2.13 - loyalty
CAPÍTULO TREZE; lealdade
CAPÍTULO REVISADO
POV'S AUTORA
MAELLA ABRIU A porta dos aposentos de Lucerys, sorrindo.
Havia acordado muito animada aquela manhã. A garota se aconchegou em Jacaerys durante a noite e acordou cedo, para se esgueirar para seu quarto.
Encontrou uma Davinne furiosa e preocupada em seus aposentos, mas que parecia chateada demais – com alguma coisa – para brigar.
A garota tomou seu café dá manhã tranquilamente e em seguida tomou um longo banho.
A única parte esquisita de sua manhã foi quando implicou com uma essência de banho nova, vinda diretamente de Essos. O cheiro forte quase a fez vomitar na banheira.
A Velaryon franziu as sobrancelhas ao ver seu irmãozinho deitado na cama e o quarto incrivelmente escuro.
— Bom dia! — A mais velha foi até as cortinas do quarto, as abrindo. Lucerys resmungou quando sol atingiu seus olhos. — O dia tá lindo! Vamos levantar? — Ela se virou para o garoto, o vendo se esconder em baixo das cobertas. — Eu estava pensando em irmos pintar, ou voarmos com Veenrax e Arrax, o que você acha?
— Eu prefiro ficar deitado. — O Velaryon respondeu, sua voz saindo abafada pelas cobertas acima dele.
Maella franziu as sobrancelhas e foi até a cama, puxando as cobertas para ver o mais novo.
— Maella! — Ele exclamou em protesto.
— O que houve?
— A vida é horrível. — Lucerys retrucou, enquanto se arrastava para a ponta da cama, colocando sua cabeça de fora, de um modo que ficasse pendurado de cabeça para baixo. — O mundo é sem graça e desprezível. Não há motivos para viver.
— Você poderia ser um ótimo poeta. — Maella brincou, enquanto cutucava as bochechas do mais novo. — Embora, acho que se daria melhor como um pintor.
Lucerys a encarou, sua boca fez um adorável beicinho.
— A Davinne não me quer mais. — O Velaryon fungou. — Ela disse que não podemos mais ficar juntos, porque eu sou noivo. — Maella se sentou no colchão, observando seu irmão se ajeitar na cama, colocando sua cabeça em seu colo. — E eu amo ela.
— Eu sei. — Maella fez carinho nos cabelos pretos de seu irmão. — Desculpe, não sei o que lhe dizer.
— Não diga nada. — Lucerys suspirou. — Apenas pegue bolo para mim, deixe que eu afogue minhas mágoas comendo. — O garoto apontou para a mesa do quarto. — Bem ali.
O Velaryon se sentou na cama e Maella se levantou.
A garota torceu o nariz ao ver a mesa cheia de pratos com migalhas de bolo.
— Que bagunça, Luke! — A mais velha repreendeu, ouvindo Lucerys gemer em resposta.
— Eu estou triste! — Ele se defendeu. — Quem entrou no meu quarto triste foi você.
Maella revirou os olhos, enquanto se aproximava da mesa.
O cheiro da mesa fez a Velaryon se segurar na cadeira. Era doce, tão... Tão doce que o café dá manhã de Maella ameaçou subir pela garganta.
— Esse bolo é de que? — Maella perguntou, engolindo seco.
Lucerys franziu as sobrancelhas, observando sua irmã parecer mais pálida.
— Bolo de limão. — O mais novo respondeu. — O Daemon me fez ficar viciado nele, é horrivelmente bom.
O garoto arregalou os olhos ao ver ela colocar a mão na boca.
— Você tá bem? — Luke perguntou.
— Acho que vou vomitar. — Maella deu alguns passos para trás.
O cheiro estava estranhamente forte, o bolo estava intocado na mesa, mas na visão de Maella, era como se ele estivesse embaixo de seu nariz.
A Velaryon piscou seus olhos, sentindo um nó se formar em seu estômago.
Ela não viu quando Lucerys se levantou, apenas notou quando o garoto segurou seus ombros e a levou até sua cama, a fazendo se sentar.
— Quer que eu busque alguma coisa? — O Velaryon perguntou, parecendo realmente preocupado. — Água? Ou-ou alguma outra coisa?
— Não... — Maella respondeu, enquanto colocava suas mãos no joelho, se apoiando. A mais velha respirou fundo, tentando afastar a sensação ruim em seu corpo. — Vou ficar bem, — Ela se levantou. — eu tenho que me preparar... Vou ver a Veenrax daqui a pouco.
Lucerys franziu as sobrancelhas.
— Não vai não. — O garoto negou. — A não ser que queria vomitar em cima dá Veenrax. — O mais novo pegou a mão de sua irmã – rapidamente notando o quão úmidas estavam – e a passou por seus ombros, a fazendo se apoiar nele. — Venha, vou te levar para o seu quarto, precisa descansar.
— Você nem trocou de roupa.
— Vejo isso depois.
Davinne passou as mãos freneticamente por uma mecha de seus longos cabelos, enquanto seus olhos azuis observavam a cama bagunçada de Maella.
Ela encarou com nervosismo o lençol perfeitamente branco da cama.
Perfeitamente branco. Não havia sequer uma gota de sangue ali, não havia nada.
A Arryn negou silenciosamente e se forçou a contar novamente.
Ela soltou um suspiro trêmulo, quando viu sua conta bater novamente. As regras da Princesa deveriam ter vindo aquela manhã, como sempre faziam desde que a garota floresceu.
Mas pela primeira vez, não havia absolutamente nada, além do terrível lençol muito bem branco.
Davinne deu um pequeno pulo quando a porta do quarto foi aberta.
Lucerys parou bruscamente – com Maella ainda se apoiando nele – quando seus olhos pousaram na Arryn.
Ambos engoliram seco.
Maella se desvencilhou de seu irmão e caminhou para a cama, totalmente alheia ao clima entre os dois mais novos.
A Velaryon se jogou em seus lençóis e rastejou para baixo das cobertas. Ela apertou os olhos com força e soltou um suspiro, sentindo seu estômago doer com o mal estar.
— Ela passou mal no meu quarto, achei melhor trazê-la para descansar. — Lucerys cruzou os braços, vendo Davinne concordar.
— Eu não passei mal, aquele bolo... — Maella parou de falar ao sentir a ânsia de vômito bater em seu estômago com o mero pensamento do bolo. — Ele deve estar estragado.
— Estragado? — O Velaryon arqueou uma sobrancelha. — Ele foi feito está manhã, está fresco!
O garoto foi até o divã azul do quarto, onde se acomodou.
Davinne foi até a mais velha, preocupada.
— O que está sentindo? — A Arryn perguntou.
Maella torceu o nariz ao ver os olhos azuis de sua amiga nublados com preocupação.
— Já disse que estou bem! — A garota respondeu. — Apenas me senti enjoada com aquele bolo de limão. Foi a mesma coisa com aquela essência nova de Essos.
— Não faça pouco caso. — Lucerys protestou. — Você ficou branca como uma pérola e quase vomitou no meu quarto. — Enquanto falava, a testa do Velaryon se franziu lentamente. — Engraçado, mamãe odiava o cheiro desse mesmo bolo quando estava grávida do pequeno Viserys... — O Velaryon pensou alto, apenas para ver Maella se sentar rapidamente na cama e Davinne virar seu rosto para o encarar.
Os olhos das duas carregavam coisas diferentes.
Os olhos violetas de Maella estavam inundados com confusão, enquanto os de Davinne pareciam receosos.
— Retire o que disse.— A Velaryon riu, nervosa. — Nem brinque com algo assim.
Lucerys arqueou uma sobrancelha.
— Mas eu não estou sugerindo nada.
O garoto observou a Arryn brincar com uma mecha de seu cabelo enquanto encarava a Velaryon. Ela só fazia aquilo quando estava preocupada.
