Caçada Zumbi (parte 2)
— Jacob! — eu puxei com alguma dificuldade a Magnun a apontando para o zumbi. A coisa levantou pra me encarar e pronto, ferrou, era a coisa que chora. — Ai merda!
Eu atirei contra aquela coisa até não ter mais balas, o que não foi exatamente uma boa ideia já que ela meio que ficou com raiva de mim e decidiu que ia me fazer de lanchinho. Enquanto o zumbi vinha parecendo a guria do Exorcista descendo a escada até mim, o Jacob conseguiu se levantar, puxar a semi-automática e mirar no bicho. Eu só me joguei no chão cobrindo a cabeça e me arrastando pro lado.
— Lady! — não é que o bicho decidiu morrer em cima de mim? — Jacob, você pode ter machucado ela!
— Gente, eu tô bem! Só tira esse treco morto, decomposto e fedido de cima de mim pelo amor de todas as peças do Éden! — o zumbi foi arrancado de cima de mim e eu me sentei, logo sendo cercada pelos meninos. Haytham havia ficado pra fechar a porta com as barricadas enquanto os outros se revezavam em segurar meu rosto e perguntar se eu estava bem ou machucada. Ah, e o Jacob me pediu desculpa mais vezes do que causou o caos em Londres.
— Eu sinto muito mesmo. Não está mesmo machucada? — ele segurava meu rosto com ambas as mãos, o mexendo de um lado para outro e apertando minhas bochechas até eu fazer uma careta. — Eu atirei contra um zumbi e acho que acertei esse por acidente.
— Dessa vez, estava chovendo, pode ter sido qualquer um. — Haytham se sentou ao meu lado, me encarando de cima a abaixo.
— Eu tô bem. Só arranhou o meu braço. E aqui a epidemia já se espalhou. Não se vira zumbi se eles te morderem ou coisa assim. — eu mostrei o arranhão e um segundo depois ele estava enfaixado. — E agora?
— Recuperar as energias. — Haytham arrumou sua postura, se apoiando a parede e fechando os olhos. Estava anoitecendo mesmo e devido à chuva já estava bem escuro do lado de fora.
Fazia um tempo que barulho de chuva deixou de ser algo que me acalmava ou que eu achava gostoso. Me deixava nervosa e isso acabou fazendo com que eu procurasse pelas armas extras, se quiséssemos poderíamos trocar, mas eu duvidava que alguém fosse fazer isso. Haviam munições, um par de kits de primeiros socorros e um par de molotov's. Isso vai complicado, pela minha experiência em jogos, a reta final é sempre a mais difícil.
Eu andei mais um pouquinho pelo local, subindo até o alto da torre, parecia que não tinha um sino ali há muito tempo. Apesar da floresta densa eu podia ver o ancoradouro e o barco poucos quilômetros a nossa frente. O percurso era basicamente passar pela floresta densa e chegar até o que parecia um conjunto de casas onde estava o ancoradouro.
E provavelmente era ali que estaria uma horda fodida de zumbis. Eu suspirei só de pensar no trabalho e comecei a descer as escadas. Os meninos tinham acordado e estavam pegando munição. Alguns minutos depois e todo mundo estava pronto para partir.
— Vamos. — Haytham deu a ordem e Connor tomou a frente, empunhando seu machado e meus deuses que homem, que costas, que raba.
Eu sou basicamente o recheio do sanduichinho que essa bagunça quase poliamorosa que é o bureau né, então, estou eu no meinho da nossa fila indiana, olhando as coisas ao redor como quem procura um problema.
O silêncio era essencial para a nossa jornada, mas mesmo assim o Jacob e o Edward não podiam evitar comentários bobos e trocas de farpas que me faziam rir a medida que caminhávamos. E o clima se tornava mais tenso a medida que nos aproximávamos do pequeno conjunto de casas e trailers. Tenso ao ponto dos dois tagarelas ficarem quietos e de todos eles estarem com a carinha franzida de 'vai dar ruim'.
E não deu outra. Foi o Connor pisar no pátio circular que tinha ali que brotou zumbi até do chão. Os meninos se fecharam em um círculo, praticamente me escondendo no centro e atirando em qualquer coisa que se mexesse. Por cima do ombro deles eu podia ver a horda nos cercando cada vez mais e mais zumbis com 'especiais' se juntando.
— Temos que sair daqui! — eu gritei o mais alto que dava e obrigada a todos os Isu pela audição abençoada desses homens. — Temos que ir até a barca. Todos juntos!
Jacob se limitou a concordar com um aceno enquanto todos trocavam um olhar, planejando uma estratégia de fuga. E a estratégia muito inteligente deles foi ME JOGAR POR CIMA DO OMBRO E SAIR CORRENDO. Sério isso, produção?
