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Capítulo 42- Fragmentos do passado


Olá, pessoal. Mais um capítulo de broken postado, e espero que vocês gostem e me presenteiem com seus comentários que tanto me animam a continuar a história. Beijos

GILBERT

Era mais um sábado ensolarado e de temperaturas altas, onde o céu se mantinha limpo, afastando qualquer esperança que se pudesse ter de que chuvas próximas poderiam aliviar a sensação térmica de quase trinta graus.

Naquela manhã, o jovem psiquiatra acordou, e instintivamente passou a mão pelo travesseiro ao lado, e não encontrou sua noiva que mais uma vez madrugara. Tal fato o preocupou um pouco, pois diferente das outras vezes que Anne se levantara para pintar, ou realizar alguma atividade no apartamento, Gilbert sabia que dessa vez tinha um outro motivo.

Eles tiveram uma noite apaixonada, onde ele provara a Anne durante horas como a amava de todas as formas, ainda assim, ela se mostrara insegura e receosa acerca do futuro dos dois.

Não que ela tivesse admitido a ele todos os seus temores, mas, depois daqueles meses convivendo com ela, o rapaz já podia dizer que a conhecia bem, especialmente a sua maneira de pensar, e naquele momento, Gilbert podia jurar que a cabecinha dela não parava de trabalhar em hipóteses e incertezas, o que não lhe fazia nenhum bem, pois já começara inconscientemente a mexer com o emocional dela, causando lhe pesadelos como naquela madrugada em que ela sonhara de novo com Roy Gardner. Felizmente fora apenas um pesadelo que não lhe provocara nenhuma daquelas preocupantes febres emocionais, porém, Gilbert tivera que dormir abraçado com ela, pois sua noiva não parava de tremer.

Ele não pensara que um ato impensado dele pudesse trazer tantas consequências. Gilbert não estava renegando o próprio filho, pois isso seria impensável para um homem como ele que sempre sonhara em ser pai. O único problema era que seu filho nasceria da mãe menos improvável, enquanto a mulher que ele amava desesperadamente estava se consumido em sua insegurança.

Ele prometera nunca magoar Anne, e fizera exatamente isso ao jogar aquela bomba no colo dela inesperadamente. Embora ela lhe tivesse dito que um filho dele sempre seria bem-vindo na vida deles, e o rapaz não tinha dúvidas nenhuma da sinceridade dela, o que ambos não calcularam fora o quanto isso cobraria da estrutura emocional de Anne.

Ele levantou, pois não fazia sentido ficar deitado, enquanto sua ruivinha estivesse caminhando pela casa insone, e sua primeira aposta fora procurá-la na cozinha, onde realmente a encontrou . Ele parou na porta, e ficou a observá-la por alguns minutos, decorando cada detalhe dela que ele gravara em sua mente, e em seu coração.

Anne estava de costas, e vestia uma camisola curtinha que mal escondia suas coxas lindas, e que também exibia um profundo decote nas costas, deixando-o ver com exatidão a linha elegante da coluna dela. Os cabelos estavam soltos, e cascateavam pelos ombros em ondas ruivas e brilhantes, contrastando com sua pele branca e macia. Ele suspirou baixinho com aquela visão do paraíso, desejando deslizar suas mãos por aquela pele sedosa de novo, livrando-a de qualquer peça de roupa que o impedisse de senti-la totalmente nua em seus braços.

Sem aguentar a distância muito tempo, ele caminhou alguns passos e a abraçou pela cintura, sentindo-a estremecer com o contato dos lábios dele em seu ombro.

- O que está fazendo aqui, baby? Não acha que deveria descansar? Mal dormiu a noite toda.- Gilbert disse, observando-a mexer os ingredientes do que parecia ser uma torta de frango.

- Eu precisava manter minhas mãos e mente ocupadas.- ela disse e Gilbert sentiu-lhe a voz tensa, e para vê-la melhor o rapaz a virou de frente para ele e perguntou:

- O que está acontecendo, amor? Você parece a milhares de quilômetros daqui. – Ele disse ainda mais preocupado ao ver dentro dos olhos dela uma aflição que ele não sabia nomear. Fazia meses que não via Anne assim, e de repente ela parecia estar revivendo de novo uma de suas neuroses

- Eu estou bem, não se preocupe. – foi tudo o que ela disse, mas o rapaz sabia que ela estava mentindo. Ela parecia nervosa, suas mãos tremiam, e sua respiração estava um pouco rápida demais, denunciando um estado que ele queria evitar, pois tinha consciência do que uma recaída podia causar. Seu instinto protetor o fez abraçá-la e dizer, tentando desviar o pensamento dela do caminho perigoso para o qual estava se encaminhando.

- Você sabe que te amo, e que pode confiar em mim. Então, por favor, minha querida não se feche dentro de você novamente, se abra. comigo, e eu prometo que tudo vai ficar bem.- Anne não disse nada, mas se deixou ficar nos braços dele, assim como ela o abraçou também, e por isso, Gilbert continuou:- Eu sei que toda essa situação está difícil para você, mas, vamos passar por ela juntos.- Anne continuou calada por uns cinco minutos, depois ela o beijou no rosto, e disse:

- Preciso terminar a massa da torta.- Anne se afastou dos braços dele, e continuou a acrescentar ingredientes na massa que estava preparando.

