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Dante - 3

A antecâmara do novo aposento da princesa Laya era escura e abafada. Apesar do janelão que dava para o mar, a iluminação que entrava por ele não eliminava o ar lúgubre do lugar.

Tentando ser o mais racional possível, Sir Dante concluiu que as memórias de quase dez anos atrás, naquele mesmo cômodo, faziam com que aquelas paredes parecessem mais melancólicas do que realmente eram.

Mesmo em companhia de Sir Felipo e de outros dois membros da guarda pessoal da princesa, Sir Gael e Sir Friggio, Dante sentia-se solitário ao olhar para a porta do quarto da princesa e para cada pedra do assoalho.

Seu fantasma nunca o abandonou, mesmo nove anos depois de ter sido chamado pelo rei Camariel e Sir Dalon àquela antecâmara. Quem quer que fosse aquele garoto que invadiu o aposento do príncipe Widillan, seus olhos angustiantes que pediam por clemência e consolo jamais desapareceram das lembranças do cavaleiro.

- Você está bem? - Felipo perguntou, franzindo o cenho. - Você está suando e tremendo.

Era a primeira vez que Dante voltava à entrada do quarto do príncipe herdeiro do trono.

Definitivamente, não estava preparado para retornar ali, mas sua nova missão era a de proteger a princesa Laya, e da mesma maneira que defendeu Widillan na noite de nove anos atrás, o cavaleiro de Forte Rochoso se esforçaria para aniquilar qualquer ameaça à nova herdeira da coroa real de Luteneea.

Felipo ainda parecia querer uma resposta, mas a porta à sua frente rangeu e a princesa Laya surgiu. Seu vestido verde lhe caía muito bem. A jovem estava se transformando em uma mulher cada vez mais parecida com mãe. Apesar de não ter herdado o verde fulgente dos olhos da rainha, ainda assim seu olhar possuía um brilho que emanava vida e graciosidade.

Sir Dante curvou sua fronte e todos os cavaleiros fizeram o mesmo. A princesa caminhou entre eles em direção às escadas, sua nova aia seguindo-a de perto.

- Sir Dante, cavaleiros - a serva saudou-os enquanto passava por eles.
Ninguém respondeu. Mesmo com sua cabeça curvada fitando o chão, Dante deduziu que todos estavam tão surpresos quanto ele por aquele cumprimento.

Qual autoridade a serva tinha para se pronunciar sem autorização perante um membro da família real? Aquele ato era, no mínimo, indelicado e desrespeitoso.

Certamente, a aia aprenderia em breve os costumes da corte, ou do contrário não duraria no seu cargo.

Quando Dante ouviu os passos da princesa ecoando degrau após degrau, ficou ereto e a acompanhou, sendo seguido imediatamente por seus subordinados. Aos poucos, um dos seus fantasmas foi deixado para trás.

A princesa encontrou-se com a rainha Ceyla no jardim do castelo, que já estava sendo escoltada por sua guarda pessoal.

Uma carruagem estreita as esperava no pátio frontal da Muralha do Rei. Sir Dalon Badik observava o grupo de longe e soltou um dos seus sorrisos para Dante quando o olhar de ambos se cruzaram.

- Abram os portões! - alguém gritou depois que a rainha e sua filha se acomodaram na carruagem e esta começou a se locomover lentamente.

Do lado de fora das muralhas, uma comitiva de vinte homens do exército de Luteneea aguardava a carruagem para acrescentar segurança à escolta. Os homens foram cedidos pelo Comandante Geral do Exército, Sir Gadriel Dornok, sob as ordens do rei.

Os homens do exército usavam a mesma vestimenta de batalha da Guarda Real. A única distinção era a ausência da capa verde, indumentária exclusiva do grupo que defendia o interior do castelo. Outra diferença entre os homens era que apenas cavaleiros investidos poderiam fazer parte da Guarda Real, enquanto que o exército aceitava qualquer sujeito disposto a receber o salário de um soldado.

Por este motivo, não era difícil presenciar a distinção de instrução e educação entre ambos os grupos.

