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Para ele.

─ "A história que eu estou prestes a contar, é sobre ele. Alguém, eu irei nomeá-lo como Alguém. Ele sabe quem é. Tenho certeza de que ele lerá isso."

─ Onde é que você encontrou isso? ─ Luke pergunta, virando-se para Gwen.

─ Eu encontrei debaixo do banco daquela praça, perto do correio, sabe? Eu fui lá pegar uma encomenda pra minha mãe e sentei lá um minuto, porque a fila estava enorme.

─ E por que não devolveu? ─ Luke está entediado demais para prestar atenção.

─ Porque não tinha nome. E, veja, eu me interessei por ela. Parece uma carta importante. Eu vou abrir.

─ Não, Gwen, você não pode. Não é para você.

Gwen revira os olhos.

─ Não tem um destinatário. Essa carta foi feita para ser encontrada ao acaso. Me deixe abrir.

─ Você quem sabe. ─ Ele diz e volta a deitar, com a cabeça apoiada no braço sofá.

─ Muito bem, vamos lá.

Dito isso, a garota analisa a velha carta em suas mãos, com cuidado para não danificá-la. Ela puxa a pequena fita que a segura fechada e retira um bolo de papel, formado por um conjunto de folhas. Há também uma pequena caixa, que ela descobriu conter uma pequena correntinha, com um pingente circular. Havia duas letras gravadas, pareciam iniciais de algum nome. Porém, estavam gastas demais para serem entendidas.

─ Uau, que bonito. ─ Luke disse, olhando para o pingente de longe. Ele cintilava nas mãos de Gwen. ─ Nunca vi uma coisa brilhar tanto. 

─ É de ouro, idiota. ─ Ela estica o braço e entrega a correntinha para que ele possa ver com seus olhos leigos.

 ─ Tem algumas fotos aqui, veja. ─ A garota observa fotos diversas, com apenas uma coisa em comum: em todas as fotos, era possível encontrar o mesmo casal.

Luke se ajeita no sofá, ao lado de Gwen, colocando a correntinha em cima da mesa.

─ Pode ler logo essa carta?

A garota o olha satisfeita.

─ Sabia que você ia concordar.

Ela pega o bolo de cartas, contido por um elástico. Retira-o e pega o que parece ser a primeira página.

"É setembro." ─ Gwen inicia a carta, em alto e bom som. ─  "As fortes árvores, antes insípidas, agora dão lugar à inúmeras flores, deixando todo o cenário lá fora mais romântico. Talvez isso tenha me inspirado, de algum modo."

"Afinal, fazem dez anos."

─ Do quê? ─ Luke pergunta, finalmente prestando toda a sua atenção.

─ Sei tanto quanto quanto você, oras. ─ Ela responde, com raiva pela interrupção.

Luke revira os olhos.

"Voltemos. Voltemos muito tempo atrás. Voltemos tempo demais. Voltemos aos meus dezesseis anos. Quando eu o conheci. Não foi amor à primeira vista, como todos os amores verdadeiros. Nunca me importei realmente com a aparência de ninguém, logo, esse tipo de amor não serve pra mim. Passou-se um ano. Um ano em que eu torcia para que ele não se apaixonasse por mim, pois eu amava outro. Sonhava com o casamento. Mas isso foi antes. Após esse mesmo ano, algo mudou. Literalmente. Mudei-me por questões particulares, meus pais haviam tido oportunidades em outro local. Foi uma mudança brusca, para mim. Eu não poderia sair de casa, pois estudava na mesma, sozinha. Meus familiares ocupavam-se com suas vidas e eu era ateada em pleno e tedioso desespero. Não podia esquecer os olhares de meu amor, nossas promessas e juras. Eu pensei que nunca o esqueceria. Como de costume, fui uma tola."

─ É uma carta de amor, eca. Eu não quero mais ler. ─ Gwen faz bico.

─ Ah, para. Me dá, eu vou ler. ─ Luke pega a carta das mãos dela e continua a leitura.

"Foi aí, exatamente aí que aconteceu. Ele me contatou. Enviou-me uma carta, o Alguém."

─ Carta? De quando é isso? ─ Gwen pergunta, irritada mais uma vez pelo clichê que presenciava.

─ Não sei, não há uma data. Mas a julgar pela letra e o estado do papel, é antiga. 

"O respondi, com educação. Iniciamos uma conversa, uma conversa que me ajudou. Eu estava louca, presa às mesmas quatro paredes, como um animal em uma jaula. Enviei milhões de cartas à meus amigos, nenhum deles me retornara. Apenas o que eu esquecia. Ele conseguiu, havia me conquistado. Já nem lembrava mais os turvos olhos daquele que um dia jurei amar para todo o sempre, mas que havia me deixado definhar. Suas cartas eram as mais esperadas por mim, que todos os dias ia até a pequena caixa de correio e sentava no meio-fio, à espera do carteiro. Já não podia mais viver sem suas palavras. Algum tempo depois era a hora de iniciar os estudos avançados, nas recentes universidades. O local em que eu me encontrava era excelente. Eu não deveria ter ficado surpresa quando o vi no mercado da cidade. Ele era perfeito. Seu rosto trazia um semblante juvenil, como se fosse terrivelmente mais jovem do que realmente era. Caminhei até ele, passos disconformes e nada sutis, como de praxe quando se tratava de mim, uma indelicada. Pousei minha mãe suavemente em seu ombro. No momento em que ele virou, nossos olhos se encontraram e pude ver  ─ aí é que está. Não me lembro da cor de sua íris misteriosa. Todas as vezes em que o olhava nos olhos, perdia-me, não conseguia fitá-lo. Contudo, prossigamos."

