Capítulo 47- Uma nova esperança
Olá, pessoal. Aqui está mais um capítulo de broken, e quero dizer que realmente amo essa história e esse casal. Eu me emociono toda vez que estou escrevendo um capítulo, e esse ficou extremamente especial para mim, e espero que vocês o apreciem assim como eu., Por favor, me deixem seus cometários, pois quero muito saber o que acharam. Beijos, Rosana.
UMA SEMANA ANTES
O horário de almoço já ia longe, e tantos o pessoal da cozinha quanto os funcionários que serviam as mesas já tinham encerrado seus serviços naquele período, e apenas deixaram o ambiente preparado para o horário do jantar que sempre acontecia às sete da noite. Por isso, ninguém notou uma figura estranha que não deveria estar ali naquele momento, mas, que se esgueirava pelos cantos para que não fosse vista, e que roubava algumas frutas remanescentes do café da manhã. Assim como entrou, ela saiu silenciosamente, sem que qualquer pessoa responsável por aquele setor desse por falta da comida que havia sido guardada ali quando o refeitório ficara vazio.
Andando de um lado para outro feito uma fera enjaulada estava Josie Pye, que por puro nervosismo já tinha roído todas as suas unhas perfeitamente manicuradas até alguma horas atrás. Ela tinha medo de ser descoberta, e por isso, não conseguia manter seu habitual controle e sangue frio em situações que demandavam tais comportamentos. E se alguém descobrisse o que ela tinha feito? Com certeza tal ato seria seu passaporte para fora da clínica e possivelmente para sua carreira. Não seria perdoada de forma nenhuma, principalmente por Gilbert que se já não morria de amores por ela acabaria odiando-a com toda sua alma.
Ao levantar seus olhos e ver quem chegava, ela sentiu um alivio imenso e colocou um sorriso ansioso no rosto ao perguntar:
- E então? Deu tudo certo?
- Sim. Desta vez eu descobri onde ela está se escondendo, e até falei por alguns minutos com ela. - a voz petulante lhe revelou.
- Mas, isso não é arriscado? E se ela contar para alguém? - Josie perguntou assustada.
- Não creio que ela o fará. Está abalada pelos últimos acontecimentos, e se a conheço bem, ela nem vai se lembrar que falou comigo Eu não sou tão importante para ela quanto aquele doutorzinho. - A voz agora era cheia de raiva e rancor, não muito diferente de como Josie se sentia nos últimos tempos. Essa jogada era arriscada, ela sabia que estava apostando tudo em uma atitude louca e radical, mas, precisava tirar Anne do seu caminho, e pouco se importava se alguém saísse ferido no processo, Ela já fora desprezada e espezinhada demais por Gilbert, e só ela sabia o quanto aquilo tudo estava lhe custando, e mais do que ninguém, ela era quem deveria se tornar a Sra. Blythe, pois o amava tempo demais, e investira naquele relacionamento por quase um ano para ser trocada por aquelas ruiva sonsa. Não sairia perdedora nessa situação de jeito nenhum.
- Mesmo assim tome cuidado. Você sabe quanta coisa está em jogo nesse momento. Ninguém pode saber que eu facilitei sua saída, ou minha carreira estará acabada, Daniel. - Josie disse com preocupação.
- Fique tranquila. Você não está falando com nenhum amador. Eu sou perito nesse tipo de coisa. Agora com licença que vou voltar para minha ala antes que alguém realmente dê falta de minha presença. - o rapaz disse com um sorriso cínico, e então continuou a caminhar pelo corredor de forma rápida, sumindo na primeira curva em direção ao seu dormitório, fazendo-a respirar mais uma vez aliviada.
ANNE
UMA SEMANA DEPOIS
Era mais um dia vazio na vida de Anne, no qual ela tinha que lutar para se levantar e fazer todas as coisas normais que se esperava dela. Irina não permitira que ela fosse embora dali, por conta de seu medo que Anne sumisse no mundo, ou tivesse uns de seus surtos e não encontrasse ninguém par ajudá-la. Pelo menos em sua casa, a boa enfermeira poderia ficar de olho nela, e cuidar para que a ruivinha não se afundasse demais na sua dor. Ela só não tinha contado para Gilbert que Anne estava com ela, porque prometera à menina que não o faria, mas no fundo Irina sentia que ele sabia, e apenas não a fazia confessar talvez pelo seu próprio código de respeito que o rapaz tinha por ela.
Como todos os dias daquela semana, Anne se levantou antes do sol nascer, e ficou deitada na cama até ouvir os primeiros movimentos na casa, anunciando que Irina já estava de pé. Depois de tomar um banho rápido e se vestir, ela foi até a cozinha onde naquela hora, sua amiga deveria estar preparando o café da manhã e foi brindada com o sorriso carinhoso de Irina.
- Já está de pé, meu amor? Por que não aproveita para dormir mais um pouco?
-Estou acordada a horas. Perdi o sono no início da madrugada. - Anne explicou, se sentando à mesa.
- Ainda está tendo insônia? - Irina perguntou preocupada.
- Alguns dias eu durmo melhor que outros. - ela confessou, parecendo envergonhada de admitir que não conseguia lidar contra seu demônios noturnos.
- Anne, eu tenho te observado todo esse tempo e percebi que desde o dia em que você reencontrou Gilbert, seu ânimo piorou. Por que insiste nessa separação se te faz tão mal? - Irina perguntou, sentando à mesa e encarando Anne de frente.
