Capítulo 30- Luxúria morena
Olá pessoal. Espero que gostem deste capítulo de broken hearts, me deixem seus comentários e seus votos. Vou corrigir depois. Beijos e obrigada por tudo.
ANNE
A luz àquela hora estava incrível, e da sacada do apartamento de Gilbert, a ruivinha de dedicava à sua mais recente obra de arte.
Olhando para a figura do homem a quem pintava com tanta paixão em seu quadro, Anne tentava escolher um nome apropriado para ele, sem se decidir de pronto o que seria mais original ou interessante, pois dava a essa tarefa a mesma importância que dava a pintura em si, pois um título que fosse forte o bastante para chamar a atenção do apreciador da arte era o primeiro passo para o sucesso do trabalho do pintor. Isso Anne aprendera com Cole, e levaria esse ensinamento para o resto da vida
Embora, como prometido a Gilbert, o quadro que estava pintando dele não seria mostrado ao público, e faria parte apenas da coleção pessoal de Anne, ela queria mesmo assim encontrar um tema para nomeá-lo. Colocar o nome do modelo não lhe agradava, assim como ela pensava que também não agradaria a Gilbert, pois comprometia e muito sua imagem como médico em um nu artístico que apesar de não ser algo explícito ou revelador demais, ainda dava ao quadro um certo ar erótico, portanto, Anne não queria ferir de forma nenhuma a integridade de seu namorado que de tão bom grado aceitara seu pedido de posar daquela maneira para ela.
Anne deu uma boa olhada em sua aquarela de tintas tentando decidir qual combinaria melhor com o contraste que queria dar à fisionomia de Gilbert, e ao escolher a cor ideal, ela começou a trabalhar no quadro vigorosamente, colocando todo o seu esforço em cada traço, pois assim como o outro quadro que pintara dele, ela queria a perfeição total, e sorriu assim que conseguiu chegar aonde queria. Ela passou a mão pela testa suada, e logo imaginou o que Gilbert pensaria ao ver o trabalho dela pronto. Ainda levaria alguns dias para que pudesse finalizá-lo da maneira como queria, mas, Anne já conseguia ver seu namorado retratado fielmente naquela obra. O olhar castanho brilhando intensamente, e aquela expressão sensual que conseguira captar no instante em que ele olhara para ela dava aquele quadro uma personalidade incrivelmente forte. Gilbert estava ali em todas as suas nuances, contrastes e beleza.
Ela fez uma pausa de dois minutos para observar a vista dali da sacada que era incrivelmente linda. De onde estava dava para ver montanhas ao longe, árvores por todas as partes, e um céu azul que lhe dava a sensação de poder tocá-lo se desse um impulso com seu próprio corpo. Era impossível não se inspirar com tanta beleza sendo-lhe revelada ao mesmo tempo, e ainda mais ela que era uma amante confessa da natureza onde sempre buscava ideias novas que pudessem ajudá-la a criar sua arte de maneira autêntica. Gilbert tinha lhe dito que ali seria o lugar perfeito para que ela pudesse trabalhar com tranquilidade, e depois de quase uma semana vivendo aquele apartamento, ela podia afirmar com certeza que ele estava certo.
Ao pensar no namorado, Anne sorriu. Ela nunca pensara que teria tanto prazer morando com outra pessoa na mesma casa. Ele era o parceiro perfeito em tudo, e era simplesmente adorável a maneira como ele cuidava dela. Gilbert às vezes até exagerava nisso, tentando agradá-la, mas, Anne não se importava, pois simplesmente adorava ser mimada pelo namorado, no que ela tentava retribuir na mesma intensidade.