A comitiva liderada por Sir Angus, capitão da guarda pessoal da rainha, se locomoveu pelas vielas de Monte Branco até o seu destino final. A carruagem estreita era ideal para o percurso, uma vez que em algumas ruas a passagem era apertada demais para uma locomoção mais sofisticada. Além dos soldados, as aias da rainha e da princesa também fizeram o caminho a pé, logo atrás do veículo, e Dante notou a nova serva trocando palavras amigáveis com os soldados mais próximos dela.

- Não me diga que você está gostando desta conduta - Dante disse a Felipo, que sorria ao notar a indiscrição da serva nova.

No mesmo instante Felipo entendeu a repreensão e voltou a olhar para o horizonte, ignorando a mulher que conversava mais a cada esquina.

Por onde a carruagem passava, plebeus curvavam suas cabeças em respeito à família real. Alguns esticavam o pescoço o máximo que podiam na tentativa de avistarem a figura da rainha e da princesa, ainda que de relance.

Mas por questões óbvias de segurança, todas as persianas e janelas do veículo estavam fechadas.

No entanto, o que mais chamou a atenção de Dante não foi a curiosidade dos moradores em relação à rainha. Enquanto caminhavam por uma viela apertada, o cavaleiro notou que um homem de cabelos e barba brancos o fitou, e, como se o reconhecesse, curvou sua fronte em sinal de reverência.

Talvez estivesse prestando aquele gesto para os membros da família real.
Entretanto, um pouco mais adiante, ouviu um murmúrio inusitado. Ele aguçou os ouvidos para se certificar de que realmente estava ouvindo aquele nome.

- Vejam, é Sir Dante - dizia uma mulher, esboçando um sorriso amigável e tímido.

O chefe da guarda pessoal da princesa não perambulava com frequência pelas ruas de Monte Branco e era a primeira vez que ele presenciava o que parecia ser uma saudação de respeito para ele.
Lembrou-se das palavras de Sir Felipo no dia do incêndio.

"As pessoas que você protegeu naquele dia jamais se esquecerão da sua coragem", disse Felipo na ocasião.

Mas Dante sabia que ele não era nenhum herói. A invasão dos cantrodos foi um dia a ser esquecido. Dante pôs em risco a vida da rainha Ceyla e da princesa Laya, e por mais que alguém o achasse um herói, ele tinha convicção de que não era.

O pequeno veículo parou precisamente em frente à pequena escadaria do Templo do Pai de Todos.

Os cavaleiros se agruparam em duas fileiras, entre as quais a rainha e a princesa passaram e entraram no templo.

Externamente, o local era impressionante, uma das maiores construções de Monte Branco. Três altas torres se erguiam, ameaçando a cidade com tamanha imponência. Do lado de dentro, a nave principal também era admirável. Seu teto elevado causava excitação em todo aquele que tentava entender como fora edificado sem desabar, mesmo séculos depois da sua construção.

O grão-sacerdote Beccário aguardava a rainha no altar. A monarca aproximou-se e fez uma reverência em sua direção. Era um dos poucos momentos em que Dante viu um membro real curvar sua cabeça perante outro.

De fato, havia um motivo para aquele velho de longa barba branca receber o apreço da rainha e Sir Dante o conhecia muito bem. Todos dias as esperanças dos homens se renovavam ao nascer do sol, mas os fantasmas de Dante jamais desapareciam.

O grão-sacerdote inclinou sua mão para a nave lateral, e com passos lentos, ele e Ceyla desapareceram por uma porta, cavaleiros de guarda indo logo atrás. Um dos ajudantes do sacerdote surgiu com o Livro Sagrado e acomodou a princesa no primeiro banco, próximo ao altar. O livro foi posto em um suporte para facilitar a leitura.
Era um ritual estranho, Dante pensou. O Pai de Todos ouvia as preces de alguém e falava através de palavras escritas há centenas de anos atrás. Laya olhou atentamente para o livro e começou a ler, enquanto que o garoto permanecia em pé, imóvel, à espera de alguma ordem.

Não era assim com todos os fiéis. Nenhum servente de engraxate teria aquele mesmo cuidado por parte dos devotos servos do Pai de Todos.