— Tenho uma coisa para te contar. — Davinne murmurou para a mais velha. Seu olhar se voltou para Lucerys por um momento. — Mas eu não sei se é de bom tom dizer isso na frente de seu irmão.
Maella franziu as sobrancelhas e encarou seu irmão, vendo o mesmo confuso.
— Eu já ouvi muitas coisas que eu não queria, Lady Arryn. — Lucerys comentou do divã. — O que quer que diga agora, não vai me surpreender.
— Suas regras deveriam ter manchado a cama está manhã, mas pela primeira vez elas não vieram. — A voz ansiosa de Davinne saiu apressada e alta, nervosa.
Lucerys se remexeu no divã e encarou a mais velha, vendo Maella travar.
— E-essas coisas podem atrasar, não podem? — O garoto perguntou com a voz incerta.
— A da Maella não atrasa.
— Eu tomei o chá dá lua. — Maella murmurou, enquanto puxava seus joelhos para si, se abraçando.
Lucerys sorriu, aliviado.
— Apenas um gole, e aí caiu no chão. — O sorriso do Velaryon se desmanchou rapidamente.
— Mas que porra... Você não tomou todo o chá? — O mais novo se levantou do divã. — E, ai meus Deuses! — Maella piscou, enquanto observava o garoto andar pelo quarto, com as mãos na cabeça. — Puta que pariu, você tá grávida!
— Fala baixo! — Davinne pediu, fazendo o Velaryon parar. — Nós-nós não temos como ter certeza.
— Como não temos? — A mais velha viu as bochechas de Luke avermelhadas. — As coisas de mulher dela não vieram, e ela quase vomitou no meu quarto e você disse que ela quase vomitou antes disso!
— Isso não é certeza! — A Arryn exclamou, sentindo o calor das emoções subirem de seu pescoço até suas bochechas.
Davinne respirou fundo, tentando segurar sua respiração enquanto se virava para a Velaryon.
Maella parecia distante dali, enclausurada em seu próprio mundo. Seu rosto estava escondido entre seus braços, enquanto ela abraçava a si mesma.
Só quando ambos se silenciaram, puderam ouvir a respiração pesada da Princesa.
— Ella? — Lucerys a chamou, baixinho.
Não houve resposta. Maella não o ouviu.
Seu olhar caiu em Davinne, vendo o rosto preocupado da mais velha.
— Acho que fizemos ela entrar em choque. — Luke sussurrou.
— Com o escândalo que você fez, é provável. — A Arryn sussurrou de volta, com uma carranca em seu rosto.
Os dois caminharam até a cama, se sentando um em cada ponta do colchão.
Maella piscou uma, duas, três vezes.
Sua garganta secou completamente, deixando apenas o caroço da notícia entalado ali.
Aquilo não podia ser real, não é? A Velaryon sentia seu quarto girar em sua volta.
Mesmo com a pesada coberta em cima de si, sentiu seu corpo congelar.
O que faria? Sua respiração engatou na garganta, fazendo-a soltar um soluço. Isso não era o planejado.
Se deitou com Jacaerys para se livrar de Aemond, apenas para ser presa a outro homem?
Maella sentiu lágrimas pinicarem seus olhos, enquanto o pavor anestesiava todo o seu corpo, deixando uma sensação desesperadora de dormência.
Luke e Davinne se entreolharam quando as costas da Velaryon subiam e desciam, em soluços que a mais velha parecia se esforçar para esconder.
A Arryn respirou fundo e encarou Lucerys. O mais novo entendeu o olhar e concordou brevemente, enquanto se rastejava com cautela até sua irmã.
O toque gentil de Lucerys, parcialmente acalmou os pensamentos de Maella. O carinho em seus cabelos fez a mais velha procurar controlar a respiração.
— Talvez... — Davinne pressionou seus lábios. — Maella, eu gostaria de fazer algumas perguntas, e espero que você me responda com precisão.
Lucerys franziu as sobrancelhas.
— Quer fazer perguntas agora? — O garoto sussurrou.
— São muito importantes. — A mais velha sussurrou de volta.
Davinne apertou o tecido de seu vestido.
— Maella, você... — Ela mordiscou o interior de sua bochecha. — Você se lembra de sua... Primeira noite, com o Príncipe Jacaerys?
O Velaryon arregalou os olhos para a pergunta, vendo as bochechas dá Arryn serem lentamente tingidas de vermelho.
— Sim... — A mais velha sussurrou, Lucerys notou sua voz carregada de confusão.
Davinne suspirou e fechou os olhos por um momento.
— Certo... Eu vou te perguntar mais uma coisa. — A Arryn ponderou, não sabendo como fazer tal pergunta. — Q-quando vocês estavam juntos, na cama... — Luke foi rápido em desviar o olhar para o teto. — Veja bem, normalmente... Me disseram que, quando o homem está no calor do momento, ele... — Davinne sentia-se dentro de um vulcão. — Ele derrama uma-uma semente...
— Pelos Deuses! — O Velaryon exclamou. — Chega, não enrole mais do que já enrolou. — O garoto respirou fundo. — Maella, quando você e Jace dormiram juntos, ele... — Lucerys negou para si mesmo o que diria. — Ele terminou tudo que tinha, dentro de você?
Davinne o encarou, perplexa.
— O quê? Foi melhor do que o discurso sobre sementes! — O garoto sussurrou.
— Melhor? — A Arryn franziu as sobrancelhas. — O seu discurso foi grosseiro, isso sim! — A garota sussurrou de volta. — E impróprio!
— Essa conversa é imprópria! — Lucerys retrucou. — Falamos a mesma coisa, a diferença é que você usou palavras bonitas e enigmáticas!
— Parem já com isso! — Maella levantou seu rosto, o descobrindo para que os dois pudessem ver.
Os olhos violetas da Velaryon estavam vermelhos, assim como suas bochechas e ela parecia segurar um último soluço.
— Parem de discutir, por favor. — A garota passou as mãos por seus olhos, os secando. Maella fungou. — E sim, ele... — Maella desviou o olhar. — Ele terminou. Mas ontem não... Achei que tinha feito algo errado.
— Ontem? — Davinne franziu as sobrancelhas, vendo Maella a encarar, envergonhada. — Foi por isso que ele estava de bom humor no café da manhã?
— Se eu soubesse que isso melhoraria o humor dele, teria trancado você e ele em um quarto a dias. — Lucerys murmurou, recebendo um olhar repreensivo da Arryn. — Desculpe, mas você não sabe o que eu passei nessas últimas semanas.
— Deuses... — Os olhos azuis da Lady pararam em Maella, preocupados e compreensivos. — O que faremos? O que você fará?
— Eu não preciso saber disso agora. — Maella negou rapidamente, passando suas mãos pelo rosto. — Eu não quero saber disso agora.
— Mas você tem que saber disso agora. — Luke refutou. — O que está pensando em fazer? Vai contar para o Jace que ele vai ser pai?
— O quê?! — A Velaryon arregalou seus olhos.
— Maella, ele vai ser pai! — Davinne apoiou Lucerys. — Ele tem direito de saber que suas noites juntos obteve um fruto.
— Quer parar de falar metaforicamente? — O garoto resmungou, observando a Lady rolar os olhos.
— Eu não vou falar para ele. — Maella pressionou os lábios. — Isso o mancharia! Ele já é acusado de bastardia, imagine s-se descobrem que ele tem uma... Uma criança bastarda também! — Ela praticamente cuspiu as palavras.
— Não fale assim do meu sobrinho. — Lucerys resmungou baixo.
— Não chame assim. — A Velaryon sibilou.
— Mas é o que ele vai ser, se você decidir ficar com ele, ou ela. — Luke respondeu. — Você não pode escapar disso.