Ela vinha pensando na proposta dele para qual ainda não tinha dado uma resposta, e cada vez tinha mais certeza de que deveria aceitá-la, pois desde o primeiro dia em que Gilbert a trouxera para ficar ali com ele, depois do ocorrido com Daniel, ele fizera de tudo para que ela se sentisse em casa, e ela acabara se apaixonando mais ainda por ele. Como era possível amar alguém tão completamente como ela descobria todos os dias que amava Gilbert talvez ela nunca soubesse, mas, pela primeira vez, desde que acordara daquele pesadelo chamado Roy Gardner, ela sentia que podia se orgulhar de quem era, de suas conquistas, e até mesmo dos tombos que levara, porque isso a ajudara a enxergar o que queria e o que não desejava para si mesma, e Gilbert tivera um papel muito importante nesse processo, primeiro como seu médico, e agora como o homem que a fazia se sentir amada a cada segundo do seu dia. Ele abrira as portas de sua alma a tanto tempo emperradas por suas decepções pessoais, lhe apontara os caminhos pelos quais ela poderia seguir, lhe dera o poder de escolha, e a fizera entender que era livre para fazer o que quisesse e que não dependia da aprovação de ninguém, e assim, ela se libertara das correntes do medo, para ir aos poucos alcançando voos cada vez mais altos.
Por tudo isso, talvez lhe contasse aquela noite o que decidira, pois sentia que ele estava ansioso por sua resposta, embora não a pressionasse nenhuma vez, mas, ela podia sentir na maneira como ele a olhava em alguns momentos que desejava e muito que ela aceitasse, e embora ainda tivesse certo receio de estar dando um passo maior do que deveria dar, Anne queria experimentar dividir com Gilbert uma vida em comum, mesmo que não fosse casamento o que ele lhe propusera, mesmo que tal ideia não lhe passasse pela cabeça, Anne ainda sonhava com essa possibilidade, embora se ele lhe perguntasse, ela nunca confessaria que o título de Sra. Blythe era o que mais desejava no mundo.
- Está com sede, Anne? Eu te trouxe uma limonada, pois sei que você adora. - Irina disse, carregando uma bandeja onde havia uma jarra geladinha da bebida,
- Que ótimo, Irina. Eu estava mesmo precisando de algo para me refrescar. O dia está terrivelmente quente hoje. - Anne disse pegando o copo que Irina lhe entregava, e tomando uma boa quantidade do suco delicioso.
- Eu não sei porque prefere trabalhar nesse calor, quando tem a casa toda cheia de ar condicionado para escolher. - Irina disse se abanando vigorosamente.
- Ah, mas, a luz aqui é perfeita, e olha todo esse cenário a minha frente. Não é magnífico? - Anne disse apontando para toda a paisagem que podiam ver da sacada.
- Levando por esse lado até que posso entender essa sua preferência por se derreter nessa temperatura de quase quarenta graus. - Irina falou se servindo de um copo de limonada, e em seguida, ela voltou seu olhar para o quadro que Anne estava pintando e disse:
- Que quadro mais interessante o que está pintando. É o Gilbert, não é?
- Sim. Mas, não diga a ele que deixei você ver essa pintura ou ele vai morrer de vergonha, pois me fez prometer que não a mostraria a ninguém, principalmente a você.
- E posso bem imaginar por que. Essa pose é bastante provocante não acha? - Irina disse com certa malícia, estudando as expressões de Anne.
- Eu sou suspeita a falar, pois a obra é minha e o namorado também é meu. Então, só posso dizer que o modelo contribui demais para que todo o contexto do quadro seja um sucesso. - Anne respondeu com os olhos brilhando. Gilbert era um homem lindo, além de ter um tipo de sensualidade que não era agressiva e nem forçada, era simplesmente algo que fazia parte dele e lhe caía tão bem como um casaco elegante e confortável.
- Concordo com você. Gilbert é um belo homem, mas, eu nunca o imaginei tão másculo dessa maneira. Acho que John deve ter sido assim também em sua juventude. - Foi um comentário simples, mas, Anne sentiu uma intenção ali, por isso perguntou com curiosidade:
- Você acha que você e John poderiam ser mais do que amigos?
- Não sei. Eu nunca mais tive um relacionamento com ninguém depois que meu marido morreu. - Irina respondeu ainda com os olhos pregados no quadro de Anne.
- Pelo que me contou já faz muito tempo que é viúva. Não acha que está na hora de tentar ser feliz de novo? - Anne perguntou apertando a mão de Irina com carinho.
- Talvez. Até um certo tempo eu achava que o trabalho me satisfazia totalmente, mas, não posso deixar de admitir que a solidão tem sido uma companheira muito dura. - Irina disse suspirando.