Gilbert a olhou ainda mais preocupado, pois percebeu que ela se desviara do assunto para não confrontá-lo com suas dúvidas, e estava de novo se isolando em um mundo de faz de conta que poderia fazê-la regredir em seu tratamento.

Ele não podia deixar que acontecesse, pois vê-la se distanciar dele emocionalmente, e voltar ao estado de antes o feriria mais do que fora machucado pela morte de Ruby. Ele a tirara da escuridão, e não suportaria vê-la voltar para ela novamente. Anne se tornara essencial em sua vida, e se transformara a principal razão para ele continuar a sorrir, por isso, sentir que ela estava sofrendo justamente por sua causa o deixava terrivelmente angustiado, e por esta razão, ele precisava urgentemente fazer algo para impedir que sua noiva caísse na obscuridade de sua inconsciência emocional.

Então, ele a puxou de volta para seus braços, e disse:

- Deixa isso para mais tarde, e vamos voltar para a cama.

- Eu preciso terminar de rechear a massa.- ela disse de um jeito obsessivo, mas, Gilbert não permitiu que ela voltasse à sua tarefa de antes, por isso, tentou convencê-la dizendo:

- Você não tem que fazer isso agora. Vamos para o nosso quarto, onde eu posso cuidar da minha princesa.- ele beijou-a na testa, e Anne assentiu, lavando as mãos na pia da cozinha, e seguindo Gilbert que mantinha sua mão suavemente apoiada em suas costas.

Quando chegaram no quarto, eles se deitaram na cama juntos, e Gilbert puxou a cabeça de Anne para seu peito, onde a manteve, acariciando os cabelos dela com carinho como se acalmasse uma criança que precisava ser assegurada do quanto era amada e desejada.

- Preciso ir para a clínica hoje, mas, vou trabalhar por apenas duas horas. Acha que ficará bem sem mim até lá?- ele perguntou, pois nos últimos tempos, e especialmente depois que Anne fora morar em seu apartamento, ele deixara de trabalhar nos fins de semana para estar com ela dois dias inteiros.

Seu fanatismo pelo trabalho diminuíra consideravelmente naquele breve período em que estava com Anne. Ele já não precisava mais do antídoto contra a dor que sempre encontrara em suas longas horas na clínica, na qual ele dobrava seus plantões só para não ter que voltar para um apartamento vazio e solitário. A ruivinha o salvara de se tornar um homem amargurado para sempre por isso, Gilbert desejava tanto que pudesse operar uma mudança duradora na vida daquela garota que fora um milagre na sua, e fizera a ferida de sua alma se cicatrizar totalmente.

- Eu disse para você não se preocupar. Pode ir para o trabalho tranquilo, que estarei exatamente aqui quando voltar.- ela respondeu com se jeito doce, que o fez abraçá-la um pouco mais apertado.

- Eu não iria se não precisasse, contudo eu te prometo que estarei de volta em um piscar de olhos.- ele ainda estava preocupado, apesar de Anne lhe dizer que estava bem, havia algo lá no fundo que lhe dizia que ela mentia, pois Gilbert aprendera ler nas entrelinhas os diferentes tipos de humor nos quais sua noiva se lançava, dependendo da situação. Ser psiquiatra lhe dava a vantagem de saber ler as linguagens corporais de seus pacientes, e o de Anne lhe dizia que ele não devia afrouxar sua atenção, pois uma crise emocional estava a ponto de acontecer, e ele só não sabia dizer quando.

- Acho que posso cuidar de mim mesma por algumas horas. Às vezes, você me trata como se eu fosse uma criança que não pudesse ser deixada sozinha.- ela disse com um certo tom ressentido que fez Gilbert se desculpar ao dizer:

- Perdoe-me, baby. Eu não queria te aborrecer com minha super proteção. É a força do hábito.- na verdade, ele não queria que Anne soubesse o pavor que ele tinha dela voltar a se machucar. Ela ainda estava em um período delicado de recuperação, mesmo que nos últimos meses ela não tivesse apresentado nenhuma reação nervosa importante.

- Você não me aborreceu, Gil. Eu apenas quero aliviar sua preocupação comigo. Vou estar ocupada por algumas horas os preparativos para hoje à noite, portanto, não terei tempo para mais nada enquanto você estiver fora.- ela disse, acariciando o rosto dele.

- Eu sei, meu amor, mas ainda assim, eu queria poder ficar aqui com você.- ele a beijou novamente na testa, e a acomodou sobre o corpo dele, pois assim, Gilbert conseguia senti-la por inteiro em seus braços.

- Eu também, mas, entendo que precisa fazer o seu trabalho. Então porque não aproveitamos o tempo que nos resta antes de você sair?- ela sugeriu.

- Acho uma ótima ideia.- ele respondeu com um sorriso, e então seus lábios se encontraram, e pelos trinta minutos seguintes tudo o que fizeram foram trocar carinhos intensos, enquanto Gilbert tentava se convencer de que não havia realmente nada com o que precisasse se preocupar.

