Capítulo 48- Amor a toda prova
Olá, pessoal. Mais um capítulo de broken. Espero pelo seus comentários e teorias. Beijos.
GILBERT
Josie mantinha as feições calmas e serenas, mas por dentro ela fervia de um ódio descomunal. Ela viera naquele hospital de boa vontade, disposta a dar a Gilbert todo o seu apoio incondicional, e o que vira fora ele chegando acompanhado daquela ruiva a quem odiava com todas as forças. Precisava que Daniel cumprisse com a parte do trato que fizeram, pois enquanto Anne estivesse por perto ela não teria nenhuma chance com Gilbert.
Aproveitando que ninguém estava prestando atenção nela, Josie se afastou um pouco dos demais, e discou um número de maneira discreta, e quando sua ligação foi atendida, ela disse baixinho:
- Não fala nada, só me escuta. Está na hora de você começar a agir, pois já protelou demais. Nós fizemos um acordo, e espero que você cumpra com sua parte, não aceito mais nenhuma desculpa. - ela disse desligando o telefone.
- Com quem estava falando, Josie? - ela ouviu Billy perguntar e tentou não demonstrar nenhum nervosismo, mas por dentro ela tremia.
- Não creio que isso seja de sua conta, Dr. Andrews. - ela disse de maneira formal, fazendo Billy encará-la e dizer:
- Talvez realmente não seja, mas, tem um outro assunto que é sim da minha conta. - Josie o encarou e esperou pelo que ele tinha a lhe dizer, e sendo assim, ele continuou:- Tem certeza que esse filho que está esperando é do Gilbert?
- É claro que tenho. Por que está me perguntando uma coisa dessas? - ela disse, fingindo-se de espantada, mas, ela sabia bem o que ele queria dizer.
- Você sabe porque. – Billy respondeu, lançando lhe um olhar penetrante.
- Não, eu realmente não sei do que se trata. Contudo, tudo o que tem que saber é que esse bebê que espero é do Gilbert. – ela disse, dando lhe as costas.
- Eu não sei se acredito nisso. - Billy contestou.
- Não precisa acreditar. Sua opinião não me interessa em absoluto. - ela respondeu de forma ríspida.
- Você pode fingir o quanto quiser, mas nós dois sabemos o que aconteceu no dia do baile - Billy disse cheio de mágoa.
- O que aconteceu naquele dia foi um erro o qual eu nunca mais pretendo repetir. - as palavras dela atingiram como uma bofetada no rosto de Billy que revidou dizendo:
- Você é uma mulher má, Josie Pye, e por mais que se esconda por trás desde seu rosto bonito, se olharmos com atenção veremos como você destila veneno por onde passa. Eu não sei como um dia, eu pude gostar de você. Quer saber? Eu poderia te desejar muitas coisas boas em consideração a meu sincero afeto por você, mas tudo o que eu consigo te desejar no momento é que você apodreça no inferno. - Billy disse de forma tão dura que fez Josie estremecer e ficar parada no corredor completamente chocada.
Alheio a esse diálogo tóxico entre seu amigo e a enfermeira, os pensamentos de Gilbert se alternavam entre seu pai e Anne. Ter ficado com ela em seu apartamento não fora um ato pensado ou planejado anteriormente, mas, acontecera de forma tão natural como se tivessem sido atraídos um para o outro ao mesmo tempo. Havia um amor ali tão difícil de negar, que seus próprios corpos decidiram por si próprios fazê-los se amarem mais uma vez, e fora tão doloroso vê-la indo embora outra vez, mas pelo menos agora ele tinha uma pequena esperança de que ela voltaria assim que estivesse pronta
- Dr. Blythe? – ele se virou devagar em direção à voz que o chamara, e viu com certa apreensão que era o médico que estava a cuidando do seu pai. Assim, ele de levantou devagar e foi até ele, temendo o que ouviria sobre o estado de John.
- Sim?
- Seu pai acabou de acordar e está chamando pelo senhor. - o médico disse com um sorriso.
- E qual é o estado dele, doutor?