- E não acha que John poderia ser um forte candidato para ajudá-la a se sentir menos sozinha?
- Não acho que John me vê desse jeito. Somos bons amigos, e nos sentimos bem assim.- Irina respondeu colocando seu copo vazio na bandeja que trouxera consigo minutos antes.
- Eu acho que ele gosta muito de você. - Anne insistiu no assunto, o que fez Irina a olhar com um sorriso ladino no rosto e dizer:
- Eu sei muito bem onde quer chegar mocinha, por isso, vamos deixar esse assunto como está, e falarmos sobre você. Como está se sentindo aqui no apartamento de Gilbert?
- Me sinto muito feliz como não me sentia a muito tempo. - Anne foi sincera. Ela realmente tinha recuperado sua alegria de viver naquele espaço incrível, e muitas coisas tinham contribuído para isso, principalmente um certo rapaz que fazia de seus dias os melhores de toda sua vida.
- Eu percebi que você parece em paz aqui. Como é dividir sua vida com o Dr. Gilbert Blythe? - Irina perguntou dando ênfase no nome do rapaz fazendo Anne rir e dizer:
- Não fale assim, Irina. Você o faz parecer um tanto esnobe, e nós duas sabemos que ele não é.
- Eu estava brincando, querida. Gilbert é um exemplo de médico e homem. John tem muito orgulho dele.
- Eu o amo tanto. Será que é normal se apaixonar tanto por alguém em tão pouco tempo? - Anne perguntou com a testa franzida que fez Irina responder:
- Quando é a pessoa certa não há limites para se apaixonar, e eu sinceramente acho que você nasceram um para o outro.- Anne queria muito acreditar nisso, mas, ela tinha medo de que isso pudesse magoá-la um dia, pois já conhecia o bastante da vida para saber que era muito mais fácil perder algo pelo que se lutara tanto do que conseguir mantê-lo para o resto da vida.
- Ele me perguntou se eu gostaria de vir morar aqui. - Irina a olhou espantada e perguntou:
- E o que você respondeu?
- Eu ainda não respondi. Pedi alguns dias para pensar. - Anne disse, ajeitando alguns fios de cabelos que escapavam de seu rabo de cavalo atrás da orelha.
- Está com medo de aceitar? - Irina perguntou.
- No início eu achei bastante precoce, afinal, não faz tanto tempo assim que estamos namorando. Porém, após uma semana de convivência com Gilbert, eu acho que não existe outro lugar onde eu desejaria estar a não ser aqui.- O sorriso dela foi tão iluminado que Irina se admirou com a capacidade de Gilbert de ter operado toda aquela mudança na vida de Anne em tão pouco tempo. Ele era realmente um rapaz muito especial.
- Então, vai aceitar o pedido dele?
- Sim. Vou contar para ele hoje à noite, mas, confesso que estou bastante nervosa.
- Não precisa ficar nervosa. Eu tenho certeza que tudo vai dar certo. O amor entre vocês é tão lindo de se ver, você precisa apenas relaxar e deixar tudo acontecer como deve ser.- Irina aconselhou e Anne assentiu.
- Acho que tem razão. Sempre tive essa mania de pensar demais sobre tudo, e Cole sempre me dizia que iria envelhecer antes do tempo.
-Não há nada de errado em ser prudente, mas exagerar nisso pode atrapalhar também. Viva seu amor com Gilbert e seja feliz. Acho que é só nisso que deve se concentrar agora. - Irina a beijou no rosto e Anne suspirou concordando, depois voltou seu olhar para o quadro e perguntou:
- Poderia me ajudar em uma coisa?
- Claro, meu amor. Do que precisa?
- Ainda não encontrei um título para dar a esse quadro. Será que poderia me dar alguma sugestão? - Irina examinou a pintura por dois segundos e disse:
- Que tal "Luxúria Morena"?
- Adorei, Irina. Acho que não teria pensado em algo tão original. - Anne respondeu enquanto voltava a pintar e a pensar que na verdade aquele título caia como uma luva, pois seu namorado era uma tentação constante dentro daquele apartamento. Quem resistiria a alguém tão perfeito?