Maella encarou seu irmãozinho, vendo seus olhos verdes a encararem de volta com seriedade.
Ela sabia que ele tinha razão, o que tinha dentro dela cresceria o suficiente para que a Velaryon não pudesse ignorar.
E em breve, ninguém poderia negar o que logo cresceria no ventre da Velaryon, não importasse quantos vestidos bufantes ela usasse para esconder.
O pensamento fez Maella sentir vontade de vomitar novamente.
— Eu vou nadar um pouco. — Foi o que saiu dos lábios da Princesa.
Lucerys e Davinne a encararam, confusos.
— O que?
A Velaryon se levantou dá cama.
— Vou nadar. — Ela repetiu, enquanto caminhava até a porta. — E eu não quero nenhum de vocês dois falando sobre isso. Para ninguém.
E saiu de seus aposentos, batendo a porta com força.
— Ela descobre que vai ter um bebê e quer ir para a água? — Lucerys se virou para a mais velha. — Que ótima reação.
— Isso vai acalmá-la, e é exatamente o que ela precisa fazer. — A Arryn se levantou dá cama. — Eu sugiro que vá para o seu quarto, e coloque roupas adequadas.
— E você? Vai atrás dela?
— Não, eu vou buscar vinho. — Davinne respondeu, vendo o garoto rir.
— Acho que beber não é a resposta agora. — O Velaryon brincou.
A mais velha se virou para ele e colocou suas mãos em sua própria cintura. Lucerys quase deixou escapar um sorriso bobo ao ver a postura dela.
— É para fazermos um teste. — A garota respondeu, cruzando os braços. — Preciso de vinho e dá urina da Maella. — Luke fez uma cara de nojo. — Se eu misturar os dois e a urina permanecer clara, isso significava que ela de fato está esperando uma criança.
— Mas isso não faz sentido nenhum.
— No Vale, faz. — Davinne retrucou. — Me lembro bem das vezes em que as damas de companhia de minha mãe faziam quando... Possuíram intimidades com alguns criados do Vale Arryn.
— Então desde pequena você gosta de bisbilhotar? — A voz de Lucerys saiu brincalhona, e um sorriso doce pintava seus lábios.
— Sou uma observadora, Luke. — A mais velha o corrigiu. — Agora... Como eu disse, vá se trocar
E saiu do quarto.
Lucerys suspirou e se jogou da cama.
— Eu vou ser tio. — O garoto sussurrou para si mesmo. — E não vou poder contar para Jacaerys... Merda.
Jacaerys umedeceu os lábios, revezando o seu discurso mais uma vez.
Ele pediria desculpas, diria que era estúpido, desonrrado e que se ela quisesse, poderia e tinha o direito de bater nele.
Ou o dar de comida para sua dragão, mesmo que deseja-se que ela não o fizesse.
O Velaryon sorriu, nervoso ao avistá-la.
A garota sorriu de volta ao vê-lo.
— Jace! Bom dia. — A de olhos violetas comprimentou.
— Bom dia, Baela. — Jacaerys respondeu.
A Targaryen usava um traje de montaria azul, seus cabelos estavam soltos e rebeldes, como sempre. A de cabelos prateados apontou sua besta para o alvo de palha, e em seguida disparou a flecha.
Os dois estavam na área de treinamento, que estava incrivelmente sozinha. Parecia até que os Deuses queriam que ele contasse tudo a Targaryen.
Baela resmungou baixinho ao notar que não havia acertado o meio do alvo. Jace engoliu seco quando ela se virou para ele.
— Como posso te ajudar? — A mais nova perguntou.
— Na verdade eu gostaria de saber se eu poderia te ajudar em algo. — Jacaerys mordiscou o lábio por um momento, nervoso. — Qualquer coisa.
Baela franziu as sobrancelhas, mas lentamente um sorriso apareceu em seus lábios, como se estivesse tendo uma ideia.
— Você não vai gostar. — A Targaryen avisou.
Jacaerys a encarou confuso, quando a mesma caminhou até ele, a puxando para ficar em frente ao alvo de palha.
— Baela?
— Shhh, fique quieto. — A Targaryen mordeu o lábio, empolgada. — Será minha cobaia! Estou querendo fazer isso a tempos.
— Matar alguém?
A garota torceu o nariz e sorriu.
— Essa também é uma alternativa tentadora, mas não por agora. — Baela brincou. — Eu não mataria o herdeiro do trono, o meu pai ficaria furioso, e Nyra também.
Jacaerys viu Baela tirar uma perfeita maçã vermelha de dentro do bolso de sua roupa.
O Velaryon tremeu quando a mais nova posicionou a maçã em cima de sua cabeça e em seguida, se afastou.
— O que é que... Meus Deuses, abaixe isso! — Jace exclamou assim que Baela apontou a besta para ele.
— Não se preocupe! — A garota respondeu. — Eu tenho uma ótima mira.
— Você acabou de errar o alvo! — O Velaryon retrucou.
— Vou acertar dessa vez. — A Targaryen prometeu.
— Espere!
Baela bufou e abaixou a arma.
— O que é agora?
— Eu preciso falar com você sobre algo. — O garoto pediu, ansioso. — É muito urgente. — Baela levantou as sobrancelhas, indicando que ele continuasse. — Eu falhei com você, Baela. E peço desculpas por isso... — O garoto franziu levemente as sobrancelhas. — Na verdade eu não peço, por mais estúpido que eu esteja sendo, já que é você quem segura uma arma. — A Targaryen riu. Jacaerys respirou fundo. — O que você ouviu, naquele jantar em Kingslanding... É verdade. Eu e Maella realmente tivemos... Relações. — Baela piscou algumas vezes, antes de se virar, o dando as costas. — E foi errado, foi muito errado! Eu trai meu noivado, trai você e eu me arrependo sobre isso, mas não me arrependo de Maella, eu a amo, Baela. — O mais velho suspirou. — Eu realmente amo ela, e é por isso que não posso me casar com você.
A Targaryen se virou para o mais velho novamente e mirou sua besta, apertando o gatilho no exato momento em que Jacaerys fechou os olhos.
— Porra! — Jacaerys exclamou.
— Porra, acertei! — Baela elevou seus braços para cima e chacoalhou.
O Velaryon ofegou e abriu os olhos, enquanto muito lentamente dava dois passos para trás, vendo a maçã vermelha espetada por uma flecha.
— Você quase me matou!
— Não seja dramático. — Baela respondeu. — Eu sabia que acertaria, você nunca esteve em perigo.
— Baela, você ouviu o que eu disse?
— Que você tem um caso com a sua irmã? Eu já sabia disso, Jace. — A Targaryen sorriu, enquanto caminhava até o alvo, puxando a flecha que prendia a maçã. — O caolho insultou a Maella e você bateu nele, para a defender. Mas... Não foi como um irmão faria, foi como um amante, e foi isso que te entregou. — A mais nova deu de ombros. — Depois foi só ligar os pontos... O jeito como foi você quem a buscou para a petição de Driftmark, o jeito que vocês se encaram e, claro, — Baela riu. — o jeito que vocês quase destruíram Dragonstone porque estavam brigados.
Jacaerys estava... Confuso. Ela dizia aquilo tudo tão calmamente, como se estivesse contando uma história engraçada para ele.
— E você não quer... me bater? — O Velaryon perguntou. — Acho que você não entendeu o que eu disse.
— Eu entendi, Jace. — A cacheada limpou a maçã em seu casaco e, em seguida a mordeu. — E honestamente, não o julgo, sua irmã é muito bonita e... Se eu julgasse, então estaria sendo hipócrita.
Baela viu o garoto tombar a cabeça para o lado.
