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Capitulo 60 - Tudo de mim

Olá, pessoal.  Desculpem me a demora em postar.  A vida está muito corrida, mas aqui está o capítulo.  Muito obrigada por tudo. Beijos.

ANNE

Os passos de Anne mal eram ouvidos dentro da casa da fazenda, enquanto ela caminhava de cômodo em cômodo naquela madrugada. Era o penúltimo dia dela e de Gilbert na fazenda,e ela acordara com uma enorme crise de ansiedade sem realmente saber o motivo. 

Dessa vez, ela não conseguira relaxar como das outras vezes, mas não dissera nada a Gilbert ou ele se sentiria culpado por seu estado emocional não estar tão equilibrado quanto deveria por conta de algumas situações que envolveram diretamente o psiquiatra, mas não era culpa dele se ela estava com sua cabeça ruim naqueles dias.

Parecia mais um instinto de proteção que desenvolvera como se houvesse uma ameaça no ar da qual não conseguia se livrar. Será que se ela contasse a Gilbert a sensação que tinha de estar sendo observada o tempo todo, ele pensaria que ela estava perdendo a razão novamente? Ela tinha medo de estar entrando de novo naquela zona desequilibrada de seus sentidos que a levaram a um colapso interno enorme no último ano. Anne tinha tanto pavor de perder a voz e a consciência novamente, porque agora tinha um serzinho crescendo dentro dela, e por seu filho ela tinha que lutar para se manter lúcida e completamente dona de suas faculdades mentais.

No entanto,  o medo era real, e ela tinha que controlar o pânico toda vez que seu celular tocava ou ela ouvia um sinal de mensagem chegando.  Nos últimos dois dias para preservar sua sanidade mental, ela o deixara desligado, pensando que assim sua mente a deixaria em paz, mas ela simplesmente não conseguia se desconectar da sua atual realidade para mergulhar naquele mundo mágico da imaginação que sempre lhe trouxera conforto. 

Anne tentara pintar, mas sua criatividade não estava tão aguçada para criar algo que valesse a pena, embora tivesse disfarçado bem seu estado de ânimo e não deixado Gilbert perceber que emocionalmente ela não estava nada bem. Lembranças ruins a alcançaram várias vezes em momentos inesperados,  e ela percebeu que isso vinha acontecendo desde o dia do aniversário da morte de Roy.

Aquele homem mesmo depois de morto continuava a fazer estragos na sua vida. Será que algum dia se libertaria dele? De sua influência maldosa , e de toda nuvem se negatividade que ele colocara sobre ela, e que ainda a fazia duvidar de si mesma? O que ela realmente desejava era nunca tê-lo conhecido, pois assim sua vida teria seguido um outro rumo e ela não estaria se sentindo um farrapo humano, sempre no seu limite e a ponto de se quebrar. 

Como não percebera que Roy Gardner era o mal em pessoa? Como o deixara a manipular de tal forma que perdera o controle sobre a própria vida? Será que podia culpar sua carência por amor e sua ingenuidade?  Ou será que fechara os olhos à crueldade de seu ex namorado, porque tinha medo de enxergar o que havia na superfície?

Anne chegou até a escada com mil e um pensamentos rondando sua cabeça, e desnorteada, ela resolveu voltar para o quarto. Quando chegou lá, um olhar para Gilbert dormindo a fez parar na porta e observá-lo. Ele estava deitado de bruços, e vestia apenas uma cueca boxer,  enquanto o resto do corpo estava despido. De onde Anne estava,  ela podia ver a tatuagem de dragão nas costas cheias de músculos que a fascinava sempre que tinha a oportunidade de tocá-la. As pernas estavam levemente separadas,  o rosto apoiado no travesseiro virado para o lado onde ela dormia , e os braços se mantinham eretos ao lado do corpo.  Ele parecia completamente em paz, enquanto sua respiração se mantinha em uma cadência suave. 

Como ela queria aquela paz para ela, aquela tranquilidade que seu noivo transparecia ressoando naquele momento. Anne queria se deitar ao lado dele e roubar um pouco para si a coerência daquele rapaz que era a coragem em pessoa, pois ela se sentia tão frágil naqueles dias, e odiava sua fraqueza imensamente. Lutar contra si mesma era exaustivo, não se entregar à sua loucura era tão difícil,  ela não queria ser tão dependente do afeto de Gilbert para conseguir caminhar com as próprias pernas, mas sem ele, Anne sentia que não conseguiria dar um passo sem fraquejar.