─ Que dramático. ─ Gwen verbaliza sua objeção.

─ É a forma de escrita que é antiga, nunca leu nada assim? ─ Luke indaga, comovido pela carta.

─ Espero que não.

─ Continuando. "Ele sorriu. Eu sorri. Ambos sorrimos até em casa. Caminhamos lado a lado na calçada, como loucos, sorrindo sem motivos. Ficamos assim por algum tempo. Até que ele se declarou para mim. Eu era, fui, sou, e continuo a mesma tola. Acreditei em suas palavras, contudo não as abracei. Eu tive medo. Medo do que poderia acontecer. Eu me conhecia, sabia que eu era um poço de lágrimas, de psicoses, de incertezas, de brincadeiras e de indelicadezas. Eu não era como ele. Ele sorria de um modo peculiar, tinha andar sutil e sabia como lidar com todos os meus humores e personalidades. O modo como ele pronunciava as palavras perfeitamente, era loucura. Ele conhecia as maneiras de falar dos sentimentos, enquanto eu nem suportava ouvi-los ou sequer admitir que os meus existiam. Eu tive medo. Porém, aconteceu. Mesmo sem que eu tenha expressado o que sentia, ele me aceitou, do mesmo modo. Terminamos a universidade e nos mudamos para uma linda casa, próxima ao campo, onde começava a despontar uma das maiores cidades daquela época. Fomos felizes, ah, se fomos. Lembro-me dos bons momentos, de teus olhos furta-cor, de teu cheiro, de tudo, tudo que absolutamente me ligava à ele de forma perpétua. Eu sabia que jamais outrem ocuparia aquele espaço de fato. Contudo, eu estava novamente às traças. Era encontrada sempre em casa, observando os serviçais e lendo as modas europeias, ora pintando telas, ora dormindo, ora comprando vestidos de festa. Ele era importante e ocupado demais até mesmo para sua esposa. Ele tinha um emprego como estudioso, estudioso dos céus. Eu não compreendia o assunto, e nem pretendia compreender aquilo que me afastava dele. Fiquei rabugenta e louca, deveras louca. O ciúmes corroía-me. Foi quando aconteceu. Ele largou-me, largou-me às mesmas traças que sempre estive. Chorei. Ah! Como chorei! Chorei todas as lágrimas que minhas glândulas eram capazes de produzir. Voltei à casa de meus pais, todos com as vidas feitas. Não era mais tão nova, logo, caí no esquecimento. Uma divorciada nunca é vista com bom olhos nesta nossa sociedade."

─ Ai meu Deus, como assim se separaram? Eles não podem. Tá na cara que se amam. ─ Gwen rói as unhas ansiosamente.

─ Bem, parece que ele não sabia, ela diz que não "se expressou" pra ele. ─ Luke diz, ainda com os olhos nas folhas.

─ Continua!

"Minha prima, que morava na Europa, Katheryn, contou-me que ele havia se instalado por lá, fazia bom dinheiro e era um homem político. E que, como todo homem de bem, estava casado com uma artista, uma mulher muito sensível e muito bonita também. Foi quando senti o peso. O peso de sua falta, da falta de suas palavras gentis, de sua sutileza, de seu cheiro, de sua presença, e até mesmo de seu amor. Não chorei. Talvez pouco. Mas senti como se tivesse deixado minha vida em ruínas desprezíveis. Disse à ele que não teríamos filhos, ele estava no quinto com ela. Ela era delicada, recíproca, sutil. Senti ciúmes, beirei a loucura. E, mais uma vez nessa história cheia de acontecimentos, foi aí que aconteceu. Ele se foi. Partiu, e levou consigo toda minha essência como ser. Fiquei novamente arrasada. Não me alimentava, não dormia, apenas sentia a dor de sua perda. Sozinha. Eu estava sozinha. Foi aí que me lembrei. Me lembrei de meu plano para declarar-me. Estava a procurar dentre coisas inúteis e velhas quando encontrei uma carta, minha. A data era antiga, de quando ainda nos correspondíamos pelas cartas velhas. Lembrei-me, mesmo velha e moribunda lembrei-me. Iria eu, há muito tempo atrás, mandar-te um cartão, meu amor, declarando-me, e para você, enviaria uma pequena corrente de ouro com um pingente, um circular. Afinal, todos os corpos nos céus são circulares, não são? Não sabia e continuo sem saber. Coloquei tuas iniciais, querido, porque imagino-te como uma estrela. A mais brilhante do céu. Me salvou quando estava em prantos, tua luz me guiou, por todo o sempre. Mas o fato é que nunca cheguei a entregar-lhe. Tive medo e nenhuma coragem. Contudo, usei-a em todos os momentos durante todo o tempo. A carta, encontrei em uma gaveta esquecida, já a corrente, em meu pescoço. Usei-a de tal forma que esqueci o seu significado. É essa a minha história, é essa nossa história. Só queria ter-lhe dito tudo isso antes, antes da tragédia. Fazem dez anos de tua morte, meu amor, mas eu ainda lhe amo. Mesmo que seja tarde demais. Ainda imagino-te como uma estrela. Afinal, tu mesmo me dissestes que a luz de uma estrela continua a brilhar, mesmo que ela não esteja mais lá."

Sua para sempre,

Clotilde."

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