— Diga-mos que eu não vim para Dragonstone porque sentia saudades de meu pai. A avó descobriu alguns de meus casos em Driftmark. — A Targaryen riu ao ver Jacaerys arregalar seus olhos. — Ela ficou preocupada que eu perdesse minha virtude e me dedurou para o meu pai, ele não achou a história engraçada, então eu vim para cá.
— Oh. — Foi a única coisa que Jace disse.
— E assim como você, não me arrependo também. — A mais nova viu o Velaryon sorrir. — Mas aprecio sua sinceridade comigo.
— E eu aprecio a sua comigo.
Baela mordiscou o lábio.
— Mas, me conte... — A Targaryen abriu um sorriso maroto. — Foi tão bom assim parar querer anular nosso noivado? — Jacaerys sentiu suas bochechas esquentarem.
— Baela, que tipo de pergunta é essa?!
— Ora, estou curiosa! — Baela riu. — Digo, deve ter sido muito bom, você parecia contente com o nosso noivado.
— Foi ótimo falar com você. — O Velaryon a deu as costas. — Eu preciso... Voltar para os meus estudos, mas obrigada por entender!
Tudo o que ele pode ouvir foi uma risada alta, propositalmente feita para que ele ouvisse e se sentisse mais envergonhado.
Maella arrastou sua mão pela mesa pintada, parando em frente onde dizia "Driftmark".
A garota suspirou pesadamente.
A Casa Velaryon era uma das Casas mais respeitadas de toda Westeros, e um dia seria dela.
E ela já havia estragado tudo.
Maella sabia perfeitamente que era merecedora de Driftmark. Conhecia tudo sobre o mar, sobre como navegar em águas turbulosas, como comandar um navio e havia recebido a benção de seu pai e avô sobre a garantia de sua herança.
Mas agora, o medo de uma possível criança a assustava, fazendo-a duvidar se conseguiria fazer aquilo.
Ela seria a primeira mulher a herdar uma Casa tão grande, e já havia manchado sua herança com uma criança bastarda?
— Você está aí! — Maella elevou seu olhar ao ouvir a voz doce de sua mãe. — E está molhada, como sempre. — A mais velha brincou.
Maella sorriu timidamente. Havia acabado de sair da praia, onde ficou sentada na beira da água, deixando que ela molhasse seu vestido, enquanto pensava.
Aquilo havia a acalmado um pouco, pois depois de um tempo, parou de chorar.
Mas seus olhos ainda estavam vermelhos, o que foi notado por Rhaenyra.
— O Serpente Marinha irá morrer, não é mesmo? — Maella perguntou baixinho.
Oh, então era isso. Rhaenyra suspirou levemente. Ela estava preocupada com o avô.
— Maella...
— Não posso ser a Senhora das Marés. Não posso ser a primeira a fazer isso! — A garota negou, enquanto se afastava da mesa. — O vovô foi o maior marinheiro que já existiu. Eu... Eu nunca farei um feito tão grande quanto os dele, — Maella mordiscou o interior de sua bochecha. — vou o decepcionar, vou decepcionar toda a Casa Velaryon! Eu vou estragar tudo! — A Velaryon viu sua mãe se aproximar. — É muita coisa, mãe... Não sei se... Eu sei que seria boa, mas não sei se seria perfeita. Eu seria a primeira mulher a ser a Senhora das Marés, todos vão querer que eu faça tudo certo mas... — Maella prensou seus lábios. — Driftmark deveria ser repassada para Lucerys, como a tradição sempre apontou.
— Se fosse assim, então quando meu pai morresse, Aegon seria o rei. — Rhaenyra respondeu, simplesmente. — Não escolhemos nosso destino, Maella. Ele nos escolhe.
— Viserys deixou você escolher se seria herdeira dele. — Maella retrucou. — Você nos contou isso.
Rhaenyra sorriu.
— E você quer saber a verdade? — A mulher perguntou, enquanto ficava ao lado de sua filha. — Eu estava apavorada. — Maella abaixou o olhar para suas mãos, brincando com seus dedos. — Quando meu pai me disse que eu seria a Rainha, fiquei apavorada, porque serei a primeira mulher a se sentar no Trono de Ferro, e nenhuma antes fez isso. — A Targaryen suspirou, se lembrando. — Eu tinha... Quatorze anos na época. Eu não estava preparada para ser a rainha dos Sete Reinos, muito menos ser a primeira. Mas... Era o meu dever. E, com o tempo, entendi que eu tinha que merecer a minha herança. — Rhaenyra segurou as mãos de sua filha, fazendo-a voltar sua atenção a ela. — E você, minha querida, merece sua herança. Eu não vejo ninguém mais qualificado que você para isso.
— Eu não sou como você.
— Em que sentido, minha filha?
— Eu não sou tão... — A Velaryon suspirou. — Perfeita.
Rhaenyra sorriu docemente, enquanto se aproximava mais de sua menina.
Suas mãos soltaram as mãos dá mais nova, apenas para ir até às bochechas da garota, onde fez um leve carinho ali. A Targaryen soltou uma risadinha, enquanto se aproximava mais, para beijar a têmpora da Velaryon.
Maella relaxou sobre o toque, fechando os olhos.
Ela amava sua mãe, a admirava profundamente.
— Sou tudo, menos perfeita. — Rhaenyra respondeu, assim que parou de beijar o rosto de sua menina. — Você será uma excelente Senhora das Marés, eu nunca conheci ninguém tão dedicada ao mar como você. — A Targaryen afastou uma mecha do cabelo da garota, a colocando atrás dá orelha. — Você é tão bonita, e tão esperta, e me dói saber que você não se acha boa o suficiente. — Maella colocou suas mãos sobre as mãos de sua mãe. — A Casa Velaryon tem sorte de te ter como herdeira.
— Mãe... A senhora também ficou assustada quando teve Jacaerys e eu? — A pergunta saiu tão baixinha dos lábios de Maella, que ela só notou o que disse quando Rhaenyra a entregou um meio sorriso.
— Claro que sim. — A Targaryen respondeu. — Eu tinha... — A mulher apertou seus olhos, tentando se lembrar. — Dezessete, a idade que você tem agora.
— Deve ter sido horrível.
— Foi uma felicidade, na verdade. — Rhaenyra fez carinho nas bochechas da garota. — Eu estava sozinha, só tinha Laenor e... Sor Harwin. Meu pai estava muito ocupado com Alicent, e todos pareciam muito contentes com a possibilidade de Aegon ser nomeado herdeiro. — A mulher umedeceu os lábios. — Claro que, quando eu soube, tive medo... Sua avó faleceu no parto, e eu não tive ela para ficar comigo na hora. — A lembrança de Aemma era uma grande dor em Rhaenyra, pois Maella viu os olhos violetas de sua mãe inundarem em lágrimas. — Mas... Quando eu vi você e Jacaerys... — Rhaenyra suspirou, emocionada. — Foi a melhor coisa do mundo. Eu não estava mais sozinha, eu tinha duas lindas crianças — Maella sorriu quando a mulher apertou uma de suas bochechas. — para ficar ao meu lado. Vocês foram a minha primeira alegria, depois de muito tempo, Maella.
A Velaryon sentiu seus olhos arderem, pelas palavras da mais velha.
— Ah, minha menininha... — A Targaryen foi rápida em a puxar para um abraço. — Shhh, não chore, tudo ficará bem. — Maella escondeu seu rosto nos cabelos prateados da mais velha. — Você será ótima, eu sei que será. Você será uma ótima Senhora das Marés.
Rhaenyra não sabia que sua filha não chorava por aquilo, e Maella não a contaria, não agora.
— Eu te amo. — A Targaryen murmurou, enquanto beijava os cabelos castanhos da mais nova. — Minha garotinha linda.
— Eu também te amo, mãe. — A Velaryon murmurou de volta.
A voz embargada da garota fez Rhaenyra a apertar mais forte no abraço.
