Capítulo 61- O homem certo
Olá, pessoal. Mais um capítulo de broken postado. Eu não me canso de dizer o quanto amo essa história e como ela tem feito parte de minha vida desde que comecei a escrevê-la. Para mim ela não é só uma fanfic, e sim uma história de vida como tantas que ouvimos por aí todos os dias. Existem muitas Annes por esse mundo, que como minha personagem são fortes o bastante para reconstruirem suas vidas feitas em pedaços por diferentes motivos e situações. Por isso, cada palavra escrita aqui tem um endereço certo, ou seja, o coração de vocês, e por esta razão devo agradecer por aceitá-las tão bem e entender o significado delas. Quero apenas que se lembrem que tudo nessa vida é um aprendizado, basta apenas que tenhamos nossas mentes abertas para absorvê-lo e aplicá-lo em nossa vida diária. Muito obrigada por tudo, e me deixem seus comentários e votos se assim o desejarem. Beijos.
ANNE
Os últimos itens foram colocados na mala, e Anne fechou o zíper com pesar. Suas breves férias com Gilbert na fazenda tinham chegado ao fim, mas mesmo assim, ela desejava que não tivessem que voltar. Apesar de não ter sido como imaginara dessa vez, Anne se sentia mais segura naquelas terras que dentro do apartamento de Gilbert.
Ela sabia que podia estar fantasiando situações, medos absurdos e receio infundados, mas havia um sentimento dentro dela que a deixava apreensiva. Era como um alarme que soava em seus ouvidos lhe pedindo para ter cautela, para não baixar a guarda porque algo ainda sem nome estava vindo em sua direção, e se não tivesse com os pés fincados no chão e protegida como deveria, ela seria arrastada novamente pela escuridão e os sofrimentos que ainda permaneciam em sua mente, como ecos de um passado que nunca fora embora realmente.
instintivamente, Anne colocou as mãos sobre a barriga. Seu bebê crescia saudável dentro dela, e ela tinha por obrigação protegê-lo. Por mais medo que tivesse de não conseguir ser a mãe que ele merecia, Anne faria de tudo para que ele viesse ao mundo e tivesse o direito de ter uma vida melhor e mais equilibrada do que ela tivera até então.
Seu instinto de proteção também era direcionado a outra pessoa naquele momento. Gilbert tinha se tornado fonte de sua mais profunda preocupação. Ela não sabia dizer se fora influenciada por seus sonhos, ou se era apenas coisa de sua cabeça, mas a verdade era que Anne sentia que Gilbert estava em perigo. Era até engraçado pensar que até aquele momento fora ele que a protegera de tudo, e agora ela se via na mesma posição, sem mesmo seu noivo saber.
Talvez fosse apenas medo interiorizado, mais uma maluquice para roubar dela o pouco de razão que tinha conseguido preservar naquele seu processo doloroso de reconhecimento de si mesma. Entretanto, a percepção de que Gilbert não era indestrutível, ou o anjo alado de suas memórias que estaria sempre acima de todo o mal do mundo a fizera perceber que tanto a vida dela quanto a dele era frágil, e que assim como ela, Gilbert podia se ferir, sangrar, e sofrer, e ela se colocaria na frente de qualquer um que quisesse causar a seu noivo algum dano físico ou mental.
Ela podia não ser tão inteligente quanto Gilbert, e ter como talento somente sua pintura, mas algo dentro dela crescia, tornando-a forte quando pensava que ele poderia estar ameaçado. E ela o defenderia com todo o seu coração e alma, porque a fé que ele tivera nela desde o início era o que a fazia ter forças para levantar cada vez que as crises que ainda a atingiam a jogavam ao chão. Assim, queria provar ao seu amor que se ele estava ao lado dela em qualquer situação, ela também estava do dele para o que viesse.
-Terminou de arrumar suas malas?- Gilbert perguntou, vendo-a sentada na cama e com a bagagem do lado.
-Já sim. Estava apenas descansando um pouco. A que horas vamos sair?- Anne o questionou, vendo-o se aproximar dela.
-Em duas horas. Não quero pegar a estrada muito tarde. Não gosto de dirigir à noite nesta região.
-Daqui a pouco começo a me arrumar então.- ela confirmou com um meio sorriso.