Sabendo que não conseguiria dormir mesmo que tentasse, Anne saiu do quarto de novo sem fazer barulho e foi em direção a cozinha.  Talvez todos na casa a considerassem louca por cozinhar as três da manhã, mas ela precisava de algo que acalmasse seu coração e como não estava com vontade nenhuma de pintar,  fazer um bolo era a solução,  e pensando pelo lado criativo da questão,  trabalhar na cozinha também era um tipo de arte que ela amava executar.

Ela pegou todos os ingredientes que precisaria para o bolo,e então começou a preparar a massa conforme se lembrava da receita. Em pouco tempo estava entretida com a atividade, e as horas no relógio deixaram de importar até que um beijo molhado em seu pescoço a fez se virar,  e dar de cara com seu noivo sonolento que lhe perguntou:

-Por que está aqui embaixo, baby? São três da manhã. 

-Não conseguia dormir. - Anne respondeu, provando o açúcar da massa.

-Teve pesadelos?- ele perguntou com a expressão preocupada.

-Não,  eu só perdi o sono mesmo. - ela mentiu. Não queria dar motivos para Gilbert pensar que ela estava tendo problemas emocionais de novo. Ela tinha que aprender a lidar com tudo aquilo sozinha,   tomar suas próprias decisões, pois depender de Gilbert para tudo nunca lhe daria a liberdade que precisava ter para conquistar sua dignidade de volta.

-Anne, o que está acontecendo?- Gilbert perguntou, fazendo-a se virar para ele. 

-Nada, meu amor. Não precisa se preocupar. - Anne respondeu, beijando-o no rosto, e em seguida, ela colocou a massa do bolo em uma forma, e levou-a ao forno.

-Princesa, por que não se abre comigo? Eu sinto que não está bem. Você não 
 sairia da cama a essa hora para fazer um bolo à toa. Tem alguma coisa que não está me contando?- Havia muitas coisas que Anne não estava contando, mas ela também não queria compartilhar seus pensamentos naquele momento.  Era complicado demais dizer a seu noivo que ela se sentia oscilando de novo, pois tinha medo de sua própria mente.

-Acho que são os hormônios da gravidez mexendo com meus sentimentos, e me sinto mais sensível. Não é nada demais.  - Anne respondeu  fugindo do olhar de Gilbert. Ele a conhecia tão bem que uma única vacilada sua, Gilbert descobriria que estava mentindo.

-Você devia ter me dito que não estava conseguindo dormir. Eu podia ter te ajudado.  - o rapaz disse, se aproximando dela enquanto Anne verificava a consistência do bolo no forno.

-Não deve se preocupar comigo. - Anne disse, desejando parecer forte, mas sentindo sua fragilidade alcançá-la quando Gilbert segurou em sua mão e a puxou para seus braços.

-Quando minha noiva sai da cama às três da manhã e vem direto para a cozinha sem realmente um motivo aparente é quando devo me preocupar.  Eu conheço você como a palma da minha mão, e sei que não está bem nesse momento,  mesmo me  dizendo o contrário. Contudo, não vou pressioná-la, pois imagino que vai me dizer o que a está incomodando quando se sentir pronta para fazê-lo. Quero apenas que sinta que pode confiar em mim, e que se sinta muito amada, pois desde que te conheci a única coisa que tenho feito é amar você com todo o meu coração.  - Anne o  abraçou e deitou sua cabeça no peito dele, pois ali era seu refúgio preferido, onde podia ouvir o coração dele batendo, confortando-a com seu ritmo calmo e cadenciado.

-Eu confio em você, e sei que me ama como eu também amo você. - Anne respondeu, sentindo os braços de Gilbert rodeando-a com força.  Deus! Ela precisava tanto dele, e sabia que ele nunca a deixaria cair se estivesse ao alcance dele impedir que isso acontecesse, mas Anne entendia que naquele momento ela precisava se sustentar sozinha, pois não queria arrastar Gilbert com ela para o seu caos emocional interno.

-Eu vou cuidar de você, amor. Só não se feche para mim, por favor.  - Gilbert pediu e Anne assentiu, continuando a abraçá-lo como se ele fosse seu único porto seguro.

Assim, Gilbert se sentou na cadeira mais próxima e fez Anne se sentar em seu colo, enquanto ele a enchia de beijos no rosto, nos  cabelos,  nos lábios, e a ninava como se ela fosse uma garotinha que precisasse de colo, o que fez Anne admitir  porque praticamente venerava aquele homem.

Gilbert era tão carinhoso, tão parceiro, tão amoroso que era impossível não se deixar envolver por ele. Ao primeiro olhar, quem não o conhecia diria que sua postura era fria, mas ao conviver com ele era fácil descobrir a sensibilidade latente daquele coração.  