— O meu pai cuidou de mim e ajudou a me preparar para minhas obrigações. — A Targaryen a afastou levemente, apenas para encarar os olhos de sua filha. — A sua mãe fará o mesmo por você.
Maella acenou, enquanto um pequeno sorriso se formava em seus lábios.
— Bom dia, Princesa. — Sir Lorent interrompeu o momento, fazendo as duas o encararem.
— Majestades. — Dolous os reverenciou com educação.
— Bom dia, Sir Lorent e Sir Dolous. — Rhaenyra respondeu.
— A Princesa Rhaenys acaba de chegar em um dragão. — A informação de Sir Lorent chamou a atenção de Maella. — Ela solicita uma reunião com a senhora e o Príncipe Daemon.
Os olhos violetas da garota caíram em sua mãe. Rhaenyra sorriu, a reconfortando.
— Sir Dolous, poderia fazer a gentileza de levar a Princesa Maella até seus aposentos? — A Targaryen perguntou, recebendo um aceno rápido em resposta. — Não quero que receba sua avó nesse estado.
A Velaryon riu e concordou.
— Podemos ir. — Maella pediu, andando até o Crackehall.
E assim, ambos saíram da sala da mesa pintada.
O caminho até o quarto foi silencioso e lento, tudo que se podia ser ouvido eram os passos dos dois.
Assim que chegaram na porta, o Crackehall a abriu, e fez um gesto cavalheirismo para que ela entrasse.
Maella o entregou um sorriso pequeno, antes de adentrar nos seus aposentos, sendo seguida pelo mais velho.
— Antes que vá se trocar, podemos conversar? — O homem perguntou, gentil.
A Velaryon se virou para ele e concordou levemente.
— Aconteceu alguma coisa, Dolous?
O mais velho pressionou os lábios.
— Eu não quero que me entenda mal, ou que fique constrangida... Quero dizer que não é a minha intenção. — O Crackehall começou. — Eu sei que você e o Príncipe Jacaerys possuem um relacionamento. — Maella arregalou os olhos e abriu a boca, pronta para protestar sobre. — Eu não... — Dolous levantou a mão, negando levemente. — Eu não direi nada sobre isso, a ninguém. Não se preocupe, não me meteria em algo que não me diz respeito. — Ele franziu as sobrancelhas. — Os Targaryen tem costumes estranhos... Vim para Dragonstone sabendo disso.
Maella mordiscou o lábio.
— Não deveria ter acontecido, mas aconteceu. — A Velaryon respondeu, um pouco envergonhada sobre o assunto. — Tentamos evitar isso, eu e ele.
— Está tudo bem, você não me deve satisfações.
— Eu sei, mas quero que entenda o que estou dizendo. — Maella respondeu. Suas mãos passaram ligeiramente por sua barriga e quadril. — Nada disso foi planejado, acredite.
— Acredito em você. — Dolous sorriu. — Está tudo bem, Maella... Mas, acho que não conseguirei continuar te beijando mais. — A Velaryon riu.
— Está terminando comigo?
— Não quero ofender você. — O Crackehall sorriu, um pouco nervoso. — De verdade.
A mais nova foi até o mais velho, o puxando para o abraço.
— Não me ofende. — Maella murmurou.
Dolous sorriu docemente e a abraçou de volta.
— Se fôssemos realmente francos, isso não poderia se estender mais do que já se estendeu. — O Crackehall a afastou levemente, apenas para a encarar. — Eu gosto de você, mas isso... Não seria suficiente. Eu sei que não.
— Não diga isso...
— É a verdade. — O mais velho a interrompeu. — Minha Casa é pequena, não possuo fortuna, e nem um bom título. — Um sorriso triste pintou seus lábios. — Não poderíamos ir tão longe, e eu não lhe levaria para uma vida miserável. — A Velaryon apertou com carinho os braços do Crackehall. — Você merece mais, Maella.
— Eu gosto de você, Dolous.
— Mas você o ama. — O homem concluiu. — Tudo o que eu peço é que continue sendo minha amiga, peço que não se afaste. Para mim é um privilégio estar em sua companhia, minha Princesa. Vossa Graça é uma... Mulher encantadora.
Maella sorriu e concordou.
— Você é meu amigo, eu não me afastaria nem se você tentasse. — A Velaryon piscou para ele, a fazendo sorrir.
— ... E foi isso. — Maella terminou de contar a história, enquanto ajeitava as mangas de seu vestido uma última vez. — Agora eu e Dolous seremos apenas amigos.
Seu vestido era um vestido vermelho com mangas azuis, eram mangas longas e abertas com uma espécie de fenda, possuía alguns bordados delicados com fios de ouro, ele mostrava os ombros e vinha acompanhado de um cinto – também dourado – que ilustrava dois dragões.
Ele era muito semelhante ao vestido da adolescência de sua mãe, Rhaenyra havia encomendado especialmente para sua garotinha, com apenas alguns detalhes diferentes – como a manga azul.
— Isso é bom. — Davinne sorriu para ela, enquanto a abraçava por trás. Maella sorriu quando sua amiga beijou sua bochecha. — Temos um problema resolvido.
A Arryn viu os olhos violetas desviarem dos dela pelo espelho.
— Eu ainda não acredito que você fez eu fazer xixi para colocar no vinho. — Maella murmurou. — Esse teste é mesmo verdadeiro, Davinne?
A mais nova pegou uma escova e começou a pentear os cabelos castanhos de sua amiga.
— É claro que é, já disse. — A garota confirmou. — Com sorte, a urina não permanecerá clara e essa história se tornará nossa piada interna. — Davinne sorriu, enquanto colocava a escova novamente na penteadeira, apenas para pegar um pente cravejado de conchas e pérolas do mar.
— Mas e se ficar clara?
— Então... — A Arryn suspirou, enquanto posicionava o pente nos cabelos da Princesa. — Se você desejar essa criança, eu a encherei de presentes. — A garota brincou, vendo um sorriso quase imperceptível surgir nos lábios da Velaryon.
Assim que Davinne se afastou, Maella tocou o enfeite em seus cabelos, notando ser o presente de seu avô, que foi lhe dado em uma das últimas viagens em que ele havia voltado.
A garota suspirou com o pensamento. Se Rhaenys estava em Dragonstone, então ela trazia consigo notícias, Maella só não sabia se eram boas ou ruins.
A Velaryon passou a mão pelo vestido.
— Podemos ir? — Maella perguntou. — Quero vê-la logo. — Assim que viu sua amiga acenar, caminhou apressadamente para sair do quarto.
Estava ansiosa para ver sua avó.
Assim que saiu de seus aposentos, Maella apressou o passo pelos corredores, sendo seguida por Davinne.
Um grito estridente de dor fez as duas garotas pararem bruscamente no meio do corredor.
Suas sobrancelhas se franziram ao notar que parecia o grito de sua mãe.
— Parece a... — Davinne se interrompeu ao ver os olhos de Maella se arregalarem gradualmente, enquanto seus pés obrigaram a garota a correr desengonçadamente até a sala da mesa pintada. — Espera, Maella!
A Velaryon puxou seu vestido para cima, apenas o suficiente para que seus pés pudessem correr sem nenhum perigo de cair.
Mesmo assim, tropeçou uma ou duas vezes antes de chegar até a porta aberta do cômodo.
A primeira coisa que viu, foi sua mãe com uma mão apoiada na mesa, e a outra coberta de sangue.
Daemon estava ao seu lado, paralisado com o sangue nas mãos de Rhaenyra.
— Mãe? — Maella balbuciou.
Rhaenys se virou para sua neta, bem a tempo de ver Lady Davinne chegar e quase bater seu ombro no ombro da Velaryon – que se encontrava estática na porta.