ANNE

Fingir nunca fora algo que conseguisse fazer com perfeição, pois seus olhos muito expressivos sempre a denunciavam quando não estava sendo sincera, porém, mesmo sabendo que Gilbert poderia perceber que algo não estava tão bem assim com ela, Anne tentou sorrir enquanto o via se arrumar para o trabalho.

Ela acreditara estar vivendo um conto de fadas, e de repente, pensava que não iria durar, como tudo em sua vida sempre lhe fora roubado, ela sentia que Gilbert também estava lhe sendo tirado aos pouquinhos, mesmo que Anne acreditasse na força do amor dele por ela.

Um filho mudava tudo, principalmente se a mãe dele fosse uma mulher que continuava apaixonada por seu noivo, e parecia disposta a tê-lo de volta. Anne não era tola, e percebera que Josie jogava suas cartas muito bem, tentando enredar Gilbert em sua teia. A enfermeira nunca escondera que não aceitara o rompimento do seu namoro com Gilbert, e embora não fosse exatamente aberta sobre esse assunto, Anne muitas vezes fraguara o olhar de predadora dela sobre o médico. E agora eles tinham um filho para uni-los, e a ruivinha nunca se sentira como um empecilho no caminho de alguém como se sentia naquele momento.

Seu tormento maior era saber que estava separando pai e filho, pois se não estivesse com Gilbert, ele com certeza estaria ao lado de Josie, e criariam o bebê juntos talvez como marido e mulher, e Anne se sentia culpada por condenar uma criança inocente a crescer em uma casa longe de seu pai.

Ela era órfã, e entendia bem o sentimento de abandono que carregara dentro de si por anos, e não importava que Matthew e Marilla tivessem lhe dado um lar adorável, isso nunca mudara o fato de que perdera os pais cedo demais, e tanto o amor paterno quanto o materno lhe fora negado por um destino que não tivera pena de uma garotinha solitária como ela.

E por isso, ela não estava conseguindo lidar com o fato de que seria ela a ser o carrasco naquele caso, prendendo Gilbert egoisticamente com seu amor, enquanto o filhinho dele e de Josie teria que se contentar com as visitas esporádicas do pai, que então teria outra família construída com Anne.

Então, ela se perguntava se conseguiria viver com essa culpa, tentando ser feliz ao lado do único homem que teria seu coração para sempre? Assim, como também queria saber se algum dia abriria mão de se amor por Gilbert para que o filho dele pudesse ter seu pai em período integral? Tantas dúvidas a estavam deixando-a confusa, ao mesmo em que lutava para manter a coerência de seus sentimentos que estavam cada vez mais desordenados ao ponto de fazê-la oscilar emocionalmente.

- Preciso ir, Anne. Em duas horas estarei de volta.- Gilbert disse se aproximando da cama onde Anne ainda se mantinha deitada. De repente, ela não tinha vontade nenhuma de se levantar, porém teria que fazê-lo, pois havia algumas coisas para terminar para a reunião daquela noite.

- Está bem.- ela respondeu com um sorriso no rosto enquanto dentro de si tudo parecia girar perigosamente.

- Por que não aproveita para descansar? Você parece tão pálida hoje.- Gilbert disse com sua preocupação habitual, e Anne amava o fato dele nunca perder nenhum detalhe de sua aparência ou atitude muito embora naquele instante ela não quisesse que ele percebesse por onde andavam seus pensamentos.

- Tenho muita coisa para fazer até a noite.- Anne disse, se ajoelhando sobre a cama e abraçando Gilbert pela cintura, deixando seu rosto na altura do dele.

- Não quero que se canse. Eu encomendei toda a comida que precisamos hoje à noite, você não tem que fazer mais nada a não ser cuidar de si mesma.- Gilbert disse passando seu polegar de leve no queixo de Anne.

- Eu sei, mas quero dar minha contribuição mesmo assim. Você sabe que adoro cozinhar.- ela disse, sentindo os lábios de Gilbert em sua testa. Ia sentir falta dele assim que ele saísse pela porta do apartamento. Como podia pensar em deixá-lo se não conseguia respirar dois segundos sem desejar que aqueles braços fortes estivessem ao seu redor? Ela sempre seria dependente daquele amor que sentiam um pelo outro. Nunca mais voltaria a ser a Anne de antes, porque o que Gilbert lhe dera lhe era precioso demais.

- Eu sei, só não quero que se desgaste demais. Já trabalhou e estudou a semana toda. Hoje é seu dia de relaxar.- ele disse, ajeitando-lhe alguns fios de cabelo ruivo que estavam fora do lugar.

- Eu prometo que assim que terminar de assar a torta de frango vou descansar, está bem?- ela disse com um sorriso singelo que fez Gilbert responder.

-Está, desde que cumpra essa promessa, pois se te conheço bem, adora trabalhar feito uma formiguinha operária.- ele continuou a observá-la, e Anne fugiu do olhar dele antes que revelasse demais o que ia em seu íntimo.

- Eu sempre trabalhei muito, e hábitos assim demoram a mudar. Ainda não me acostumei com a ideia de ter os fins de semana livre para o lazer. Sempre tirava esses dias para cuidar do meu apartamento, e outras tarefas domésticas.- ela disse, acariciando o peito de Gilbert sobre a camisa.