O apito do forno sinalizando que o bolo estava pronto,  fez Anne sair do conforto dos braços de seu homem para observar sua obra, enchendo a cozinha com um aroma delicioso de abacaxi. Assim, ela colocou a sobremesa em cima da pia para esfriar, enquanto Gilbert se aproximava dela e dizia:

-Que tal voltar para o quarto agora? Eu prometo que te faço companhia enquanto tenta dormir.

-Está bem. - Anne concordou e de mãos dadas eles subiram as escadas. Quando chegaram no quarto, Gilbert a abraçou assim que se deitaram na cama, acomodando-a bem perto do seu corpo. Anne não conseguiu adormecer,  mas tendo Gilbert a seu lado, cuidando de seu bem estar,  ela sentiu seu coração serenar até que as primeiras luzes da manhã anunciaram um novo dia que acabara de nascer .

GILBERT 

 Anne tomava seu café,  e Gilbert a observava com atenção. Ele a trouxera para a fazenda com o intuito de  que Anne pudesse relaxar, mas o efeito parecia ter sido o contrário.  Ela parecia tensa, e embora lhe sorrisse todo o tempo, seu instinto lhe dizia que havia uma nota errada ali, pois desde que ela lhe chamara a atenção para o fato de que ele deveria ficar mais atento às necessidades de seus pacientes, ao invés de apenas assumir que ele sabia exatamente do que eles precisavam, Gilbert começou a enxergar os problemas psicológicos de Anne por outro prisma.

Normalmente, ele  insistiria com a ruivinha até que ela lhe contasse o que a estava incomodando, mas agora sua estratégia era outra. Ele pretendia deixá-la confortável o suficiente para que lhe contasse quando ela sentisse necessidade, e não porque ele a induzira a isso, pois as crises de Anne sempre tendiam a piorar quando ela se sentia pressionada, mesmo que sutilmente e Gilbert não queria de forma nenhuma que isso acabasse prejudicando o bebê.  Ele entendia que o corpo dela respondia as mudanças em torno da gravidez, e por isso mesmo, ficar mais sensível nesse período era normal, especialmente no caso dela que precisava de medicação para controlar suas crises nervosas que não eram tão frequentes, mas quando aconteciam, elas demoravam  um pouco para irem embora novamente. 

-O que acha de darmos um passeio hoje? Você se trancou dentro de casa nos últimos dois dias.  Seria muito bom se tomasse um pouco de sol, caminhasse lá fora. - ele sugeriu. Não estava gostando do aspecto desanimado de Anne e seu rosto pálido. Ele tinha que fazer alguma coisa para tirá-la daquela melancolia que a deixava tão fragilizada. 

-Está bem. Se você acha que vai me fazer bem, a gente pode sair sim. - Anne disse não parecendo tão animada como ele pensara que ela ficaria. Os dias estavam mais frios, e Anne amava o sol, ar puro, estar perto da natureza, justamente porque sua veia artística se conectava com tudo o que podia aguçar sua percepção e criatividade, e vê-la tão propensa a se afastar de tantas coisas positivas para sua saúde física e mental o deixava extremamente preocupado. 

-Eu quero que você sinta que faz bem para você,  e não que você faça isso por minha causa. -Gilbert lhe explicou.  Eles tinham conversado sobre aquilo, e o rapaz não queria voltar ao círculo vicioso de resolver as coisas por ela. 

-Eu sei que faz bem para mim e para o  bebê  caminhar lá fora e ver o mundo com nossos corações abertos. Desculpa estar tão introspectiva nesses dias, eu não quero que pense que me afastei de você. - Anne disse, olhando para Gilbert com os olhos tristes,deixando o rapaz ainda mais preocupado. 

-Está tudo bem, amor. Eu sei que tem sido complicado para você esses dias. Talvez ter trazido  você aqui não tenha sido uma boa ideia dessa vez, como pensei. Você anda tensa, e triste,  e não é o que eu imaginava que seria.- Anne colocou sua xícara de leite sobre a mesa e respondeu:

-Eu adorei ter vindo. Eu amo esse lugar como você e sempre encontro tanta paz aqui.O problema não é o lugar e sim a pessoa,  e no momento essa pessoa aqui ainda tem questões a resolver sobre si mesma. Isso não tem a ver com nada exterior e sim a maneira como me sinto por dentro, entende?- Sim, ele entendia mais do que Anne pensava. Ele não passara pelas mesmas situações que ela, mas chegara perto  em questão de sentimentos. Por isso, ele respondeu:

-Eu entendo, mas me deixe te ajudar, me  deixe te mostrar que estou cem por cento com você. - ele se aproximou dela, e a abraçou pelo ombro, enquanto Anne que estava sentada colocava seus braços em volta da cintura dele.