GILBERT
Gilbert caminhava pela clínica sentindo-se incrivelmente feliz. Fazia tanto tempo que não sentia aquela excitação da juventude, aquela vontade de mergulhar no desconhecido sem se importar com o que viria pela frente, pois a adrenalina corria solta em suas veias e o impulsionava a enfrentar qualquer adversidade com calma e em um nível de preocupação normal, pois no passado ele impusera a si mesmo uma rigidez que não era própria da sua idade, e que o fazia carregar um peso imenso nos ombros, que tornava seus dias exaustivos e exigentes demais tanto na sua vida profissional quanto pessoal.
Depois da morte de Ruby, ele se tornara mais duro ainda consigo mesmo, em uma auto punição que beirava a obsessão pura e simples de sabotar qualquer ideia de se libertar daquela vida, e de encontrar a paz e felicidade como merecia. Sim, ele se punira de todas as formas possíveis, em uma tortura diária que não lhe dava sequer o direito de sorrir. Ele carregava uma culpa do tamanho do mundo e por isso Gilbert acreditava que merecia cada pontada de dor que sentia todos os dias a cada segundo. O que aliviava um pouco a pressão que colocava em cima de si mesmo era ajudar pessoas, vê-las se libertando de seus demônios, quando ele só os colecionava mais e mais. Foram tempos difíceis dos quais não falava com ninguém, noites amarguradas e madrugadas tristes onde ele tivera que encarar a si mesmo e todos os fracassos de sua vida pessoal, assim como sua ascensão profissional se tornava cada vez maior e evidente.
Naquele momento, olhando para trás, Gilbert conseguia enxergar como sua jornada fora longa até chegar no momento presente onde sua realidade era completamente outra. Anne mudara tudo isso, ela trouxera vida onde a alegria não fazia morada a muito tempo, o fez descobrir que o amor tinha mil faces diferentes e não apenas uma, lhe deu um tipo de sentimento que ele pensara que não existia, e o transformou em um homem cheio de esperanças e planos para o futuro, porque ele conseguia enxergar Anne em seu futuro, e ele ousava dizer que a desejava como sua esposa em algum momento não tão distante assim. Porém, isso dependeria muito de como as coisas entre eles evoluiriam, de como Anne se sentiria ao lado dele, de como ela enfrentaria seus fantasmas e o deixaria entrar de vez na vida dela sem que ela temesse que a presença masculina dele não fosse invasiva demais.
Ele sabia de seus medos, da sua maneira ainda um pouco hesitante de encarar o passado. Gilbert entendia que não era fácil, ainda assim ela fizera inúmeros progressos, e vinha lutando para melhorar dia a dia, e ele se orgulhava de sua imensa força de vontade, de sua busca por si mesma, e principalmente por sua decisão de não se deixar abater pelo que acontecera na última semana, pois mais uma vez ela confiara demais e fora violentamente jogada em seu pesadelo de antes.
Gilbert chegou em seu consultório, abriu a porta, fechando-a em seguida e indo direto para a janela. Ali havia se tornado seu posto de reflexão naqueles últimos dias e era para onde sempre se encaminhava quando precisava pensar. Daniel Darson saíra da solitária no dia anterior e fora encaminhado para uma outra ala, onde pacientes que sofriam de distúrbios graves eram enviados, e onde era cercada por segurança máxima, para que ninguém conseguisse escapar sem autorização médica. Mas, mesmo assim, Gilbert não estava sossegado, pois ele conhecia bem aquele tipo de pessoa, e sabia o quão manipulador Daniel poderia ser. Ele enganara todo mundo com seu charme e boas maneiras, e se passara apenas por um rapaz que sofrera um esgotamento nervoso, e ninguém jamais imaginaria o contrário.
Gilbert fora o único que não se deixara enredar por aquele aparente bom caráter que encantava a todos com sua simpatia. Embora, boa parte de sua antipatia tivesse sido por ele se interessar por Anne, e passar muito tempo com ela quando Gilbert ficava desejando estar no seu lugar, mas, lá no fundo, algo em seu cérebro sempre o alertava para ser vigilante, que debaixo aquela ponte de águas mansas havia uma onda furiosa que se escondia, e explodiria a qualquer momento em sua cara, e foi o que acontecera, não exatamente como ele pensara, mas bem perto disso.