- Ele está fora de perigo, porém, John precisa de um longo período de repouso. Nada de trabalho mais pesado, e emoções fortes. Creio que seria melhor que ele tirasse umas férias, e passasse a pensar mais em si mesmo do que no trabalho, mas imagino que para um homem como ele que passou a vida em mesa de reuniões isso seja algo quase impossível de fazer. - o médico disse com um sorriso compreensivo nos lábios.
- Vou dar um jeito nisso. Faz tempo que estou tentando convencê-lo a se aposentar e creio que agora tenho um argumento muito convincente. – Gilbert disse, sentindo um enorme alívio em seu coração.
- Se quiser vê-lo agora, ele está a sua espera
- Eu já vou. – Gilbert disse, se voltando para seus amigos e Irina que ainda permaneciam ali a espera de notícias. - Vou ver meu pai e já volto.
- Mande a ele o nosso abraço. – Jerry disse a Gilbert.
- Diga-lhe que estou aqui torcendo pelo bem-estar dele.- Irina disse com seu sorriso doce.
- Vou dizer sim, mas, aposto que o papai vai querer ouvir isso de vocês pessoalmente. - Ele disse antes de caminhar pelo enorme corredor, e encontrar o quarto do pai.
Quando entrou, a primeira coisa que notou foi o tubo de soro que fora colocado no braço de John para hidratação, e condução de medicamento pela artéria venosa com mais facilidade. O rosto de John continuava pálido, mas, não tinha mais aquele aspecto doentio que fizera Gilbert temer pela vida do pai, e assim que o rapaz se aproximou mais da cama, John abriu os olhos, deixou que um sorriso fraco se desenhasse em seus lábios, e disse:
- Oi, filho.
- Oi, papai. – Gilbert disse se sentando na cadeira ao lado da cama – Nunca mais me dê um susto assim.
- Desculpa, filho. Não queria te deixar tão preocupado. - John disse, segurando na mão de Gilbert que a apertou com afeto.
- O senhor não sabe o quanto tive medo de perdê-lo.- Gilbert respondeu, permitindo que seu pai visse toda sua aflição das últimas horas espelhadas em seus olhos.
- Ah, eu não iria embora, deixando -o aqui sozinho. Ainda quero vê-lo casado com aquela ruivinha linda, e me dando muitos netinhos. - John disse sorrindo, ao que Gilbert respondeu:
- Talvez isso ainda não seja possível por um tempo.
- Por que não? - John perguntou, observando o rosto tristonho do rapaz.
- Ela ainda não quer voltar para mim. – Gilbert respondeu suspirando.
- Vocês voltaram a se falar? - John perguntou, se ajeitando melhor na cama.
- Sim, ela veio até o hospital, e passamos a madrugada juntos no meu apartamento, mas, não fizemos promessas, ou conversamos sobre o assunto, pois eu não quis pressioná-la. Para mim o mais importante era que ela estava lá comigo. Eu a amo, papai, e não posso e não quero ficar sem ela. – Gilbert disse, olhando para o rosto do pai que o observava preocupado.
- Ela vai voltar, filho. Eu tenho certeza disso. Anne também te ama, e um sentimento grandioso assim une as pessoas, não as separa. Vocês merecem ser felizes, e acredito que isso não esteja longe de acontecer. – John disse tentando animar Gilbert que sorriu ao pensar no quanto amava aquele homem que em toda a sua vida fora sua principal motivação. John Blythe era um modelo de ser humano a ser seguido, e Gilbert tinha um imenso orgulho de ser filho de um homem tão sábio.
- Obrigado por suas palavras, papai. Agora, precisamos falar do senhor. Espero que depois desse susto, considere a possibilidade de se aposentar. – Gilbert falou de forma séria, e John apenas balançou a cabeça concordando.
- Tem razão, Gil. Talvez esteja na hora de falar com o Jerry. Acha que ele aceitaria ser meu sucessor?
- Acho que sim. Ele é a pessoa mais indicada para esse cargo, e não acho que deixará passar essa oportunidade. – Gilbert respondeu, pensando no quanto Jerry merecia aquela posição na empresa do pai. O primo sempre fora muito competente, e administração era a sua praia. Com certeza ia tirar de letra se aceitasse ser o novo presidente do grupo Blythe.
- Vou falar com ele, assim que voltar para casa. - John disse com determinação.
- A Irina está aí fora. Quer falar com ela? - Gilbert perguntou, satisfeito com o aspecto mais saudável do pai.