- Porém, agora não precisa mais disso, e estarei aqui sempre para me assegurar que você vai descansar o suficiente de seus trabalhos diários.

- Obrigada por se importar tanto comigo assim.- Anne respondeu, sempre encantada com essas atitudes adoráveis de Gilbert em demonstrar seu amor e preocupação por ela.

- Você é minha garota, e eu sempre cuido de quem eu amo. Agora me dê um beijo para que eu possa suportar duas horas longe de você.- Anne não perdeu tempo, e o obedeceu, deixando nos lábios de Gilbert um beijo carinhoso e cheio de todos os sentimentos que tinha por ele, e sorrindo ao ouvir o coração dele bater mais rápido por conta desse seu pequeno gesto afetuoso.

- Deus, se eu pudesse te beijaria assim o dia todo.- Gilbert disse, correndo os lábios por cada pedacinho do rosto dela.

- Eu também, mas, é melhor ir, amor ou vai chegar atrasado.- Anne disse suspirando, quando ele mordiscou a pontinha de sua orelha.

- Tem razão. Espere por mim, querida. Voltarei em breve.- ele tocou o rosto dela com a ponta dos dedos, e foi embora deixando Anne com o coração apertado ao se ver sozinha sem a presença dele.

Ela não contara nada a Gilbert, mas, sua palidez tinha muito a ver com sua cabeça que começara a doer desde que se levantara aquela manhã. O pesadelo com Roy tinha boa parte da culpa por ela não estar se sentindo bem, mas, sua insegurança emocional também era uma das causas. Anne lutava contra novos demônios internos, pois seu medo de perder Gilbert estava sobrepujando sua razão, e cada lembrança desagradável de seu passado gritava em seu ouvido que ela não merecia o amor do rapaz, porque ela nunca seria adequada ou suficiente, e que nunca deixaria de ser a ratinha branca que fora humilhada no orfanato.

Josie estava esperando um filho dele, e como Anne desejava que fosse ela, mas, ao mesmo tempo tinha medo de uma responsabilidade assim naquele momento quando ainda lutava contra suas fraquezas e inconstâncias emocionais. Como poderia cuidar de um bebê, quando ainda não conseguia cuidar de si mesma sozinha? Ela tinha episódios de depressão, mergulhava em seus pesadelos e se perdia de sua realidade, ainda tinha seus terrores, traumas que não abandonavam seu subconsciente, e que quando pensava que estava livre, seus esqueletos no armário ressurgiam para lembrá-la que continuavam lá escondidos nas sombras, e que a pegariam uma hora ou outra quando Anne não estivesse vigilante. Como poderia trazer um bebê ao mundo, quando não tinha certeza se seria a mãe que ele merecia e precisava?

Ela gostava de brincar com a ideia em sua mente, quando Gilbert falava tão apaixonadamente sobre o assunto. A ruivinha podia ver com clareza o amor de Gilbert por crianças, e não tinha dúvida nenhuma de que ele seria um pai dedicado e amoroso. No entanto, ela sabia em seu coração que não estava preparada para aquela responsabilidade, e não tinha certeza de algum dia estaria, pois quando pensava em todas as loucuras que a levaram a uma existência fora da realidade, ela compreendia que um bebê não caberia no seu mundo desestruturado.

O telefone tocou, enquanto ela estava na cozinha, dando os últimos retoques na torta de frango que levaria ao forno em poucos minutos. Ao atender seu celular, viu que era Irina, e respirou aliviada, pois fazia dias que não falava com a amiga, e sua calma e praticidade fazia Anne se sentir melhor toda vez que seus pensamentos confusos ameaçavam sua paz.

- Olá, minha querida. Faz tempo que não te vejo, e estava com saudades.- a voz da boa enfermeira do outro lado da linha fez Anne sorrir.

- Desculpe-me. Ando muito ocupada nos últimos dias.- Anne respondeu, enquanto colocava a forma da torta no forno, e regulava o tempo do assado.

- Eu fiquei sabendo que está dando aulas de arte na clínica. Está gostando?

- Sim, tem sido bastante interessante. Ocupa meu tempo, e me faz sentir-me útil. Foi Gilbert quem me ajudou a arranjar esse emprego, depois que eu disse que queria voltar a trabalhar. – Anne disse, dando uma espiada na torta cuja massa havia crescido bastante, e já começava a dourar.

- Trabalhar faz bem para a alma. Eu nunca conseguiria viver uma vida ociosa.- Irina disse ao concordar com ela.

- Nisso você tem razão. Estou me sentindo mais produtiva agora.

- Que bom, minha querida. Fico feliz por você. – Irina disse com evidente animação na voz.- Eu não te liguei só para isso. O que eu queria saber é se Gilbert te contou sobre o convite de John para vocês almoçarem com a gente no próximo fim de semana?

- Acho que ele mencionou alguma coisa.- Anne respondeu meio incerta. Ela realmente não se lembrava se Gilbert tinha lhe contado sobre o convite de John, pois a última semana fora uma loucura para ambos, mas, ela aceitaria com certeza, pois amava John da mesma forma que amava Matthew.