Nenhum barulho se ouviu durante um breve tempo, apenas a tosse inquieta do ajudante do sacerdote ou dos cochichos da aia da princesa, que estava sentada dois bancos atrás de Laya e parecia conversar consigo mesma enquanto observava o teto do suntuoso templo.

- Felipo - Dante chamou baixinho. - Fique aqui com Gael e Friggio. Eu preciso sair por uns instantes.

- Onde você vai?
Dante franziu o cenho.

- Fazer uma pequena ronda do lado de fora do templo.

- Você está bem? - Felipo indagou.
Dante acenou com a cabeça positivamente.

O chefe da guarda pessoal da princesa saiu da imponente edificação, tomando uma viela na lateral do templo.

- Ele virou pó! - Dante ouviu uma voz gritar e sobressaltou-se com o susto.

O velho Dico, um sujeito sem lar deveras conhecido por quase toda a população de Monte Branco estava sentado no chão, apoiando suas costas contra a parede do templo. Sua sanidade foi perdida havia muitos anos e Dante não conhecia ninguém que se lembrasse daquele homem em sã consciência.

- Ele virou pó! - o homem de cabelo sujo e desgrenhado repetiu com firmeza.

Suas palavras não eram levadas a sério por ninguém e o motivo era notório. Com pressa, o cavaleiro seguiu seu rumo, ignorando a exclamação desatinada do mendigo.

Chegando à Rua Larga, Dante fitou a Taberna do Tel, um dos pontos mais visitados por viajantes na cidade.
Apesar de não ser dado à bebida, ele reconhecia que Tel tinha uma das melhores cervejas de todo o reino.

A rua era larga e a taberna estava do outro lado, mas o cavaleiro reconheceu rapidamente dois homens que saíam do recinto naquele momento.

Os homens também o viram e pareceram interessados em sua presença ali. Dante achou melhor ignorar o olhar os dos sujeitos e prosseguiu rumo ao seu destino.

- Dante! - ele ouviu um dos homens chamar, mas ignorou mais uma vez e seguiu em frente, dobrando uma esquina e descendo um lance de escadas.

Lá embaixo, dobrou à direita e prosseguiu em passos largos. Quando teve quase certeza de que havia despistado-os, Dante olhou por sobre o ombro, não vendo ninguém, mas acabou levando uma trombada brusca e caiu no chão.

Olhou para frente e não conseguiu entender em que ele havia colidido. Não havia nada ali, apenas a rua estreita e deserta.

- Aí está você - disse a mesma voz rouca que o chamou antes.

O cavaleiro olhou para trás e viu Crispo aproximando-se devagar. Mesmo quatro anos desde o último encontro com o homem, a cicatriz no seu rosto ainda parecia aterrorizante.

Crispo se aproximou com seriedade no semblante e ergueu o braço. Dante demorou até entender o motivo do gesto e agarrou a mão estendida, sendo levantado do chão.

Não havia sinal do outro homem que estava junto a Crispo na saída da Taberna do Tel.

- Não te vejo há muito tempo - Dante iniciou, como se fosse a melhor maneira de começar uma conversa.

O homem de cabelos pretos e despenteados concordou com a cabeça.

- Desde a Invasão dos cantrodos - Crispo lembrou.

Sir Dante quis perguntar sobre o seu olho, mostrar que se importava mesmo após quatro anos da decisão do rei, mas achou que seria inconveniente tecer algum comentário.

A cicatriz nascia na testa do homem, descia com ferocidade sobre o local onde deveria estar seu olho esquerdo e morria próximo ao queixo, quase alcançando os lábios de Crispo.

- Eu sinto muito por tudo - Dante se limitou a falar.

O homem continuou sério, mas não pareceu se importar.

- A culpa não foi sua. Você teria o mesmo fim se não tivesse os seus privilégios.

Ele não parecia zangado, mas quase dava para apalpar seu ressentimento.

- Me desculpe se não posso conversar agora - Dante retrucou subitamente -, mas eu tenho um compromisso inadiável.

Mal ele acabou de proferir essas palavras e percebeu que havia mais alguém na rua aparentemente deserta. Girou sobre os calcanhares e levou um susto quando viu outro sujeito atrás de si, a menos de um metro.