- Sim. Peça para que ela venha me ver. Eu sei que a visita hoje está restrita a apenas duas pessoas.
- Vou pedir a ela que entre, e vou aproveitar e falar com seu médico para ver quando você poderá ter alta. - Gilbert disse, se levantando da cadeira e indo em direção à porta de saída do quarto.
Uma vez no corredor, ele caminhou de volta à sala de espera e disse para Irina:
- Meu pai quer te ver.
- Eu vou até falar com ele então. - Irina respondeu, caminhando apressada até o quarto de John.
- Como ele está? - Jerry perguntou, assim que Gilbert foi falar com ele.
- Está bem melhor. Ele quer falar com você assim que voltar para casa. - Gilbert disse, se servindo de um copo de café expresso.
- Eu imagino o que seja. - Jerry disse, pois seu tio já vinha sondando-o a muito tempo a respeito de ele ir assumir um cargo importante na empresa dele, então, Jerry pensava que fosse esse o tema da conversa que John queria ter com ele.
- Está preparado para isso? - Gilbert perguntou com um sorriso.
- Espero que sim. Mas, você sabe que era para ser você.
- Eu nunca tive jeito para administrador. Você sabe disso, e meu pai também. Fico feliz que ele possa contar com você para conduzir as empresas dele.- Gilbert disse dando um tapinha amistoso no ombro de Jerry.
- Você sabe que eu nunca recusaria um pedido desses vindo dele. O tio John foi um pai para mim, depois que o meu morreu. Foi ele quem pagou meus estudos, e me incentivou em tudo. Não tenho outra forma de retribuir a não ser aceitando o cargo que ele quer que eu ocupe em sua empresa. Eu espero apenas corresponder às suas expectativas. - Jerry disse com humildade.
- Jerry, não existe outra pessoa melhor que você para ser o Presidente das empresas Blythe. Eu tenho te observado na clínica, e sua administração por lá é um sucesso.
- Obrigado pelas palavras primo. Elas me incentivam muito. - Jerry disse abraçando Gilbert.
- Você merece, Jerry. – Gilbert disse retribuindo o abraço.
- Gil, já que tudo está bem. Eu e o Billy vamos para casa. - Moody disse como semblante cansado.
- Claro. Obrigado por terem ficado aqui e me feito companhia. - Gilbert disse, apertando a mão dos dois.
- Vamos visitar o tio John assim que ele voltar para casa. - Billy disse antes de ir embora em companhia de Moody.
- Estaremos esperando por vocês. - Gilbert disse com um sorriso
Assim que eles saíram, Gilbert deu uma olhada ao seu redor, e viu que não havia nenhum sinal de Josie, e respirou aliviado, pois não estava a fim de aturar sua companhia pegajosa. Em seguida, em companhia de Jerry, ele foi falar com o médico a respeito da alta de John, sentindo-se imensamente grato por ter seu pai de volta são e salvo.
ANNE
Anne deu a última pincelada no quadro, e suspirou satisfeita ao ver mais um trabalho seu terminado. Aquele em especial era sobre a paisagem local, o qual ela pretendia dar a Irina como presente, embora soubesse que ficaria lindo em uma exposição sua, se estivesse pensando em fazer uma tão cedo.
Cole andava lhe ligando com frequência, tentando convencê-la a voltar a pintar profissionalmente, porém, ela não tinha vontade nenhuma, pelo menos no momento em voltar a se envolver com o mundo das artes comercial.
Ela ainda amava pintar, mas, pensar em voltar a produzir quadros para serem expostos pelo mundo lhe causava más lembranças das quais tentava se livrar a bastante tempo, mas sem sucesso. Fora como uma pintora em ascensão que atraíra um homem com Roy Gardner, e que sua vida depois disso se tornara um inferno. Talvez estivesse generalizando, e devesse começar a mudar sua visão a respeito do passado, mas a verdade era que não conseguia deixar de ter maus sentimentos dentro de si quando se imaginava em uma galeria novamente, e mesmo quando Cole dizia que aquilo era apenas coisa de sua cabeça, e que só venceria o trauma se o encarasse de frente, ela não conseguia ver as coisas pelo ponto de vista dele.