-Você parece triste. - Gilbert disse,afastando mechas do cabelo ruivo da testa dela.
-Sei que esse passeio não foi tão bom como das outras vezes, e também sei que a culpa é minha, mas eu queria que pudéssemos ficar mais.- Anne confessou.
-Quem disse que foi ruim?- Gilbert se sentou do lado dela na cama e colocou seu braço direito sobre o ombro dela.- Eu amo cada minuto com você, não importa como seja. E a fazenda sempre vai ser nosso refúgio particular para o melhor e para o pior. Mas eu sei que tem algo te incomodando desde que chegamos aqui, e queria que você se sentisse segura o suficiente para me contar o que é.
Anne pensou pela milésima vez se devia dizer, enquanto seu medo a mantinha nas sombras e sua cabeça permanecia em duelo com sua razão. Talvez devesse contar o que a estava atormentando a dois longos dias, pois já estava cheia de fantasmas em sua mente e se livrar de alguns provavelmente lhe faria bem.
-Estou preocupada com meu sonho ruim.- ela disse timidamente.
-Que sonho ruim?- Gilbert perguntou, segurando no queixo dela, e virando o rosto de Anne em sua direção.
-Eu sonhei que o Roy estava machucando você. - ela disse com a voz quase sussurrando.
-Roy está morto, Anne. Ele não pode fazer nada contra mim.- Gilbert afirmou, tentando acalmar o coração de sua noiva
-Mas ele ainda está vivo dentro de mim, e ainda me faz sofrer mesmo depois de tudo. E isso é a pior coisa do mundo para mim. Sofrer por conta de um homem que está morto,e que fez da minha vida um inferno.- Anne respondeu com os lábios trêmulos. Suas lembranças não a deixavam esquecer, e ela se perguntava até quando carregaria aquele peso 3m seu peito e aquela sentença sobre sua cabeça?
-Roy está morto. Se puder de alguma forma arrancá-lo de dentro de você, também vai conseguir eliminá-lo da sua vida de vez.- Gilbert afirmou novamente, acariciando as costas dela devagar. Ele sempre fazia isso quando sentia que ela estava tensa ou ansiosa com alguma coisa. Que sorte a dela ter aquele homem ao seu lado.
-Então por que eu sinto que ele pode tirar tudo se mim, mesmo que não esteja mais nesse mundo? - ela fez a pergunta que mais temia, pois aquilo poderia atestar facilmente o caminho certo para sua loucura. Que pessoa sã temia um morto?
-Ele não vai tirar mais nada de você, pois eu não vou deixar. Acredita em mim? - a resposta de Gilbert foi a mais surpreendente de todas,e quando encarou os olhos dele, esperando ver alguma estranheza ou mesmo incredulidade pelo que ela tinha lhe contado, havia apenas compreensão ali e tanta compaixão que a fez ter vontade de chorar.
Ela balançou a cabeça confirmando, e Gilbert a abraçou, permitindo que Anne enterrasse a cabeça em seu ombro, descansando ali seu tormento. Depois de alguns minutos, o rapaz interrompeu o silêncio entre eles e disse:
-Vamos, você precisa de um banho quente para se sentir melhor. Está tensa, e isso não é bom para seu emocional. - Anne não disse nada, apenas acompanhou Gilbert até o chuveiro. Ela começou a se despir e Gilbert a imitou, fazendo com que Anne o olhasse com uma expressão séria. O rapaz entendeu e disse:- Não vamos fazer nada demais. Só vamos tomar banho mesmo. Tudo bem?
-Sim.Eu confio totalmente em você. - Anne respondeu com um sorriso. Ela amava a intimidade que tinham, e sexo com Gilbert já não a deixava temerosa como antes, mas havia momentos que ela sentia que sua cabeça ainda criava um bloqueio nessa parte, principalmente em momentos que envolviam as lembranças de Roy Gardner. Então, o medo voltava e seu cérebro parecia ser comandado completamente pelas lembranças da violência que sofrera na mão de Roy. A paciência de Gilbert era infinita, e justamente por isso era que nunca duvidava de que ele realmente a amava profundamente.