- Você sabe os meus motivos, Irina. - Anne respondeu, tomando seu chá devagar.
- São motivos com os quais eu não concordo. E duvido muito que seu afastamento de Gilbert vai fazê-lo mudar de ideia a respeito de Josie e o bebê. Ele ama você e até onde eu sei você o ama também, ou estou errada? - Anne levantou o olhar e respondeu:
- Não, você não está errada. Eu o amo demais, porém, no momento, eu não me sinto bem para estar om ele. É pressão demais por todos os lados. Tenho medo de perder meu rumo de novo. – Anne disse com os olhos cheios de lágrimas.
- Eu acho que não estou entendendo. Quando Gilbert te pediu em noivado tudo parecia tão bem. O que mudou? Foi o fato de ele começar a fazer planos para o casamento a curto prazo? É para isso que não se sente preparada? - Anne balançou a cabeça negando. O que poderia dizer? Ela não queria falar a Irina sobre as ameaças sutis em seu celular misturadas a culpa que sentia em relação ao bebê que Josie estava esperando, pois às vezes pensava se não estava alucinando, e imaginara toda aquela situação. Gilbert merecia uma mulher menos confusa, que não carregasse tanto peso na alma como ela, pois Anne tinha a impressão que nunca se livraria de Roy Gardner e toda a maldição que seu relacionamento com ele lançara sobre ela.
- Eu não quero falar sobre isso, Irina. Me sinto exausta demais. - foi o que conseguiu dizer, pois naquele dia ela mal conseguia pensar. Sua cabeça pesava feito chumbo assim como sua alma.
- Você não pode continuar assim. Precisa volta para suas consultas com o Dr, Benson É perigoso demais parar com seu tratamento dessa maneira.
- Eu não parei com o tratamento, Irina. Eu só fiz uma pausa. Não posso ir para a clínica onde sei que vou encontrar Gilbert. Não me sinto forte o bastante para enfrentá-lo.- Anne disse se servindo de mais chá sem de fato comer algo mais sólido.
- Anne, por que luta tanto contra o que sente? Se esse sentimento não fosse recíproco, eu até entenderia sua recusa em querer falar com Gilbert, mas, eu nunca vi duas pessoas tão conectadas quanto vocês dois desde o começo. É algo que não deve ser desperdiçado. Não quer pensar melhor sobre o assunto? – Anne balançou a cabeça, tentando não chorar. Como poderia dizer a Irina que manter Gilbert longe dela era sua maneira de protegê-lo de si mesma? Ela era como um dinamite pronto a explodir a qualquer instante, e levaria Gilbert junto se isso acontecesse e ele estivesse por perto.
Irina estava certa. Ele era o amor de sua vida, e viver sem ele todos aqueles dias lhe mostraram como seria sua vida dali para frente. Ainda assim, ela preferia sofrer as penas do inferno, do que ver destruída a única pessoa que a salvara tantas vezes de afundar de vez na tortura da sua mente. Essa era a maior prova de amor que podia dar a Gilbert.
Renunciar ao amor dele não fora fácil, e estivera a ponto de voltar atrás muitas vezes naquela semana, principalmente depois de tê-lo reencontrado e visto naqueles olhos a sinceridade de um amor do qual nunca duvidara. Mas, ela era quebrada demais, e vinha tentando colar seus pedaços desde o dia em que conhecera Gilbert, e por um certo tempo conseguira, no entanto, voltara a encarar de novo o espelho do seu coração e encontrara dentro dele tantos cacos espalhados, que juntar um a um era uma tarefa dura.
- Acho que vou voltar para o meu quarto. - ela disse se levantando. Aquela conversa com Irina despertara com toda força a saudade que estava sentindo, e com ela vinha um sofrimento absurdo que não a deixava em paz um só segundo.
- Está sentindo alguma coisa? – A voz se Irina lhe mostrava o quanto aquela boa mulher tinha afeição por ela, pois a preocupação contida ali era de uma mãe zelosa e não de somente uma amiga.
- Não. Eu só preciso ficar sozinha. - Anne disse para tranquilizá-la.
- Não acha que já tem ficado sozinha mais do que devia? Por que não me faz companhia no jardim enquanto cuido das minhas flores? Vai te fazer bem tomar um pouco de sol.
- Talvez eu faça isso mais tarde. – Anne disse, tentando sorrir.
- Está pensando em ir até a praça pintar hoje? - Irina perguntou. Anne tinha se encantado por aquele lugar desde o primeiro momento em que estivera lá, e por isso, todas as tardes ela ia até lá com uma tela, tintas e pincéis, e se envolvia totalmente na tarefa de pintar a paisagem que via diante de seus olhos, além de usar um pouco de sua imaginação e acrescentar um detalhe inexistente no cenário original, que tivesse um significado especial para ela e para quem se identificasse com a pintura.
- Sim. Depois do almoço. - ela concordou
- Que bom. Pelo menos não vai ficar trancada em casa o dia todo. - Irina disse um pouco mais animada por saber que Anne não tinha desistido totalmente de sua arte, o que temera que acontecesse logo nos primeiros dias em que ela aparecera m sua casa. A menina estava tão arrasada que Irina pensara que seria difícil demais para ela voltar a se reerguer novamente, pois da primeira vez ela tivera Gilbert para lhe dar suporte, e por escolha própria, dessa vez ela não o tinha, e por isso, se levantar do novo tempo demoraria mais tempo do que o normal.