-Obrigada. Eu sei que está sempre do meu lado como também sei que não tem sido  fácil lidar comigo nessas condições.  - ela confessou.

-Eu não sei o que se passa em sua cabeça nesse exato momento, mas o que eu quero. que você entenda é que não importam os obstáculos que me impeçam de chegar até você, eu sempre vou achar uma maneira de te alcançar. - Anne não respondeu, mas pelo maneira como ela agarrou em sua cintura, Gilbert entendeu que essa era a maneira de ela lhe dizer que confiava nele, e esse era o maior presente que ela poderia lhe dar.

Assim que Anne terminou o café da manhã, Gilbert a levou a seu lugar favorito naquela fazenda, onde estivera a poucos dias para tentar encontrar respostas para seus dilemas pessoais. O jardim de lírios de sua mãe estava mais viçoso do que nunca, e o dia ensolarado tornava perfeito aquele passeio e aquela visita. 

Ver os olhos de Anne brilharem ao se depararem com aquela maravilha da natureza fez Gilbert se emocionar. Era tão difícil fazer Anne sair da própria concha quando estava em seus profundos momentos de isolamento interior, que ver aquele rosto lindo animado por cinco minutos que fosse por um singelo jardim de lírios o fazia perceber que daria tudo para que instantes assim se prolongassem pela vida inteira. 

Feridas da alma deixavam cicatrizes, e lidando com isso por anos, Gilbert sabia o esforço que era para Anne viver um dia de cada vez, tentando reconstruir passo a passo sua vida que fora arrasada tão impiedosamente. Era por isso que seu amor por ela aumentava a cada dia, pois presenciar uma coragem silenciosa de não se deixar desmoronar de vez quando tudo a levava ao caos  completo, o fazia perceber o ser precioso que tinha nas mãos.  

E que sorte a dele tê-la encontrado, porque Gilbert não conseguia imaginar outra parceira de vida que não fosse Anne, pois não lhe importava que ela fosse complicada, que se afastasse dele por motivos que ele não entendia, ou que às vezes preferisse ficar calada ao invés de lhe dizer o que se passava na cabeça dela, pois nada disso mostrava realmente quem ela era. A essência verdadeira daquela mulher incrível estava na sua capacidade de se reinventar, continuar caminhando mesmo quando seus pés estavam cansados demais para prosseguir, mesmo que seus fantasmas internos a levassem por um caminho que beirava ao abismo, e um único movimento errado a faria cair na imensidão de seus terrores e medos.

Ele a queria a seu lado em todos os instantes de sua vida,  nos alegres e tristes, nos dias iluminados e em suas noites sombrias, pois olhar para ela em toda a sua suposta vulnerabilidade era a inspiração que ele precisava para ser um homem melhor do que tinha sido até então.

-Esse lugar é tão lindo. Como eu nunca o vi nas outras vezes que estive aqui?- Anne perguntou, se sentando em um banco próximo a um canteiro florido de lírios.

-Esse é o lugar mais especial dessa fazenda.  É o jardim de lírios da minha mãe.  Ela o construiu e cuidou dele até sua morte. - Gilbert explicou a Anne enquanto se sentava ao lado dela.

-Ele continua perfeito. - ela disse, tocando as pétalas das flores com seus dedos delicados.

-Meu pai faz questão que esse lugar seja preservado e mantido exatamente como ela o deixou. - Gilbert explicou, puxando Anne para seus braços, onde ela relaxou completamente.

-Ele ainda deve amá-la muito. - ela constatou. 

-Meu pai nunca vai deixar de amar minha mãe. Ela foi o amor da vida dele.

-Assim como Ruby foi o seu?- Anne perguntou,  e Gilbert tentou identificar se o tom  era magoado ou não, mas não conseguiu perceber nada, e dessa forma ele respondeu:

-Eu amei a Ruby  não posso negar isso, mas com o tempo eu percebi que o tipo de amor que eu tinha por ela não era tão profundo como eu pensava, e nem se compara com o tipo de amor que tenho por você. - ele disse, acariciando o rosto dela com o dorso das mãos.  - Você é o amor da minha vida, Anne. E talvez seja difícil para você acreditar nisso depois de tudo o que sofreu,  mas eu vou passar minha vida inteira te provando que isso é verdade, e te farei te lembrar disso a cada novo amanhecer.- para a consternação de Gilbert, a ruivinha começou a chorar.  Ele não esperava aquela reação dela, e perguntou preocupado:- O que foi, baby? Eu te magoei?