Que outro homem olharia para ela e conseguiria enxergar quem ela realmente era por trás de suas cicatrizes? Quel outro homem era capaz de tantos sacrifícios apenas para vê-la feliz? Que outro homem tentava diariamente arrancá-la do abismo de suas dores e apenas pedia em troca que ela confiasse nele? Ela pularia do penhasco mais alto junto com ele se Gilbert lhe pedisse, porque acreditava nele de olhos fechados e de todo o seu coração.
Gilbert regulou a temperatura da água do chuveiro, e quando sentiu que estava propícia para o banho, ele pegou Anne pela mão e a puxou para si, para que assim pudessem aproveitar juntos o jato de água quente que começou a cair sobre eles imediatamente. Anne colocou os braços ao redor do pescoço de Gilbert, enquanto ele mantinha as mãos na cintura dela, e a segurava bem próxima ao corpo dele.
-Seu coração está disparado. - Gilbert comentou no ouvido dela.- Relaxa. Eu estou aqui.
-Estou tentando. Desculpe-me. - Anne disse se lamentando. Aquele seu estado emocional tenso nada tinha a ver com Gilbert, e nem com o fato de estarem ali, tomando banho juntos.
- Não peça desculpas para mim, Anne. Eu sei de sua história e como se sente em determinadas situações. Não é culpa sua princesa. Apenas tente respirar fundo, e ouvir as batidas do meu coração- ele disse com carinho.
Seguindo o conselho do rapaz, Anne fechou os olhos e o abraçou mais forte, encostando a cabeça no peito dele, e se deixando levar pela cadência suave de sua frequência cardíaca, e assim foi se acalmando, afastando o temor que ainda apertava o seu peito e a sensação de que estava prestes a perder tudo o que mais amava na vida.
No fim de cinco minutos naquele exercício mental, ela levantou a cabeça e encarou Gilbert que lhe sorriu com carinho e lhe perguntou:
-Está melhor?
-Sim, obrigada. - Anne respondeu,acariciando o rosto dele.
-Eu posso te beijar?- o rapaz perguntou, encarando os lábios dela, fazendo Anne rir e questionar:
-Por que está me perguntando isso?
-Porque respeito seu direito de escolha e quero que realmente entenda que pode confiar em mim. Nunca farei nada contra sua vontade.- Anne aproximou o rosto do dele e disse:
-Você é um homem sensacional, Dr. Blythe. E é por isso que te amo tanto. É claro que pode me beijar quando quiser.
Assim seus lábios se encontraram em um beijo doce e apaixonado, fazendo Anne perceber mais uma vez que aquele era o homem certo a quem desejaria por toda vida.
GILBERT
Estavam na estrada a poucos minutos, mas de segundo a segundo Gilbert lançava a Anne um olhar de preocupação. Ela tinha perdido peso naqueles dias na fazenda, e seu rosto parecia mais pálido. Aquilo não seria tão preocupante se ela não estivesse grávida, porque nas condições emocionais sob as quais ela vivia, aumento ou perda de peso era considerado normal. Entretanto, como Anne estava em seu quarto mês de gestação, Gilbert não conseguia ficar sossegado a respeito de sua instabilidade emocional.
Havia momentos que ela parecia bem, outros entrava em um processo depressivo que durava dias. Em sua experiência na área de psiquiatria, Gilbert podia dizer que talvez a gravidez tivesse bastante participação nesse quadro, mas as coisas que Anne andara lhe contando o deixava extremamente apreensivo. Ele estava ansioso para chegar em casa, pois assim poderia falar com Charlie e adiantar a consulta de Anne daquele mês. Ela tivera vários episódios de crises na fazenda, e Gilbert queria investigar a causa antes que evoluisse para algo pior que pudesse prejudicá-la e ao bebê.
-Por que está me olhando tanto?- Anne perguntou ao ver que Gilbert não parava de observá-la apesar de estar dirigindo e concentrado na estrada.
-Porque você é linda. Esse não é um bom motivo?- ele perguntou sorrindo.
-Seria se fosse verdade, mas não acho que seja apenas isso.- Anne respondeu, e logo acrescentou. - Eu aprendi a decifrar seus códigos Dr. Blythe, e posso apostar que nesse exato momento está preocupado comigo.
-Sim eu estou. Você não andou bem todos esses dias, e também tem a gravidez, por isso nós devemos ter o dobro do cuidado.- Gilbert respondeu, não escondendo de Anne seus reais pensamentos acerca dela.
