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˖࣪ ❛ CAPÍTULO QUARENTA E DOIS
— 42 —
JASPER FOI ATÉ a casa de Billy Black, graças a Carlisle ele sabia que todos os lobos estavam lá, inclusive Paul.
Assim que saiu do carro, prepararam-se para atacá-lo, pois ele sabia que não era bem-vindo entre eles, muito menos quando tinha sido a causa de tudo.
— Paul... — ele falou.
O menino deu um passo à frente, Jasper percebeu como estava precisando de todas as suas forças para não se transformar em lobo e arrancar sua cabeça. Jasper não o culparia, na verdade, ele queria que ele fizesse isso, o matasse e acabasse logo com isso.
— Onde está Luísa? — ele ouviu um dos garotos perguntar.
Jasper não conseguia dizer isso, sua garganta parecia estar queimando, ele não conseguia nem articular uma palavra sem cair em soluços.
Paulo o acompanhou até a floresta, o silêncio era tenso, cheio de ódio e vontade de matar um ao outro. Embora Jasper não quisesse mais matá-lo, ele só queria que Paul fizesse isso, para acabar com a dor.
— Bem, o que você quer? — perguntou o lobo, parando no meio do caminho.
Jasper ficou quieto por alguns segundos, tentando pensar em como dizer a ele, como ele iria destruí-lo daquele jeito?
— Louisa... — sua voz falhou. — Louisa está morta.
E disse isso sem mais delongas, divulgando a notícia como um balde de água fria.
Paul olhou para ele incrédulo, balançando a cabeça.
— Não, não pode ser verdade. — murmurou o lobo.
— Ela... O corpo dela não aguentou o veneno, foi... Foi demais para ela.
Paul gritou e seus olhos se encheram de lágrimas, Jasper podia sentir isso, o lobo estava sentindo quase tanta dor quanto ele, talvez mais. Paul amava Louisa da maneira mais pura e real, de uma forma que nunca poderia ter feito.
— Eu mataria você. — disse o lobo, aproximando-se dele com olhos cristalinos. — Eu juro que acabaria com você aqui e agora, eu iria te fazer em pedaços. — ele fez uma pausa. — Mas isso seria muita misericórdia, você vai conviver com o fato de Louisa ter morrido... Você vai conviver com a culpa. Para toda a eternidade.
E com isso o menino se transformou em lobo e se perdeu na floresta.
Jasper ficou exatamente onde estava, deixando o ódio tomar conta dele. Ele se odiava, ele se odiava tanto... Nem uma eternidade de culpa seria suficiente para compensar o que ele tinha feito, nada seria. Ele era um monstro, ele a matou, ele era o único culpado.
Ele a jogou em um campo de batalha cheio de vampiros, sabia como Louisa era, sabia o que ela poderia fazer para proteger os outros. Ele devia ter previsto, era óbvio, ela iria se sacrificar.
Ele gritou alto, antes de quebrar uma árvore em dois.
Ele correu pela floresta, deixando o caos para trás. Mesmo isso não o acalmou.
Ele sempre pensou que a pior coisa que poderia acontecer era vê-la com outra pessoa, mas estava errado. O pior que poderia acontecer era perdê-la.
E ele conseguiu. Louisa nunca mais voltaria, nunca mais veria aquele sorriso radiante, ou seus olhos castanhos brilhantes, ou como ela franzia a testa, nem acariciaria seus cabelos novamente, muito menos a beijaria novamente.
Ele entrou no quarto da menina pela janela, tinha certeza que se sua tia o visse provavelmente o mataria ali mesmo, era melhor que ela nunca descobrisse isso.
Ele notou a garota deitada na cama, Louisa, sua alma gêmea.
Ele acariciou seus cabelos e sentou-se ao lado dela.
— Quero acreditar que você me escuta onde quer que esteja. Não planejei nada, Louisa, só vou conversar, talvez finalmente consiga dizer as coisas direito. Eu te amo, te amo desde o primeiro momento que te vi e te amarei até o último momento. Não me importa que você não esteja mais aqui, isso não muda, eu te amo e continuarei amando.
— Eu sei que agi como um idiota, Louisa, sempre pensei que tínhamos toda a eternidade, agi como se fosse esse o caso, como se tivéssemos muito tempo, tanto que tive o luxo de desperdiçar isto.
— Eu deveria ter insistido mais, deveria ter lutado por você, deveria ter percebido isso antes. Você é o amor da minha vida e será até o fim. Eu te amei como ninguém, me apaixonei por você só de ver seus olhos.
— Sinto muito por tantas coisas... Sinto muito por não ter falado com você antes, sinto muito por ir embora, sinto muito por não ter dito que te amava até que você se cansasse de ouvir isso. Me desculpe por não te beijar mais, me desculpe por todas as vezes que te machuquei, me desculpe por não te entender. Mas acima de tudo, sinto muito por ter falhado com você. Você disse isso, proteger você era a única coisa que eu sabia fazer e não fiz, não consegui. Nunca vou conseguir me perdoar, não importa quanto tempo passe, nunca vou conseguir me perdoar pelo que fiz, pelo que fiz com você. E mais uma vez peço desculpas, você estava certa, Louisa, você sempre esteve.