O jovem psiquiatra saiu da janela e se sentou em sua mesa enquanto seu pensamento ainda se mantinha preso em seu receio sobre Daniel Darson. O que realmente o incomodava naquela história era a posse que ele dizia ter sobre Anne, e tal afirmação tornava tudo aquilo muito mais perigoso do que se podia imaginar. Sociopatas como Daniel tinham por principal característica a obsessão pelo poder de decidir sobre a vida de alguém, e isso era que os levava a cometer o pior dos crimes em nome de uma crença que havia apenas em suas cabeças, e por isso, ele queria manter Anne afastada de tudo aquilo .
O que era surpreendente era que apesar do que Daniel lhe fizera, Anne ainda se preocupava com ele. Uma daquelas noites em que chegara no apartamento após um dia extremamente cansativo, ela lhe fizera uma pergunta que o deixara muito irritado. Eles estavam na cozinha preparando o jantar, quando ela o olhou de forma pesarosa e disse:
- Como o Daniel está? - ele a olhara surpreso por ela ainda querer ter notícias de um homem que colocara a vida dela em risco, e por isso, ele respondeu de forma brusca.
- Você não devia se preocupar com esse crápula, Anne. Ele está onde deveria estar. Isolado em uma solitária. - Ele não quisera ser rude, mas acabara sendo, porém não conseguiu controlar sua rispidez quando a ouviu falar de Daniel de um jeito carinhoso. Como ela podia sentir afeto por aquele animal?
- Daniel sempre foi meu amigo, Gilbert. Eu sei o que ele me fez, porém, você parece se esquecer que ele está doente, e talvez um mínimo de compaixão seria importante para que ele pudesse melhorar. - A censura na voz dela o deixou ainda mais bravo, mas, ele se controlou ao máximo para não deixa lá perceber o quanto aquele assunto mexia com seu humor.
- Ele não está doente. Ele é doente, Anne. E quanto antes você aceitar isso, será melhor para você. ele não queria lembrá-la de Roy Gardner, por isso, ele tentara amenizar o impacto de suas palavras sobre Daniel, pois qualquer associação com seu passado poderia colocar a perder todos os progressos que Anne conseguira pelo próprio mérito até ali. então, ela fez mais uma pergunta cuja resposta dele talvez tinha lhe dado uma visão mais clara de toda a situação de Daniel.
- Não existe um tratamento eficaz para o que ele tem?
- Não. Pessoas como Daniel deveriam ser trancadas a sete chaves e nunca mais serem permitidas saírem de suas celas. - Sua voz soou seca, bem mais do que gostaria, mas, Anne tinha que saber quem era o homem que ela acreditava que fosse seu amigo. Pessoas como Daniel Darson não eram amigas de ninguém, apenas visavam seu bem próprio, e usavam os outros como fantoches, e assim conseguiam tudo o que queriam sem muito esforço das próprias mãos.
- Você quer dizer que ele é louco?- Anne disse com os olhos arregalados, e Gilbert pensou no que dizer para fazê-la entender que o homem que ela estimava só existia em sua cabeça, e que Daniel era um anjo do mal que poderia realizar as maiores atrocidades, assim, como o antigo namorado dela, ele podia matar por muito pouco e torturar por bem menos ainda, Eram monstros sem almas e uma pedra no lugar do coração, e com uma inteligência fora do comum, que ao invés de ser utilizada para o bem da sociedade, era na verdade uma arma para ser disparada na primeira vítima para quem voltassem seus olhares e suas mentes obscuras. Anne não fazia ideia de nada disso, e Gilbert não queria abrir-lhe os olhos daquela maneira para um mundo tão negro.