O ponto crucial de tudo aquilo era que não dependia mais da arte economicamente, pois fizera muitos investimentos inteligentes com o dinheiro que ganhará pela venda de seus quadros em suas exposições e por isso, teria um ótimo rendimento para viver de forma confortável pelo resto da vida, e isso já era um grande alívio, pois lhe dava uma opção de escolha que não teria anos atrás. De qualquer forma, Anne ainda precisava de tempo, e quem sabe um dia não mudasse de ideia e voltasse a expor seus trabalhos novamente.
Seu olhar saiu do quadro e parou exatamente no lugar onde vira Gilbert pela última vez. Obviamente, ele não estava lá, pois John havia saído do hospital a alguns dias, e pelo que Irina lhe contara, ele havia tirado alguma dias de licença para tomar conta do pai, porém, ela desejou tanto que naquele dia ele estivesse ali, pois Anne estava com tantas saudades daqueles olhos incríveis, olhando-a com o amor brilhando em suas orbes castanhas. A última vez que estiveram juntos foi mágico, embora soubesse que não deveria ter cedido ao que sentia e se entregar para Gilbert outra vez, mas fora inevitável, assim como era inevitável amá-lo. Sempre fora assim desde o começo, ambos envoltos naquela bolha que os separava do mundo, e que os tornava únicos um para o outro. Se ela pudesse voltar no tempo, Anne sabia que teria feito algumas coisas diferentes, mas, amar Gilbert era a única coisa a qual não mudaria nada, e nenhuma vírgula sequer. Era por esse amor, que ela se fortalecera por dentro, e que encontrara motivos para sair do limbo onde estava mergulhada até quase sufocar por um ano. Era por esse amor que conseguira enxergar a si mesma como um olhar menos crítico, e que parara de se machucar física e emocionalmente. Era por esse amor que nunca mais pensara que a morte era o único caminho para acabar com sua dor, e era por esse amor que se mantinha firme mesmo que houvesse agora um muro imenso a separando de Gilbert, porém, ela sabia que o encontraria do outro lado a sua espera, se Anne tivesse coragem o suficiente para ultrapassá-lo.
O problema era que havia Josie e seu filho em seu caminho, e Anne sabia que jamais poderia construir sua felicidade em cima da tristeza de outra pessoa, especialmente se fosse uma criança, além de sua cabeça confusa e de sua alma quebrada.
Ela voltara a receber as mensagens que embora fossem sutis lembretes, escondiam por trás de suas palavras uma ameaça que Anne não conseguia ignorar. A última que recebera dizia, " Estou chegando ", e ela sequer conseguia pensar quem poderia estar lhe mandando aquele tipo de mensagem. Às vezes pensava que era somente uma brincadeira, mas depois se perguntava quem perderia seu tempo, brincando com ela daquela maneira? Quem se importaria tanto com sua existência para atormentá-la silenciosamente daquela forma? Sua mente sempre formulada uma única resposta na qual não queria acreditar. Roy Gardner estava morto, e não faria nenhum bem a si mesma ressuscitá-lo.
Logo, ela reuniu suas coisas e voltou para a casa de Irina. A boa enfermeira queria visitar John naquela tarde, e convidara Anne para ir com ela. A ruivinha aceitara mesmo sabendo que encontraria Gilbert. Ela queria muito ver John, e não deixaria que sua separação do psiquiatra a impedisse disso. O pai de Gilbert sempre tivera muita consideração com ela, e a tratara muito bem, vivia chamando-a de sua futura nora, e por tudo isso, Anne tinha muito carinho por ele.
Assim que chegou, Irina lhe perguntou sorrindo:
- Vai mesmo comigo até a casa de John?
- Vou sim. - ela respondeu, guardando seu material de pintura, mas, mantendo o quadro escondido, pois queria presentear Irina em alguma ocasião especial, embora ainda não soubesse quando.
- Você sabe que o Gilbert vai estar lá.
- Eu sei e não me importo. – Anne disse indo ao guarda roupa e pegando um vestido azul de mangas cavadas.
- Você ainda não me contou como foi no apartamento naquele dia em que o acompanhou até lá. - Irina perguntou. Não fazia isso por curiosidade, e sim, porque se preocupava com Anne, e como ela estava sobre sua responsabilidade qualquer mudança de humor por menor que fosse a deixava em estado de alerta. Porém, desde aquele dia, Anne se fechara completamente, e Irina não encontrara nenhuma outra oportunidade para saber o que acontecera entre os dois.