— Sua mãe entrou em trabalho de parto, ela ficará bem. — A Targaryen foi rapidamente até sua neta, a segurando delicadamente pelos ombros. Rhaenys se virou para Daemon. — Precisa levá-la para o quarto, para que ela possa se preparar.
O Príncipe Rebelde pareceu acordar de seus devaneios, pois acenou para as palavras da mais velha.
— Mãe...
— Venha, querida. — Rhaenys pediu, enquanto virava sua neta para caminhar com ela. — Devemos ir até seus irmãos, sim? — A mulher olhou a Arryn, vendo a mais nova encarar Rhaenyra com pavor. — Lady Davinne, sabe onde está o Príncipe Joffrey?
— N-no berçário, provavelmente.
— Então vá para lá, e se certifique-se de que ele não saiba do que está acontecendo. — A Rainha que nunca foi pediu. — Não precisamos de uma criança apavorada agora.
— Claro, mas e a Maella...
— Cuidarei dela. — Rhaenys respondeu rapidamente.
Davinne acenou, antes de virar as costas e sair pelo corredor direto.
A Targaryen foi rápida em a tirar Maella dali também.
As duas seguiram pelo corredor esquerdo, enquanto a Rainha que nunca foi arrastava sua neta.
Rhaenys notou que a garota estava tremendo e a encarou, vendo os olhos violetas de Maella parados no chão.
— É muito cedo, não deveria estar acontecendo. — A Velaryon consegue sussurrar. — Ela não deveria estar sangrando, o que você contou a ela?
A mulher suspirou.
— Seu avô faleceu.
— Vovô Corlys?! — Os olhos de Maella lacrimejam rapidamente.
— Não, minha querida. — Rhaenys disse rapidamente, vendo a Velaryon colocar uma de suas mãos na boca, reprimindo um soluço. — O seu avô Viserys, ele morreu e com isso, usurparam o Trono de Ferro.
— Mas o Viserys nunca mudou de ideia sobre a sucessão!
— Maella, — Rhaenys parou, fazendo a garota parar também. — sua mãe é uma mulher.
Rhaenyra é uma mulher. Eles repudiaram a sucessão já estabelecida apenas porque ela não era um homem. Os olhos da Velaryon se suavizaram ao entender.
— Venha, sua mãe precisa de você e de seus irmãos.
E com isso, as duas foram para fora do castelo, chegando na entrada da praia, onde Luke e Jace costumavam treinar.
Rhaenys enrugou o nariz ao ver Lucerys caído na areia, enquanto Jacaerys parecia confuso, mas ainda ria da cena.
— Luke, eu nem estou tentando te derrubar! Qual o seu problema? — O Velaryon mais velho perguntou, vendo seu irmãozinho se deitar de bruços.
— Você não tem ideia. — Lucerys resmungou.
Era difícil se concentrar em uma briga quando o futuro pai do seu sobrinho estava te batendo e pior, você nem ao menos podia contar isso a ele.
Lucerys estava sufocando com a informação.
— Não seja tão duro com ele, meu Príncipe. — O Manto Branco que supervisionava os dois instruiu. — Para que ele possa aprender o que está tentando ensinar.
— Mas eu mal estou o atacando!
— Vossa mãe precisa vê-los! — Rhaenys chamou a atenção dos dois garotos, observando-os se virar para ela. — Vocês dois, venham!
Jacaerys franziu as sobrancelhas ao ver Maella ao lado da mulher. A garota estava pálida.
Ele foi o primeiro a se aproximar, sendo seguido por Lucerys.
— Está tudo bem? Você está bem? — Jace segurou o pulso da mais nova, fazendo um carinho discreto no local.
— Sinto que vou vomitar. — A garota sussurrou, enquanto prendia a respiração.
Jacaerys franziu as sobrancelhas enquanto Lucerys arregalou seus olhos.
Rhaenys saiu às pressas de Dragonstone, dizendo que buscaria Corlys para decretar apoio a Rhaenyra.
A Targaryen deixou seus netos no corredor dos aposentos de Rhaenyra e saiu.
Os três petrificaram no lugar por alguns minutos, apenas ouvindo os gritos de sua mãe.
— Ela precisa de nós. — Jacaerys foi o primeiro a dizer, enquanto forçava seus pés a andarem.
Maella e Lucerys se entreolharam, antes de seguir o irmão mais velho.
Os três adentraram no quarto rapidamente, encontrando Rhaenyra, Meistre Gerardys e as damas de companhia da Targaryen.
— Mãe? — Lucerys a chamou, vendo a mais velha se apoiar em um dos pilares do quarto.
O Meistre chamou os três para o seu lado.
— Merda! — Rhaenyra praguejou de dor. Ela não parecia ter visto seus filhos no quarto.
— Princesa. — O Meistre chamou sua atenção.
Rhaenyra respirou fundo, tentando afastar a dor de seu corpo e virou seu rosto para as três crianças.
— O avô de vocês, o Rei Viserys, faleceu. — A Targaryen contou.
— Viserys? — Luke parecia confuso. — Mas, nós o vimos vivo não tem nem um mês... — O garoto sussurrou para Maella.
— Os Verdes repudiaram a sucessão e reinvindicaram o Trono de Ferro. — Rhaenyra continuou, enquanto continuava respirando pesadamente.
Meistre Gerardys saiu às pressas do cômodo, deixando a família sozinha.
— Aegon foi coroado rei. — A Targaryen ofegou, enquanto massageava sua barriga.
Jacaerys engoliu seco.
— O que deve ser feito quanto a isso? — O garoto perguntou, sério.
Os olhos de Maella foram até o rosto de Jace. Ele estava com a mandíbula cerrada, seus olhos estavam marejados e começavam a ficar avermelhados pelo modo como ele segurava o choro.
Maella e Lucerys não pareciam muito diferentes dele no momento.
— Nada, ainda. — Rhaenyra respondeu ao seu filho mais velho.
Jacaerys passou seus olhos castanhos rapidamente pelo quarto, notando uma ausência ali.
— Onde está o Daemon?
— Eu não sei. — a voz de Rhaenyra embargou levemente. — Enlouqueceu. Foi planejar sua guerra. — A mulher murmurou, passando suas mãos por sua barriga.
Maella não parecia estar ouvindo a conversa, seus olhos estavam inteiramente concentrados em sua mãe, e na dor que ela estava sentindo.
Parecia como quando Joffrey nasceu, mas era pior. Era pior porque aquilo não deveria estar acontecendo.
As mãos de Maella tremeram, enquanto ela as segurava a frente de sua barriga.
Seus pensamentos a traíram e por um momento, ela se imaginou no lugar de sua mãe.
— Jacaerys. — Maella despertou de seus pensamentos quando Rhaenyra elevou sua voz.
O Velaryon parou na porta do quarto e se virou para sua mãe.
— Qualquer direito ao trono que me reste, você será o herdeiro. — Rhaenyra viu sua filha lentamente se virar para trás, observando Jacaerys. — Nada deverá ser feito sem o meu comando.
O Velaryon concordou, determinado.
— Leve Maella daqui. — Rhaenyra pediu. A Velaryon engoliu seco e voltou seu olhar para a mulher, atordoada. — Eu não quero que ela veja isso.
— Mãe, você não pode... Não vou deixar que passe por isso sozinha! — Maella murmurou.
Jacaerys desceu alguns degraus até onde Maella estava, segurando o braço dela com delicadeza.
— Não! — Maella se desvencilhou do mais velho. — Eu não vou deixar você!
— Você vai! — Rhaenyra exclamou, enquanto ainda se segurava no pilar. — Estou mandando. T-tudo ficará bem, você conhecerá seu novo irmãozinho em breve, deixarei que escolha o nome se for outro menino. — A Targaryen viu Jacaerys segurar novamente no braço de sua irmã e começar a puxar para sair com ele. — Vá, está tudo bem.
