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˖࣪ ❛ CAPÍTULO VINTE
— 20 —
LOUISA PENSOU POR horas o que poderia fazer com Paul, não poderia levá-lo para uma caminhada pela floresta, provavelmente acabariam se perdendo e a caminhada seria um desastre completo.
Paul apareceu com um sorriso radiante e Louisa o deixou entrar, retribuindo o gesto.
— Bem, Evans? O que você planejou?
Louisa sorriu, antes de conduzi-lo para a cozinha e mostrar-lhe o que tinha sobre a mesa.
— De jeito nenhum, Evans. — foi a primeira coisa que Paul disse.
— Vamos, Paul, são apenas brownies. — reclamou Louisa. — Não sei cozinhar nada, podemos aprender juntos.
Paul suspirou sentando-se enquanto ainda olhava para a caixa.
— Ok, apenas me diga o que fazer.
A garota sorriu para ele e começaram a trabalhar. Seguindo as instruções não foi algo difícil de fazer, era só fazer uma mistura com um ovo, água e óleo e depois adicionar a farinha para os brownies.
— Vejo que você não estava mentindo sobre não saber cozinhar. — Paul zombou enquanto a observava mexer a massa.
— Se eu sou tão ruim, então você faz isso. — Louisa respondeu, ofendida, entregando-lhe a tigela.
Paul sorriu enquanto mexia, Louisa não pôde deixar de ver, mesmo fazendo brownies Paul parecia mortal, suas mãos enormes em comparação com a colherzinha.
— No que você me transformou. — reclamou Paul.
— Você está lindo, Paul. — disse Louisa, fingindo uma voz esganiçada, tentando irritá-lo.
Louisa colocou a massa em uma tigela de vidro para colocar no forno enquanto Paul a observava. Naquele dia, Louisa vestia jeans simples e um suéter branco grande demais para ela, além de um papo branco.
— Agora, o que vamos fazer, Evans?
— Espere. — respondeu a garota assim que fechou a porta do forno.
— Isso não é muito engraçado. — reclamou Paul.
Louisa sorriu, deitando-se na cadeira em frente à televisão, Paul não demorou a juntar-se a ela.
— Você queria saber o que eu faço aos domingos. — disse Louisa com um encolher de ombros.
Ela ligou a televisão, agora seu programa favorito, 'Friends' estava passando. Paul sorriu ao vê-la tão feliz, apenas assistindo TV com um leve sorriso.
— O que é isso?
A garota olhou para ele ofendida.
— Você vive debaixo de uma pedra? Todo mundo conhece!
Paulo franziu a testa.
— Eu nunca ouvi falar.
— Ok, então preste atenção. Você vai adorar. — disse Louisa.
Paul não parava de rir durante todo o episódio, Louisa olhava para ele divertida. Ela havia decidido que a melhor coisa a fazer com Paul era mostrar a ele coisas que ele não fazia, assim como o menino estava tentando fazer com ela.
Depois de duas horas os brownies estavam prontos para comer, Louisa se encarregou de servir os dois.
— Isso é ótimo. — disse a garota com a boca cheia.
Paul assentiu, olhando para ela com um meio sorriso.
O resto da tarde foi gasto assistindo filmes e comendo, rindo sem parar. Louisa havia esquecido todos os problemas que a atormentavam, ela estava simplesmente aproveitando seu tempo com Paul.
Gostava que com Paul não sentisse aquela necessidade de ser perfeita, era só ela, Louisa Evans, sem máscara, sem comportamento absurdo.
Depois de um tempo, ela disse a Paul que ele tinha que ir, sua tia iria aparecer em breve e ela não queria que ela o conhecesse, pelo menos não ainda.
— Devo admitir que me diverti muito. — admitiu Paul, sorrindo.
— Viu, eu não sou tão chata quanto você pensava?
Paul riu.
— A verdade é que você é ainda pior do que eu esperava, mas é uma boa companhia.
Louisa não pôde deixar de corar, o que estava acontecendo com ela? Ela tinha que fugir antes que fosse tarde demais.
— Tchau, Paul. — ela disse com um sorriso tão forçado que Paul teria que ser cego para não perceber.
No entanto, o menino não disse nada, acenou adeus e Louisa fechou a porta sem pensar duas vezes. O que estou fazendo? Ela pensou.
Ela se sentou na cozinha, olhando fixamente para a mesa até que Marianne apareceu.
— Quem era ele?
Louisa olhou para ela confusa.
— Eu o vi sair de casa, Louisa, você não precisa mentir.
A garota deu de ombros.
— Ele é apenas um amigo.
— Ele sabe? — Louisa evitou olhar para ela e Marianne sentou-se em frente a ela. — Você disse a mesma coisa da última vez, Louisa, e vou ser sincera com você, estou feliz por você ter encontrado alguém com quem passar o tempo, não gostei de ver você sofrer por causa de Jasper.
Louisa olhou para ela com os olhos marejados, naquele momento ela se sentia o pior ser humano do mundo.
— Eu sou uma pessoa horrível. — Louisa sussurrou, deixando as lágrimas rolarem pelo rosto.
Marianne se levantou e a abraçou, a morena se permitiu chorar e desabafar, o que ela estava pensando? Fazer isso com Jasper...
— Você não é uma pessoa horrível, Louisa. — sua tia sussurrou, acariciando seu cabelo. — Você é um ser humano e também é jovem, muito jovem. — ela fez uma pausa — Acredite ou não, eu sei o que é amar, Louisa, eu sei o que não é imaginar a vida sem uma pessoa, acreditar que ela é o amor da sua vida e que vocês estão destinados a ficar juntos... Eu tenho vívido. E é ainda mais intenso quando você é jovem, você acha que o mundo começa e acaba nele mas não é assim, querida.