- Vocês vão vir então?

- Sim, pode confirmar com John. – Anne disse se sentindo realmente alegre pela primeira vez naquele dia, desde que Gilbert tinha ido para o trabalho.

- Fico feliz, querida. Estou com saudade de nossas conversas.- Irina disse, deixando a seu carinho por ela transparecer em sua voz.

- Eu também. Tenho muitas novidades para te contar.- Anne disse com animação.

- Vamos esperar por vocês. Até lá então.- Irina disse, se despedindo.

- Até.- Anne respondeu e desligou.

Enquanto dava uma última espiada na torta, Anne pensou no quanto o telefonema de Irina lhe fizera bem. Ela, assim como Gilbert, era a única pessoa que conseguia trazer um pouco de coerência para seus conflitos interiores, por isso, Anne a estimava imensamente.

A torta ficou pronta, e Anne desligou o forno. Indo em direção ao quarto, pensando em tomar um banho, pois dali a algum tempo, Gilbert estaria em casa, e ela queria estar linda para esperar pela volta de seu noivo incrível.

GILBERT E ANNE

Aquelas pareciam ser as duas horas mais longas da vida de Gilbert. Ele nunca pensara que um dia se sentiria tão entediado no trabalho a ponto de perceber cada segundo que passava no relógio, mas a verdade era que estava ansioso para ir para casa. Ele deixara Anne sozinha no apartamento, e isso não lhe agradara nem um pouco. Sua noiva parecia estar passando por algum conflito interno novamente, e ele odiava pensar que ela teria que lidar com aquilo sem sua ajuda. Ele precisava estar por perto, pois seu coração lhe dizia que Anne não estava tão bem como quisera fazê-lo acreditar.

Foram meses de estabilidade, sem recaídas, sem crises depressivas, sem recordações tristes ou traumas recorrentes. Ele sempre soubera que ela ainda não estava curada, mas, tivera esperanças que a total recuperação dela estivesse apenas a um passo, e que logo Anne não precisaria mais de medicação pesada, e suas terapias seriam espaçadas para apenas uma vez por mês, porém, naquela manhã ele percebera alguns sinais de estresse que o deixaram preocupados. Ele quase ligara para Irina, pedindo que ela fosse até o apartamento fazer companhia pra Anne, mas, não o fez, porque sua noiva ficaria zangada com ele por não confiar nela para cuidar de si mesma.

Ela vinha lutando a meses para provar para Gilbert que estava bem, que podia voltar a fazer suas coisas normalmente, e começar a trabalhar novamente fora um grande passo para ela, assim, como voltar a estudar e investir em si mesma, pensando no futuro e deixando o passado para trás. No entanto, a mente era traiçoeira e quando se pensava que tudo fora superado, sempre havia um pequeno fragmento que fora ignorado, e que atacava sua vítima sem que fosse esperado, e lutar contra algo assim muitas vezes era mais árduo do que vencer fantasmas maiores e mais assustadores.

Josie apareceu em seu escritório quando seu horário de plantão daquele dia estava quase terminado, e lhe disse assim que entrou:

- Gilbert, desculpe-me incomodá-lo, mas eu precisava falar com você. Tem um minuto?

- Claro, Josie. Precisa de alguma coisa?

- Não, na verdade, eu vim te fazer um convite. Meus pais querem que você almoce conosco um fim de semana desses, acha que consegue encontrar um tempo na sua agenda?- Gilbert franziu a testa diante do pedido. Por que os pais de Josie queriam falar com ele, se sabiam que ambos não estavam mais juntos?

- Josie, eu não acho uma boa ideia, e além do mais eu tenho minha noiva.

- A leve com você, se acha que é importante. Eu te garanto que só querem falar sobre o bebê.- Josie disse, começando a se irritar por dentro. Ela tinha que achar um jeito de se livrar da ruiva o quanto antes. Seu filho não nasceria longe do pai dele.

- Não acho que Anne vai se sentir confortável em uma situação dessas. Portanto, diga a seus pais que declino o convite para o almoço, mas, vou marcar um outro dia para que possamos conversar em um lugar neutro.

- Como quiser.- Josie respondeu, tentando esconder sua raiva. De repente, um movimento em seu ventre a fez sorrir, ao mesmo tempo em que Gilbert a viu coloca a mão na barriga, e por isso, perguntou:

- Algum problema, Josie?

- Não. Apenas seu filho que resolveu começar a chutar. – ela se aproximou dele, aproveitando a oportunidade inesperada e disse:- Sinta como ele já é ativo.- e sem que Gilbert esperasse, ela pegou a mão dele e colocou sobre seu útero de quatro meses, que estremeceu de novo, quando o jovem médico foi obrigado a encarar pela primeira vez que seu destino e de Josie estavam entrelaçados por um filho gerado ao acaso e não por amor. Embora a situação ali devesse ser de emoção, pois os primeiros movimentos dos bebês ainda no útero da mãe era sempre o acontecimento mais esperado por todos, tudo o que Gilbert sentiu naquele instante foi um certo constrangimento, e nem sequer conseguiu dar a Josie um sorriso sincero de quem ficara comovido com o que acabara de experimentar.