Maella deixou que Jace a levasse para fora do quarto.
Os passos do mais velho estavam apressados, comparados ao os de Maella, que tropeçava enquanto tentava o acompanhar.
Um gosto amargo impregnou sua boca, tão amargo que parecia uma tortura engolir sua própria saliva.
— Jace. — Maella murmurou, tentando o avisar.
O mais velho não a deu ouvidos, ao invés disso, continuou a puxando com ele pelo corredor.
O movimento a fazia balançar, o que fazia com que a ânsia de vomitar crescesse ainda mais.
Seu estômago doía e logo, a ânsia provocou reflexos, fazendo sua boca a trair e involuntariamente começar a se abrir, tentando expulsar o que estava a fazendo mal.
Jacaerys franziu as sobrancelhas quando sentiu Maella se soltar dele.
O garoto se virou, bem a tempo de ver Maella se curvar para baixo e vomitar.
O Velaryon foi rápido em ir até ela ao notar seu corpo tremer, ele a segurou com cuidado, temendo que ela perdesse o equilíbrio.
— Deuses... — Maella sentiu sua garganta arder, enquanto seu corpo a forçava a expelir seu café da manhã.
— Está tudo bem. — Jacaerys levou uma de suas mãos até os cabelos da mais nova, os segurando. — Vomite tudo. Está tudo bem, eu estou aqui.
E foi o que ela fez.
Em poucos segundos, o seu café dá manhã estava todo no chão. Maella apenas conseguiu parar de vomitar quando não havia mais nada em seu estômago.
— Se sente melhor? — O garoto perguntou, enquanto massageava as costas da Velaryon.
— Ela vai morrer? — Maella sussurrou, tombando sua cabeça para trás, encostando no ombro do mais velho. — A mãe vai morrer?
— Claro que não. — Jacaerys não hesitou em sua resposta. — Ela não vai morrer, ela vai ficar bem. — O garoto a virou gentilmente para ele. — Mae, a mãe já fez isso antes, ela vai ficar bem.
— Ela reafirmou que você é o herdeiro, ela está com medo. — Maella ofegou. Seus olhos marejaram e ela reprimiu um soluço. — Eu estou com medo.
— Tem a minha palavra de que ela ficará bem. — Jacaerys colocou suas mãos sobre os ombros da menor. — Eu prometo.
— Não pode prometer isso.
— Posso sim. — O mais velho retrucou. — É exatamente o que estou fazendo. — Jacaerys acariciou o ombro da garota, notando apenas naquele momento o quanto ela estava gelada. — Você se sente bem para caminhar?
— Se você não me fazer correr, sim. — Maella respondeu.
Jacaerys sorriu levemente e se inclinou até ela, beijando sua testa.
— Devemos ir. — Jacaerys viu Maella concordar. — Vou levá-la para o seu quarto, para descansar. — E ele tentou a virar para o lado contrário do corredor.
— Não. — Maella retrucou. — Devemos ir até Daemon, e assegurar que ele vá até a mãe, ela precisa dele. — Jace suspirou com suas palavras. — Jacaerys Velaryon, que os Deuses o ajudem se você tentar me arrastar para o quarto! — E bateu o pé no chão.
O mais velho revirou os olhos, enquanto um pequeno sorriso repuxava seu lábio.
— Você é uma criatura muito mimada. — Jacaerys murmurou, enquanto puxava a manga de sua blusa, limpando o canto da boca da garota.
— Pare, você vai ficar sujo.
— Lembra da vez que o pequeno Aegon vomitou no meu ombro? — Jacaerys riu pelo nariz. — Acredite, uma manga suja não é nada. — O garoto viu um pequeno sorriso no rosto de Maella. — Tudo bem, você vem comigo... Mas se eu notar qualquer sinal de desconforto, lhe levarei para o quarto imediatamente e que os Deuses lhe ajudem se você discordar de mim.
— ... Voarei até Riverlands para afirmar o apoio do Lorde Tully.
— Você não fará nada disso. — Jacaerys respondeu adentrando na sala, com Maella ao seu lado.
Os guardas e os Lordes presentes se viraram para os dois. Jacaerys arrumou a postura no mesmo minuto.
— Minha mãe decretou que nada será decidido enquanto está acamada. — Jacaerys continuou.
— Ela está chamando o marido. — Maella encarou Daemon, que não a encarou de volta.
— Que bom que está aqui, jovens Príncipes. — Daemon desconversou. — Precisamos que patrulhem os céus com o Vermax e a Veenrax.
— Você ouviu o que eu disse? — Jacaerys retrucou.
— Os corvos, Lorde Bartimos.
— Lorde Bartimos, experimente mandar algum corvo e vamos ver o que te acontece. — Maella viu o olhar assustado do mais velho sobre ela. — Ninguém fará nada.
— Estamos indo para uma guerra, Princesa. — Daemon se virou para a mais nova. — E isso deve ser visto o quanto antes.
Um grito alto e estridente invadiu a sala. Um grito de dor de Rhaenyra.
Maella cruzou os braços.
— Você não decide nada por aqui. — A garota o encarou de cima a baixo. — Engraçado, você é bom o suficiente para por o bebê dentro dela, mas é fraco o suficiente para não estar lá quando ele chegar? — Jacaerys e alguns Lordes a encararam pelo canto do olho. — Eu tenho pena de minha mãe por ter se casado com um frouxo igual você.
— Maella... — Jace sussurrou, em um pedido silencioso para que ela controlasse a língua.
O problema é que ela nunca controlou aquela língua em toda a sua vida.
Daemon caminhou até sua enteada, seus olhos transbordaram em raiva pelo insulto.
Ele parou na frente dela, com a mandíbula trincada, parecendo se controlar para não explodir em cima dela.
— Eu não serei útil estando lá.
— Eu não me importo. — Maella retrucou. — Você estará ao lado dela.
— Minha falecida esposa, Laena morreu em um parto, eu não conseguiria... — A voz de Daemon vacilou.
— Minha mãe não é a tia Laena. — A Velaryon franziu as sobrancelhas, antes de respirar fundo. — E eu não me importo se você está com medo, a minha mãe está com medo, e ela pediu você então eu garantirei que esteja lá. — Maella pressionou seus lábios. — Por favor, Daemon.
O Targaryen suspirou baixinho e elevou a cabeça, encarando a mais nova em silêncio.
— Você me lembra a sua mãe na juventude dela. — O lábio de Daemon repuxou, em um minúsculo sorriso. O homem encarou Jacaerys atrás dela, o vendo atento a qualquer movimento dos dois. — Boa sorte com ela, você vai precisar. — E passou pelos dois, batendo seu ombro com o de Maella.
Assim que os passos do Príncipe Rebelde se afastaram, a garota puxou a respiração, de certa forma, aliviada.
Jacaerys deu um passo a frente e apertou suas mãos.
— A reunião está cancelada. — O Velaryon ordenou, firme. — Como eu disse, nada será feito até a minha mãe decretar.
Os Lordes se entreolharam entre si, mas concordavam em um aceno silencioso.
Maella juntou suas mãos a frente de seu corpo.
Em uma coisa, Daemon estava certo. Eles precisavam ter certeza de quem apoiava Rhaenyra como a herdeira legítima, e de quem achava que o Usurpador era merecedor do Trono.
Eles precisavam saber se alguém de Dragonstone viraria seu manto contra Rhaenyra e sua causa.
— Convoque Sir Steffon. — Maella disse de repente, atraindo a atenção do Manto Branco presente. — Quero a nossa guarda real em Monte Dragão. — Maella comandou, vendo o mais velho concordar rapidamente, enquanto se retirava.
Ela se virou para Jacaerys, o observando confuso.