Anne deu um beijo no rosto de Irina e foi para seu quarto onde ficou até o horário de almoço no qual teve a companhia de Irina mais uma vez. Após a enfermeira ir para o trabalho, ela pegou seu material de pintura e caminhou até a praça rumo ao mesmo lugar onde ficava todos os dias. Um sentimento de que estava sendo seguida a fez olhar para todos os lados, mas, logo afastou a paranoia de sua cabeça e pôde trabalhar com a concentração que desejava.
Logo, algumas pessoas pararam para observá-la pintar, outras pediram para que ela as deixasse fazer uma foto do seu trabalho, o qual mostrariam para seus filhos ou conhecidos.
Totalmente envolvida com seus quadro enquanto deixava o pincel colorido deslizar sobre a tela dando vida a seus traços, realizando mais uma vez a magia da criação, ela não percebeu quando um carro parou em um lugar estratégico e seu ocupante a observava com devoção, sorrindo novamente para si mesmo, desejando estar perto, mas sabendo que não poderia. Um longo suspiro saiu de seus lábios, sentindo a saudade de todos aqueles dias apertar, e então, Anne levantou a cabeça e dirigiu seu olhar para exatamente onde ele estava. O rapaz achou que ela ficaria zangada, mas a ruivinha apenas sorriu tristemente e lhe acenou com sua mão esquerda, o que ele retribuiu, seguindo seu caminho, e dirigindo para longe de seu grande amor.
Enquanto Anne pintava, ela sentiu seu coração se aquecer um pouquinho, pois só por aquele instante não se sentia mais sozinha.
GILBERT
A piscina dos Blythe parecia ser o melhor lugar para se estar naquela tarde quente de sábado, e era exatamente onde Gilbert extravasava sua adrenalina crescente, e onde ele tentava vencer pela exaustão sua ansiedade em ir atrás de Anne, a quem vira pintando na praça do centro horas antes.
Ele a descobrira ali por acaso no início da semana quando voltava do almoço com seu pai, e fizera aquele caminho aleatoriamente. Assim, observá-la à distância passara a ser seu ritual todos os dias, pois era a única hora que se sentia relativamente feliz, e que lhe trazia um certo alento, apesar de seu coração ainda se ressentir daquela separação e sofrimento sem sentido. Mas, Gilbert prometera esperá-la, e era o que pretendia fazer, pois Anne tinha que voltar para ele porque era o que desejava e não porque ele a induzira à aquilo.
Vê-la todos os dias, mesmo que não fosse como ele desejava, o ajudava a dormir melhor a noite, pois assim ele não ficaria fantasiando coisas ruins em sua cabeça. Perder Ruby de um jeito trágico o traumatizara para sempre, e ele não suportava a ideia de algo acontecer com Anne sem que ele estivesse por perto. Gilbert tinha quase certeza que ela estava vivendo na casa de Irina, e se ele forçasse um pouco a barra, a boa enfermeira lhe confessaria o que ele queria saber, porém, ele não achava certo agir dessa maneira, pois pensava que se Anne não queria que ele soubesse onde ela estava era porque realmente precisava de um tempo longe dele, e por mais que lhe doesse aquele fato, ele tinha que aceitar as escolhas dela.
Ele deu mais uma volta na piscina, e pensou novamente em tudo o que acontecera nos últimos dias. Fazia uma semana que ele estava de volta a sua antiga casa, onde vivera toda a sua infância.
Depois da partida de Anne, o apartamento ficara vazio e frio sem ela, e voltar para ele depois de seu expediente de trabalho se tornara uma penitência grande demais para que ele pudesse pagar pelos seus pecados. Assim, ele viera buscar abrigo no único lugar onde conseguia encontrar amor e compreensão pela fase a qual estava passando.
Outra razão que o fizera largar tudo e passar aquele tempo com seu pai fora porque o aspecto físico dele não andava lhe agradando. Ele parecia mais cansado que o normal, seu ânimo para trabalhar tinha diminuído, e ele andara reclamando de dores de cabeça, e dificuldades para se concentrar, o que deixara Gilbert bastante preocupado, e por isso, ele vinha controlando a pressão de John com maior rigor, sua alimentação e também atividades no trabalho, mesmo sabendo que isso deixava seu pai extrema mente irritado. Ele odiava ser tratado como criança, embora confessara a Gilbert que estava extremamente feliz por tê-lo de volta em casa, pois se tinha uma coisa da qual ele sentia falta era aquela interação diária com o filho, a qual perdera quando ele fora morar em Londres. E mesmo agora, com Gilbert vivendo a uma pouca distância dele a quase um ano, eles ainda não tinham tido uma aproximação total como estavam tendo naquele momento tão crítico na vida do filho.
A vida estava lhes dando uma segunda chance de serem os amigos que tinham sido no passado, e John não desperdiçaria aquela chance por nada no mundo, mesmo sendo em circunstâncias tão duras.
Voltar às suas origens também estava despertando em Gilbert lembranças do passado. Cada cômodo daquela casa o fazia se recordar de sua infância e adolescência, da presença constante da mãe na cozinha preparando os melhores pratos que ele já tinha experimentado, das tardes de domingo assistindo futebol com seu pai na TV, as reuniões de amigos que vez ou outra ele realizava para comemorar algum evento importante em sua vida, os namoros com Ruby na varanda, e tantos outros que tornaram aquele período de sua existência tão inesquecível.