-Não,  pelo contrário.  Você não sabe como me emociona ouvi-lo falar assim.- ela estendeu a mão e tocou o rosto dele com carinho e disse:- Você também é o amor da minha vida, Gilbert. E tudo o que me disse agora a pouco foi a declaração mais linda que alguém fez para mim. - de repente, Anne parou de falar, fez uma careta, deixando Gilbert tenso que lhe disse:

-Está sentindo alguma coisa? - Anne o olhou com mais lágrimas nos olhos que antes e respondeu sorrindo:

-Não,  acho que o nosso bebê acabou de se mexer.

-O que? Eu não acredito que perdi isso.- Gilbert disse com os olhos marejados também. 

-Me dê a sua mão.- Anne pediu, e quando ela  levou a mão de Gilbert para sua barriga, ele sentiu um leve tremor, e emocionado ele murmurou:

-Eu te amo.  

E logo em seguida, ele a beijou, acreditando nas palavras de seu pai que um dia lhe dissera que aquele jardim era um lugar mágico onde coisas fantásticas poderiam acontecer,  se desejadas com amor, e enquanto estreitava Anne nos  braços , e continuava a beijá-la , ele agradeceu a mãe mentalmente por aquele momento especial ao lado de sua mulher admirável.

ANNE E GILBERT 

O primeiro telefonema do dia aconteceu logo que Anne e Gilbert voltaram do passeio.  A ruivinha parecia mais relaxada depois de passar a manhã no jardim de lírios da mãe de seu noivo, o qual ele dividira com ela como sendo seu lugar favorito de toda a fazenda, e mais uma vez ela se surpreendeu com a natureza sensível e delicada de Gilbert .

Em suas vestes de médico,  ele nunca deixava transparecer como aquela alma dele era autêntica e pura. Gilbert poderia ter cometido erros em sua vida que o levaram a perder a fé em si mesmo, principalmente após a morte de sua primeira esposa, mas aquilo não mudara quem ele era por dentro. O doce rapaz que lhe revelava sua outra faceta quando estavam juntos  longe de qualquer pressão diária, era o homem mais incrível do mundo. A única pessoa que ela colocaria no mesmo patamar que Gilbert seria Matthew Cuthbert.  

Seu tio era o único homem antes de Gilbert que conseguira enxergá-la além de todas as camadas complexas que a compunham. Quando Anne fora para Green Gables, ela vivia na defensiva, mas ele soubera ver que por trás da garotinha de gênio forte havia um espírito carente de amor e atenção, assim como Gilbert percebera que além de sua névoa mental, e suas dificuldades emocionais havia uma Anne sedenta por viver tudo o que não tivera a oportunidade antes, e por isso,  mesmo que existissem outras pessoas com a alma tão nobre quanto a deles, Anne jamais olharia para outro homem com a mesma adoração ou amor.

 No momento em que pisaram na parte interna da casa, o celular de Gilbert tocou e com grande prazer ele percebeu que era Bash, a quem ele atendeu com um sorriso no rosto. 

-Bom dia, Gilbert. Eu te acordei?- o rapaz perguntou. 

-Não, faz um bom tempo que me levantei.  Aconteceu alguma coisa? 

-Não, fique tranquilo. Eu me esqueci de convidar você e a Anne para a festinha de aniversário da Delphine hoje no início da noite, e a Mary está uma fera comigo. Acha que dá tempo para vocês virem?

-Dá sim. A gente não tem nenhum plano para hoje a noite, e só voltamos para casa no domingo. - Gilbert respondeu,  tranquilizando o rapaz.

- Que bom. A Mary ameaçou me colocar para dormir no celeiro se vocês não pudessem vir.  - Bash contou rindo.

-Mary sempre foi espirituosa. Eu não duvido que ela faria isso mesmo.  - Gilbert comentou. 

-Quando fica brava minha mulher consegue colocar medo até no papa, então salve minha pele e não deixe de comparecer.  - Sebastian pediu, ainda se divertindo com toda a situação. 

-Pode deixar, Bah. Nos vemos mais tarde então.  - Gilbert disse se despedindo do amigo.

-Sim. Até a noite então.  - Bash respondeu e desligou.

-Algum problema? -Anne perguntou,com a testa franzida. 

-Não. O  Bash ligou para nos convidar para a festa de aniversário da Delphine hoje à  noite. Tudo bem para você?- Gilbert perguntou, observando o rosto pálido de Anne. Ela ainda não lhe parecia tão bem como ele gostaria, mas estava melhor do que quando levantou naquela manhã.  Ela estava sorrindo mais, e ele amava quando ela sorria, pois era como se um enorme sol iluminasse seu rosto inteiro.

