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Vincent Hacker
Já se passaram 6 horas.
6 malditas horas que eu e Logan ficamos torturando esses vagabundos.
O porão escuro e abafado onde os mantínhamos era iluminado apenas por uma lâmpada pendurada no teto, lançando sombras irregulares nas paredes de concreto. O cheiro de suor, sangue e medo impregnava o ambiente.
O cansaço nos olhos deles era evidente, mas o medo de falar ainda era maior.
Logan passou a mão ensanguentada no rosto, limpando um corte que um dos desgraçados conseguiu acertar antes de ceder. Seus olhos azuis brilhavam com uma fúria contida. Ele não era tão impulsivo quanto eu, mas estava perdendo a paciência.
— Olha, eu já tô sem paciência pra essa merda — ele disse, puxando uma cadeira e se sentando de frente para eles. — A gente pode continuar isso por mais algumas horas, ou vocês podem facilitar pra vocês mesmos. Quem está no topo dessa porra toda?
Eu bufo de raiva, cruzando os braços.
A essa altura eu já tinha tirado minha camiseta e minhas mãos suavam dentro da luva de látex.
— Vocês não fazem ideia do que estão mexendo...
Antes que ele terminasse, dei um soco forte em seu estômago, fazendo ele se curvar e tossir violentamente.
-- Pare de desperdiçar meu tempo, seu filho da puta. — Eu vou perguntar só mais uma vez — minha voz saiu baixa, controlada, mas carregada de ameaça. — Quem lidera vocês? -- Eu aproximei meu rosto, trincando o maxilar.
Silêncio.
Fechei os punhos e me preparei para acertar mais um soco e vejo ele arregalar os olhos com a pouca consciência que lhe resta.
— Dylan! — A voz dele era um sussurro. — O nome dele é Dylan... Por favor...
Troquei um olhar rápido com Logan.
— Dylan quem? — pressionei, me inclinando para mais perto. — Qual a conexão dele com vocês?
— Dylan Butler. Ele é o chefe. Mas isso não é só um roubo... — Ele fez uma pausa para respirar fundo. — É uma facção... Mas eu não faço parte dela, eu juro!
Estalo a língua e me afasto deles.
É tão covarde que tenta se livrar da culpa sozinho.
— Desviar as bebidas era só um pedaço do esquema. A Star Brew é apenas uma peça no tabuleiro.
Esfrego o rosto e olho para Logan.
Ele parece ver meu cansaço e dá um aceno de cabeça. É o sinal de que posso ir e deixar tudo nas mãos dele.
Confio em Logan de olhos fechados e pernas atadas.
Eu dou as costas para sair daquele lugar imundo.
— Vocês mexeram num vespeiro gigante — eu escuto um deles falar. — Dylan é um fantoche, mas um fantoche bem posicionado. Se vocês realmente querem derrubar essa organização, ele não é o último da cadeia. Ele responde para alguém maior, alguém que nem mesmo nós conhecemos. Mas eu posso dizer uma coisa... — Ele engoliu seco. — Vocês não vão querer mexer com eles. Porque quando eles descobrirem que estamos falando, vão nos matar. Vão matar vocês. Vão matar qualquer um que estiver no caminho.
Reviro os olhos enquanto fecho a porta, abafando os gritos daqueles porcos.
Logan vai cuidar deles com exclusividade.
Eu só preciso de um banho e um bom uísque.
Caminhei pelo corredor estreito e úmido do porão, sentindo a tensão ainda pulsar nos meus músculos. Minhas costas estavam rígidas, os nós dos dedos ainda latejavam da força dos golpes.
Mas nada disso importava. Eu tinha um nome.
Um alvo.
Dylan Butler.
Subi as escadas lentamente, sentindo o cheiro de sangue e suor ainda impregnado em minhas narinas.
Quando empurrei a porta de metal e saí para o ar frio da noite, inspirei profundamente, tentando afastar os resquícios daquele interrogatório brutal.
O silêncio da madrugada contrastava com o caos que deixei lá embaixo.