Gilbert deu a última volta na piscina, e saiu dela, se enxugando em uma toalha que deixara na cadeira mais próxima para esse fim. De onde estava, ele podia ver seu pai lendo o jornal, e sua aparência naquele dia parecia bem melhor. Ele entrou em casa, para tomar banho e ir para a prática de hipismo que teria dali a uma hora, e ao pisar em seu quarto ele se lembrou da última vez que Anne estivera ali. Ele ainda podia se lembrar de cada detalhe daquela noite, a música que tocara para ela no saxofone, o olhar dela encantado sobre ele. Os beijos que trocaram, a paixão que os consumira rapidamente, o amor que fizeram com tanta intensidade e no fim, Anne deitara em seus braços como ele mais gostava. Como poderia esquecer um sentimento tão grande que era maior que tudo que já sentira? Ele precisava dela de volta, ou nunca mais conseguiria sorrir de verdade, sem sentir que uma parte de sua vida fora destruída para sempre.
O aroma dela estava por todo o quarto, mesmo que isso fosse só em sua imaginação. Anne era uma dessas pessoas que não precisava se esforçar muito para que sua presença fosse marcante. Apesar do seu jeito doce e tímido, aqueles olhos tinham uma força e uma luz que eram capazes de emocionar qualquer pessoa em qualquer lugar, e era por isso que naquele exato momento ele podia senti-la em todas as partes de si mesmo, pois tanto o seu toque quanto seus beijos estavam gravados em sua mente para sempre. Ele nunca poderia esquecer aquela mulher que era tudo que ele havia sonhado, e que tinha lhe dado mil razões para ser feliz de novo, mesmo que estivesse novamente em pedaços. Gilbert nunca esqueceria Anne Shirley Cuthbert, pois além de todas as expectativas que tivera, ela era sua única e real felicidade.
Gilbert tomou um banho rápido, pegou todos os seus apetrechos para a aula de hipismo, e antes de sair, ele fez questão de falar com o pai que estava no computador, organizando suas reuniões para a semana seguinte. Gilbert torceu o nariz para aquela cena, pois estavam no sábado à tarde, em um dia que seu pai não deveria de forma nenhuma estar trabalhando, porém, não disse nada, pois conhecia John Blythe bem demais para saber que ele não lhe daria ouvidos, por isso, ele se aproximou dele e falou:
- Papai, estou indo para o haras. Vai ficar bem sozinho? - John riu daquela preocupação quase infantil de seu filho de vinte e seis anos e respondeu:
- Pode ir tranquilo. Acho que consigo passar as duas próximas horas tendo apenas a mim mesmo como companhia.
- Prometo não demorar. Estarei de volta assim que puder. - Gilbert disse, beijando o topo da cabeça de seu pai com carinho que lhe respondeu:
- Espero que possa se distrair um pouco. Você precisa arejar essa cabeça, Não gosto de te ver triste, filho.
- Eu estou bem, papai. O senhor é que precisa se cuidar. Tenho que ir. A gente se fala no jantar.
- Está bem. - John respondeu, vendo-o sair pela porta da sala, e logo em seguida voltou a trabalhar.
Gilbert dirigiu até o haras se lembrando da primeira vez que trouxera Anne ali. Eles estavam no início do namoro, e partilhar sua paixão com ela fora incrível, assim como fora maravilhoso tê-la com ele em sua primeira vitória em anos, tornando aquele momento tanto especial quanto inesquecível. Dali a alguns dias, ele participaria de um novo campeonato, e era para ele que Gilbert vinha se preparando, porém a empolgação era menor dessa vez, pois sua noiva não estaria lá para torcer por ele, e esse fato o deixava imensamente triste. O rapaz queria demais que ela viesse, mas, não tinha esperanças de que seu desejo fosse atendido. Ele tivera tudo daquele anjo, e agora tentava se acostumar com sua ausência. Desde o dia em que a encontrara na rua, ele entendera que tinha como o sofrimento e amor se igualarem em tamanho, e apenas pedia forças para suportá-lo até o fim.
Seu treino não foi um dos melhores naquele dia, embora soubesse a técnica de cor. Sua mente estava dispersa, ele não conseguia se concentrar e chegara a cair duas vezes do seu cavalo ao tentar pular um obstáculo ao qual estava acostumado. Talvez não devesse ter vindo, pois percebia que aquele não era um bom dia para treinar. O hipismo era um esporte que demandava não apenas técnica, mas toda a habilidade do cavaleiro de se manter em cima de um cavalo, sem perder a pose ou elegância ao realizar as tarefas que eram esperadas dele em um campeonato, e sem isso, além de se perder pontos para a banca julgadora, ele podia se lesionar seriamente. Por esta razão, após uma hora de treino infrutífero, Gilbert achou que era melhor ir para casa antes que acabasse realmente se acidentando.
A chegada em sua casa aconteceu menos de quinze minutos, e assim que entrou, encontrou seu pai à sua espera. Ele parecia ter finalmente terminado o trabalho que trouxera para casa e fazia suas palavras cruzadas habituais. O rapaz tomou outro banho, se vestiu com roupas confortáveis e se juntou ao pai na mesa de jantar, pois John Blythe gostava de jantar pontualmente às sete da noite.