Louisa olhava para ela sem parar de chorar, era a primeira vez que falava assim com a tia, nunca acreditou que seria ela quem acabaria por consolá-la.
— O que você faz é completamente normal, Louisa, é o rumo que a vida segue. E eu prefiro ver você saindo com Paul do que vê-la como sua amiga de aparência morta, Bella.
Ela franziu a testa.
— Você o conhece?
— Eu conheço vários membros da tribo Quileute. — sua tia admitiu. — Pelo que vale, eu gosto muito mais de Paul do que de Jasper.
Louisa não pôde deixar de rir, o mundo devia estar enlouquecendo se ela estava falando de meninos com a tia. Ela bem sabia o quanto os odiava embora aparentemente só odiasse Jasper... Não entendia porque, em sua opinião Jasper era uma pessoa séria e educada, o tipo de menino que os pais gostam. Marianne era tão estranha.
— Tudo vai ficar bem, Louisa. — disse Marianne, olhando para ela. — Só quero que me prometa uma coisa.
A castanha concordou.
— Não pare de fazer nada pela memória de Jasper, prometo.
Louisa hesitou, o que ela poderia dizer sobre isso? A lembrança de Jasper doía e ela tinha certeza de que continuaria a doer. Jasper havia se tornado uma cicatriz e nem mesmo o tempo pode apagá-las.
— Promete, Louisa.
Suspirou.
— Está bem. Eu prometo.
Sua tia sorriu.
— Agora vá dormir, amanhã você tem que levantar cedo.
— Obrigada, Marianne, por conversar comigo e me fazer sentir melhor.
— Está tudo bem, Louisa, eu gostaria que alguém me contasse na sua idade.
Louisa sorriu e desapareceu escada acima. Ela se perguntou quem teria destruído Marianne, ela tinha certeza que tinha sido um amor como o dela com Jasper, tão intenso que é impossível esquecer. Mas ao contrário dela, sua tia não conseguiu se recuperar. Mesmo que ela não tivesse certeza se ele havia se recuperado, ela continuou pensando em Jasper, ela havia se distanciado de Paul por causa de Jasper... Era como se Jasper ainda estivesse lá.
Paul aparecia em seus pensamentos, ela não sabia se estava certa ou errada, também não sabia se isso importava, Paul não se importaria, disso ela tinha certeza. Mas ela era Louisa, ela se importava com as coisas, tanto que podia dar voltas e mais voltas e não dar em absolutamente nada, que era o que ela estava fazendo naquele momento.
Seus pensamentos eram um tornado e para não mencionar suas emoções. Ela desejou poder desligá-lo, não sentir, não pensar, não lembrar. Que tudo pudesse ser apagado e não passasse de um livro em branco, pronto para escrever nele.
Porém, ela não queria outra vida, estava feliz com a vida que tinha mesmo estando se afogando e não sabendo como sair. Ela esperava que alguém a resgatasse, ou melhor, era isso que ela queria, mas no fundo ela sabia a verdade, ela teria que ficar à tona, sozinha.
Ela não podia deixar de se sentir culpada por Paul, embora por que ela deveria, Jasper se foi.
Jasper.
Ele a havia convidado para fugir, para saírem juntos e ela o rejeitara, não era ela a culpada de tudo? Talvez tudo o que estava acontecendo fosse culpa dela, Jasper tinha ido embora porque ela não foi capaz de detê-lo, porque ela não estava disposta a fugir.
Suspirou. Mas, que ele não deveria ter respeitado a decisão dela? Ela não precisava ir embora, se ele a amasse teria ficado.
Se você o amasse, você teria ido embora. Se você o amasse, você teria fugido com ele, nada mais teria importância, você simplesmente teria dito sim. Se você o amasse, não falaria com Paul, teria se afastado dele. Se você o amasse, não se sentiria atraída por ele, não sentiria aquele ímã que o atrai para ele. Se você o amasse, estaria com ele.
Ela agarrou a cabeça, puxando o cabelo, como se isso fosse tirar todos os pensamentos dela. Se ela o amasse, se ela o amasse... Ele não existiria, ela pensou.
Jasper se foi, ele poderia ter ficado, assim como ele tomou a decisão de partir, ele poderia ter tomado a decisão de ficar. Foi ele quem escolheu, nem levou em conta o que Louisa queria, simplesmente se aborreceu quando ela não fez o que ele queria, nunca se preocupou em perguntar a ela, pedir sua opinião.
De repente, ela sentiu uma raiva crescente de Jasper, por ir embora, por não falar com ela, por não procurá-la, por não considerá-la, por fazê-la se sentir culpada, por fazer parecer que tudo era culpa dela. Claro que não foi! Ele decidiu ir! Você não, você ficou! Foi você que ficou chorando a noite toda, não ele!
Aqueles pensamentos a fortaleceram, a raiva que ela sentiu naquele momento contra o vampiro fez seu sangue ferver, ela podia ouvir seu coração batendo acelerado. Ela queria correr, correr até as pernas doerem e os pés sangrarem. E então pular do penhasco, assim como ela fez com Paul... Paul.
O que havia com ele? É verdade que ele apareceu na hora certa, como se estivesse esperando e talvez Louisa também estivesse esperando por ele, não era isso que chamavam de destino?
O sono acabou vencendo-a e seus pensamentos se desvaneceram, porém um prevaleceu: Paul.
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