-Nosso bebê vai ficar bem. Prometo que vou fazer de tudo para que ele se desenvolva em segurança. - Anne disse, tocando a mão de Gilbert com a sua.
-Eu quero que vocês dois fiquem bem, e vou protegê-los com todas as minhas forças. - o rapaz respondeu, vendo brilhar nos olhos azuis de Anne uma emoção enorme. Ela tentou falar, mas a voz não saiu e duas lágrimas grandes escorregam por sua pele de pêssego. Era doído ver o quanto ela carecia de carinho, amor e atenção, e por mais que ele se desdobrasse para que ela tivesse tudo isso dele, Gilbert sentia que não era suficiente. A história dela, suas privações emocionais a levaram ao fundo de um mar de sentimentos onde ela apenas encontrara pedras ao invés de águas cristalinas e consoladoras, e como uma esponja Anne absorvia tudo o que ele lhe oferecia, mas seu coração continua vazio e sedento por mais.
A maneira como ela reagia às situações de sua vida não era responsabilidade dela. Aquele anjo de inocência confiara muitas vezes nas pessoas, e fora traída, massacrada e levada ao limite de sua sanidade mental. Ele até aquele momento achava um milagre que ela tivesse conseguido sair da obscuridade de seus traumas, e alcançado a realidade novamente em tão pouco tempo. Em sua área de trabalho, ele vira isso acontecer com outras pessoas nas mesmas condições dela depois de anos de tratamento, e ainda assim a passos lentos. Ela era sim uma sobrevivente forte e linda, e apesar de ter sido estraçalhada por dentro, ela conservava uma doçura encantadora que o fizera se apaixonar ao primeiro olhar, e ainda o apaixonava todos os dias.
-Não chora, meu amor. Eu quero aquele sorriso que deixa minha alma feliz só por ver o brilho dele.- Anne tentou sorrir, mas as lágrimas continuaram a cair, porque a emoção ali era forte e Gilbert podia sentir em si mesmo o que ela estava sentindo. Eram duas almas tão parecidas que era difícil pensar que não tinham passado a vida juntos, pois enquanto Anne lutava por seu lugar no mundo, Gilbert estava envolvido com Ruby. Então, ele se perguntava como teria sido a vida de ambos se tivessem se conhecido na adolescência, se apaixonado e dividido a vida como faziam agora? Talvez Ruby tivesse passado batido em seu caminho, e Anne jamais teria conhecido o crápula que arruinara sua autoestima. Ainda assim, suas almas quebradas os uniram, e estavam juntos para qualquer prova ou situação.
-Desculpa, eu sou uma boba.- Anne disse, enxugando as lágrimas com o dorso das mãos.
-Pelo contrário. Você é adorável e eu te amo demais.- Gilbert falou, fazendo um carinho na mão de Anne.
-Eu também te amo. - ela se declarou e o rapaz sorriu. Se ela soubesse que ser amado por ela era tudo o que ele precisava para ser feliz naquela vida, embora ainda não achasse que merecia a devoção daquela garota maravilhosa e com tanta sede de viver, apesar de toda a infelicidade de seu coração.
Durante o restante da viagem, Anne adormeceu, o que deixou Gilbert satisfeito, porque ela andara dormindo muito pouco nos últimos dias, e quando acontecia de ter uma noite de sono melhor, ela acordava no meio de um de seus pesadelos e passava o resto do tempo agarrada a ele como se Gilbert fosse sumir de suas vistas de uma hora para outra. Ele ainda não entendia todo aquele terror, e entendia ainda menos por que o medo que tinha por si mesma de uma hora para outra, Anne o transferira para ele . A incoerência emocional dela realmente o deixava confuso e em estado de alerta.
O comportamento de Anne naqueles dias também estava deixando-o confuso. Gilbert não conseguia ler nas entrelinhas daqueles olhos qual era a origem daqueles temores que estavam tirando o sono dela. O rapaz tinha tanto medo por ela quanto tinha pelo bebê, e saber que ela sofria silenciosamente o deixava agoniado para encontrar uma maneira de tirá-la daquilo, mesmo que ainda não enxergasse nenhuma luz para aquele problema.
Quando chegaram em casa, Anne ainda dormia, e para não acordá-la, Gilbert a carregou para o apartamento, dispensando a ajuda do zelador. Ela estava tão leve que parecia pesar menos que uma pena por assim dizer, o que confirmava suas suspeitas da perda de peso nos últimos dias.