-Está sim. Eu gosto muito da Mary e  a filhinha dela é linda.- Anne respondeu, bocejando. - Desculpe, parece que tudo que faço agora é dormir. 

-Isso é normal, especialmente esses dias nos quais você passou por algumas situações estressantes. Quer subir e descansar um  pouco? Ainda temos duas horas antes do almoço.  -Gilbert sugeriu.

-Quero sim. Você me faz companhia?

-Faço sim. Vamos lá. - Gilbert disse, abraçando-a pela cintura e subindo as escadas junto com Anne em direção ao quarto.

Assim que entraram no quarto, Gilbert se sentou na cama enquanto Anne colocou a cabeça em seu colo, e levando as mãos ao ventre dela, Gilbert perguntou:

-Será que consigo ouvi-lo se mexer de novo?

-Eu não sei. É algo que acontece espontaneamente. -Anne explicou,  e deste modo, o rapaz permaneceu nessa posição por algum tempo até que decepcionado, ele entendeu que não teria sorte daquela vez, e disse para Anne:

-Acho que ele resolveu dormir igual a mãe dele.

-Não fique chateado. Talvez mais tarde você tenha mais sorte. - Anne afirmou, bocejando mais uma vez.

-Tudo bem, teremos tempo para isso
- Anne não respondeu, pois no instante seguinte estava dormindo 

Ela foi despertada um tempo depois por Gilbert,  que lhe avisou que era hora do almoço, e quando ainda se sentindo sonolenta,  Anne pensou em se levantar, ela viu surpresa que seu noivo havia trazido seu almoço em uma bandeja para o quarto. 

-Você não precisava ter feito isso. Eu podia ter descido até a  cozinha. - ela disse em protesto ao ver Gilbert servi-la e se servir logo em seguida.

-Eu queria te mimar um pouco. - Gilbert respondeu, acariciando o rosto de Anne. 

-Você já me mima demais.  - ela respondeu, com um sorriso suave no rosto que fez o coração dele bater mais forte. Ela sempre o afetava com aquele jeito de menininha ingênua  que ao mesmo tempo lhe mostrava o quanto mulher ela podia ser,  principalmente quando estava em seus braços.  E sua vontade era beijá-la até que ambos perdessem a razão, mas aquele não era o momento ideal para que suas emoções tomassem as rédeas de seus atos. 

-Eu não tenho te mimado o suficiente,  principalmente agora que tenho que cuidar de você e do bebê.  Mas isso vai mudar daqui para frente. - ele disse,  e olhando para aquele homem a  quem aprendia a amar a cada dia mais e de formas diferentes, Anne respondeu:

-Eu sei que já te disse isso milhares de vezes, mas vou repetir para que saiba como valorizo tudo que faz por mim. - Anne colocou o garfo que estava segurando dentro do prato, segurou a mão de Gilbert e continuou:- Você é muito bom para mim, e não tenho como pagar tudo o que tem feito para melhorar a minha vida. Eu nunca pensei que seria tão amada por alguém como sinto que sou amada por você,  e isso faz  uma grande diferença aqui dentro. - ela apontou para o próprio peito.- Se não fosse por você,  eu não sei se estaria aqui hoje, fazendo planos, pensando no nosso casamento e na construção de um lar junto com você. 

-A única retribuição que desejo é que você seja feliz, Anne. Se puder sorrir para mim todos os dias como está sorrindo agora,  já fez tudo valer a pena. Eu amo você,  e quero que se sinta bem a meu lado a cada dia, porque sei que minha vida com você será maravilhosa.- ele beijou a mão dela, e apenas se olharam porque o sentimento estava explícito em seus olhos, e nenhuma palavra seria suficiente para descrever o que sentiam um pelo outro.

Eles terminaram o almoço nesse clima apaixonado,e como Anne ainda estava sonolenta, eles acabaram passando a tarde no quarto abraçados, enquanto assistiam suas séries favoritas. Para Anne que estava adorando todo aquele tratamento cinco estrelas, o mundo poderia acabar lá fora que ela não se importaria, ainda mais porque estar com Gilbert naqueles dias era um luxo do qual não abriria mão. Ele vivia tão ocupado com a clínica, e embora nunca deixasse de lhe dar atenção, Anne sentia falta de ficar com o rapaz  mais tempo durante a semana, mesmo compreendendo que o trabalho dele era muito importante, e Gilbert  precisasse também dividir seu tempo com seus pacientes.