A conversa que tiveram gerou em torno do trabalho de ambos, da aposentadoria de seu pai que estava próxima, do sucessor do pai que ambos concordavam que deveria ser Jerry, e do aniversário do pai que seria na semana seguinte, e quando chegaram na sobremesa, Gilbert pediu licença e saiu da mesa, pois tinha que terminar um trabalho de seu curso de especialização. Assim, ele passou as próximas horas fazendo uma extensa pesquisa sobre esquizofrenia, e escrevendo sobre os tipos de tratamento e novos medicamentos que surgiram nos últimos anos. Aquele tipo de doença já tinha sido estudada muitas vezes por ele desde que começara a atuar na área, ainda assim, era bastante complexa, e por isso sempre que surgia uma oportunidade de aprender mais sobre o assunto, ele aproveitava para se reciclar.
Eram quase dez horas, quando ele saiu do quarto, indo em direção a cozinha para tomar um copo com água. No meio do caminho, um barulho surdo o fez parar, e intrigado, ele andou até a sala de onde o ruído parecia ter vindo, e estacou de repente ao ver seu pai caído no chão desacordado.
- Papai! - ele gritou, correndo em direção a John que permanecia de olhos fechados, e em um rápido exame, Gilbert percebeu com o coração pesado que seu pai acabara de ter um infarto. Sentindo-se completamente sem chão, ele chamou por uma ambulância na qual ele fez questão de ir acompanhando seu pai que agora respirava por uma máscara de oxigênio, e cuja pulsação estava bem fraca, Mais uma vez o destino o colocava em uma situação na qual tinha que rezar pela vida de alguém, e nesse caso era seu pai, o único membro de sua família além de Gilbert, e esse fato o deixava arrasado, principalmente, porque se lembrara que o pai de Jerry, irmão de John, morrera da mesma forma, e tal pensamento o deixou tão angustiado, que ele tomou a mão direita do pai entre as suas, e disse para seu genitor que representava a única família que ainda tinha e disse baixinho:
- Você vai ficar bem, papai. Eu prometo. - e essas palavras saíram como uma súplica, fazendo o rapaz rezar baixinho, implorando mentalmente, que estivesse certo dessa vez.
GILBERT E ANNE
Às onze da noite Anne estava em seu quarto, a cabeça recostada no travesseiro macio, enquanto tentava se concentrar em sua leitura noturna.
Ela tivera um dia tranquilo apesar da tristeza em seu coração a fazer desejar chorar em alguns momentos, mas ter visto Gilbert mesmo a uma certa distância a deixara mais feliz do que já estivera nos últimos dias. Pensar que ele estava por perto amenizava um pouco sua saudade e imensa solidão interior.
Gilbert lhe fazia muita falta, principalmente à noite quando tinha que lutar para manter sua mente sã. O amor dele sempre fora seu consolo nesses momentos, sua voz suave e seu sorriso eram seu elo com a realidade, o apoio no qual se segurava quando seus fantasmas ameaçavam arrastá-la para o fundo de sua angústia. Agora quando o procurava a seu lado no meio de um pesadelo somente encontrava um travesseiro vazio.
-Não! - um choro baixo a fez despertar de seus devaneios, e ao apurar seus ouvidos, Anne percebeu que era Irina. Preocupada, ela se levantou da cama e encontrou sua amiga no meio da sala, olhando para o telefone como se não o reconhecesse
-O que foi, Irina? - Anne perguntou, caminhando até ela cheia de preocupação. Ela nunca tinha visto a boa enfermeira daquele jeito.
- Era o a Gilbert no telefone. - ela disse, enxugando as lágrimas que escorriam pelo seu rosto com o dorso das mãos, fazendo Anne se sentir extremamente apreensiva.
- Aconteceu alguma coisa com ele? - Anne perguntou sentindo seu coração se apertar.
- Com ele não, mas sim com John. - Irina disse, se sentando no sofá, gesto que Anne acompanhou segurando em suas mãos trêmulas. - John teve um infarto, e está no hospital em estado crítico. - Irina por fim disse, escondendo o rosto entre as mãos.
- Meu Deus! Gilbert deve estar arrasado. - Anne disse, pensando no quanto o rapaz amava o pai, e no quanto gostaria de estar lá com ele, dizer -lhe que não estava sozinho, e que ela estaria a seu lado para lhe dar todo o apoio que ele precisasse.
- Ele estava péssimo no telefone. - Irina concordou.
- O que pensa em fazer? - Anne perguntou tentando focar sua atenção na amiga que também precisava de suporte, mas sua cabeça não parava de pensar em Gilbert.
- Eu vou para lá nesse instante. Tenho medo de perdê-lo como aconteceu com meu marido. - Irina disse com os olhos marejados.
- Você não vai perdê-lo. John é forte e vai se recuperar logo. Vá se arrumar que vou com você até o hospital.
- Tem certeza? Você sabe que vai encontrar Gilbert.
- Eu sei, e quero dar a ele meu apoio. Não é porque não estamos mais juntos, que vou deixá-lo passar por algo assim sozinho. - Anne disse com convicção que fez Irina responder.
- Obrigada, querida. Eu tenho certeza de que ele precisa muito de você nesse momento. - Anne assentiu, e ambas foram para seus respectivos quartos a fim de se vestirem. Em pouco tempo estavam em um táxi a caminho do hospital.