— Eu não acredito que isso foi a melhor coisa que vocês pensaram! — a vista era boa, eu podia admirar a raba do Connor, mas ainda assim né. — Eu nem posso ajudar!
— A senhorita já está ajudando, não estamos preocupados com o que pode lhe acontecer. — eu olhei para o Haytham e teria direcionado toda a minha vontade de socar alguém nele, mas as gargalhadas do Jacob não deixaram.
— Quando isso acabar é melhor vocês pensarem em uma forma de pedir desculpas. — eu apoiei meus braços as costas do Connor, tentando enxergar algo ao redor, mas só conseguia ouvir o Shay e o Edward trocando táticas aos berros, os gritos de guerra do Alexios e às vezes conseguia ver o Federico de relance graciosamente arrancando a cabeça de um ou outro zumbi.
— O ancoradouro! — a felicidade na voz do Jacob ao berrar isso me fez esticar o corpo, tentando olhar através do Connor. O ancoradouro estava lá, mas- — Cadê o barco?
— Me põe no chão. — não precisei pedir duas vezes. Federico, Alexios, Connor, Edward e Shay formaram uma barreira, impedindo que os zumbis se aproximassem. Pra nossa sorte, eram apenas os genéricos. — Fodeu.
— Olha a boca. — Haytham se aproximou, olhando o papel com as instruções e o mapa. — Estamos no lugar certo. O que está errado?
— Temos que chamar o barco. — eu suspirei, olhando ao redor e vendo os zumbis diminuírem. — Vai fazer muito barulho.
— E consequentemente, atrair muito mais zumbis. — Edward me olhou por cima do ombro, esmagando a cabeça de um zumbi com o pé. Começo a achar que ele gosta disso. — Mas estamos quase sem munição.
— Deve ter em algum lugar aqui. Vamos ter que procurar. — eu me aproximei deles quando os zumbis acabaram. — Vamos explorar as casas e ver o que encontramos. Nada de acordar zumbis perigosos que choram, tá.
Os meninos concordaram e logo se separaram em duplas. Shay e Haytham foram olhar a casa mais perto do rio que tinha uma das paredes quebrada enquanto Edward e Federico iam olhar um trailer torto porquê as rodas de trás haviam quebrado.
Connor e Alexios foram explorar uma cabana velha em meio à algumas árvores e eu e o Jacob fomos para um trailer que tinha tanto mato em volta que parecia estar abandonado há mais tempo do que os outros.
— Ainda não morri. O Haytham me deve uma faca de atirar. — ele sorriu, se gabando e abrindo a porta, entrando de vez.
— É, disse certo. Ainda não morreu. Continua entrando nos lugares sem olhar primeiro pra ver se isso não muda rapidinho. — eu o segui, espiando ao redor de faquinha em punho.
— Ah, não vai ter nada aqui... — um tiro ecoou vindo de perto do rio e eu voltei meus olhos para ele com cara de 'dizia?'. — 'Tá... Vocês estão certos, vou tomar cuidado.
— Bom mesmo. — começamos a vasculhar os armários do lugar, mas nada, totalmente vazio. — Nada. Vamos olhar o outro.
Nós saímos bem a tempo de ver o Haytham e o Shay saírem da casa, limpando tripas de algo da cara e isso fez o Jacob se acabar de rir.
— Vamos... — eu o puxei pela manga do casaco amarado na cintura enquanto meus dois templários favoritos faziam a vigilância dos arredores. — Achamos!
O trailer estava lotado de munição e tinha a cabeça empalhada de algum bicho. O Jacob se esticou para fora, acenando e logo estava todo mundo na porta.
— Um de cada vez porque eu acho que nem o Connor cabe aqui. — um por um, os meninos foram entrando e pegando as munições, kits médicos e coisas assim.
Edward e Jacob pareciam muito felizes com a chance de arremessar um molotov nos zumbis e isso me fez rir.
— Prontos? — Haytham olhou ao redor quando todos concordaram com um aceno e fomos nos aproximando do ancoradouro. — A honra é toda sua senhorita.
Eu revirei os olhos, vendo os meninos tomarem posição. Tínhamos que aguentar o tranco até o barco chegar e aí pular pra dentro.
— 3... 2... 1. Que reine o caos. — eu apertei o botão e uma sirene saída das profundezas do inferno começou a tocar. Eu me afastei um passo da borda, afinal não podíamos cair na água né. — Cadê esse barco maldito?
— Olha a boca. — eu olhei de cantinho pro Haytham e teria tacado a Magnum na cabeça dele se não fosse usar ela depois. — Ali!