- Ele não é louco, Anne, na verdade, não existe um pingo de loucura no sangue dele. Daniel é perverso, o que eu considero pior, pois na loucura ainda encontramos uma certa compaixão, mas na escuridão não existe misericórdia nenhuma.- ele foi o mais sutil que pôde em sua explicação, mas, com pesar viu os lábios dela tremerem, e seus olhos se encherem de lágrimas, e em toda a sua vida, ele nunca odiou tanto destruir a imagem de alguém, especialmente diante da garota mais inocente e pura que um dia ele pudera encontrar.
Gilbert parou de descascar as batatas que utilizaria na sopa daquela noite, e abraçou Anne que tentava corajosamente continuar com sus tarefas na cozinha, reprimindo um soluço que estava a ponto de explodir. Ela deixou que ele a puxasse para seu peito, onde escondeu seu rosto e por fim, começou a chorar baixinho. Era tão difícil para ele vê-la decepcionada com qualquer coisa que fosse, depois de tudo o que lhe acontecera no passado, mas, a vida não era um mar de rosas, e ele não poderia deixar que ela acreditasse em ilusões que seriam facilmente arrasadas com o tempo. Ele queria que Anne fosse feliz, mas, no mundo real, ciente de todos os desafios que teria pela frente, ainda assim era horrível tirar-lhe qualquer esperança que fosse ou roubar-lhe um pouco da sua crença no ser humano.
Em pouco tempo ela se recuperou, e logo estava enxugando as próprias lágrimas, e voltara a sorrir, falando de outros assuntos mais agradáveis, fazendo com que Gilbert a admirasse mais ainda por perceber que em toda aquela fragilidade aparente havia uma força que ia além de tudo o que ele conhecia, e por isso, Anne era uma mulher admirável em toda a sua essência interior.
Um movimento na sua porta o fez sair de seu recente devaneio, e encarar seu pai que o olhava de um jeito envergonhado, como se tivesse sido pego fazendo algo que não devia.
- Boa tarde, papai. Que surpresa. - Gilbert disse, se levantando da mesa e se aproximando de John que lhe deu um sorriso sem graça.
- Oi, filho. - O bom senhor disse, abraçando Gilbert com afeto.
- Tem algo errado? - O senhor parece estranho. - John coçou a testa antes de responder.
- Não, na verdade estou um pouco desapontado.
- Por que? - Gilbert perguntou intrigado.
- Eu vim ver a Irina, mas, eu só descobri que ela não estava quando cheguei aqui.
- Por que não ligou para ela antes?
- Porque não tive coragem. - John disse olhando para os próprios pés.
- Não estou entendendo, papai. Aconteceu alguma coisa entre você e Irina? - Gilbert estava estranhando o comportamento do pai que sequer o olhava nos olhos, e o rapaz nunca o vira se comportar assim.
- Sabe o que é, filho. eu vim até aqui por que eu queria fazer uma pergunta para ela, mas, agora que não a encontrei, estou me sentindo totalmente ridículo.- ele se sentou na poltrona do consultório de Gilbert e ficou em silêncio por um instante, atiçando assim a curiosidade do rapaz que perguntou:
- Papai, me diga logo o que está acontecendo. Eu estou começando a ficar preocupado. - John olhou para Gilbert parecendo ainda mais constrangido quando disse:
- Você vai rir de mim.
- Papai, é só dizer, e prometo que não vou rir. - O bom senhor respirou fundo e disse:
- Acha que Irina aceitaria namorar comigo?
_- O que? - Gilbert perguntou esboçando uma surpresa que não conseguiu esconder.
- Eu não disse que era ridículo? - John falou, já se arrependendo de ter tocado naquele assunto.
- Não, papai. Não é ridículo, na verdade é incrível. Eu sempre pensei que o senhor merecia uma companhia, mas, eu nunca toquei no assunto porque o senhor parecia tão pouco inclinado a abandonar a sua viuvez. Acho que a Irina é a mulher perfeita para você.