Enquanto isso, Gilbert permanecia sentado no saguão do hospital esperando por notícias. Ele já tinha conversado com os médicos que estavam cuidando de John que fora devidamente atendido no momento em que chegaram ali, e agora tudo dependia das condições na quais ele acordaria.
O infarto fora causado por conta de seus picos de pressão, que apesar de estarem sendo constantemente monitorados por Gilbert, poderiam ter se elevado repentinamente por causa de estresse ou alguma emoção forte. O rapaz apostava como causa o estresse, pois o pai vinha trabalhando muito, e ignorava qualquer aviso de Gilbert para diminuir o ritmo. Como ele estava em vias de se aposentar, queria deixar tudo pronto para que seu sucessor o substituísse com tudo organizado, porém, depois do que acontecera, Gilbert esperava conseguir convencê-lo a adiantar sua aposentadoria, mas, para isso, ele teria que esperar até que o cardiologista que o estava assistindo lhe desse uma posição do real estado de seu pai, e isso poderia acontecer em algumas horas, ou em questão de dias, e esperar era a pior parte de toda aquela situação, ele o sabia bem.
-Primo, quer um café? - Jerry perguntou, observando a expressão cansada de Gilbert que naquele instante mantinha sua cabeça para trás, apoiada na parede.
- Não, obrigado. - Ele disse, agradecendo mentalmente por Jerry estar lhe fazendo companhia, pois ele fora a primeira pessoa a quem ligara quando tudo acontecera, e como não poderia deixar de ser ali estava ele, firme a seu lado. Jerry também avisara Moody e Billy, pensando que Gilbert precisaria de todo o apoio de seus amigos naquele momento tão delicado, e ambos já tinham chegado e estavam cada um sentado em uma poltrona assim como Gilbert, esperando por notícias.
Como Cardiologia era a especialidade de Moody, o rapaz já tinha se inteirado de toda a situação e explicara com detalhes a Gilbert a real condição de seu pai que continuava sendo crítica, pois ele não apresentara ainda nenhuma melhoria e nem voltara à consciência.
Sentindo seu coração apertado, Gilbert inspirou profundamente. A exaustão da última hora de tensão começava a tomar conta dele, e apesar de estar cercado de amigos, ele nunca se sentira tão sozinho. O rapaz tivera algumas perdas ao longo de sua vida que realmente o deixaram baqueado, mas perder seu pai nunca fora algo no qual pensara que aconteceria, pois John sempre lhe parecera tão cheio de vida que Gilbert tinha a impressão que ele estaria a seu lado para sempre, e de repente, vê-lo em um estado tão frágil o fizera perceber que ele era apenas humano, e que não tinha a eternidade na linha de sua vida.
Um toque suave em seu braço o fez abrir os olhos, e quando viu quem estava ali, sua garganta se apertou com o choro que segurar a até aquele instante. Por isso, bastou mergulhar seus olhos naquele azul que sempre fora seu paraíso para senti-las quentes rolando pelo seu rosto.
Ele se levantou e abraçou aquele corpo delgado que lhe estendia os braços com seu rosto cheio de compaixão, e disse baixinho no ouvido dela, quase soluçando:
-Não acredito que está aqui.
- Eu não poderia deixar de vir. John é alguém muito querido. Sinto muito que isso tenha acontecido com ele. - Anne disse com a voz cujo timbre suave lhe trazia tantas lembranças lindas.
- Deus, eu preciso tanto de você. - ele disse com o rosto mergulhado nos cabelos sedosos.
- Eu estou aqui. - Anne disse sentindo o próprio coração bater mais rápido ao sentir o calor do corpo de Gilbert contra o seu.
- Diz que não vai embora. - Gilbert disse quase implorando.
- Não irei enquanto precisar de mim. - Gilbert queria dizer que esperava que ela ficasse para sempre, mas, diante das circunstâncias que estava enfrentando, ele não podia cobrar de Anne uma posição em seu relacionamento. Não podia esquecer que ela estava ali como amiga e não como sua noiva, e embora fosse difícil enxergá-la dessa maneira, ele teria que fazer um esforço para refrear seus sentimentos.
- Obrigado por ter vindo. - ele disse se afastando do abraço dela com relutância.
- Este é o único lugar onde eu poderia estar nesse momento. - Ela disse tocando no rosto dele com carinho.
- Como ele está? - Irina perguntou, beijando Gilbert no rosto.
- Na mesma. Estamos esperando por notícias. - Gilbert respondeu desolado, fazendo Anne querer abraçá-lo de novo, pois durante todo o tempo que o conhecia jamais o tinha visto tão angustiado.
- Vai ficar tudo bem. - Anne disse, beijando-o na bochecha com carinho, e após cumprimentar Jerry e os outros dois amigos de Gilbert, ela se sentou ao lado dele no sofá, segurando lhe a mão firmemente.
Nas horas que se seguiram, eles permanecerem assim, lado a lado. De vez em quando, eles trocavam olhares, Anne acariciava lhe os cabelos, ou Gilbert descansava a cabeça no ombro dela, procurando pelo único conforto que desejava. A madrugada finalmente os alcançou e ainda não tinham tido nenhuma notícia, foi quando Irina disse a Gilbert:
- Por que não vai para casa descansar um pouco?
- Não posso deixar meu pai aqui sozinho. - Gilbert disse negando veementemente aquela ideia.