Após deixá-la adormecida no quarto, o rapaz foi verificar suas mensagens e quando estava respondendo algumas, John Blythe ligou.
-Como está a viagem, papai?- Gilbert perguntou feliz por ter notícias de John.
-Maravilhosa. Estamos voltando em dois dias. -O pai do rapaz respondeu com sua costumeira simpatia.
-Que notícia maravilhosa. Anne vai ficar feliz em ter Irina de volta.
-Por isso estou ligando. Irina quer fazer um jantar íntimo em casa. Ela me pediu para convidar Jerry e a namorada também. -John explicou.
-Ela é amiga de Anne. Vai ser bom elas se encontrarem. - Gilbert disse animado por aquela notícia. Anne precisava ter os amigos por perto, pois vivia uma vida solitária demais, e esperava que com isso, ela deixasse seus pensamentos obsessivos de lado, e pudesse relaxar um pouco mais. - Eu também tenho uma novidade. Eu e Anne decidimos nos casar assim que vocês voltarem da lua de mel.
-Isso sim são boas notícias. Irina vai ficar contente em saber disso. Ela torce tanto por vocês dois. Podemos fazer desse jantar íntimo, um pré jantar de casamento. O que acha? -John Blythe perguntou, contente demais por saber que Anne iria finalmente entrar para a família.
-Vão ser ótimo, papai. Obrigada.
-Para quando é o casamento? -John perguntou cheio de curiosidade.
-Para daqui a três semanas. Não quis arriscar a marcar mais cedo, pois tanto Anne quanto eu queremos vocês aqui conosco.- Gilbert disse, passando a mão direita pelos cabelos.
-Estaremos aí, meu filho. Não perderíamos esse casamento por nada.- John afirmou.
-Obrigada, papai. Vocês fazem muita falta por aqui.
-Nós também estamos com saudades. -John fez uma pausa e em seguida perguntou:- Já conversou com Josie sobre seu casamento.com Anne?
-Ainda não. Eu adiei um pouco, pois não queria me aborrecer. Conheço bem, Josie, e sei que vai ficar furiosa quando souber que Anne está grávida, e que vamos nos casar.- O rapaz relatou ao pai, sabendo bem o que esperar da reação de Josie.
-Ela precisa saber, esconder isso dela vai ser pior. - John aconselhou o rapaz que respondeu:
-Eu não ia esconder dela, mas vou fazer isso ainda essa semana. - Gilbert garantiu, pois queria terminar logo com aquela situação.
-Te desejo boa sorte então. Agora preciso desligar. Vou levar Irina para jantar fora, e ela odeia quando eu me atraso.
-Tenha um bom jantar. Até mais, papai. - Gilbert disse.
-Até mais, filho.- John respondeu e desligou.
Naquele exato momento, Anne entrou na sala com o rosto ainda sonolento e perguntou a Gilbert:
-Alguém te ligou? Eu ouvi você falando no telefone. - Gilbert a puxou para seu colo antes de responder:
-Meu pai ligou. Ele disse que chegam em dois dias.
-É mesmo? Estou com tanta saudade de Irina.- Anne disse com os olhos brilhando, fazendo Gilbert sorrir.
-Eu sei, por isso te contei. Eu sabia que você ficaria feliz.- Gilbert disse, trazendo-a para mais perto, sem tirar os olhos do rosto dela.- Eu contei a meu pai sobre o casamento, e como Irina estava planejando um jantar em família, ele sugeriu que fizéssemos um jantar pré casamento. Gosta da ideia?- ele perguntou, preocupada com a palidez dela que continuava intensa.
-Gosto sim. - Anne afirmou, deitando a cabeça no ombro de Gilbert.
-Eles vão convidar Jerry e Diana, por que você não convida o Cole? - Gilbert sugeriu.
-Será que seu pai não vai se importar? - Anne perguntou, parecendo sem jeito.
-Claro que não, amor. Você pode convidar quem você quiser. - Gilbert disse, beijando-a na testa.
-Obrigada. - Anne respondeu, retribuindo o carinho.
-Você tem noção que daqui a três semanas estaremos casados?- Gilbert disse radiante.