- Foi tudo bem. Conversamos, fizemos companhia um ao outro, e isso foi tudo. - Anne disse, sabendo que estava omitindo a parte mais importante, não porque não confiava em Irina, mas sim, porque queria guardar somente para si seus momentos íntimos com Gilbert.
- Que bom. Espero que tenham se entendido. – Irina disse esperançosa.
- Sim, mas não da maneira como pensa. Ele disse que entende e vai me esperar. - Anne disse suspirando.
- Gilbert te ama de verdade, Anne.
- Eu também o amo de verdade. - Anne disse com os olhos tristes.
- Eu sei querida, só não entendo sua decisão de ficar longe dele, mas a respeito. - Irina disse, tocando seu rosto com as pontas dos dedos.
- Obrigada. - Anne respondeu, e depois foi para o banheiro, onde tomou um banho rápido e se arrumou de maneira simples como gostava.
Assim que ficou pronta, ela foi até a sala onde Irina a esperava. A boa enfermeira estava bastante elegante em um conjunto de blusa e saia verdes que combinavam muito com seu tom de pele.
- Está muito bonita Irina. O John vai adorar. – Anne disse de bom humor.
- Bonita está você. Isso tudo é por que vai encontrar o Gilbert?
- Talvez. – Anne disse com um sorriso maroto.
Ambas riram, e saíram de casa, indo em direção ao táxi que já as esperava do lado de fora.
A casa de John não ficava muito longe da de Irina, e por isso não demoraram para chegar lá. No momento em que desceram do táxi, elas foram recebidas pela cozinheira da casa que as levou até o quarto de John.
- O Gilbert não está? - Irina perguntou ao perceber o olhar decepcionado de Anne.
- Ele teve que sair, mas disse que estará de volta em uma hora.
- Obrigada. - Irina respondeu e em seguida ambas entraram no quarto de John.
O pai de Gilbert já estava com uma excelente aparência, e quando viu Irina e Anne, ele deixou o jornal que estava lendo de lado e disse:
- Que surpresa maravilhosa. – Ele deu um selinho em Irina, e beijou Anne no rosto com carinho para logo em seguida perguntar:- Como está minha norinha linda?
- Estou bem. - Anne respondeu. - Mas, deve se lembrar que não sou mais sua nora, pois eu e Gilbert não estamos mais juntos.
- Querida, não importa. Você sempre vai ser minha nora favorita, mesmo por que, eu tenho certeza de que essa separação entre você e Gilbert é temporária. - John disse cheio da energia que Anne sentia tanta falta. Era impossível ficar perto dele sem se sentir contagiada pelo seu bom humor.
Deste modo, eles ficaram conversando por um tempo, até que Anne resolveu deixar o casal sozinho. Eles mereciam um pouco de privacidade depois de terem ficado tantos dias separados.
Ela saiu do quarto com a intenção de ir até a cozinha tomar um copo de água, mas quando estava no corredor a porta do quarto de Gilbert chamou sua atenção, e como se fosse atraída por um imã ela foi até lá. A porta não estava trancada, por isso, foi fácil para ela girar a maçaneta e entrar, e no momento em que pisou lá dentro, as lembranças da última vez que estivera ali encheram seu cérebro de imagens que a fizeram ofegar. Ela se sentou na cama, e abraçou um dos travesseiros, enquanto sua mente a fazia reviver cada momento daquela noite como.se estivesse acontecendo naquele momento, e a saudade de Gilbert pareceu gritar dentro dela como nunca. Não importava onde quer que fosse, ela o levaria com ela por todos os lugares.
- Você também se lembra? - a voz de Gilbert tão perto a fez olhar para ele assustada por ter sido pega ali de surpresa, e ela disse com a voz trêmula:
- Desculpa, eu não quis parecer invasiva. – ela colocou o travesseiro de volta na cama e ia se levantar, mas Gilbert a impediu dizendo:
- Não, por favor, fica. Eu não me importo que esteja aqui. - ele parou na frente dela, e Anne teve que respirar fundo ao ver quão lindo ele estava com os cabelos revoltos, sem camisa, e só de calça jeans.