— Como meu irmão disse, a reunião está devidamente cancelada, Milordes. — Maella disse em voz alta, para que os mais velhos pudessem ouvir. A Velaryon se aproximou mais de Jace, colocando sua mão em seu ombro. — Daemon está certo sobre averiguarmos a lealdade das pessoas por aqui... Venha comigo, te mostrarei o significado de lealdade.
Jacaerys suspirou, enquanto observava os olhares confusos dos guardas para ele e Maella.
Entre eles estava Sor Dolous e Sir Steffon, e mais alguns mantos brancos.
Maella girou um de seus anéis em seu dedo, enquanto pensava no que iria dizer.
— Fizeram um juramento como cavaleiros da Guarda Real. — Maella os encarou, suas palavras saíram calmas mas firmes.
— Como todos que vestem os Mantos Brancos, minha Princesa. — Dolous respondeu, respeitoso.
— A quem? — A Velaryon perguntou.
— Primeiro jurei ao Rei Jaehaerys, minha princesa. — Sir Steffon contou. — E depois para sua majestade, o Rei Viserys, quando ele o sucedeu.
— Reconhecem a verdadeira minha de sucessão? — Maella pode ver pelo canto do olho os olhos de Jacaerys presos a ela.
— Sim.
— Sim, minha Princesa.
Maella olhou Jacaerys por um momento, vendo o garoto tenso porém em silêncio. Ele parecia começar a entender o que ela estava querendo fazer.
— Vocês de lembram — E se virou novamente para os guardas. — quem o Rei Viserys nomeou como herdeira, antes de sua morte?
— A Princesa Rhaenyra. — Um dos guardas respondeu por todos os outros.
Maella sorriu, um sorriso pequeno que beirava a ser um sorriso maldoso.
Ela estava se parecendo com o Daemon. O Velaryon apertou os olhos com o pensamento.
— Sou grata pelo longo serviço de vocês à Coroa. — Maella lambeu os lábios. — Vou conceder-lhes uma escolha.
Não demorou muito para que um rugido rompesse os céus.
Veenrax, a Princesa Vermelha sobrevoou sobre todos, antes de pousar graciosamente ao lado de Maella.
Aquilo parecia ter sido ensaiado por ambas.
É claro que ela ameaçaria eles com sua dragão. Jacaerys juntou suas mãos para atrás de seu corpo.
A dragão encarou o Velaryon e inclinou a cabeça para o lado, soltando uma bufada de ar. Ela parecia feliz em vê-lo, antes de voltar para sua pose intimidadora.
Alguns Mantos Brancos deram um passo para trás, inclusive Dolous. O Crackehall não se lembrava de quando se aproximou tanto da dragão.
— Façam novamente seu juramento à minha mãe como Rainha. — Maella pediu. Aquilo poderia ter soado educado, se não fosse a dragão vermelha ao lado dela. — E ao Príncipe Jacaerys como herdeiro ao Trono de Ferro. Ou... — Veenrax rugiu, ameaçadoramente. — Se apoiam os usurpadores, falem agora. E terão uma morte decente e honrada, muitos não terão essa dádiva. Mas se escolherem a traição... Se jurarem lealdade agora e depois virarem seus Mantos, saibam que morrerão... Gritando.
Jacaerys viu alguns guardas se entreolharem, parecendo não saber o que dizer, ou se deveriam ao menos se mexer.
— Novamente eu pergunto, quem é a legítima Rainha e seu legítimo Herdeiro?
Dolous deu um passo a frente e desembainhou sua espada da bainha.
— Eu, Dolous Crackehall, da Casa Crackehall juro proteger a Rainha, com todas as minhas forças. — O mais velho se ajoelhou, enquanto estendia sua espada em direção a Maella. — E dar meu sangue pelo dela. Não tomarei nenhuma esposa, não possuirei terras, não serei pai de nenhum filho, guardarei seus segredos, obedecerei seus comandos, andarei ao seu lado e defenderei sua honra. — Dolous se virou para Jacaerys, o oferecendo sua espada. — E quando a Rainha partir para os Sete Céus, daqui a muitos e muitos anos, a minha espada e a minha lealdade estarão com o Príncipe Jacaerys Velaryon, o herdeiro do Trono de Ferro.
O Velaryon não pode evitar de franzir as sobrancelhas para o Crackehall.
Aquilo era... Inesperado, para dizer o mínimo.
Não demorou para que todos os outros Mantos Brancos jurassem lealdade a Rhaenyra e a Jacaerys.
Foi algo tão sério e importante, quase como uma cerimônia.
Depois de todos os juramentos, Maella instruiu aos guardas que voltassem aos seus afazeres. E assim, eles fizeram, deixando apenas Maella, Jacaerys e sua dragão.
A Velaryon acariciou o focinho de Veenrax.
— Você foi tão incrível. — A garota elogiou. — Você ajudou muito, minha Princesinha... Ganhará duas, não, quatro! Quatro ovelhas!
Veenrax assoprou ar quente para sua montadora, contente.
A dragão encarou atentamente a Velaryon, seus olhos a verdes a examinando com cuidado.
— O que houve? — Maella perguntou, acariciando as escamas vermelhas da jovem dragão.
A Princesa Vermelha abaixou a cabeça, encostando com cuidado o focinho na barriga da Velaryon.
— Veenrax. — Maella sussurrou com os olhos arregalados. Os olhos verdes da dragão subiram até ela e a Velaryon soube. Ela sabia. A garota a afastou, observando a dragão intrigada.
— A Veenrax foi formidável. — Jacaerys se aproximou, com cautela. — Rijes aōt, riña. — Parabéns, garota.
Maella sorriu, nervosa.
— Jikagon, Veenrax. — A Velaryon sussurrou, antes de dar um leve tapinha carinhoso em sua dragão. Vá, Veenrax.
A dragão bufou ar quente no rosto de Jacaerys, antes de levantar vôo.
— Por que mandou ela ir embora?
— Porque-porque devemos ir ver a mamãe! — Maella sorriu, enquanto puxava a mão de Jacaerys para andar com ela.
O Velaryon não entendeu o comportamento estranho da mais nova, porém não a questionou. Ela estava certa, eles deveriam ver o estado de Rhaenyra.
Dessa vez, Maella foi a que tomou iniciativa de começar a correr.
Os gêmeos adentraram no castelo, correndo pelos corredores e escadas.
Os Velaryon entraram no quarto de sua mãe, ansiosos.
Porém, o que viram os fez parar na porta abruptamente.
Rhaenyra estava no chão, enquanto ninava um pequeno embrulho em seus braços, com Daemon ao seu lado, fazendo carinho em seu ombro.
— Mamãe? — A voz da Velaryon vacilou brevemente.
— É uma garotinha... — Rhaenyra sussurrou. — A Visenya, Maella.
Jacaerys engoliu seco, sentindo um nó se formar em sua garganta.
Maella negou levemente, seus olhos arderam com as lágrimas que já se formavam, torturantemente lento.
O Velaryon puxou delicadamente a garota para ele, a mostrando seus olhos igualmente marejados.
A mais nova – quase que naturalmente – escondeu seu rosto no ombro de Jacaerys. O garoto escutou o primeiro soluço e logo a abraçou.
Ela sentiu suas pernas tremerem e o aperto de Jacaerys aumentar, a impedindo de cair.
— Minha linda garotinha... — Rhaenyra sussurrou, antes de voltar a chorar. Jace viu os olhos de Daemon avermelhados também, mostrando que ele também havia chorado.
9100 palavras véi, podem me agradecer
aconteceu tanta coisa nesse capítulo que eu nem sei o que comentar🤣
votem e comentem pra eu ficar feliz pfvr pq esse capítulo sugou toda minha saúde mental
eu revisei mas pode ter algum erro ortográfico então me desculpem👎🏽
até<3
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