- Você está mesmo ansioso por isso, não é?- Anne perguntou, passando a mão pelo rosto de Gilbert bem devagar.
-Muito, você não?- Ele perguntou, segurando no queixo de Anne suavemente.
-Estou sim.- Anne respondeu, mordendo o lábio inferior, e logo o rapaz percebeu que ela estava nervosa, por isso resolveu mudar de assunto. Voltariam a falar disso em outro momento.
-Vamos para a cozinha. Vou preparar o nosso jantar e quero sua companhia. - Gilbert disse, se levantando junto com Anne da poltrona onde estivera sentado.
-Não quer minha ajuda? - ela se ofereceu.
-Não, quero apenas seu rosto lindo em meu campo de visão, enquanto cozinho aquela massa que você adora. - Gilbert afirmou, e de mãos dadas, eles caminharam pelo corredor e chegaram até a cozinha onde permaneceram pelas duas horas seguintes um em companhia do outro.
GILBERT E ANNE
Gilbert estava em seu consultório à espera de Josie. Ele havia mandado uma mensagem para ela em seu celular, e a loira respondera que o encontraria dali a meia hora.
O rapaz tinha tudo o que diria a ela programado, tentando amenizar o impacto que suas palavras causariam. Não precisava ser assim, mas ela sempre dificultava a comunicação entre eles, e mesmo que ele dissesse tudo de forma menos dura possível, Josie seria atingida, e consequentemente seu filho também.
Ele amava aquele bebê, mesmo que não sentisse o mesmo pela mãe dele. Se ele não era mais presente naquela gestação era porque Josie não permitia. Ela assumira uma postura de vítima que ele detestava, e não deixava que ele se aproximasse e permitisse que ele acompanhasse o desenvolvimento do bebê antes dele nascer.
Gilbert não tirava a razão dela de se sentir magoada, e colocada de lado. O erro fora dele que alimentara o sentimento dela, permitindo que ela criasse toda uma ilusão de que ficariam juntos para sempre. Se ele não estivesse tão envolvido em seus dramas pessoais, teria percebido para que caminho a imaginação de Josie a estava levando . Por essa razão, Gilbert se arrependia de ter se envolvido com a enfermeira amorosamente.
Naquele tempo, Gilbert sequer imaginava que conheceria Anne e se apaixonaria tão perdidamente por ela. Tudo o que ele desejava era aplacar a culpa que a morte de Ruby lhe causara, e sentimentos que envolvessem o coração era a última coisa na qual pensava, o que fora seu erro maior, pois Josie acabara misturando as coisas entre eles, e acabou sofrendo por culpa exclusiva dele.
Uma batida seca na porta anunciou que Josie acabara de chegar, e após dar sua permissão para que ela entrasse, Gilbert esperou pacientemente que a enfermeira se sentasse à sua frente para começar a falar:
-Eu sei que deve estar ocupada , então não vou fazer rodeios . Eu te chamei aqui para te contar que Anne está grávida e vamos nos casar.- Josie o olhou surpresa, empalidecendo visivelmente e perguntou como se não tivesse entendido o que Gilbert acabara de lhe dizer:
-O que?
-Foi o que ouviu. Eu e Anne vamos nos casar e teremos um filho juntos.- Gilbert repetiu devagar.
-Então é assim que nós dois terminamos? - ela perguntou com a sobrancelha erguida e com suas mãos apoiadas em sua barriga de grávida de oito meses.
-Nunca houve nós, Josie.
-E o nosso filho?- ela tornou a perguntar.
-Continua sendo nosso, apesar de você não me deixar me aproximar. Você sabe que posso pedir a guarda dele se você insistir nesse enredo depois que ele nascer. Só que não quero isso, portanto vamos resolver essa situação pacificamente. - o rapaz pediu.
-Você é mesmo cínico, não é? Eu engravidei de você primeiro, e mesmo sabendo disso, você me jogou para escanteio. Agora com a ruivinha sonsa, você vai se casar e dará um lar e sobrenome a ela e ao bebê, enquanto sequer cogitou a hipótese de formar uma família comigo.- Josie disse ressentida.
-Eu não te amo, Josie e nunca te amei. Você sempre soube disso e se deixou iludir. Mas o bebê é responsabilidade minha e sua, portanto, temos esse vínculo entre nós.