- Irina está no quarto conversando com seu pai, e não quis atrapalhar os dois, e então, eu acabei entrando aqui. - ela disse sem graça incapaz de afastar seis olhos dele.
- Tudo bem. Estou feliz que tenham vindo. Essa semana foi bem tensa por aqui. - Gilbert se sentou em uma poltrona de frente para Anne.
- Ele parece bem melhor. - Anne disse, escondendo suas mãos trêmulas na barra do vestido. Até sua respiração estava diferente, e seu coração batendo rápido lhe mostrava exatamente o quanto estar ali com Gilbert era um perigo para seu psicológico.
- Está sim. Fiquei muito preocupado nos primeiros dias, mas, meu pai felizmente é um homem forte, e está se recuperando mais rápido do que pensei. - como era difícil conversar com Gilbert de forma tão normal quando tudo o que queria fazer era se atirar nos braços dele, e ficar lá para sempre. Ela sabia que se o fizesse não seria rejeitada, e justamente por isso se conteve, porque entendia bem as consequências de seus atos.
- John deve estar feliz por você estar aqui. - Anne disse, tentando parecer o mais normal possível.
- Eu também estou feliz de estar aqui. - ele disse, com os olhos passeando pelo rosto dela, olhos e parando na sua boca. - Anne se levantou no mesmo instante e disse:
- Eu vou procurar a Irina. - sua garganta estava seca e precisava sair dali naquele momento, antes que perdesse todo o controle de suas ações.
- Espera. - Gilbert segurou em seu pulso no momento em que ela ia atravessar a porta. - Eu quero te fazer um convite.
- Claro. - ela respondeu sentindo o toque dele queimar sua pele.
- Sexta- feira vou competir de novo no hipismo, e gostaria que você fosse me ver.
- Eu vou. - ela respondeu quase sem pensar.
- Promete? – ele perguntou, ainda segurando seu pulso.
- Prometo. - ela confirmou.
- Eu vou cobrar essa promessa. - ele disse com aquele seu sorriso de matar qualquer mulher.
- Eu estarei lá com certeza. Agora preciso ir. - ela disse, e Gilbert soltou seu pulso no mesmo instante e respondeu:
- Está bem. Até sexta.
- Até. - ela disse e voltou para o quarto de John onde ficou até o momento que Irina decidiu ir embora.
Gilbert não apareceu mais, porém, na hora em que estavam entrando no táxi, ela viu a silhueta dele na janela observando-as à distância, e ela se lembrou da promessa que tinha feito a ele pouco tempo antes, e se perguntou se fora uma escolha acertada aceitar o convite dele.
Irina estava estranhamente quieta, e não trocou uma única palavra até chegarem em casa, quando Anne preocupada lhe perguntou:
- O que foi, Irina? Está tão quieta.
- O John me pediu em casamento. - ela disse de repente, olhando para Anne.
- O que? - Anne perguntou novamente, pois queria que ela repetisse aquela boa notícia.
- O John me pediu em casamento. – Irina repetiu e Anne disse:
- O que respondeu?
- Eu aceitei. - ela disse com a voz em um tom mais baixo.
- Então, por que não está sorrindo? - a ruivinha se aproximou mais dela sem entender sua reação negativa.
- É que estou apavorada.
- Por que? John é um homem tão bom. - Anne disse sem entender a atitude da amiga.
- Será que vai dar certo?
- Claro que vai. Vocês se dão tão bem. E sabe do que mais? Eu vou te ajudar a escolher o seu vestido de casamento. O que acha?
- Está bem. – Irina disse, e quando Anne a abraçou, ela parecia calma o suficiente para sorrir e contar a ela como tinha sido o pedido.
GILBERT E ANNE
O resto da semana praticamente passou voando, e sexta-feira chegou trazendo com ela muita ansiedade e preocupação para Anne.
Ela não sabia se tinha feito bem e. prometer a Gilbert que iria vê-lo competir, mas ao mesmo tempo sentia que não poderia deixar de ir.
Mesmo que ele não a tivesse convidado, ela daria um jeito de aparecer, pois sabia que esse tipo de evento era muito importante para Gilbert e queria participar, ainda que fosse apenas como amiga.