Caminhei até meu carro, puxei um cigarro do bolso e o acendi com mãos firmes. A nicotina queimou minha garganta, mas a sensação foi um alívio momentâneo.
O nome de Dylan Butler girava na minha mente como um parasita. Ele era um fantoche, segundo aquele miserável. Mas fantoches não operam sozinhos. Alguém mais estava puxando os fios, e esse alguém tinha muito mais poder do que imaginávamos.
Peguei o celular e disquei o número de Victor. Ele atendeu no terceiro toque.
— E aí? — Sua voz carregava o tom seco de alguém que já esperava notícias ruins.
— Temos um nome. Dylan Butler. Mas a história vai além do que imaginávamos. Isso não é só um esquema de roubo, Victor. É uma facção criminosa inteira usando a Star Brew como um dos modos de conseguir produtos mas há muito mais.
O silêncio do outro lado da linha foi pesado. Eu sabia que ele estava digerindo as informações.
— Um ex funcionário. Puta merda... — ele murmurou por fim. — E o que mais conseguiram?
Joguei a ponta do cigarro no chão e o esmaguei com a ponta da bota.
— Dylan é só um intermediário, aparentemente. Quem realmente está no comando ainda está nas sombras. Mas quem quer que seja, não hesita em matar para manter isso em segredo. Eles sabem que estamos atrás deles. E isso significa que, a partir de agora, estamos no radar deles também.
Victor soltou um suspiro cansado.
— Isso complica as coisas. — Sua voz estava mais grave. — Precisamos descobrir quem está acima de Dylan antes de darmos o próximo passo. Você acha que esses desgraçados lá embaixo sabem de mais alguma coisa?
Olhei de relance para a porta do porão, onde os gritos abafados ainda ecoavam.
— Logan está lidando com eles. Se houver mais alguma coisa pra arrancar, ele vai conseguir.
— Certo. Assim que ele terminar, mandem um recado. Nada que leve de volta até nós, entendido? — Victor fez uma pausa antes de continuar. — Preciso que descubra onde esse Dylan está. E rápido.
— Deixa comigo.
Desliguei o telefone e entrei no carro, jogando o celular no banco do passageiro. Liguei o motor e saí dali sem olhar para trás.
Minha cabeça estava latejando, mas eu sabia que não teria descanso tão cedo.
A cidade passava como vultos iluminados pelos postes. Eu dirigia sem destino fixo, apenas sentindo a adrenalina se dissipar aos poucos.
Mas a cada quilômetro, a verdade se tornava mais clara: estávamos lidando com algo muito maior do que simples desvio de cargas.
Quando estacionei na garagem do prédio relaxei no banco do carro, criando coragem para caminhar até meu apartamento.
Estou cansado pra caralho.
Esfrego meus olhos e olho ao redor dentro do carro.
Tudo calmo.
Mas algo me chamou atenção.
Uma marca de pé no meu banco?
Que nojo do caralho. Como eu não vi isso antes?
Analiso melhor e vejo a marca nítida de dedinhos pequenos.
Aquela garota.
Suspiro, penteando meus cabelos para trás.
Aquela garota esquisita pra caralho...
Pequena demais para uma adulta, estranha demais para uma criança.
Sofia, Soso... —ou pelo menos era assim que dizia se chamar.
De longe uma das criaturas mais sem noção e idiota que já conversei na minha vida.
Ela parecia tão infeliz nessa realidade e feliz no seu mundinho, no fundo, eu acho que eu também queria ser assim.
Idiotice.
Tenho que focar em algo que realmente importe.
Tenho que focar em achar o filho da puta do Dylan
O nome da empresa vale mais que qualquer garota idiota e estranha.
Qualquer sofrimento é problema dela, não meu.
Eu já fiz uma boa ação. Não sou bondoso e nem bom samaritano.
Chega de idiotices.
Em menos de 24h vcs estão batendo as metas e eu fico igual louco indo escrever os capítulos 🤡
500 comentários e 45 votos, beijos
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