- Pode ir, primo. Todos nós vamos ficar aqui. Quem sabe quando você voltar nós já não teremos boas notícias? - Jerry disse como incentivo.
-Vamos, Gil. Eu te acompanho. – Anne disse. Naquele instante, ela não estava se importando com sua decisão de ficar afastada dele. Gilbert precisava dela, e ela faria tudo que pudesse para deixá-lo bem.
- Está bem. - ele concordou. - Mas, prometa para mim, Jerry, que se acontecer qualquer mudança você vai me avisar.
- Farei isso, primo. Não se preocupe.
- Se vocês quiserem também ir para casa, fiquem à vontade. E obrigado pelo apoio de sempre. - ele disse para Moody e Billy.
- Eu e Billy já conversamos e vamos ficar até ter notícias do tio John. - Moody disse, se referindo ao pai de Gilbert da mesma maneira que o chamava na adolescência.
- Obrigado por isso também. - Ele disse abraçando os dois amigos. Depois se virou para Anne, e disse:
- Vamos?
- Sim. - ela respondeu entrelaçando seus dedos nos dele, e de mãos dadas foram até o carro.
Para Anne, estar de novo no carro de Gilbert indo em direção ao apartamento que de certa forma fora dela também era como estar vivendo novamente aqueles dias nos quais fora tão feliz, e por isso, ela se permita fingir que ela e Gilbert ainda estavam juntos, fazendo planos para um futuro dourado, e para Gilbert, apesar de estar vivendo um dos piores momentos sua vida, ter Anne por perto era como conseguir de volta um pouco daquela alegria que permeara seus dias nos últimos meses. Ele sabia que ainda não podia sonhar com o retorno dela para o apartamento, mas, sentir que Anne continuava amando-o da mesma maneira era um alento para o seu coração.
Logo, eles chegaram no apartamento, e assim que Gilbert abriu a porta, Anne disse:
- Por que não descansa um pouco? Você passou a noite em claro, e está com a aparência cansada.
- Acho que vou tomar um banho antes. - ele disse passando as mãos pelos cabelos, enquanto o olhar dele se fixava no rosto dela, deixando-a inquieta.
- Quer comer alguma coisa? - ela perguntou, querendo fugir dos olhos de Gilbert que mexia com cada fibra do seu ser.
- Só se você me acompanhar. - ele disse, querendo tanto tê-la em seus braços, mas, não dando um passo para se aproximar, por medo que Anne fugisse dele novamente.
- Acompanho sim. O que acha de panquecas? - ela disse com um sorriso.
- Ótima ideia. - Gilbert concordou, indo em direção ao banheiro.
Quando se viu sozinha, Anne respirou fundo. Era difícil demais estar perto do homem que amava e fingir que era apenas uma amiga. Porém, ela lembrou a si mesma que fora sua escolha, e que não podia reclamar de sua atual situação.
Tentando se animar, ela separou os ingredientes para o preparo das panquecas, notando com espanto que nada ali parecia ter sido usado nos últimos dias. Com mil perguntas em sua mente, ela misturou todos os ingredientes, e logo as panquecas estavam prontas, e quase levou um susto quando ouviu Gilbert dizer bem próximo a ela:
- O cheiro está ótimo.
-Se quiser comer, elas estão prontas. - Anne disse, sentindo seu coração batendo mais rápido que o normal.
- Sim. Vou pegar os pratos e os talheres. - Gilbert respondeu, e em seguida, ele ajudou Anne a arrumar a mesa, colocando em cima dela, leite, geleia e mel.
- Você está fazendo uma dieta especial? - Anne perguntou assim que sentaram à mesa.
- Não, por que? - ele perguntou intrigado.
- Porque parece que tudo está exatamente como eu deixei nessa cozinha. - ela explicou.
- Eu fui morar com o meu pai. Era difícil chegar em casa e não te encontrar, então voltei por um tempo para minha antiga casa onde as lembranças não são tão fortes. - Gilbert disse sem de fato olhar para ela. Mas, Anne podia sentir a mágoa na voz dele, e essa constatação doeu fundo dentro dela como ácido corrosivo. No entanto, ela preferiu se calar, pois não sabia o que dizer sobre algo que fora somente sua culpa.
Eles terminaram se comer em silêncio, pois havia muito o que dizer de ambas as partes, mas, eles preferiram não estragar aquele momento com palavras que talvez magoassem a ambos ainda mais. Não havia acusações a serem feitas, o que havia era amor demais, no entanto, justamente por existir um sentimento tão grande se calar era a melhor escolha, pois não havia uma explicação plausível para aquela separação, pelo menos na cabeça de Gilbert que não queria pressionar Anne para saber o que realmente tinha acontecido para ela tê-lo deixado.
Como de costume, eles lavaram a louça do café, e quando tudo estava em seus devidos lugares, Anne disse:
- Por que não descansa agora?
-Vem comigo. Você também está precisando. - Gilbert convidou, e Anne lhe lançou um olhar um tanto hesitante e respondeu:
-Não sei.
- Por favor, baby. Preciso de sua companhia para me sentir melhor. - o olhar suplicante de Gilbert a fez esquecer qualquer receio, e balançando a cabeça em consentimento, ela segurou na mão que ele estendia e o seguiu até o quarto, e o olhou surpresa ao ver o nu artístico que tinha pintado dele na parede em frente à cama de casal.
-Você o encontrou.
