a voz da experiência nem por conta da geração dos anos bolinha, a grande verdade era: eu também fazia parte desse grupo hormonal e de natureza aborrecedora. Não estou sendo hipócrita, é consciência de classe. E quem mais teria propriedade para falar de um determinado assunto que um integrante ativo, certo?

Em minha tenra idade – quinze anos recém completados para ser mais exata –, compreendia muito bem que não me encaixava com o que denominariam como padrão adolescente americano nos filmes.

E eu, em toda minha limitada sabedoria, tentava lidar com uma questão pertinente sobre qual fanfic escolher para ler e conciliar com a atenção que estava disposta a dar. Do meu lado, a também membro desse estágio não muito fácil, Nora – minha melhor amiga – tagarelava sobre uma prova feita no dia anterior e que, a custo, desejava arduamente esquecer.

Normalmente, em um sábado, tudo que seu cérebro carecia, além de descanso e distração, era não lembrar da rotina escolar, exceto se estiver com o fim de semana tomado pelos estudos, uma circunstância mais característica de universitários.

Cada parágrafo lido, eu intercalava entre escutar sobre Nora argumentando contra o procedimento ultrapassado do ensino.

Ela tinha um problema de que, se começasse a falar, como uma boa porcentagem das pessoas, não parava mais, somente para respirar e recuperar a linha de raciocínio – na velocidade em que se expressava e a quantidade de palavras articuladas, o mínimo a ser feito, certamente, deveria ser tomar fôlego. Até torcia para que ela calasse a boca. Claro que talvez não seja a pessoa mais indicada para afirmar aquilo, porém, não anulava a lógica toda. Adorava a companhia dela, só que, no momento, queria ler a fic na paz, sem ninguém atrapalhando.

“S/N resfolegou, surpresa com a declaração, mas sem saber como expressar a reciprocidade.”

Fanfics serviam como um entretenimento gratuito e divertido para desanuviar a mente, embora, no atual evento, não tinha como prestar atenção nos acontecimentos descritos.

Fechei o navegador do celular com o pouco de paciência que me sobrou e antes que espumasse – não literalmente, claro. Lutei contra o sono com a mudança abrupta de assunto, indo de provas bimestrais para misticismo, algo que ela amava mais que os chás naturais e doces. Gosto de me inteirar com os hobbies dela na medida do possível, mas quando a preguiça ataca, é inevitável me perder em distrações supérfluas, na projeção de vôo de uma mosca, por exemplo. E foi exatamente o que ocorreu: mentalizei o que li da fanfic do meu atual amor e vício, Boku no Hero Academia. Vaguei nesse terreno desconhecido, imaginando-me no lugar da protagonista, obviamente que não sendo tão idiota em certas cenas e tomando decisões mais sensatas.

Sem perceber, involuntariamente, fixei atenção no porta-retrato sobre a escrivaninha, nele havia uma fotografia comigo e minha falecida avó – Margaret Consttock. Eu tinha nove anos e ainda lembro de cada detalhe do dia e, quase como uma resposta imediata à memória revivida, meu coração se apertou duramente. Vovó Margo morreu há pouco mais de dois anos e, por mais que omitisse até para mim mesma, ainda doía a perda.

Éramos inseparáveis.

Toquei o medalhão com qual me presentearam com suavidade, ele outrora pertenceu a ela e passou direto para mim como herança, inclusive meu próprio nome originou da pedra vermelha afixada nele: Skarlet. Vovó brincava dizendo que o pingente possuía magia e que precisava crer para que funcionasse, claro que, na minha ingenuidade infantil, acreditava piamente nisso.

Entretanto, se fosse realmente detentor de algum poder oculto, teria usado para não deixar que ela partisse.

No fim das contas, foi um conto de fadas bobo.

Chacoalhei a cabeça, afastando as lembranças dolorosas e retornando ao presente com o olhar preocupado e inquisitivo de Nora.

– Está tudo bem? – perguntou gentilmente.

– Ah! Sim. – acenei positivamente, desviando o olhar. – Estava distraída.

– Eu notei – riu. – Eu vi que lançou o último episódio da temporada de Boku no Hero, vamos assistir?

Assim como eu, Nora também se dedicava ao máximo para se interessar em meus gostos, compartilhando alguns hobbies comigo. De praxe, passou a vir assistir comigo todos os episódios do anime, desde que o apresentei, sem falta. E, ironicamente, o personagem favorito dela era o Bakugo, uma completa e absoluta antítese de tudo que minha amiga representava. Sendo um poço de calma, um anjo na terra, uma criatura dotada de virtudes; o oposto do biribinha, o mais puro dióxido de ódio, um cara raivoso, calibre de uma bomba instável.