-Para mim não basta. - ela disse com os olhos lacrimejando de raiva.
-Eu sinto muito, mas não posso dar o que deseja, Josie. Eu sempre fui sincero com você. A única coisa que posso garantir é que nosso filho terá todo o amor do mundo.
-Certo. Era só isso que tinha a me dizer? -,ela perguntou com secura, se levantando com dificuldade por conta de sua barriga de oito meses.
-Era sim.- Gilbert confirmou com pesar. Ele sabia que a tinha magoado de novo, mas não havia outra maneira de resolver aquela situação a não ser sendo honesto.
-Obrigada por ter me contado. Vou voltar ao trabalho. - ela disse, saindo pela mesma porta que entrara, e deixando Gilbert sozinho com seus pensamentos.
Muito mais tarde naquele dia, Gilbert levou Anne para a casa do pai, onde eram esperados por ele e por Irina para o jantar daquela noite. Quando entraram na sala, o casal que estava conversando com Diana e Jerry se virou para ambos e Irina disse com seu rosto sorridente e simpático de sempre:
-Meus queridos, que saudade.- a boa senhora abraçou a ambos enquanto Anne respondia:
-Nós também estávamos com saudades.
-E esse bebezinho lindo? Como está?- Irina perguntou, tocando a barriga de Anne.
-Está crescendo diariamente.- Anne tornou a responder.
-Ah minha notinha favorita. Quanta alegria me dá por ver meu netinho crescer assim. Não vejo a hora dele nascer para que eu o estrague com tanto mimo. Obrigado por isso, querida. John disse beijando Anne no rosto. Ela apenas sorriu, sentindo-se saber o que responder diante de tanto carinho que o pai de Gilbert demonstrava por ela.
A próxima a parabenizar Anne foi Diana. As duas se abraçaram assim que se viram frente a frente, e a morena falou:
-Estou tão feliz por vê-la . Você merece tudo de bom nesse mundo.
-Obrigada, Diana. Senti muita saudades suas. -Anne disse ainda abraçada a amiga.
-Agora que moramos perto, nós duas podemos nos ver sempre. Prometo que vai ser como os velhos tempos. - Diana afirmou. - E o Cole? Falou com ele,?
-Sim, ele não pôde vir porque está viajando a trabalho, mas prometeu que estará aqui para o casamento. - Anne respondeu sorrindo.
-Que bom. Seremos os três mosqueteiros de novo.- Diana disse e Anne concordou enquanto boas lembranças do passado desfilavam em sua mente. Aquela amizade lhe era muito preciosa e apesar de não estarem muito próximas nos últimos tempos, ambas nunca perdiam a conexão que tinham desde que se viram pela primeira vez
Jerry também se aproximou, abraçou Gilbert com carinho e disse:
-Espero que vocês dois sejam felizes, pois conhecendo suas histórias, eu não poderia desejar outra coisa além disso. Podem contar comigo sempre.
-Obrigado. - Gilbert respondeu, abraçando o primo novamente.
Logo estavam sentados à mesa e sendo servidos por Irina que preparara aquele jantar sozinha. John tinha dito que ela poderia usar a cozinheira da casa para fazer a comida que desejasse, mas ela dispensara ajuda externa.
Irina ainda não tinha se acostumado com as facilidades de ter se casado com um homem rico. Ela sempre tivera que trabalhar fora, e por isso ter uma vida ociosa depois do casamento não estava em seus planos.
-Você me parece muito magrinha, Anne. Tem se alimentado direito? - Irina perguntou, observando-a com atenção.
-Eu tento, mas os enjoos ainda estão ruins.- Anne respondeu antes de comer a primeira porção de sua lasanha.
-Não se preocupe, Irina. Estou de olho nela.- Gilbert disse em tom de brincadeira, antes de acariciar o rosto de Anne com o polegar.
-Acho bom mesmo, Dr. Blyhthe.- Irina falou fingindo uma expressão séria que fez todos na mesa rirem. Em seguida, ela perguntou à Anne.-E o vestido de noiva? Já escolheu?
-Eu estava esperando você para me ajudar com isso. Não vamos nos casar na igreja. Nosso casamento será bem simples, por isso, meu vestido será simples também. - Anne explicou.
-Pode deixar, querida. Amanhã mesmo vamos às compras. Quer ir também, Diana? -Irina convidou.