A coluna de fumaça surgiu, fazendo uma curva e se aproximando em passo de lesma. Sério?
— Lady... Não sei quanto tempo a gente aguenta aqui... — Jacob estava andando de ré e eu tive que o puxar de volta pelo cós da calça. — Desculpa.
— Cuidado! Não podemos cair na água e se alguém morrer aqui, no final desse troço eu mato! — eu ignorei as risadas pela minha fala, olhando com atenção ao redor.
O barco finalmente se aproximou o suficiente para saltarmos pra dentro dele e Jacob foi o primeiro a fazer isso antes de me puxar para dentro e voltar a atirar nos zumbis.
Edward saltou para dentro, sendo seguido por Shay logo que sua arma ficou sem munição, já indo assumir a direção do barco. Federico e Haytham vieram logo depois e só ficaram o Connor e o Alexios. Edward e Jacob jogaram os molotov ao mesmo tempo, com precisão de dar inveja, permitindo assim que os dois saltassem para dentro.
— Finalmente. — eu voltei meus olhos para Haytham que pegou o papel em seu casaco enquanto o barco se afastava, seguindo o rio.
— Certo. A única recomendação para o barco é: fiquem longe das bordas. Não podemos cair na água e talvez tenham coisas nas margens do rio que podem tentar nos puxar para fora. — ele olhou para todos e concordamos. — Ótimo. Shay, para um lugar seguro.
— Pode deixar, Mestre Kenway. — ele olhou por cima do ombro para nós, exibindo aquele sorriso maravilhoso. — Vamos seguir o fluxo do rio por hora.
Eu ri quando os meninos se deixaram cair no chão, me sentando ao lado do Federico e apoiando a cabeça no seu ombro.
— Isso cansa. Mas foi divertido. — ele sorriu encarando o Connor e o Edward que concordaram com um aceno e um sorrisinho mais do que satisfeitos em se soltarem um bocado.
— O que você está fazendo? — eu olhei de soslaio para o Jacob após ouvir o sotaque puxado do Alexios e ver sua expressão preocupada.
— Relaxando. — o Jacob se jogou no chão, escorando as costas na beirada do barco.
— Não é pra ficar na beirada, seu maláka. — Alexios arrumou sua postura, esticando sua mão na direção do pé do Jacob.
— Nada vai me puxar. E eu estou sentado, nem dá pra me ve-— uma coisa se agarrou ao redor do pescoço dele o puxando.
— JACOB! — o Alexios se jogou pra frente tentando agarrar os pés dele, mas o máximo que conseguiu foi arrancar um dos all stars antes que ele caísse na água. — Jacob!
***
— Eu não acredito! — eu olhei pro lado, batendo na cabeça do Jacob com o caderno de capa dura.
— Ai. Outch! — ele se voltou irritado pro Connor depois dele dar um tapão na nuca dele.
— Eu disse que ele ia morrer. — Haytham ignorou quando Jacob o imitou sem falar, com uma carreta engraçada.
— Eu me recusou a passar por tudo isso de novo porque esse garoto não sabe seguir regras simples. — Edward deixou o caderno de lado, jogando seu corpo contra as almofadas e encarando o teto.
— Olha quem fala. — Jacob esticou seu corpo um pouco para frente, quase derrubando a minha xícara de café em cima do mapa do jogo.
— Mas não fui eu quem morri caindo no rio porque não seguiu as regras. — Edward sorriu de cantinho enquanto o Jacob pegava uma das almofadas pra arremessar nele.
— Devolve isso aqui que você acabar destruindo ou pondo fogo em algo. — eu tomei a almofada dele, rindo quando ele disse 'ei'. — Não é como se isso nunca tivesse acontecido.
— 'Tá, mas e agora? — Alexios se esticou e todo mundo voltou seus olhos para mim.
— Damos por encerrada a partida. Vamos assistir algum filme e outro dia a gente joga de novo. Mas quando der vontade, por hora a gente joga algum outro. — eu sorri, começando a juntar as pecinhas do jogo dentro do bauzinho. — Vocês gostaram?
Eu sorri quando todo mundo concordou com um aceno e o Connor praticamente tomou a lista de temas da mão do Haytham. Não demorou pra eles escolherem o próximo jogo.
— Sobrenatural. — eu ri quando o Jacob imitou um vampiro, tentando morder o Federico. — Podemos ter um convidado?
Eu dei ombros e um segundo depois ele estava no computador indo convidar alguém pra nossa próxima noite de 'RPG Mágico por causa do amuleto'. Até que ser a guardiã dessa coisa tem mais vantagens do que eu imaginei...
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