- Derek - Dante balbuciou instantaneamente.

A pele negra do homem brilhava sob o sol quente. Ele emitiu um sorriso sem muita emoção e acenou com a cabeça. Era o mesmo sujeito que estava com Crispo na taberna, instantes atrás.

- Podemos nos encontrar para conversar em outro momento? - Crispo indagou sem se importar com a chegada do outro. - O assunto que tenho a tratar com você não deve ser discutido no meio de uma via pública.

Dante o fitou nos olhos. O que ele queria?

Derek contornou Dante e parou ao lado de Crispo. Ambos pareciam querer uma resposta.

- Amanhã à noite - Dante confirmou. - Onde posso te encontrar?

***

A sala comum da casa não tinha nenhuma janela e este fato só favorecia o ar abafado e quente no interior do recinto, mesmo sendo no andar superior da residência, onde o vento, em tese, deveria correr mais fraco.

O residente daquela casa encheu um copo e em seguida sentou-se em frente a Dante.

- Lamento você não querer - disse Lancaster, coçando os cabelos grisalhos -, esse vinho me foi oferecido por um mercador com cara de rato e não dei a devida importância ao seu produto no ato da compra, mas devo confessar que o gosto é muito bom.

Dante assentiu, fingindo achar graça.
- Mas eu me lembro muito bem de que não se deve misturar espadas e bebidas - Lancaster completou.

Tomou um pequeno gole do vinho.

- E pensar que metade do dinheiro que dei àquele vendedor foi parar na Torre do Tesouro. Para onde está indo tanto ouro, Sir Dante?

Ele não ouviu nenhuma resposta do visitante.

- Ouvi dizer que os impostos estão crescendo cada vez mais em todo o reino, mas o meu benefício de jubilação está cada vez mais minguado. Como cavaleiro você deve imaginar por que o rei Camariel agiria de tal forma. Afinal, guerras não se constroem apenas com sangue e desafeto.

Dante ouviu falar da subida das taxas e de como cada cidadão de Luteneea se queixava do desleixo do trono quanto ao seu povo.

- Se não bastasse tudo isso - Lancaster prosseguiu -, escuto pelas ruas que tentaram matar a princesa.

Coçou a barba cinzenta, refletindo.
- Não é a primeira vez que esta geração ouve que um herdeiro do trono sofreu tal atentado.

De repente, sua feição, até então indiferente, pareceu triste e cansada.

- Lamento, Sir Dante, por você ainda estar a serviço da coroa para viver este horror novamente.

Entornou o copo inteiro e a bebida roxa escorreu pelo canto da boca até morrer em sua camisa branca.

- Mas acredito que você não veio até aqui para ouvir minhas lamúrias.
Dante pigarreou, encontrando a melhor maneira de iniciar o assunto sem parecer estranho.

- É interessante você citar tentativas de morte na Morada do Rei. Eu não sei até que ponto a sua memória se recorda daquele episódio do intruso no quarto do príncipe Widillan.

Lancaster parou de limpar a boca com as costas da mão no mesmo instante, demorando para se pronunciar.

- Aquele garoto - disse em tom melancólico. - No instante em que eu abri esta porta hoje e te vi lá fora, eu sabia que era sobre aquele garoto.

- Então você se lembra?

Lancaster levantou-se e ao invés de encher o copo novamente, tomou a garrafa em suas mãos e sentou-se onde estava antes.

- Eu nunca me esquecerei daquele garoto, Dante. Quando o maldito Dalon nos chamou à entrada do aposento do príncipe e eu vi aquele intruso maltrapilho, eu não imaginaria que nove anos depois eu ainda me lembraria daquela noite com tanta amargura.

Dante concordou com todas as palavras, sentindo seu estômago revirar ao reviver aqueles instantes em sua mente.

- Uma criança jamais invadiria um castelo para matar o herdeiro do trono sem a ajuda de alguém - Dante insinuou.

Lancaster suspirou.

- Você lembra dos olhos do garoto, Dante? Eu duvido que aquele garoto estava ali para matar alguém. Seja lá o que ele estivesse fazendo, seus olhos aflitos não revelavam nada além de um terror alarmante que invade meus sonhos quase todas as noites.