Não era pelo bebê e sim pela mãe, que ele desejou ardentemente que fosse Anne, pois ele não ter nenhum sentimento por Josie, e sentia muito por ela estar naquela situação. Ambos foram culpados e não podiam fugir da responsabilidade de seus atos. No entanto, Gilbert sabia o que ela esperava dele, e isso o rapaz não podia cumprir. Ele estava completamente apaixonado por Anne, e não podia ser para Josie o que ela tanto desejava, pois não fora escolha dele amar tão intensamente outra mulher, e um filho não mudava nem a situação e nem os sentimentos.

- Bom, Josie, meu expediente acabou, e preciso ir para casa, e por favor, diga a seus pais o que combinamos.- ela assentiu, mas, seus olhos mostravam exatamente seu desapontamento. Gilbert sabia que havia sido frio, mas, não queria alimentar as esperanças dela que pensava que aquele bebê mudaria algo entre eles.

- Tudo bem.- Josie disse, saindo do consultório dele no mesmo instante.

Assim que se viu sozinho, Gilbert deixou qualquer preocupação de lado que não tivesse a ver com Anne, e foi imediatamente para o apartamento, pois sua ansiedade o estava deixando extremamente nervoso. Porém, ao atravessar a porta do apartamento, e vê-la lendo um artigo do seu curso, todas as suas preocupações desapareceram. Então, ele se aproximou, a abraçou por trás e disse:

- Não via agora de chegar em casa e te ver.

- Eu também estava com saudades. Como foi no trabalho?

- Tudo tranquilo.- Gilbert respondeu, banindo completamente de sua mente o incidente com Josie.

- Por aqui está tudo pronto para nossa reunião de hoje a noite. Acabaram de entregar a comida que você encomendou.

- Que ótimo. Vou trocar de roupa, e assim podemos passar o resto da tarde juntos. O que acha de um filme para relaxar antes de nossa noite entre amigos?- ele sugeriu, ganhando um sorriso brilhante de Anne.

- Perfeito.- ela respondeu, beijando-o nos lábios com amor.

Assim como prometido, Gilbert mudou suas roupas médicas por outras mais descontraídas, e se acomodou com Anne em seus braços no sofá para algumas horas de um programa a dois.

Quando a noite chegou tudo já estava pronto, e olhando seu estoque de bebidas, ele perguntou a Anne:

- Sabe me dizer se o Cole gosta de alguma bebida específica? Pois o que mais tenho aqui é uísque, e nem todo mundo é fã de algo tão forte.

- Eu não saberia te dizer, meu amor. Nunca o vi bebendo socialmente.- Anne disse, enquanto terminava de colocar os petiscos que Gilbert encomendara sobre a mesa.

- Vou na loja de bebidas aqui perto, e comprarei algumas cervejas. Acho que é melhor ter algo menos forte por aqui, caso ele não aprecie uísque ou conhaque.

- Está bem- Anne respondeu, vendo-o pegar a chave do carro.- Mas não demore, pois logo eles estarão chegando.

- Fique tranquila. Estarei de volta em quinze minutos.- ele disse antes de sair.

Deste modo, Anne terminou de ajeitar os últimos detalhes que faltavam, e olhou satisfeita para todo o trabalho realizado. Em seguida, ela se sentou no sofá e selecionou alguns cds de Gilbert para deixar tocando de fundo, pois, amava música, e sabia que tanto Cole quanto Diana também apreciavam alguns dos artistas que seu noivo tinha em sua coleção pessoal.

Enquanto lia uma seleção de música de Ed Sheeran na capa de um dos cds do cantor, uma notificação chegou em seu celular, e ela furtivamente lançou seu olhar para ele, e sentiu seu coração congelar no mesmo instante. Ali estava uma foto antiga sua e de Roy Gardner, e vinha com uma legenda que dizia:

"Você se lembra? Ainda não acabou".

Toda a alegria que sentia se evaporou feito fumaça, e um desconforto enorme tomou conta de seu peito, enquanto tentava pensar quem poderia ter feito algo tão cruel com ela, logo agora que sua vida estava entrando nos eixos, e ela estava conseguindo deixar para trás todo o mal que aquele homem terrível causara a ela.

Naquele instante, a porta se abriu e Gilbert voltou, e para não deixá-lo preocupado e estragar uma noite que prometia ser bastante agradável , Anne juntou o que restava de seu ânimo e sorriu dizendo:

- Conseguiu encontrar a bebida?

- Sim. Comprei cerveja, e mais alguns refrigerantes também.

- Ótimo. Acho que agora falta pouco para chegarem.

- Que pena. Achei que ainda teria um tempinho para namorar minha princesa, que como sempre está maravilhosa essa noite.- Gilbert disse galanteador, fazendo Anne corar com o elogio e responder:

- Podemos fazer tudo o que quiser mais tarde quando estivermos sozinhos.- Anne disse, dando-lhe um selinho.

- Um... tudo o que eu quiser? Isso me dá tantas ideias, minha noiva.- ele disse com um olhar malicioso sobre ela, que ia transformar o selinho que ela lhe dera em um beijo de verdade quando a campainha tocou, e ambos acabaram rindo um para o outro.

Ambos foram abrir a porta e dar boas vindas para os dois casais que chegaram, e que pareciam extremamente felizes em companhia de seus pares.

- Como você está linda, minha querida.- Cole disse, beijando-a no rosto assim como Diana, que a abraçou com carinho e, falou feliz por estar finalmente em companhia de sua velha amiga:

- Vamos fofocar a noite inteira.

- Sim, como nos velhos tempos.- Anne respondeu, também se sentindo alegre pela presença de seus amigos no apartamento. Ela também cumprimentou Jerry e Charlie que logo se juntaram a Gilbert em um canto para suas conversas médicas e administrativas, e Anne se sentou no sofá com Cole e Diana, e colocaram toda a conversa em dia.

- E como você e Gilbert estão?- Diana perguntou tomando um gole de sua cerveja gelada.

- Estamos bem. Ele me trata como uma princesa.- Anne disse com os olhos brilhando.

- Que bom saber disso. Você merece depois de tudo.- Cole disse apertando as mãos dela com carinho, fazendo Anne se arrepiar ao se lembrar da foto em seu celular, mas logo baniu a lembrança para um canto e sua mente, pois não queria que nada estragasse seu bem-estar naquela noite.

- E você e Jerry?- Anne perguntou, tentando disfarçar o tremor em suas mãos que começara a incomodá-la de repente.

- Estamos nos entendendo. Ele me convidou para morar com ele aqui em Avonlea, e estou pensando seriamente em aceitar.- Diana contou, fazendo Anne sorrir e dizer responder:

_ Isso seria maravilhoso, Diana. Ter você por perto novamente me deixaria imensamente feliz.

- Eu ainda não dei uma resposta definitiva. Estou pensando com cuidado na possibilidade.- a morena disse pensativa.

- O que te falta para aceitar logo a proposta? Não está apaixonada por ele o suficiente? - Anne perguntou com preocupação.

- Pelo contrário. Eu o amo, mas, você me conhece, Anne e sabe da minha história com esse tipo de coisa.

- Jerry não é o seu pai, Diana. Eu duvido que ele faria com você o que seu pai fez com sua mãe. Ele lutou demais por você para te decepcionar dessa maneira.

- Talvez tenha razão, e eu seja apenas uma boba que se martiriza com um passado que nem é meu de verdade, e sim da minha mãe.- Diana, terminando de tomar sua cerveja.

- Você não é uma boba. Todos nós temos um passado com o qual lidar, portanto eu penso que é normal que se sinta assim.- Cole disse, expressando pela primeira vez sua opinião naquele assunto, pensando em si mesmo e seu passado difícil, sem imaginar que com aquelas palavras também tinha mexido com Anne que tentava na última hora esquecer a foto que lhe fora enviada, e o homem que em quem nunca mais queria pensar.

Pedindo licença, eu foi buscar um refrigerante para si, pois sentia que sua garganta estava tão seca, que não conseguiria mais engolir a própria saliva. Quando chegou na mesa, ela se encontrou com Gilbert que a olhou preocupado e perguntou:

- Está pálida de novo, Anne. Sente-se bem?

- Sim, fique tranquilo. – ela disse, beijando-o no rosto e voltando para perto de seus amigos, tentando fugir do olhar do noivo que não a abandonou mais depois disso. Era como se ele pressentisse seu desespero, e lesse no fundo de seus olhos a onda se formando em seu íntimo.

Apesar desses instantes tensos, a noite correu como o esperado. Houve muita conversa, mergulhos ocasionais no passado, principalmente acadêmicos de Gilbert, Jerry e Charlie, muitas risadas, comida e música, e Anne sentiu que aquele grupo de amigos havia se tornado uma grande família que não mais se separaria. Diana parecia mais leve com Jerry a seu lado, e Cole e Charlie se davam tão bem, que era impossível não ver um elo verdadeiro se formando entre os dois, e quanto a ela e Gilbert, tudo o que podia dizer era que estava onde deveria estar, pois ninguém cuidaria dela melhor que aquele rapaz tão apaixonado e inclinado a fazer todas as suas vontades.

Assim que os amigos se foram, prometendo mais noites como essa, Anne se jogou em meio a atividades frenéticas de recolher copos, levar comida que havia sobrado para a cozinha, organizar a sala. Porém, vendo-a andando de um lado para outro se parar, Gilbert segurou em seu pulso e disse:

- Deixa isso para amanhã, baby. Está tarde.- ela o olhou sentindo a ansiedade crescer dentro de si, e percebeu que se parasse o que estava fazendo, toda a angustia presa em seu peito nas últimas horas explodiria de tão maneira que ela não sabia se conseguiria controlar o seu desespero que crescia sem parar, e por isso, respondeu:

- Deixe-me fazer isso, amor. Eu preciso manter minha mente ocupada.

- O que está acontecendo, Anne? Eu te perguntei várias vezes isso hoje, e você não me respondeu. É evidente que não está bem, e fingir que não sente nada e ignorar os próprios sentimentos só vai piorar o seu estado.- Gilbert disse, tentando trazê-la para seus braços, porém, não conseguiu. Anne abriu a boca para responder e tudo o que disse foi:

- Eu...desculpe-me... Não consigo....- e então ela travou, seu peito parecia explodir, os olhos começaram a ficar embaçados, e ela levou a mão a cabeça sentindo as pontadas que a incomodaram o dia todo aumentar de intensidade, e então desabou.

Gilbert correu para socorrê-la, a pegando no colo e a levando para o quarto, pois ao colocar as mãos no rosto dela, ele constatou que Anne queimava em febre, e a crise que ele temera que a atingisse chegara de vez. Por sorte, ele estava por perto para ajudá-la, contudo, isso não o impediu de sentir-se angustiado por vê-la naquele estado, sabendo exatamente que tinha a ver com a situação dele com Josie.

Os nervos dela estavam cobrando de Anne alto demais, e ele deveria a estar levando para suas consultas psiquiátricas mais vezes agora, desde que tudo aquilo começara a acontecer, prevendo que algo assim pudesse ocorrer, e de novo subestimara os problemas emocionais de Anne, pensando que só seu amor por ela bastaria para protegê-la de sua mente frágil demais.

Ele a levou para o banheiro, mergulhou o corpo dela por alguns segundos na água morna da banheira, esperando que a febre alta desse uma trégua, em seguida, a levou para o quarto, ministrou-lhe uma injeção que deveria auxiliar para que a temperatura do corpo dela voltasse ao normal e esperou, observando com seu coração apertado os espasmos e tremores tomarem conta de Anne, como se ela estivesse perdida no meio do inferno de seus pesadelos.

- Gil, não deixa ele me pegar. Por favor, ele está perto.- Anne dizia em delírio, enquanto Gilbert deduzia que ela falava de Roy Gardner, por conta de seu sonho ruim da noite anterior.

Tomando uma decisão, ele tirou as próprias roupas, afastou as cobertas que cobriam o corpo de Anne por conta do frio que ela parecia sentir nesses momentos e colou seu corpo nu no dela, pensando que o calor de sua pele pudesse ajudá-la a se sentir melhor enquanto ele falava com ela:

- Baby, eu estou aqui. Ninguém vai te magoar. Roy não pode te alcançar aqui, pois enquanto estiver comigo, ele nunca mais vai tocar em você.

Aos poucos, ela foi se acalmando, e a febre cedeu, assim como os tremores que faziam Anne bater os dentes de frio. Logo, ela abriu os olhos devagar e encarou Gilbert que acariciava seus cabelos com todo o amor do mundo, e ela soube que ele a salvara mais uma vez.

- Eu te amo. Obrigada por estar aqui.- ela disse, descendo os lábios dela sobre os deles, onde um beijo intenso se iniciou. Uma necessidade imensa de afastar qualquer pensamento de sua mente, fez Anne intensificar o beijo, e enquanto Gilbert descia suas mãos pelas curvas suaves de seu corpo, a única coisa na qual ela pensava, era ser amada da forma mais voraz possível, pois a dor que sentia em seu coração só poderia ser aplacada pelo homem que a tocava como se fosse de porcelana.

- Me faça sua.- foi seu pedido, enquanto seu corpo serpenteava pelo dele, sentindo suas peles suadas se comunicarem entre si.

- Hoje não, querida.- Gilbert disse, sentindo a necessidade do próprio corpo gritar, mas, sabendo que seria totalmente errado fazer amor com ela no estado em que Anne se encontrava.

- Por que não?- ela perguntou, enchendo o maxilar dele de beijos, tentando alcançar os lábios dele de novo, que segurou seu rosto com as duas mãos e disse:

- Você precisa dormir, está exausta e não está raciocinando direito. Não pense que não te quero, porque te quero com loucura, mas não vou fazer amor com você nessas condições, pois isso seria errado de todas as formas possíveis.- ela assentiu, e se deitou ao lado dele, enquanto Gilbert se virava na direção dela e dizia:- Eu te amo tanto, Anne. É nisso que eu quero que se concentre agora. Eu sei que nesse instante está tudo confuso aí dentro, mas prometo que amanhã quando acordar será um novo dia, e estarei aqui para te lembrar que nada no mundo vai me tirar de você.- e depois a tomou nos braços, e esperou que ela se sentisse forte o bastante para se levantar.

Eles fizeram suas higienes pessoais, e depois voltaram para cama, onde Anne parecia mais calma, mas, ainda sob o efeito do remédio que Gilbert ministrara em suas veias. Assim, ela fechou os olhos, e enquanto Gilbert a observava alcançar os primeiros estágios do sono, seu olhos se perderam nas linhas suaves do rosto dela, e mais uma vez prometeu a si mesmo, que a protegeria de tudo, não importava os sacrifícios que tivesse que fazer, quais batalhas invisíveis teria que lutar para impedir que a mente dela a jogasse naquele estado de novo, pois não perderia a mulher que amava pela segunda vez.

Assim, ele a manteve em seus braços por muito tempo, até que a benção do sono também o alcançou e ele dormiu com sua testa encostada na de Anne, mantendo a mão dela bem próxima ao seu coração.

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