- Está falando sério, filho? Não estou parecendo um velho amoral? - Gilbert quase riu do exagero de seu pai, mas, ele entendia que para uma pessoa que vivia sobre regras rígidas de conduta, um pedido de namoro na idade madura deveria parecer um bicho de sete cabeça,
- De forma nenhuma, papai. Hoje em dia, as coisas estão bem diferentes, e o senhor não está burlando nenhuma regra social. Por que não me espera? Meu expediente termina em trinta minutos, e se quer mesmo falar com Irina, ela está em meu apartamento cuidando de Anne. Minha namorada teve um problema aqui na clínica, e eu a levei para passar uns dias em meu apartamento, e Jerry me cedeu Irina para tomar conta dela, já que ela precisa de cuidados médicos ainda.
- Tem certeza, filho? Não vou atrapalhar? - John disse parecendo preocupado em invadir a privacidade de seu filho.
- É claro que não. Além do mais, Anne vai adorar ver o senhor. - Gilbert disse com um sorriso encorajador.
- Bem, se é assim, eu te espero. - John respondeu parecendo mais à vontade.
Deste modo, Gilbert se apressou em terminar seu trabalho pendente, sorrindo para si mesmo ao pensar no dilema de seu próprio pai que conseguia transformar algo tão simples em um problema complicado. A sorte era que ele tinha um filho dedicado bastante disposto a dar-lhe uma mãozinha.
GILBERT E ANNE
Anne experimentou o tempero do strogonoff e estava no ponto que desejava. Ela descobriu por acaso que Gilbert gostava daquele prato, e resolveu prepará-lo do jeito que Marilla havia lhe ensinado, Não podia dizer que era uma exímia cozinheira como sua tia sempre fora, mas, havia alguns tipos de comida que lhe agradavam muito cozinhar, e por colocar tanto esmero nessa atividade, o sabor acabava ficando praticamente perfeito, e esperava que Gilbert pudesse apreciá-lo da mesma maneira que ela amara preparar aquela comida para ele.
Ela deu uma espiada no relógio, e notou que Gilbert não demoraria a chegar, por isso, ela desligou o fogo, deu uma última olhada na sobremesa gelada de pêssego que estava na geladeira, e correu para tomar banho, pois sua figura naquele instante estava realmente deplorável. Anne tinha as unhas delicadas cheias de tinta nas beiradas, pois mesmo que tivesse lavado as mãos várias vezes, um pouco do resíduo sempre permanecia, e era necessário que usasse um removedor na hora do banho para eliminá-lo completamente.
Seus cabelos também não estavam em melhor estado, e precisavam urgentemente serem lavados, por isso, ela foi direto para o banheiro onde tomou um banho rápido, hidratou a pele, secou os cabelos, e depois vestiu uma roupa bastante casual, própria para um fim de tarde na qual jantaria com o namorado, e depois fariam um programa caseiro juntos.
- Anne, você precisa de mim para mais alguma coisa? - Irina perguntou, ajeitando suas coisas para ir para casa.
- Não, Irina. Pode ir descansar. Você vem amanhã de novo? - Anne perguntou esperançosa. Ela tinha se acostumado demais coma companhia da enfermeira por ali, mas, ela sabia que essa alegria estava com os dias contados, pois ela já estava bem e podia se cuidar sozinha.
- Sim, meu amor. Não se preocupe. - Ela se inclinou, deu um beijo no rosto de Anne, e ia se despedir quando a porta se abriu e Gilbert entrou em companhias de John.
- Anne, minha querida. Como você está linda. - John disse, abraçando-a com carinho.
- Você também está ótimo. Veio me fazer uma visita?
- Não exatamente, pois na verdade, eu vim falar com a Irina. - John disse um tanto sem jeito.
- Comigo? - Irina disse franzindo a testa, tentando descobrir o que John tinha em mente, mas, não conseguiu obter nenhuma pista pela maneira como ele a encarava.
- Deve ser bastante importante para você vir procurá-la aqui. - Anne disse dando uma piscada para Gilbert, que estava louco para lhe contar a novidade, mas não queria constranger o próprio pai. Ele a abraçou pela cintura, e ficou esperando que o próprio John desse alguma indicação do que viera fazer ali, mas, de repente, ele parecia muito acanhado como se não soubesse por onde começar, e Anne notando sua timidez disse a Gilbert:
- Amor, você poderia me ajudar com algo na cozinha?
- Claro. - Ele disse de imediato, seguindo-a até lá, mas, ao invés de entrarem de uma vez, eles ficaram espiando na porta como duas crianças curiosas.