Dante tentou não lembrar da criança. Aqueles olhos lacrimosos se transformaram em um fantasma que atormentava o cavaleiro de Forte Rochoso sem piedade.

- Você acha que é o único a se sentir assim? - indagou Lancaster observando-o. - De todas as ordens cruéis deste rei que ocupa o trono, aquela foi a mais dura de executar. Matamos um garoto inocente, disso eu tenho certeza.

Dante sentiu seus olhos se encherem de lágrimas, mas não era o momento para chorar.

- Eu brandi a espada - confessou com embargo na voz. - Eu o decapitei nas masmorras. Somente eu o matei.

Lancaster meneou a cabeça em tom negativo.

- Todos os que se omitiram perante aquele episódio confuso mataram o garoto, Dante. Eu, você, Dalon. Sua espada foi meramente escolhida por Dalon para concluir o ato, um assassinato frio que ele próprio não teve coragem de consumar, como o rei havia ordenado.

Dante não suportou o peso da conversa e sentiu algumas lágrimas descerem por seu rosto, mas fez de tudo para esconder seu choro.

- Hoje tento me consolar - Lancaster comentou. - Talvez tenha sido melhor para ele que morresse de uma vez. Você se lembra das cicatrizes que ele carregava no corpo? Maldição, Dante! Não havia um só pedaço de pele que não houvesse marcas de violência. A morte foi um alívio para ele, seja lá qual fosse o seu passado.

Dante não se conformou. E provavelmente nunca se sentiria absolvido do que fez. Porém aquela conversa, de alguma forma, amenizou sua dor. Dores compartilhadas eram mais fáceis de lidar. Ele nunca imaginaria que a morte da criança intrusa seria lembrada da mesma forma por Lancaster. Apenas eles e Dalon estiveram presentes na execução do garoto na masmorra do castelo, na mesma noite que foi achado pelo rei no quarto de Widillan.

A morte naquele cárcere subterrâneo sem direito a julgamento foi um ataque à justiça que Dante jurou proteger quando se tornou cavaleiro, mas a ordem partiu do rei. Quem seria detentor da justiça se não o suserano de um reino? De fato, Camariel não era o rei na época, mas tutor do príncipe até que este alcançasse a maturidade requerida para administrar Luteneea, o que fazia dele o monarca que governava a nação e soberano sobre as leis do país.

Lancaster soltou um riso sem emoção.

- O mais irônico nesta história é que o príncipe acabou morrendo dois anos depois, sem nunca ter assumido o trono.

A morte costumava pregar peças às maiores famílias do reino e com a família real não seria diferente. O príncipe perdeu seus pais, o rei Martiel e a rainha Tiara, aos três anos de idade. Logo depois foi acometido por uma enfermidade que o isolou em seus aposentos até o fim da sua vida.

Dante deu por si pensando em quando viu o pequeno Widillan pela última vez.

- Você viu o príncipe após a sua morte? - perguntou. - Lembro-me que o ataúde estava lacrado no dia do sepultamento.

- Está brincando? A única vez que o vi foi na ocasião da sua apresentação real, após seu nascimento. Depois lhe sobreveio a enfermidade que o prendeu para sempre atrás daquelas paredes.

Dante calou-se e refez todo o diálogo em sua cabeça, enquanto Lancaster se entregava de vez ao vinho, bebendo-o diretamente da garrafa. O homem à sua frente aparentemente morava só e era dado a bebidas fortes, um triste fim para um cavaleiro aposentado que defendeu o trono durante sabe-se lá quantas décadas.

Qual será o meu fim quando tudo isto terminar?, Dante perguntou a si mesmo.

A conversa se encerrou. O que deveria ser apenas um diálogo investigativo serviu também para que dois homens cheios de dores aliviassem um pouco o fardo dos seus ombros. Ao sair da casa sufocadora por um ar abafado e memórias inquietantes, Dante voltou pelo mesmo caminho de volta ao seu serviço que parecia ainda longe de se encerrar e sem propensão a um final feliz.

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