— Você tinha razão em ficar chateada comigo, em me odiar, em não querer me perdoar, em se apaixonar por outra pessoa... Em me chamar de egoísta porque é isso que eu sou. Uma pessoa egoísta que preferiu te perder a ver você de mãos dadas com alguém que não era eu.
— Pensei que assim que você me visse você se jogaria em meus braços, que me beijaria e me perdoaria. Coloquei toda a minha esperança nisso, toda a minha fé. Você também estava certa quando disse que eu queria voltar no tempo, ainda quero. Quero voltar àquele dia em que Edward disse para ir embora, queria dizer a ele que não, que iria ficar aqui com você... Porque eu te amo, Louisa, eu te amo como ninguém ama hoje em dia. Eu te amo como a pessoa egoísta que sou, como a pessoa estúpida que sou. Um monstro. — ele corrigiu.
— Eu só quero que você volte, eu sei que se você voltasse você me odiaria, você teria todos os motivos para isso; mas você não sabe o que eu daria para ver você sorrir de longe, ver você rindo com os lobos e constituindo família. Você não sabe o quanto eu ficaria orgulhoso de ver você se formar, embora você nunca soubesse disso, você nunca perceberia que estou aí, que iria acompanhá-la em todos os momentos da sua vida.
— Eu sei que não aguento mais, por minha causa você nunca mais conseguirá realizar aqueles sonhos que você falou com tanto fervor, a emoção com que você falou quando disse isso... Eu só poderia te amar mais por lutar pelo que você queria. Eu te amo, Louisa Evans, e espero que você encontre uma maneira de me perdoar porque não consigo fazer isso...
Ele ouviu a porta se abrir e ficou tenso quando viu Marianne, que estava olhando para ele.
— Como você ousa colocar os pés nesta casa? — perguntou a mulher com a voz cheia de ódio.
Jasper não respondeu, simplesmente saiu do quarto pela janela. Ele não precisava ouvir as censuras de Marianne, já estava farto das suas.
Ao ver o corpo sem vida da morena ele finalmente entendeu, Louisa havia partido para nunca mais voltar.
★
Paul tinha ido para a casa de Marianne com Embry, Jared e Seth. Jacob queria ir, mas eles não permitiram que ele fosse, ele estava muito machucado para isso.
O moreno permaneceu em silêncio com os olhos cheios de lágrimas, sem conseguir dizer uma única palavra.
Louisa havia partido, ele estava tentando culpar Jasper por isso, foi ele quem a ofereceu para a guerra. Mas ele não conseguia, só se culpava, se a tivesse protegido, se a tivesse impedido de ir, se ao menos tivesse percebido que Louisa estava no meio da batalha... A culpa era dele e não de outra pessoa.
Perder Louisa foi ainda pior do que perder a vida, sem ela não adiantava viver, ele não poderia ser Paul sem Louisa ao seu lado, ela era a razão pela qual ele era feliz, por que ele acordava radiante todos os dias, por que ele havia deixado de ser tão impulsivo e aprendido a se controlar. Louisa era tudo.
Ele olhou para os outros, Embry não parava de chorar desde que lhe contou a notícia, Jared ainda estava em estado de choque e Seth nem falava.
Era sobre Louisa, a garota que todos gostavam, a garota que Paul queria.
Marianne abriu a porta, seu rosto estava pálido e havia grandes olheiras, e ela estava vermelha e inchada de tanto chorar.
Ela os deixou passar sem dizer uma palavra. A mulher se recusou a dar um funeral a Louisa até que todos pudessem se despedir dela.
— Ela está no quarto dela. — disse ela calmamente.
Subiu seguido pelos outros três, com medo de entrar no quarto de Louisa. Ele se lembraria de tantas coisas, da primeira vez que dormiu com ela, da risada da garota ao ouvi-lo falar, do corpo nu de Louisa no seu, das mãos da garota passando por ele, do sorriso ao vê-lo, quando lhe contou que ela o amava. Ele a amava, como ele havia dito a ela que nunca a abandonaria... E ele falhou, apenas alguns segundos deixando-a sozinha foram suficientes para ela ir embora. Para sempre.
Ele soltou um soluço assim que a viu deitada em sua cama. Ela ainda vestia as roupas que usou na batalha, jeans e um suéter preto com uma jaqueta da mesma cor.
Ao contrário de seus últimos momentos de vida, Louisa parecia em paz, seus olhos estavam fechados frouxamente, ela não estava franzindo a testa, até seus lábios delineavam um leve sorriso.
Ele caiu na frente da cama onde estava a garota que ele amava, segurou a mão dela sem parar de chorar, sentindo como seu coração estava sendo esmagado, era como se cada um dos pedaços estivesse sendo esmagado.
Ele não conseguia vê-la assim, sem vida, sem sorrir ao vê-lo, sem bater no ombro dele, sem rir alto, sem cantar no carro, sem o cabelo bagunçado.