 Eram seis da tarde quando Anne começou a se arrumar para a festa de Delphine. Primeiro ela tomou um banho relaxante, depois ela voltou para o quarto e parou em frente ao guarda roupa, tentando encontrar o que vestir, pois apesar de continuar esbelta, a pequena saliência em seu ventre já a impedia de vestir certos tipos de roupa. 

-O que foi, Anne? - Gilbert perguntou,  ao vê-la com a testa franzida, olhando para a porta aberta do guarda roupa.

-Eu não sei o que vestir. Eu não pensei que fôssemos sair daqui da fazenda, por isso  não me preocupei em trazer nada especial. O único vestido que trouxe foi o que vesti no jantar, pois as outras roupas que tenho aqui ficam muito justas na minha barriga. - ela respondeu, mostrando-se um pouco aborrecida com aquele fato.

-Você pode usar o mesmo vestido então.  Você fica tão linda nele. - Gilbert disse, colocando uma mão no ombro de Anne e o acariciando de leve.

-Quando voltarmos para Avonlea, vou ter que comprar roupas novas, pois daqui a pouco nada mais vai me servir. - Anne argumentou.

-Quando voltarmos, eu vou te levar para comprar roupas novas. Quero te dar tudo o que precisa.  - Gilbert afirmou, abraçando-a pela cintura.

-Você sabe que não precisa. Eu mesma posso comprar roupas, amor.

-Eu sei que pode, mas eu quero fazer isso por você. - O rapaz respondeu, beijando-a no topo da cabeça.

-Por que faz tanta questão disso?- Anne perguntou intrigada.

-Porque você é minha princesa, e vou tratá-la como tal. - Gilbert respondeu, puxando-a para um beijo romântico, deixando o coração de Anne palpitando de felicidade.

Um tempo depois, ela ficou pronta e quando Gilbert entrou no quarto para ver se ela já estava preparada para ir, Anne correu o olhar para a aparência impecável de seu noivo  vestido com camisa cinza e camisa preta e suspirou baixinho, reconhecendo que Gilbert Blythe combinava com qualquer estilo. Ela sabia que ele sempre a impactaria com sua beleza   incomum, ainda que estivesse acostumada com isso por conta do tempo que estavam juntos.

-Eu sabia que ficaria linda, baby.  - ele disse em um suave galanteio.

-Obrigada. Eu nem vou elogiá-lo, pois tenho certeza que você já saiba o que penso a seu respeito todo vestido com roupas que não sejam de médico. - Gilbert deu uma gostosa gargalhada, beijou-a na testa e respondeu:

-Às vezes eu ainda me surpreendo com a mulher observadora que tenho.- e em seguida, a puxou para fora do   quarto,  e logo estavam a caminho da casa de Bash e Mary.

Ao entrarem naquela residência encantadora, Anne se viu rodeada de crianças, e uma alegria inesperada encheu seu coração.  Ao vê-la tão sorridente, Mary se aproximou e disse ao casal,:

-Estou tão feliz que tenham vindo.

-Tivemos que salvar a pele de Sebastian.  - Gilbert disse cheio de humor, fazendo Anne olhar para o rosto dele e pensar no quanto era bom vê-lo descontraído naquela noite. Foram dias tensos que viveram nos últimos tempos, por isso um pouco de leveza fazia bem ao coração de ambos.

-Então ele te contou?- Mary disse rindo.- Eu tive que dar-lhe uma boa lição. Sebastian é muito descuidado com certas coisas. Mas por favor fiquem à vontade, vou dar uma circulada por aí e ver  se  os convidados não estão precisando de nada.- Anne e Gilbert  assentiram, e assim  a mulher de Sebastian se perdeu no meio de um  bando de  crianças que a cercaram assim que a viram com uma bandeja cheia de doces.

Deste modo, o jovem casal se misturou entre os convidados e curtiram juntos aquele momento feliz. E durante toda a noite, os olhos de Anne acompanharam Gilbert, não perdendo um só movimento dele . Era tão lindo vê-lo sorrir a todo momento como se uma aura de paz e felicidade tivesse tomado conta de seu coração. Anne tinha consciência que o bebê que estava esperando era o responsável por essa transformação de seu noivo,   como se a concepção daquele ser angelical tivesse aberto uma porta na alma de Gilbert, ofertando-lhe um novo recomeço. 