Irina não iria com ela dessa vez, pois como John ainda não podia sair de casa, ela resolveu fazer companhia a ele, e assim, Anne decidiu que iria sozinha mesmo, pois não queria perder a chance de ver seu amor montar profissionalmente mais uma vez.
O evento seria no fim da tarde, e por isso, ela se arrumou com todo o capricho dessa vez, pois se ia ver Gilbert, ela queria estar no mínimo apresentável. Por isso, ela colocou uma calça jeans justa que modelava seus quadris com perfeição, uma blusa azul de mangas estilo cigana que deixava seus ombros à mostra, e um par de botas pretas de couro de salto baixo, completando seu visual descontraído. Ela deixou os cabelos soltos, e usou o mínimo de maquiagem, apenas para realçar seus traços mais marcantes.
Para ir ao haras, ela pegou um táxi, e quando chegou lá finalmente, Anne se sentia completamente nervosa. Por essa razão, ela decidiu que não iria falar com Gilbert naquele momento, pois no estado em que estavam seu nervos era melhor esperar o fim da competição para se encontrar com ele.
Desta forma, ela procurou um lugar na arquibancada para se sentar onde pudesse ficar em um lugar bastante visível. Ela queria que quando entrasse para competir, Gilbert a visse ali, e entendesse que ela cumprira com sua palavra dada.
Depois de se acomodar, ela olhou ao redor e ficou espantada com a quantidade de pessoas que estavam ali para assistir ao evento. Pelo jeito o hipismo estava se tornando cada vez mais popular em Avonlea, pois ela não se lembrava de ter essa multidão ali no haras na última vez que viera assistir Gilbert competir.
De repente, seus olhos se fixaram em um ponto que fez seu coração dar um pulo. Foi algo tão rápido, que desapareceu na mesma hora, fazendo-a duvidar de que tinha mesmo visto Daniel sentado do outro lado a encarando com um sorriso no rosto. Ela estava tão obcecada com as mensagens que vinha recebendo, que estava vendo coisas por todos os lugares. Daniel não tinha por que estar ali, uma vez que esse tipo de evento nunca fora um de seus favoritos. Afastando tal pensamento, ela tratou de concentrar sua atenção no promotor do evento que começara naquele instante a apresentar a competição.
Gilbert esperou até o último minuto para montar o seu cavalo, e vir até a sua marca de espera para entrar no espaço que era designado aos cavaleiros onde eles eram apresentados à quem estivesse ali para assistir a competição, antes do evento realmente começar.
Ele esperava que Anne viesse falar com ele antes da competição, e lhe desejar boa sorte como da outra vez, mas isso não acontecera. Assim, ele deduziu que ela não tinha vindo, e tal fato mudou negativamente seu ânimo para aquela competição. De repente, ganhar já não pareceu mais ser o seu foco, e ele desejou imensamente que tudo acabasse logo para que ele pudesse voltar para casa.
Entretanto, quando ele posicionou seu cavalo na marca onde o promotor do evento começou a apresentá-lo, seu olhar cruzou com o de Anne na arquibancada, e ele sentiu seu ânimo todo voltar no mesmo instante. Então, ela tinha vindo, como prometera, ele pensou, prometendo a si mesmo que ele daria seu melhor para que ela percebesse que sua vinda ali não fora uma perda de tempo.
Quando chegou a sua vez de fazer sua apresentação, Gilbert realizou cada tarefa com perfeição, levando todos ao delírio quando ele executou a última que era pular um obstáculo mais alto e difícil, sem cometer um erro sequer, sendo consagrado mais uma vez como campeão da competição.
Anne, como todos os outros, o aplaudiu de pé, e quando ele recebeu o troféu e a medalha de primeiro lugar, ele apontou para Anne e lhe mandou um beijo, fazendo todos os olhares se fixarem nela, enquanto a ruivinha compreendeu assombrada que ele havia dedicado sua vitória a ela.
Quando a quantidade de pessoas que vieram assistir o evento começaram a se dispersar, Anne resolveu procurar Gilbert para lhe dar os parabéns pela bela competição que fizera, e no momento em que chegou em sua sala de descanso, ela teve que esperar um bom tempo até que ele falasse com todo mundo que viera cumprimentá-lo, e tivesse tempo de finalmente dedicar-lhe alguma atenção.