- Sim. Um dia depois de você ter ido embora. - ele respondeu com o olhar pregado no retrato assim como o dela.
- Você gostou? - ela perguntou desviando o olhar da tela para ele.
- Por incrível que pareça eu adorei. Nunca me imaginei dessa forma, e ainda me espanto com seu talento. Você é uma pintora nata, princesa. Nunca deixe que isso se perca.
Ouvir Gilbert chamá-la de princesa, a fez se arrepiar inteira, e a fez pensar em coisas que não podia e não queria lembrar. Ainda pensava nisso quando se deitou com ele na cama, seus olhares cruzados, e seus corpos tão próximos.
Gilbert afastou uma mexa do cabelo dela da testa, incapaz de estar tão perto e não tocá-la. Anne não protestou, e instintivamente chegou mais perto, pois precisava sentir o calor dele. Em seguida, Gilbert tocou-lhe o rosto em uma carícia lenta que a fez fechar os olhos, e então ela sentiu a respiração dele bem próxima, e levantou o rosto para que seus lábios ficassem na altura dos dele, ao mesmo tempo em que abria os olhos para observá-lo contornar sua boca com o polegar, sabendo o que aconteceria e ansiando por aquilo imensamente.
Assim, Gilbert juntou seus lábios em um selinho rápido que logo evoluiu para um beijo, que de repente se tornou dois, três, muitos beijos que ganharam uma versão apaixonada em instantes. As mãos de Gilbert subiram por seus braços nus, que alcançaram os botões da blusa dela, a qual ele tirou com facilidade, fazendo Anne ajudá-lo a arrancar a camiseta, que estava usando, permitindo que ela corresse seus dedos pelo peito musculoso coberto por pelos escuros, deixando-o completamente arrepiado. Querendo-a mais perto, Gilbert a puxou para cima do corpo dele, enquanto suas mãos procuravam pelo fecho do sutiã, se livrando dele instantaneamente, fazendo Anne suspirar ao sentir seus seios comprimindo o peito masculino. Como sentira falta do contato das mãos dele em seu corpo, a maneira como ele esculpia suas curvas, como se ela fosse uma escultura e ele o artesão. Era dessa maneira silenciosa que Gilbert sempre lhe declarava seu amor, embora sua mente a alertasse para o caminho que estava tomando, sua pele gritava para que ela o deixasse fazer amor com ela, pois fazia uma eternidade que não se tocavam assim.
Apagando qualquer tipo de consciência que poderia estragar aquele momento, ela se deixou levar pelos beijos dele que incendiaram cada parte sua, ao mesmo tempo que suas unhas pequenas e bem cuidadas deixavam sua marca nos músculos das costas dele, aumentando ainda mais a paixão que estavam sentindo. Gilbert tirou sua calça jeans junto com sua calcinha de renda branca, e também se livrou da calça de moletom que colocara depois do banho junto com sua cueca boxer, deixando que Anne sentisse embaixo dela toda a firmeza de um corpo masculino que ela conhecia tão bem.
Sem mais nenhuma barreira entre eles, seus beijos e carícias foram pouco para tanto amor e saudade que os faziam clamar por mais. Gilbert se sentia como se tivesse caminhado por um tempo infinito no deserto e tivesse encontrado finalmente seu oásis favorito. Ao passo que para Anne, aquele encontro de peles era uma afirmação do que sentiam com toda a sua força.
Quando não puderam mais suportar o desejo crescendo dentro deles, eles se uniram em uma dança única conhecida apenas pelos dois. O ritmo deles naquele dia também era diferente, pois seus sentidos estavam se reencontrando depois de dias separados. Com seus dedos entrelaçados, eles chegaram a um êxtase muito maior e melhor que todos os que já haviam sentido até ali, sem saber que o destino era cheio de surpresas inesperadas.
Quando por fim, eles voltaram ao seu normal, Anne tocou os cabelos de Gilbert e disse:
- Gil, eu não quero que pense que....- ela não terminou o que ia dizer, pois o rapaz finalizou a frase para ela.
- Nada de promessas, eu sei. - Ele acariciou os cabelos dela, e depois continuou:- Eu te amo demais, mas, como eu te disse outro dia, vou esperar pelo seu tempo, e quando estiver pronta, quero você de volta.
- Obrigada por entender. Eu também amo muito você. - eles voltaram a se beijar e depois ficaram deitados juntos apenas curtindo a companhia um do outro.
Mais tarde, eles voltaram para o hospital, e assim que pisaram na sala de espera, Anne viu Josie, e o olhar que ela lhe lançou era tão cheio de veneno que fez Anne se lembrar por que tinha se afastado de Gilbert.
- Acho melhor eu ir para casa. - ela disse para Gilbert que respondeu:
- Por favor, não vá ainda. Você sabe que ela não significa nada, e nem sei porque ela está aqui, já que não a convidei.
- Eu prefiro ir embora. Se quiser falar comigo sabe onde me encontrar agora.
- Está bem. Só promete que não vai fugir de mim ou desaparecer de novo. - ele disse segurando a mão dela.
- Eu prometo. - ela respondeu, dando um beijo no rosto dele, e saindo pela mesma porta que entrara.
O coração de Gilbert ficou triste, e se apertou com a partida dela, mas ao mesmo tempo ele estava feliz, pois naquele dia ele percebera que nem tudo estava perdido, e que teria Anne de volta para sua vida novamente em breve.
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