Gilbert também não tirara os olhos de Anne. Embora ele tivesse conversado bastante com Bash, brincado com Delphine com quem tinha uma ligação inexplicável, não pôde deixar de observar que por mais  relaxada e calma que Anne estivesse havia uma certa melancolia dentro daqueles olhos azuis que o fazia pensar se tudo o que estava tentando fazer para que ela pudesse sair da casca novamente estava sendo suficiente. A doença de Anne atingia fases incompreensíveis que ele observara acontecer em inúmeros pacientes antes, e com as quais nunca se mostrara impaciente para que se resolvessem logo, pois ele sabia que demandavam paciência e cuidado.

No entanto, estando envolvido emocionalmente naquela questão e sofrendo com Anne a cada etapa de recuperação e recaída, era difícil agir e pensar como médico e não como homem. Ainda assim,  Gilbert tentava não colocar suas emoções a frente de tudo ou acabaria sendo influenciado pelos seus sentimentos. 

Quando voltaram para casa, os ânimos pareciam tranquilos e renovados até Anne perceber que havia um carro atrás deles. O veículo era escuro, e pelo vidro não dava para perceber quem era o motorista por trás do volante, deixando-a nervosa. Foi só quando chegaram na entrada da fazenda que o carro mudou de percurso, o que a fez se perguntar se não andara lendo livros de suspenses demais. Por isso, ela não disse nada a Gilbert sobre sua preocupação por considerá-la sem propósito e exagerada.

Porém naquela noite, por mais que tentasse tirar o episódio da cabeça, ela não conseguiu, e quando adormeceu abraçada a Gilbert, sua mente a levou para o lado sombrio de seu subconsciente, fazendo-a mergulhar em um dos seus piores terrores.

Roy Gardner estava em seu sonho, com aquela risada odiosa e os olhos mais malignos do que nunca. No entanto, dessa vez, ele a torturava de maneira diferente, deixando que ela o visse ferindo Gilbert no coração. Anne quis impedir, tentando se aproximar, mas não conseguiu evitar a tragédia, fazendo-a gritar em meio ao sono ao observar seu noivo cair no chão sem vida. 

O grito se tornou real quando ela se sentou na cama com o coração disparado, as lágrimas descendo sobre seu rosto pálido,  enquanto Gilbert a abraçava  e Anne se agarrava a ele como se assim pudesse impedir que algum mal chegasse até  ele.

-Ei, princesa. Calma. Foi só um sonho ruim. Você está segura comigo.  - ele falava, tentando acalmá-la, mas Anne se agarrou ainda mais a ele e em meio ao seu choro, ela respondeu:

-Não me solta nunca mais. 

-Eu não vou. Tente se acalmar,  pois você não pode ficar nervosa desse jeito.  - Gilbert disse,  preocupado com o estado emocional dela que poderia lhe causar febre outra vez, e ela mal tinha se recuperado da última crise. 

-Só me abraça,  eu não quero perder você.  - ela disse, chorando ainda mais. Gilbert levantou-lhe o queixo e respondeu:

-Você não vai me perder nunca.- e em seguida a beijou,  tentando lhe transmitir confiança e principalmente amor.

Anne correspondeu quase com desespero, colando seu corpo no de Gilbert, afundando suas mãos nos cabelos espessos e escuros, deixando que seu noivo provasse das lágrimas dela que continuaram a correr pelo seu rosto.

O beijo se tornou mais apaixonado, e Gilbert deslizou as mãos pelas curvas de Anne, sentindo seu próprio corpo queimar de desejo por uma necessidade que precisava ser saciada. Para esquentar ainda mais as coisas entre eles, Anne se sentou em seu colo, se aproximando dessa forma ainda mais dele,  permitindo que Gilbert explorasse a sua boca com vontade, e lhe mostrasse o tamanho de sua paixão por ela.

Entretanto, assim como Gilbert sentia seu sangue esquentar em suas veias, levando-o a um ponto de desejo que lhe deixava apenas duas escolhas, prosseguir ou parar, ele optou pela segunda opção, pois entendeu que o que Anne precisava naquele momento era de seu cuidado e atenção, e ignorar isso apenas pela satisfação de seus sentidos seria um ato muito egoísta, por isso, ele a afastou devagar,  sentindo seu peito doer ao ver angústia naqueles olhos onde ele apenas desejava ver felicidade e disse:

-Está tudo bem, meu amor. Vamos tentar apenas dormir um pouco, pois você e o bebê precisam descansar. - Anne assentiu, apesar de duvidar que conseguiria pregar os olhos depois do sonho que tivera, pois seus temores eram reais assim como seu amor por aquele homem que sempre estava disposto a dar o melhor de si para vê-la bem. Assim, ela se aconchegou a ele, sentindo certo alívio dentro de si, pois mesmo que o sono não  viesse, ela sabia que a presença de Gilbert a seu lado naquela noite lhe bastava. 








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