-Eu adoraria.- a morena respondeu.
-Então, combinado. Amanhã vamos ao shopping encontrar o vestido perfeito para você. - Irina afirmou. - Agora eu quero saber tudo sobre o casamento.
E assim o assunto da noite continuou em torno do casamento de Anne e Gilbert que aconteceria dali a três semanas. Eles tinham combinado que não seria nada extravagante, apenas uma cerimônia simples e íntima para alguns amigos e conhecidos, e depois viajariam em lua de mel para Vancouver, onde pretendiam ficar pelo menos duas semanas.
Quando chegaram em casa já era tarde. Assim, Anne foi para o quarto, se despiu e depois colocou uma camisola de seda azul e se encaminhou para a janela, observando a vista que tinha dali, enquanto esperava que seu noivo se juntasse a ela. O que logo ele fez, abraçando-a pela cintura e perguntando:
-Gostou do jantar de hoje? - Anne fechou os olhos um instante, sentindo os lábios dele deslizando pelo seu pescoço, causando-lhe inúmeros arrepios e depois respondeu:
-Eu gostei muito, principalmente por ter reencontrado Diana. - Anne sentiu as mãos quentes deslizando por suas curvas sobre o tecido da camisola, fazendo sua pele se arrepiar inteira.
-Que bom que vocês se reencontraram. É assim que desejo ver você sempre, com esses olhos azuis brilhando de felicidade.- o rapaz confessou, fazendo Anne se virar para ele para que pudessem se falar olho no olho.
-Eu sou muito feliz com você, Gilbert.- Anne disse, deslizando timidamente as mãos pelo peito dele.
-Verdade? Às vezes tenho muito receio de não conseguir te dar tudo o que precisa.
- Você já me dá tudo o que preciso principalmente o seu amor, e isso é mais do que eu esperava ter um dia.- ela disse colando seus lábios nos dele.
O beijo começou calmo, mas logo passou para um estágio mais intenso, fazendo com que ambos desejassem algo mais. As mãos mãos de Gilbert afastaram a alça da camisola, expondo o ombro alvo e macio de Anne, onde o rapaz deixou beijos quentes. Ele tornou a unir suas bocas enquanto a temperatura de seus corpos começava a se elevar, deixando a ambos desejosos de um contato ainda mais íntimo. Quando Gilbert fez um movimento para tirar a camisola de Anne, a ruivinha foi acometida por uma tontura tão grande que teve que se apoiar em Gilbert para não cair.
-O que foi?- ele perguntou preocupado.
-Nada, foi só uma tontura. Me desculpe por estragar nosso momento.- Anne respondeu, ainda se apoiando no rapaz.
-Está tudo bem. Vamos para a cama. Você precisa descansar. - Gilbert disse, conduzindo Anne com cuidado para a cama, onde se deitaram juntos. Gilbert fez Anne apoiar suas costas no peito dele, descansando as mãos na cintura dela e assim adormeceram curtindo o calor um do outro.
Enquanto isso, em outro ponto da cidade, Josie Pye se encontrava com alguém nas sombras. Ela se aproveitara que ninguém da clínica a vira entrar ali, e se esgueirou por cada canto até chegar ao lugar que desejava. Quando viu o homem que esperava se aproximar, ela disse baixinho:
-Você demorou demais dessa vez.
-Ei precisei despistar o guarda da noite.- O rapaz murmurou.
-Precisamos nos apressar ou vamos perder tudo aquilo que desejamos.- ela tornou a sussurrar.
-Isso não vai acontecer, pois eu não vou deixar.- o rapaz disse, deixando a ira transparecer em sua voz.
-Eles vão se casar em três semanas, foi ele mesmo que me contou. Eu não quero e não posso perdê-lo de forma nenhuma.- o tom de voz dela era desesperado, o que fez o rapaz responder:
-Não se preocupe. Você não vai perder seu doutorzinho arrogante, como eu também não vou perder minha gata ruiva. Por isso,vou começar a colocar meu plano em ação imediatamente, e ninguém vai me impedir de conseguir o que desejo, pois já esperei tempo demais.- o rapaz disse com a voz alterada por conta da raiva que sentia, e o brilho maléfico naqueles olhos castanhos, fez Josie perceber que ele não estava brincando.
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