Então, quando ficaram sozinhos, ele lhe sorriu e disse:
- Você veio.
- Eu te prometi que viria. Parabéns pela vitória. - ela disse sem que tivesse qualquer tipo de contato físico com ele, pois seu coração já estava disparado o suficiente para que ela arriscasse sua sanidade mental ainda mais.
- Obrigado. Isso me lembra uma coisa. - ele disse, tirando a medalha do pescoço, e colocando-a no de Anne. - Isso é seu.
- Gilbert, eu não posso aceitar. Essa medalha quem ganhou foi você.
- Eu só ganhei porque você estava naquela arquibancada torcendo por mim. Você é minha inspiração, baby. - Anne sentiu seu rosto corar, ao perceber o jeito que ele a olhava, e tentou falar com a voz um tanto falha;
- Mas eu...
- Não aceito sua recusa. Essa medalha é sua, por favor a aceite. - ela olhou naqueles olhos profundos, e sentiu que realmente não poderia recusar uma prova tão linda do sentimento que Gilbert tinha por ela.
- Obrigada. – foi tudo o que disse, e estão, um arrepio subiu por sua espinha quando Gilbert segurou em seu queixo e disse:
- Me perdoa.
- Pelo quê?
- Pelo quê eu vou fazer agora. - e antes que pudesse processar qualquer coisa a boca dele capturou a sua, e ela se entregou ao beijo mais profundo e apaixonado que Gilbert já tinha lhe dado.
Seus lábios se moviam em sincronia, enquanto as mãos dele lhe rodeavam a cintura de forma firme. Ele se sentou no sofá, e fez Anne se sentar em seu colo, enquanto o beijo prosseguia sem intenção de parar. Anne suspirou entre o beijo, e Gilbert a apertou mais contra si, fazendo-a perceber o quanto ela estava faminta por ele, assim como ele estava por ela. Gilbert abandonou seus lábios por um minuto para distribuir beijos quentes em seu pescoço, e antes que ela tivesse tempo de protestar, ele voltou a beijá-la roubando-lhe toda a sua sanidade. Entretanto, quando ele fez um movimento para deitá-la no sofá, Anne o empurrou de leve, e Gilbert entendeu que era hora de parar.
O rapaz escondeu seu rosto nos cabelos dela e disse:
- Desculpe, perdi a cabeça. Essa nossa separação está me deixando louco.
- Gilbert, nós já conversamos sobre isso. – Anne, disse em um fio de voz, tentando organizar suas emoções confusas.
- Eu sei, Anne, e não quero te forçar a nada, mas quero que saiba, que não adianta você ficar longe de mim, porque acha que dessa forma Josie e eu vamos nos entender, quando sabe que a única mulher que quero e sempre vou querer é você.
- Eu preciso de tempo. - ela disse quase sem fôlego pelas palavras dele.
- E você terá todo o tempo de que precisa. - ela assentiu sem coragem de olhar para ele, pois se o fizesse jogaria tudo para o alto, e ficaria exatamente onde desejava estar naquele momento.
- Preciso ir para casa. - ela disse, se levantando do sofá.
- Eu te levo. – Gilbert disse, e Anne não recusou porque sabia que não iria adiantar.
Assim que ele estacionou o carro em frente da casa de Irina, Anne se virou para ele e perguntou:
- Não quer entrar? Irina ficaria muito brava se soubesse que você me trouxe até aqui e eu não te convidei para tomar um café com a gente.
- Eu aceito. - ele disse, e enquanto, ajudava Anne a descer do carro ele perguntou:- Você ficou sabendo que meu pai a pediu em casamento?
- Sim. E o que achou da novidade? - Anne perguntou quando já estavam no jardim.
- Eu adorei, embora eu tenha ficado surpreso, pois nunca imaginei meu pai casado novamente.
- Irina é uma mulher maravilhosa. – Anne disse antes de abrir a porta da sala.
- Eu sei, e é por isso que quer o cumprimentá-la pessoalmente por aceitar ser minha nova mãe. - Gilbert disse sorrindo, entrando com Anne na casa.
O que eles não viram era que aquela noite tinha olhos, e olhos muito maldosos.
-
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro