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Capítulo 39- Um amor conquistado


Olá, pessoal, mais um capítulo de broken postado. Espero que o apreciem e me deixem seus comentários. Beijos.

ANNE

Outro dia tinha nascido, e Anne viu os raios de sol passarem pelas frestas da janela como se fossem uma festa de cores brilhando no meio do quarto. Essa era a hora que mais apreciava, desde que fora morar com Gilbert, pois sentia uma alegria espontânea despertar com ela todos os dias junto a um brilho especial que dificilmente abandonava seu rosto nos últimos tempo. Ela sabia agora o que era felicidade, e esperava que tal sentimento continuasse morando em sua vida para sempre, porque não tinha preço poder respirar o ar límpido de toda manhã, e saber que seu coração estava leve e cheio de sentimentos bons.

O homem responsável pelos seus melhores sorrisos dormia a seu lado, e sequer despertou quando os dedos femininos se perderam em seus cachos espessos. Eles estavam ainda no quarto de hotel e voltariam para casa logo após o café da manhã, por isso, ela se apressou em pedi-lo por telefone. Ainda não sabia a que horas seu noivo pretendia sair dali, mas mesmo assim não tinha intenção de acordá-lo naquele instante, pois ainda era muito cedo, e o dia mal começara .

Como não voltaria a dormir, e estava em companhia de si própria, Anne permaneceu deitada, se recordando dos acontecimentos do dia anterior, sua vagem até Green Gables com Gilbert, e os momentos em que passearam juntos pelos recantos de sua infância, dividindo com ele seus anos mais felizes. A fazenda dos Cuthbert sempre seria seu lar permanente, e se um dia precisasse de refúgio, certamente era para lá que iria.

Impaciente pelas horas que demoravam a passar, Anne pensou no que faria até Gilbert acordar, e então, logo uma ideia lhe ocorreu, e resolveu colocar em prática o que sabia fazer de melhor, pegou papel e lápis na mesinha do criado mudo ao lado da cama, e começou a desenhar Gilbert dormindo. Ele era um espetáculo masculino de qualquer jeito, e um modelo lindo também. Já o tinha desenhado de tantas maneiras, e sempre pensava que nenhum de seus desenhos fazia jus a beleza dele de verdade, mas ainda assim ela tentava toda vez a chegar em uma perfeição que a aproximasse da realidade inquestionável de traços sem defeitos esculpidos por mãos divinas.

Deste modo, ela desenhou todos os detalhes do rosto, até mesmo a covinha no queixo que suavizava suas expressões quando ele ficava sério e pensativo, depois Anne se concentrou nos outros detalhes, e quando fez o último traço, o café da manhã chegou, e ela acabou largando o desenho sobre a cama e correu para atender a porta. Em seguida, ela colocou a bandeja caprichosamente arrumada em cima de uma mesinha de canto que havia por ali, e decidiu ir tomar um banho e esperar que Gilbert despertasse já vestida e pronta para partir.

Quando ela entrou no banheiro, e se olhou no espelho de corpo inteiro, foi que ela viu as marquinhas deixadas por Gilbert em seu pescoço na noite anterior e suspirou. Não ficara zangada com a maneira como ele praticamente a atacara quando entraram no quarto, e muito menos julgara sua atitude de forma depreciativa. O noivo nunca fora tão afoito ao beijá-la e tal atitude a pegara desprevenida, trazendo de volta à sua mente coisas das quais não gostaria de se lembrar. Era certo que não havia comparação na maneira como Gilbert demonstrara seu afeto por ela de um jeito intenso demais, com a maneira como Roy a deixara ver seu ódio expressado sempre de forma violenta com uma pitada de deboche sádico cujo intuito era apenas ferir, macular e deixar marcado na pele dela seu desprezo como forma de punição por tudo o que ela era, e também por tudo o que ela não seria a seus olhos.

Gilbert se desculpara por sua atitude impensada, e ainda lhe dera uma prova de amor maior do que as que tivera por parte dele até então, ao lhe explicar que ela tinha direito à escolha se queria aceitar um carinho da parte dele ou não, e que nunca deveria se submeter as vontades de um homem apenas porque era seu parceiro ou no caso dele seu noivo. Foi então que ela notara mais uma vez que homem raro era Gilbert Blythe, que se colocara na categoria de qualquer outra pessoa que agira errado e admitia esse erro, pedindo-lhe perdão da forma mais singela e sincera que alguém incrível como ele poderia fazê-lo.

Era por isso que nunca se cansaria de agradecer por ter esse homem singular do seu lado, com quem aprendia a cada dia como ser forte, como se defender das lanças pontiagudas do mundo que mais feria , do que curava com flores as dores de uma alma com a dela que sentira desde cedo na própria carne o dano que a maldade, e a maledicência poderiam causar. Ela fora salva por alguém tão nobre que poderia não ter o título de príncipe em sua linhagem, mas o era em seu coração, e valorizar um ser humano assim era quase uma obrigação de sua parte, e não deixá-lo escapar de jeito nenhum era o seu objetivo maior.

Em pouco tempo ela se vestiu, e para esconder as marcas reveladoras de olhares curiosos, ela colocou um lencinho charmoso no pescoço que combinou com seu vestido branco de verão, dando-lhe um ar mais descontraído. Quando estava acabando de pentear os cabelos Gilbert acordou e ao vê-la já vestida e pronta para viajar, ele perguntou:

- Já é muito tarde?

- Não, eu que acordei cedo demais, e resolvi me adiantar.- ela disse se aproximando da cama, e se sentando perto dele, admirando-lhe mais uma vez seus olhos castanhos incríveis ainda reféns do sono .

- Por que está tão longe de mim?- ele perguntou , fazendo uma cara de garotinho carente que fez Anne rir e abraçá-lo, deixando suas mãos em volta do pescoço dele.

- Estou perto o suficiente agora?- ela perguntou, colocando seu rosto na altura do dele.

- Está bom para começar.- Gilbert respondeu com humor, enquanto seus olhos pousavam no lencinho em volta do pescoço de Anne que ele nunca a vira usar antes.- Está experimentando uma nova moda? Nunca te vi usar algo assim.

- Não exatamente.- ela disse, sentindo-se constrangida. Não queria que ele visse as marcas, porém, não conseguiria esconder algo tão visível dos olhos dele, por isso, retirou o lencinho e deixou que ele visse o que havia por baixo.

- Eu fiz isso?- ele perguntou de olhos arregalados, sem conseguir desviá-los das marcas roxas do pescoço de Anne.

- Não tem importância, meu amor.- Anne disse tocando o rosto dele com carinho. Ela não queria que ele se preocupasse demais com algo que não a incomodava de forma nenhuma.

- É claro que tem importância. Meu Deus! Como eu pude me comportar como um selvagem?

- Gil, eu não me importo, de verdade.

- Pois devia se importar. Só diz que me perdoa.- ele disse com a voz suplicante, abraçando-a apertado.

- Eu já perdoei. Não vamos falar mais nisso, está bem?- ela o beijou no rosto, mas, isso não pareceu desviar a atenção dele daquele fato que o estava perturbando mais do que perturbara Anne.

- Não está nada bem, Anne. Eu não podia ter feito algo assim com você.- ela olhou para o rosto atormentado dele, e perguntou:

- Por que exige tanto e si mesmo, Gilbert?

- Porque eu não posso errar com você, e nem te perder.- ele admitiu, abraçando-a mais apertado ainda, como se temesse que ela fosse deixá-lo a qualquer momento.

- Você nunca me perderia por isso. Pare de pensar nisso.

- Eu não quero que meus atos te tragam lembranças ruins, Anne. Odeio pensar que você de alguma forma possa me associar com seu antigo namorado.- Gilbert admitiu com a voz angustiada, e Anne percebendo sua preocupação lhe respondeu:

- Essas marcas foram feitas por alguém que me ama, e não por um homem que queria mostrar ao mundo que sou sua propriedade, ou desejava me humilhar de alguma forma. Vamos esquecer isso, meu amor. Não quero que esse fato estrague a lembrança de uma noite que foi absolutamente perfeita.- ela segurou o rosto dele entre as mãos e o beijou de modo que ele percebesse como o coração dela lhe pertencia totalmente. Quando se separaram, ele afundou seu rosto nos cabelos dela e disse:

- Desculpe-me por esse meu ataque de consciência. Eu realmente sinto muito por tornar essa manhã dramática demais para você.- Anne sorriu e respondeu:

- Eu amo essa sua preocupação comigo em cada detalhe. Obrigada por cuidar tanto de mim assim. Eu sempre tive apenas a mim mesma com quem contar depois que sai de Green Gables, e sentir o quanto você se importa com meu bem-estar é a maior prova de amor que poderia me dar.

- Eu te amo tanto, Anne, que até eu mesmo me surpreendo com meus sentimentos em relação a você. Eu é que devo te agradecer por me dar a chance de provar que tudo que sinto por você é verdadeiro, e quero cuidar de você pelo resto de nossas vidas.- mais uma vez eles se beijaram, trocando juras de amor silenciosas. Depois ficaram nos braços um do outro por alguns segundos, curtindo aquela intimidade gostosa que se tornava cada vez maior entre eles.

- Você teve notícias do Jerry e Charlie?- Anne perguntou enquanto Gilbert acariciava-lhe os cabelos.

- Bem, eles me enviaram um a mensagem ontem à noite me dizendo para não esperar por eles.

- Então acho que nossa operação cupido foi um sucesso.- Anne disse sorridente.

- Totalmente.- Gilbert respondeu também sorrindo. Em seguida, com o sorriso ainda estampada em seu rosto bonito, ele lhe disse:- Parece que andou ocupada enquanto eu dormia.- ele exibiu o desenho que ela tinha feito horas antes como se fosse um troféu que tivesse ganho.

- Ah, isso? Eu estava inquieta e resolvi desenhar para passar o tempo.- ela lhe respondeu.

- Fico contente que se ocupe me desenhando, noiva. Isso quer dizer que passa mais tempo comigo em seus pensamentos?- ele disse em tom divertido, puxando Anne para o círculo dos seus braços.

- Eu sempre estou pensando em você, meu noivo.- Anne disse, deitando a cabeça no peito dele.

- Esse é mais um projeto seu de pintura?

- Poderia ser. Não tinha pensado nisso.

- E por falar em pintura, como anda aquele quadro que fez e mim no apartamento?- ele perguntou com curiosidade.

- Está pronto.

- E você não me mostrou?- ele disse com uma sobrancelha erguida.

- Eu te disse que o Luxúria Morena era para meu acervo pessoal.

- Luxúria morena?

- Sim, foi o nome que dei ao quadro.- Anne respondeu, se sentindo envergonhada pelo nome tão sugestivo que dera ao retrato de Gilbert. Não planejara contar a ele, mas simplesmente escapara de seus lábios sem que percebesse.

- Quer dizer que é assim que me vê?- ele perguntou, fazendo Anne olhar para ele.

- Sim.- ela respondeu com seu rosto em chamas.

- Então, me deixa te mostrar tudo o que essa luxúria morena pode te oferecer.- ele disse, fazendo um movimento giratório, e deitando Anne na cama.

- Gil, está quase na hora de irmos. Tem certeza que quer fazer isso agora?- ela perguntou, já sentindo seu corpo arrepiado pelo que viria a seguir.

- Ah, eu quero. E prometo curar todas essas marquinhas roxas em seu pescoço com meus beijos.- Gilbert respondeu, deslizando a língua devagar pelas áreas do pescoço de Anne que ele marcara com a intensidade de sua paixão na noite anterior.

E enquanto ele lhe tirava o vestido, e a fazia suspirar pelo seu toque de seda na pele dela, Anne só conseguia pensar no quanto a relação deles tinha mudado. Quase já não existiam barreiras que a impediam de amar Gilbert e ser amada por ele como sempre desejara, e entre beijos de fogo, e chamas ardentes da paixão ela admitiu para si mesma cheia de uma nova perspectiva de uma vida perfeita ao lado dele que era finalmente uma mulher livre.

GILBERT

Gilbert e Anne voltaram para Avonlea logo depois do café, e embora estivessem sorridentes, e trocassem olhares cumplices um com o outro, o rapaz não conseguia ficar à vontade com seus pensamentos . De veze em quando seu olhar caía sobre o lencinho no pescoço de Anne, e ele se lembrava o porque dela estar usando tal acessório, e isso o desgostava profundamente.

Ele perdera a cabeça com ela e isso lhe era inadmissível. Seu código de conduta rígido o cobrava internamente por tal ato, fazendo-o se esquecer que fora de seu papel de psiquiatra, ele era um homem comum e portanto, tais deslizes seriam compreensíveis, mas, não para Gilbert que levava a sério demais qualquer coisa que o desviasse dos princípios que aprendera com seu pai, e o principal deles era tratar uma mulher com gentileza em qualquer situação.

Talvez se tal fato tivesse acontecido com qualquer outra mulher, ele não teria levado tão a sério, mas com Anne tudo tomava um significado maior do que realmente deveria ser. Ele sabia da responsabilidade que tinha com ela, principalmente na sua participação de ajudá-la a superar todos os seus traumas, por isso, quando ele sentia que se desviava o mínimo que fosse desse caminho, acabava se sentindo terrivelmente decepcionado consigo mesmo como acontecera naquela manhã.

Gilbert passou a mão pelos cabelos inconscientemente, enquanto seu olhar se concentrava na estrada à sua frente, porém, seus pensamentos se agarravam a sua mente não deixando que aquele assunto lhe escapasse um minuto sequer. Provavelmente se contasse o que acontecera para Billy ou Moody, os amigos iriam rir e dizer que ele estava exagerando uma coisa corriqueira que comumente aconteceria entre qualquer casal normal, porém, Gilbert sabia o motivo de sua preocupação excessiva, justamente por conhecer o passado de Anne e também por saber como a mente de uma pessoa traumatizada funcionava. Qualquer incidente mesmo que aleatório poderia desencadear lembranças que não seriam nem um pouco benéficas a ela.

Anne dissera que estava bem, e que entendia a reação dele na noite anterior no calor do momento, mas mesmo assim, Gilbert sabia bem que o subconsciente poderia reagir diferente, e deixar para explodir as consequências em momentos inesperados, por isso, ele sempre tinha todo o cuidado quando se relacionavam intimamente. Ele não queria ser a causa de outra crise violenta que poderia arruinar todo o trabalho de recuperação de Anne durante todos aqueles meses, pois só quem estudava a complexidade humana que envolvia sentimentos mais profundos como ele entendia a importância de cada pequeno detalhe ser observado com cuidado e atenção. Era um milagre que ela tivesse chegado aquele estágio de reconhecimento de si mesma como ativa participante do mundo a seu redor em tão pouco tempo, e uma regressão por algo que poderia ser evitado com mais autocontrole de sua parte .

Um toque suave em seu ombro o fez virar para o lado e encarar sua noiva que o olhava docemente ao perguntar:

- Por que ficou tão distante de repente?

- Desculpe-me, baby. Eu me perdi nos pensamentos. Não queria te deixar aborrecida.- ele segurou-lhe a mão e beijou-a com carinho.

- Não me aborreceu, eu só me senti isolada, com se você não quisesse compartilhar o que estava pensando comigo.- Anne sorriu tristemente e Gilbert quase praguejou por deixá-la chateada por um motivo tão bobo.

- Querida, eu não compartilhei meus pensamentos porque não são tão importantes assim.

- Qualquer coisa que pense ou faça é importante para mim. Eu quero saber de absolutamente tudo o que afeta meu noivo.- ela disse tocando o rosto dele que respondeu.

- Você sabe tudo sobre mim.- Gilbert sorriu e Anne balançou a cabeça e disse:

- Às vezes sinto que ainda não sei tudo sobre você, principalmente quando se trata de Ruby.- Gilbert a olhou espantado e perguntou:

- O que quer saber?

- Tudo o que quiser me contar, e que achar que mereço saber.- ela respondeu com firmeza.

- Não há muito que te contar além do que já te falei. Eu só me pergunto, porque é tão importante para você saber coisas de um passado que enterrei no momento em que conheci você.- ele respondeu com o olhar fixo na estrada novamente.

- Porém, é o seu passado e quero muito conhecê-lo.-

- Você tem ciúme de Ruby?-ele perguntou a queima roupa, porque somente naquele momento aquilo tinha lhe ocorrido.

- Não.- Anne disse parecendo incomodada com a pergunta, e Gilbert soube naquele instante que seu palpite estava certo.

- Anne, nada do que vivi com a Ruby se compara ao que tenho com você. Meu relacionamento com ela foi apenas uma ilusão adolescente, nada mais.

- Mas, você se casou com ela.- Anne disse com a voz magoada, e Gilbert tratou logo de esclarecer o que se passara entre ele e sua falecida esposa naquela época.

- Eu me casei com ela pelas razões erradas, mas, com você eu vou me casar por todas as razões certas , e uma delas é porque te amo. Acredita em mim?- ela balançou a cabeça concordando, e depois parecendo envergonhada ela disse:

- Eu menti.

- No que ?- Gilbert perguntou intrigado.

- Quando disse que não sentia ciúme de Ruby.- Gilbert tocou-lhe a lateral do rosto e respondeu:

- Você não tem motivo para isso.

- Eu sei, mas ainda assim eu tenho ciúmes de tudo o que ela viveu com você- Anne confessou, e Gilbert entrelaçando seus dedos respondeu:

- Nada do que eu vivi com ela se compara com o que estou vivendo com você. Porque é verdadeiro e não fruto da minha imaginação, porque você é transparente para mim como nunca Ruby foi, e porque eu consigo enxergar um futuro feliz e pleno a seu lado.- ele viu os olhos dela marejarem, e disse com sua voz suave:- Não chora, baby. Não suporto quando te vejo assim.

- Eu estou chorando de felicidade, por você me amar de um jeito que nunca fui amada, e por deixar isso tão claro para mim em seus olhos.

- Você sempre vai ver esse amor que sinto nos meus olhos porque é assim que meus coração se declara para você.- Anne o beijou de leve nos lábios, e depois deitou sua cabeça no ombro dele, e assim permaneceu até que chegaram em casa,

Eles passaram todo o domingo grudados sem conseguirem se separar por um segundo. Aquele fim de semana foi bastante revelador para Gilbert de certa maneira que o fizera descobrir coisas sobre seu relacionamento com Anne que o fortalecera ainda mais. Ele gostava quando ela era sincera com ele, e saber que ela tinha ciúme de seu relacionamento com Ruby fora realmente uma grande surpresa. Se Anne ao menos soubesse que seus pensamentos eram todos dela como nunca foram de Ruby, e que seu coração era tão somente cheio dela como nunca fora de mais ninguém, talvez todas as suas dúvidas se dissipassem como mágica. Porém, ele não queria assustá-la com a força de seu sentimento, pois um amor imenso assim poderia deixá-la sufocada, e Gilbert queria que ela se acostumasse com sua maneira de amá-la intensamente aos poucos. Ela ainda precisava de segurança para conseguir aceitar e se permitir viver um amor assim em toda a sua plenitude, e ele tinha certeza que ela estaria a caminho disso em breve.

Eles foram dormir um pouco depois da meia-noite, pois Gilbert teria que trabalhar no dia seguinte, e Anne iria com ele para falar com Jerry a respeito do seu trabalho na clínica como professora de artes. Ele sabia o quanto ela estava ansiosa com isso, pois haviam conversado sobre esse assunto antes de adormecerem, e pretendia lhe fazer companhia até o escritório de Jerry apenas para lhe dar apoio moral, pois ele tinha certeza de que ela se sairia muito bem sozinha.

- Acha que essa roupa está boa para a entrevista?- Anne perguntou logo após o café da manhã, vestindo um conjunto de saia e blusa estilo social da cor verde água.

- Você está linda como sempre, princesa. Não precisa se preocupar com nada.- ele disse beijando-a na ponta do nariz.

- Obrigada, sua opinião é sempre importante para mim.- ela disse apertando o ombro dele com carinho.

- Estou aqui para te ajudar sempre, meu amor. Tenho certeza de que tudo vai dar certo. Você sabe que o emprego já é seu.- ele disse tranquilizando-a.

- Mas, e se o Jerry não gostar de mim?- Gilbert riu daquela preocupação desnecessária e respondeu:

- Ele já te adora, meu amor. Fique despreocupada.

- Está bem. Obrigada por me acompanhar.- ela o beijou no rosto, e Gilbert retribuiu beijando-a na boca. Foi um beijo curto, mas apaixonado como sempre.

E assim eles foram para a clínica juntos, e quando Gilbert estacionou o carro, ele notou que Anne estava tensa, embora tentasse sorrir o tempo todo. Ele segurou em suas mãos que estavam geladas e disse encorajando-a:

- Fique calma, está tudo encaminhado, Anne. Apenas vá até lá e seja você mesma.- ela balançou a cabeça concordando, e caminharam até o escritório de Jerry onde ele já esperava Anne. Gilbert se sentou do lado de fora, e ficou aguardando que ela saísse para saber o resultado da entrevista. Trinta minutos depois, ela saiu da sala com um enorme sorriso no rosto, e disse eufórica:

- O emprego é meu.

- Eu não disse? Quando você começa?- ele perguntou feliz por ela, sabendo o quanto aquele ato de independência era importante para sua noiva.

- Na próxima semana. Jerry disse que vai organizar a sala na qual vou trabalhar, e providenciar todo o material que preciso para dar as aulas.

- Ficou feliz?- ele perguntou acariciando o queixo dela.

- Sim.- Anne respondeu com seus olhos incrivelmente azuis brilhando como cristais.

- Que tal se comemorássemos hoje à noite? Podemos pedir um jantar especial naquele restaurante italiano que você gosta.

- Vamos comemorar sim, mas eu quero preparar o jantar. Você se importa?- ela disse, abraçando-o pela cintura.

- É claro que não. Eu adoro sua comida. Eu devo chegar em casa depois das cinco como faço diariamente.- ele disse caminhando com Anne até a saída, onde pediu para o motorista da clínica levá-la em casa.

- Vou te esperar.- Anne disse, dando a Gilbert um último beijo, e logo foi para casa, enquanto ele caminhava para o seu consultório.

Ele realmente ficara feliz por Anne ter conseguido o emprego ali na clínica, pois era o primeiro passo para o início da vida dela fora de seu mundo de isolamento a caminho da normalidade pela qual ela tanto ansiava. Gilbert sabia que Anne não precisava trabalhar, pois ela mesma lhe dissera isso, porém, ela se sentia mais útil dessa maneira, e também não queria ficar trancada no apartamento dele, vivendo uma vida ociosa que não lhe agradava de forma nenhuma. Ele respeitava isso, e entendia a necessidade de Anne de ter uma ocupação , e por isso, a apoiava totalmente.

Ele entrou em seu consultório em um excelente estado de ânimo. O primeiro paciente estava agendado para as nove da manhã, e assim, Gilbert ajeirou tudo para a consulta. Quando faltavam dez minutos para o paciente entrar quem surgiu de maneira inesperada foi Josie que lhe disse:

- Bom dia, Gilbert. Eu sei que está com a agenda cheia, por isso, não vou tomar muito do seu tempo.

- Em que posso ajudá-la, Josie?- Gilbert disse de maneira agradável. Fazia dias que não a via, e já dava para notar suas formas arredondadas da gravidez

- Eu tenho um pré natal marcado para hoje à tarde, e tentei te avisar antes, porém não consegui. Minha médica disse que seria bom se o pai do bebê me acompanhasse, então, eu vim de pedir que vá comigo.- ela disse com um sorriso meio hesitante, e Gilbert suspirou. Ele tinha lhe dito antes que a ajudaria no que fosse preciso, e por isso não podia se negar naquele momento a acompanhá-la até o seu obstetra, pois ele era o pai da criança, e precisava zelar pelo bem do bebê, mesmo que a mãe não fosse quem ele amava.

- Eu vou com você, Josie. A que horas é a consulta?

- Cinco e meia. Não consegui um horário mais cedo.- ela disse quase como se desculpasse, porém, ele não podia ver o cinismo por trás daqueles olhos que disfarçavam bem o prazer que lhe ia por dentro por ter conseguido convencê-lo tão facilmente a ir aquela consulta.

- Muito bem, me espere na saída às cinco horas.

- Obrigada.- Josie disse radiante, saindo em seguida.

Gilbert olhou para o relógio e viu que estava na hora de atender seu primeiro paciente do dia, e anotou mentalmente que teria que avisar Anne mais tarde que chegaria atrasado para o jantar. No minuto seguinte uma batida na porta o fez compreender que seu paciente tinha chegado, e assim, assumindo sua postura profissional, ele se preparou para atendê-lo.

GILBERT E ANNE

Às cinco horas em ponto, Gilbert terminou seu trabalho e foi ao encontro de Josie, porém, no caminho, ele tentou ligar para Anne para avisá-la de seu atraso, pois passara o dia todo ocupado, e não tivera tempo de ligar mais cedo. Todavia, as três vezes que ligara, o celular caíra na caixa postal, e ele acabou deixando um recado, o que o deixou chateado, porque tudo o que queria era falar com ela. Gilbert estava sentindo falta de Anne, pois ficaram o dia todo sem se falarem, e ele destetava ficar tantas horas sem ter contato nenhum com ela.

Josie já estava pronta, e quando o viu se aproximar ela sorriu.

- Sempre pontual, Dr. Blythe.- Gilbert não retribuiu o sorriso, pois não estava com humor. Seu corpo estava ali, mas seu pensamento estava em outro lugar, precisamente em seu apartamento, onde sua noiva o esperava, e ele não conseguira falar com ela.

- Acho melhor irmos o quanto antes, Josie. Eu tenho um compromisso muito importante depois da sua consulta.

- Com Anne?- ela perguntou, sentindo a raiva em seu coração começar a brotar. Nem quando ele estava a ponto de saber o sexo do próprio filho, Gilbert deixava de pensar na ruiva aguada.

- Sim, com a Anne.- Gilbert respondeu de má vontade.

- Eu fiquei sabendo do noivado, parabéns.- ela disse com um sorriso forçado, mas dentro de si doía demais saber que fora trocada por uma garota tão sem graça que com certeza não saberia lidar com toda aquela masculinidade latente de Gilbert Blythe, porém, ele voltaria para ela em pouco tempo, pois cuidaria para que fosse assim.

- Obrigado.- ele respondeu abrindo a porta do carro para que ela entrasse.

Ele dirigiu todo o tempo até o consultório da médica de Josie em silêncio. De vez em quando, seu olhar espiava o celular, e nada de Anne responder seu recado. Logo, eles tinham chegado na médica, mas, para o desconforto total de Gilbert, o cronograma da obstetra de Josie estava completamente atrasado, e ele iria sair dali mais tarde do que esperava. Seus olhos não largavam o mostrador do celular, enquanto as horas no relógio passavam rapidamente. Em um dado momento, Josie percebeu seu desassossego e perguntou:

- Qual é o problema, Gilbert? Até parece que não queria estar aqui.- o tom magoado na voz dela fez Gilbert se sentir culpado que respondeu:

- Desculpe-me , Josie. Estou apenas preocupado com alguns problemas pessoais que não têm nada a ver com sua consulta.

- Ainda bem. Eu achei que tinha te atrapalhado de alguma forma.

- Não se preocupe. Se concentre apenas no bem-estar do bebê.- ele disse, tentando sorrir para ela, que pareceu se contentar com a resposta que ele lhe deu.

Enquanto isso no apartamento, Anne preparava o jantar daquela noite. O prato principal seria lasanha de frango, pois ela sabia que Gilbert adorava aquela comida, e como sobremesa ela preparou pudim de chocolate, pois estava feliz demais e queria comemorar em grande estilo com seu noivo maravilhoso.

Além do novo emprego, Anne também acabara se matriculando em um curso de didática em artes no mesmo site em que Gilbert tinha se inscrito no dele, e estava ansiosa para que ele chegasse em casa e pudesse lhe contar a grande novidade. O estranho era que ele estava demorando demais, e já tinha passado do horário que ele disse que chegaria. Assim, com sua ansiedade no auge, ela discou o número dele, e logo uma voz feminina muito conhecida dela atendeu, deixando-a completamente sem graça quando disse:

- Oi, será que eu poderia falar com o Gilbert?

- Oi, Anne, aqui é a Josie. Olha ele está aqui comigo sim, mas no momento ele não pode atender. Quer deixar algum recado?

- Não, obrigada. Eu falo com ele depois. – Anne disse sentindo-se decepcionada. Assim que desligou o telefone, ela olhou para toda a comida que preparara, e tudo perdeu a graça. Gilbert estava com Josie e por isso se atrasara, e tal constatação a deixou arrasada.

Deste modo, ela foi para o chuveiro, tomou um banhou, vestiu uma camisola e foi para cama, pois se sentia tão deprimida que não tinha mais vontade de comer. No momento em que deitou a cabeça no travesseiro, os soluços vieram primeiros secos, e depois com mais velocidade e força, pois só de imaginar o que Gilbert e Josie poderiam estar fazendo juntos feria seu coração demais.

Nesse mesmo instante, Gilbert chegava no apartamento , após ter vencido todos os limites de velocidade que encontrou até ali. Assim que entrou na sala, ele sentiu o delicioso aroma de comida recém preparada saindo do fogão, e caminhou a passos largos na direção da cozinha, mas, quando chegou lá, ele viu tudo o que Anne fizera àquela noite, contudo, o rapaz ficou desapontado por ela não estar ali.

Por esta razão ele foi até o quarto, imaginando que ali seria o segundo lugar que Anne escolheria para ficar. No momento em que entrou naquele ambiente, ele viu Anne deitada na cama, e ficou angustiado ao perceber que ela parecia ter chorado, o que o fez caminhar imediatamente em direção a ela, se sentar na cama ao lado dele e dizer:

- Ei amor, estou aqui.- Anne se encolheu toda na cama ao ouvir a voz dele e sem se conter, ela falou:

- Você estava com a Josie, não é?

- Sim.- ele respondeu, e ao vê-la se encolher ainda mais como se tivesse ficado chocada com sua resposta, ele tratou de explicar.- Ela me pediu para ir ao pré natal do bebê com ela, e não pude deixar de cumprir com minha obrigação.

- Por que não me avisou?- Anne disse de um jeito tão magoado, que fez Gilbert a puxar para ele e dizer:

- Eu tentei te ligar, mas você não atendeu, assim, eu te deixei um recado, porém creio que você não o ouviu.- e antes que ele perguntasse como então ela sabia que ele estava com Josie, já que o recado que ele deixara ficara perdido na caixa postal do celular dela, Anne disse:

- Eu não ouvi recado nenhum, e quando te liguei para perguntar o motivo da demora em chegar em casa, foi Josie que atendeu e me disse que você estava com ela.- mais lágrimas escorreram pelo rosto dela e Gilbert a puxou para seus braços, abraçando-a com carinho, logo imaginando que Josie deveria ter pego o telefone dele quando ele saíra para tomar um café expresso no corredor da clínica, e esquecera o aparelho em cima do sofá bem no momento em que Anne ligara, e causara toda aquela confusão de propósito.

- Você pensou que eu estava com ela por outro motivo.- ele concluiu, e quando Anne não disse nada, ele tratou de esclarecer:- Eu nunca faria algo assim com você, pois eu te amo, Anne, e você é a única pessoa com quem eu quero ficar. Você é minha mulher assim como eu sou seu homem, e nada nesse mundo mudaria isso.

- Eu sei, me desculpe. Acho que não pensei direito. Eu sou mesmo uma boba por ter pensado algo assim, e também sei que você nunca mentiria para mim.- Anne respondeu tocando o rosto de Gilbert com amor

- Eu entendo o que tudo isso pareceu para você. E não estou chateado. Vamos apenas esquecer tudo isso e jantar a comida deliciosa que você preparou para nós dois em comemoração ao seu novo emprego?- quando ela assentiu sorrindo de leve, ele beijou-a na testa e continuou:- Apenas espere por mim por alguns minutos, pois vou tomar banho e já volto.

Assim, ele o fez, e logo estava de volta, indo de mãos dadas com Anne até a cozinha onde ambos jantaram juntos, e conversaram sobre todos os acontecimentos do dia, e depois, com a louça toda lavada e a cozinha organizada, eles foram para o quarto assistir um filme que escolheram aleatoriamente na programação da TV. Em um momento em que Gilbert olhou para Anne durante o filme, ele não pôde deixar de notar o quanto ela estava bonita deitada a seu lado, com seu cabelo ruivo lindo emoldurando o seu rosto. Ela o olhou também, então seus olhares se conectaram em um daqueles momentos em que seus corações se declaravam um para o outro. Assim, o rapaz a puxou para um beijo, e quando seus lábios se chocaram famintos um pelo outro, a paixão explodiu entre eles intensamente.

Em um segundo, Anne estava deitada sobre ele, e as mãos masculinas deslizaram pelo corpo dela sobre a camisola que se tornou um obstáculo inoportuno ente os dois, ainda assim, Gilbert não fez nenhum movimento para retirá-la, pois estava muito ocupado, enchendo a pele do pescoço de Anne de beijos, fazendo-a se arrepiar e suspirar a cada segundo que a língua dele roubava-lhe um pouco da respiração, enquanto brincava por todas as partes do colo dela generosamente exposto pelo decote da camisola que ela vestia. Sua boca foi parar nos seios de Anne sobre o tecido, os quais ele provocou por alguns instantes, e quando fez menção de afastar a camisola e deixá-la gloriosamente nua em seus braços, Anne colocou suas mãos no peito dele, impedindo-o de continuar e disse:

- Acho que que não consigo, me desculpe.

- Tudo bem , meu amor. Se não se sente bem para isso, podemos ficar apenas abraçados, eu não me importo.- ele disse, logo compreendendo que a tensão daquela tarde afetara os sentimentos dela demais.

- Obrigada.- ela disse, beijando-o no rosto e depois se aninhando nos braços dele, onde ficou em silêncio por alguns segundos e depois perguntou:- Você não me disse como foi a consulta de Josie.

- Foi tudo bem, Hoje descobrimos o sexo do bebê.- ele disse brincando com uma mecha do cabelo dela.

- E o que é?- ela perguntou, deixando que seus braços se enroscassem no pescoço dele.

- É um menino.- Gilbert disse com um sorriso que a fez dizer:

- Será que é errado eu desejar que esse bebê fosse nosso?- Gilbert a olhou com carinho, acariciou seu rosto com o polegar e respondeu:

- Nós vamos ter os nossos próprios filhos em um futuro muito próximo, meu amor. Tantos quantos você desejar. E nesse dia, eu vou ser o homem mais feliz do mundo.- eles se beijaram enquanto mais uma promessa era selada entre eles, deixando de lado qualquer tensão que pudesse ter estragado a magia daquela noite. E muito mais tarde, quando ela já estava adormecida em seus braços, Gilbert não pôde deixar de sonhar com um futuro doce onde a imagem de um casal de crianças brincava com sua imaginação, fazendo-o prometer a si mesmo que nada no mundo roubaria dele e de Anne aquele sonho que ele cuidaria para que se realizasse em breve, tão logo ela se sentisse pronta para isso. E assim, com as mãos dele acariciando o ventre de Anne, ele também adormeceu, sentindo que a vida nunca lhe parecera tão bela como naquele momento, em que ele tinha todo um futuro de felicidade ao lado de Anne na palma de sua mão.

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