É como dizem: gosto não se discute. Se lamenta.

Eufóricas com o episódio, iniciamos um debate de como seria legal adaptarem logo o próximo arco do mangá para desfrutarmos ainda mais da obra. Também comentamos sobre fanfics e que, um dia, escreveríamos juntas.

– Ei, Skye. Agora que temos o fim de semana livre, você viria comigo a um lugar? – deu o sorriso mais doce possível, mostrando um panfleto com entusiasmo palpável.

Tem algo muito podre nessa podridão.

– Sinto que vou me meter em outra enrascada.

– Ora, não seja pessimista.

– Pessimista? – franzi a testa com o comentário. – Esqueceu do cara do chá mágico? Da mulher que supostamente tinha poderes psíquicos?

Cruzei os braços.

– Foram pequenos percalços. – respondeu constrangida.

– Pequenos percalços é cair na frente do crush e fingir ter desmaiado para não ficar com mais vergonha, essas coisas que aconteceram foram problemas. E dos grandes.

Minha alusão fez sentido, apesar de ter soado ligeiramente absurda.

– Vai ser divertido.

Eu, em toda minha determinação inabalável, uma fortaleza impenetrável, um muro de convicção firme impossível de ultrapassar, respondi com toda a coragem aflorada em meu âmago e frieza calculista:

– Minha resposta é não.

×××

Acelerei o passo com a minha melhor amiga que cantarolava alegremente ao meu lado, enumerando as vantagens de nos conectarmos às estrelas e às forças especiais do universo para sabermos sobre nosso futuro e tomar a melhor decisão.

Ok.

Em minha defesa: Nora podia ser persuasiva quando queria – dissuadi-la, então, era uma árdua tarefa. E eu, como uma pessoa sensata e responsável... decidi que a acompanharia para que essa pobre criatura ingênua e descuidada não perdesse dinheiro e tempo à toa, até porque nós duas, adolescentes, éramos desprovidas de investimentos independentes da mesada que ganhamos dos nossos pais. Cuidar dessa cabecinha de vento seria minha prioridade.

Minha pequena e adorável Nora Harper tinha a mesma idade que eu, porém uns meses mais velha. Nos conhecemos quando atropelei ela sem querer enquanto aprendia a andar de bicicleta – uma lição dolorosa, diga-se de passagem –, o que gerou uma queda desastrosa para ambas, e desde então nos tornamos irmãs de consideração. Contudo, essa doce criaturinha possuía um senso crítico defasado e um estilo meio nonsense mítico e acreditava nas forças da natureza e na magia, teorias conspiratórias e essas balelas.

Isso não seria um problema, afinal, cada um com suas crenças, mas ser influenciada por essa fixação lhe transformava em alvo fácil para predadores. E por conta disso, acabava tendo que tirá-la de muitos apuros.

Eles estão aqui, concluí ao vê-los passear por entre nós.

Eles, aos quais me refiro, são figuras fantasmagóricas de tom avermelhado que vez ou outra surgem, não acho que tenham um real propósito além de perambular pelos cantos.

Bem esquisitinhos.

Isso é algo a se pontuar: manifestações fantasmagóricas faziam meio que parte do meu normal. Não que tivesse uma frequência de aparições nem nada, mas basicamente vejo uma ou outra dessas criaturinhas. Minha experiência com seres translúcidos e flutuantes teve início meses após a morte da minha avó, antes desse episódio trágico, nunca nem tive contato com o mundo sobrenatural – além da série de TV.

O trajeto, da minha casa até o bendito lugar do panfleto, não fora longo, nem deu tempo pra cansar, o que se tornou o único e solitário ponto positivo.

Chegando no local todo aromatizado com um odor adocicado, para criar a atmosfera que sugeria ser enigmática, e com pedras brilhantes de diversas cores penduradas no teto, lembrando aqueles tratamentos de luzes e cores que pareciam mais interessante na internet do que na prática, esses negócios ritualísticos encantadores que realizam.

Nora, todo alegrinha, seguiu para a recepção e me contou, de última hora, que já tinha marcado horário e apenas me convenceu a vir por ter medo — de encarar a situação sozinha.

Revirei os olhos.

Passei mais de trinta minutos pensando e me arrependendo de ter escoltado a guria para o consultório, bolando um plano mirabolante para escapar de fininho na maciota.

Poderíamos ser amigas de infância, termos frequentado as mesmas escolas e termos gostos vagamente similares, mas ela me arrastava para cada canto maluco.