Ele ouviu Embry xingar alto antes de começar a chorar.
Ele podia ver Jared soluçando enquanto Seth o abraçava.
— Não precisava ser assim! — gritou o garoto, batendo na parede.
Ele sentiu Embry o abraçando e se permitiu chorar ao lado dele. O primeiro acariciou o braço de Louisa, Paul esperava que ela acordasse, que a qualquer momento ela se levantasse furiosa e abraçasse todos, e então começasse a chorar. Mas ela não faria isso. Louisa nunca mais acordaria.
Ele permaneceu horas diante do corpo da menina, sem sair de onde estava, sem soltar a mão dela, sem conseguir parar de olhar para seu nariz arrebitado ou para suas sobrancelhas definidas.
Jared e os outros foram embora depois de um tempo, eles sabiam que Paul precisava ficar sozinho. Mas ele não queria, ele não precisava ficar sozinho, ele também não queria ficar sozinho. Ele só queria estar com Louisa.
Ele chorou até seus olhos ficarem secos, até que ele não conseguiu derramar mais uma lágrima. Agora ele estava bem na frente dela, pedindo a Deus, se houvesse alguém, que por favor a trouxesse de volta.
— Não sei se você pode me ouvir. — ele disse calmamente. — Vou falar como se você pudesse. Eu te amo, Louisa Evans, eu te amo e amarei você por toda a minha vida na esperança de que, se houver vida depois dessa, nos encontraremos. Você provavelmente vai ficar furiosa comigo ou pelo menos eu ficarei, eu sei que você vai me olhar com esses seus lindos olhos e então vai sorrir, me dizendo que nada foi minha culpa. Vou tentar acreditar em você, mas no fundo saberei que foi, que a culpa é minha e de mais ninguém.
— Você não sabe o que eu faria se tivesse você na minha frente... Eu deveria ter te dito que te amo todos os dias, deveria ter te beijado até cansar, deveria ter te abraçado e nunca deixar você ir, eu deveria ter ficado ao seu lado... Poderíamos ter fugido, Evans, você e eu, fugir de Forks para sempre e viver uma vida juntos. Talvez pudéssemos ir para a universidade, alugar um apartamento e depois constituir família. Você não sabe o quanto eu teria adorado.
— Ficamos sem tempo, Evans, você foi embora cedo demais, quero até te culpar por ter morrido, como você pode pensar nisso? Eu te dei uma razão muito convincente para ficar. — ele sorriu levemente. — Quase posso dizer que estou bravo com você, você me deixou, Evans, e eu nunca vou te perdoar. Meu Deus, Louisa Evans, você não sabe o quanto eu te odeio agora.
Ele acariciou o rosto da garota, que permaneceu imóvel.
— Você não sabe o quanto eu espero que você se levante e me bata por dizer que eu te odeio, isso é o que você faria, Evans, me bater até conseguir satisfazer toda a sua raiva. E então eu te beijaria e provavelmente te despiria também, embora você não possa me culpar por isso, você já se olhou no espelho? Não posso aceitar isso, Evans, não posso viver sem você, não vou, ouviu? É melhor você se levantar de uma vez por todas.
Ele suspirou antes de continuar a falar.
— Eu te amo como nunca pensei que amaria alguém, Evans, eu te amo mesmo sendo uma péssima cozinheira. Você é perfeita, Evans, com seu cabelo bagunçado e seus suéteres clássicos, você também é perfeita quando usa vestido e ainda mais quando não usa. Você é perfeita quando ri e depois franze a testa. Você fica perfeita quando canta no carro com o cabelo bagunçado, sem nada importante. Você é perfeita mesmo quando está chateada e franze os lábios. Você é perfeita quando me beija e também quando não o faz. Você é perfeita quando seu cabelo está encharcado e ainda mais quando você chora. Você é perfeita quando dança mesmo não sabendo fazer, você tem dois pés esquerdos. Você é perfeita quando confia em si mesma e brilha como ninguém, quando percebe que é a garota mais incrível do mundo. Você é perfeita quando fala sem pensar e também é perfeita quando planeja um discurso. Você é perfeita por ser tão boa, por não querer machucar ninguém e acabar se machucando. Você é perfeita por ser a pessoa mais forte que já conheci. Você é perfeita quando fecha os olhos e depois os abre e olha para mim como se eu fosse perfeito. Você é perfeita quando me deixa admirar até o menor detalhe seu, seu nariz, seus olhos, seus lábios, seu queixo, suas costas, seus braços finos, suas pernas longas, cada uma de suas pintas. Meu Deus, Evans, estou loucamente apaixonado por você e não sei como aceitar o fato de que você se foi.
Marianne apareceu na sala, sentada ao lado de Paul. A mulher olhou para Louisa e seus olhos se encheram de lágrimas.
— Não acredito que ela se foi. — murmurou a mulher.
Paul assentiu.
— Eu sinto que ela vai acordar a qualquer momento.
Marianne o abraçou pelos ombros e Paul apertou a mão dela. Ele nunca pensou que teria que experimentar isso.
Louisa estava morta, ela realmente estava.
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