Semana passada, ela chegou à conclusão que precisava de um chá especial para adquirir o potencial máximo de seu cérebro, que leu num site, para um teste que ela faria e fomos em busca das ervas onde Judas perdeu as botas só para depois descobrir que minha mãe cultivava as malditas ervas na nossa pequena estufa. Uns meses atrás, queria que eu arranjasse uma bota de neve — aqui nunca nevou — para sua preparação de quando o clima mudasse com os efeitos da poluição.

Suspirei aborrecida, reparando mais nas figuras rubras diáfanas rodeando o salão, mas prontamente ignorei. O pouco que sabia do que simbolizavam era que seriam espíritos errantes, semelhante a poltergeist talvez. Aparentemente, somente eu as enxergava enquanto o resto do mundo era cego diante deles.

Chorando por dentro, acompanhei até o salão em que se encontrava a vidente e apesar do aspecto exageradamente excêntrico da decoração, a senhora à nossa frente tinha trejeitos bastante normais.

Os fantasminhas agitaram-se como se nos recepcionassem.

– Você pode vê-los, não é? – a voz carregada de sabedoria pronunciou, atraindo nossa atenção. – Os Anunciadores estão inquietos, embora normalmente eles sejam pretos, os seus são particularmente exóticos.

Franzi a testa.

– Está falando comigo? – questionei sem entender. – Quem pediu a consulta não fui eu. Foi ela. – indiquei Nora que parecia apreensiva e curiosa.

– O que são Anunciadores? – Nora acomodou-se, claramente eufórica.

– São seres que atuam como vigilantes para que tudo que está escrito não saia do rumo. – a mulher me encarou fixamente. – Como o fato de virem aqui... Estava destinado.

– Olha, senhora... Não acredito muito nessas coisas. – respirei fundo, incomodada.

– Isso é incrível! – exclamou minha, facilmente empolgada, amiga.

– E você, – apontou diretamente para mim. – tem algo para ser feito, só você pode fazer... Se consegue enxergar os Anunciadores, significa que eles a escolheram. — com o olhar incisivo, franziu a testa. — Você é filha de dois mundos. Esse é o seu destino.

Tentei assimilar o que ela queria dizer com aquilo, mas achava, no mínimo, sem lógica e estranho, o que afetou um pouco meu humor.

— Claro, claro. Sou uma entidade superpoderosa que precisa decidir o destino da humanidade. — ironizei acidamente. — O que mais? Vou ser bem honesta, senhora... Acho que está sob efeito de alguma parada bem pesada, muito provavelmente dessa fumaça toda, e gostaria que não enchesse a cabecinha da minha amiga com suas loucuras...

— Skarlet! — Nora repreendeu. — Ouça tudo o que ela tem a dizer!

— Não. Isso é maluquice! Vai acreditar nela?

— Seu real propósito está além daqui. — a mulher continuou ignorando o falatório entre eu e Nora. — A verdade oculta por décadas precisava ser revelada.

— Sem querer ser rude, senhora… — antes que completasse a sentença, o pingente emitiu uma poderosa luz avermelhada enquanto os tais Anunciadores nos envolviam em frenesi.

— Encontre o caminho da verdade e isso a guiará para casa. — a vidente murmurou.

— Skye! — Nora gritou segurando firmemente minha mão à medida que a luz nos engolia.

A miríade de sensações explodindo sobre mim, a pressão indescritível e o calor abrasador me entorpeceram enviando descargas elétricas pelo meu cérebro. Mal podia entender ou sentir o que me rodeava. Mexi a mão em busca do aperto familiar e desesperado da minha melhor amiga, choramingando com a falta dele.

Não sei ao certo quanto tempo estive vagando no limbo dos meus próprios pensamentos sem qualquer noção, porém, assim que acordei, uma iluminação branca ofuscou meu enevoado campo de visão. Gaguejei num pedido cansado e rouco por água e prontamente fui atendida; a pessoa pacientemente me ajudou com a ingestão e murmurou com doçura:

— Não tema, você está segura agora.

Queria acreditar que sim e que as coisas se resolveriam num passe de mágica, no entanto, a dor trouxe a realidade dura e estupidamente dolorosa para esfregar na minha cara.

Pisquei para poder assimilar melhor as imagens e formas e foquei na figura esguia de cabeleira loira cujas roupas estavam quase perdidas em sua estrutura frágil e magricela.

Epa… Espera...

— Oh… Você é… — forcei a garganta a liberar a voz que estava sufocada pela secura. — Oh, meu… All Might!

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