- O papai quer pedir a mão dela em namoro. - Gilbert disse baixinho. - Mas, está com medo dela recusar.
- Estava na hora dele tomar uma atitude. Eu tenho certeza que ela vai aceitar. - Anne disse no mesmo tom baixo que ele.
Assim, eles viram quando John colocou a mão no bolso e tirou dela uma caixinha, enquanto Irina o olhava surpresa. De onde estavam, não dava para ouvir o que falavam, porém conseguiam ver claramente as expressões no rosto deles. Assim os dois só perceberam que Irina tinha aceito o pedido de John quando ela estendeu a mão, ele colocou o anel no dedo dela e trocaram um selinho casto.
- Eu sabia. - Anne disse, entrando com Gilbert na sala naquele momento, enquanto o casal mais velho os olhava espantados.
- Vocês estavam nos espionando? - Irina perguntou vendo a cara de culpada que Anne fez.
- Ah, me desculpa, mas, eu não podia perder isso por nada na minha vida. Estou tão feliz por vocês dois. - Ela disse abraçando Irina e depois John.
- Quer dizer que agora eu ganhei uma madrasta? – Gilbert disse de maneira carinhosa.
- Ainda não. Mas, vou adorar te tratar como a um filho. - Irina disse dando um abraço no rapaz com carinho.
- Vê se toma conta desse cabeça dura. - Gilbert pediu abraçando seu pai pelo ombro.
- Pode deixar. - Irina respondeu parecendo estar muito feliz com o pedido e o anel em seu dedo.
- Não querem ficar e jantar com a gente? - Anne ofereceu.
- Não, querida. Vamos deixar para outro dia. John vai me levar para jantar fora hoje. – Irina disse, sabendo que Anne tinha preparado um jantar especial para seu namorado, e não era justo que ela e John estragassem aquela noite que prometia ser importante para ambos.
- Então, podemos marcar par outro dia um encontro de casais, o que acham? - Gilbert disse sentindo-se feliz por ver o pai mais animado depois do pedido. Parecia que tinha arrancado um enorme peso de cima de si mesmo.
- Acho uma ótima ideia. - John concordou.
- Então, vamos. John. Eu preciso ainda tomar um banho e me trocar para o nosso jantar – Irina disse pegando sua bolsa, e enroscando seu braço no de John.
- Claro, querida. Bem, filho, é aqui que nos despedimos.
- Tudo bem, papai. Tenham um bom jantar.
- Obrigado. - O casal mais velho respondeu.
E assim depois de mais alguns abraços e beijos afetuosos, John e Irina se foram deixando Anne e Gilbert sozinhos no apartamento.
- Eu achei tão fofo o pedido do John. Seu pai é um grande galanteador. - Anne disse abraçando a cintura do namorado.
- Mais do que o filho? - Gilbert perguntou com seu olhar percorrendo todo o rosto dela.
- Acho que eu acrescentaria mais algumas qualidades ao meu lindo namorado. – Anne disse ficando na ponta dos pés para beijar o rosto de Gilbert, e ele aproveitou para apertar a cintura dela contra si e dizer:
- Você quer mesmo acabar com minha sanidade mental. De quem foi a ideia de te vestir desde jeito?- ele disse, afastando Anne e dando uma boa olhada no shorts jeans curto que ela usava acentuando suas curvas, um mini top que mostrava metade da barriga lisa, fazendo-o se imaginar arrancando peça por peça bem devagar.
- Talvez eu quisesse provocar meu namorado só um pouco. - Ela disse olhando-o com aquela malícia quase inocente que Anne não sabia que podia fazê-lo se perder nela em questão de segundos.
- Só um pouco? – Ele perguntou apertando-a mais forte contra si, fazendo-a rir e empurrá-lo devagarinho.
- Acho melhor a gente jantar primeiro depois eu prometo que serei toda sua. – Gilbert não soube dizer se ela estava falando aquilo no sentido literal da palavra, mas, não quis quebrar o clima entre eles, assim a seguiu até a cozinha, lavou as mãos e se sentou à mesa onde ela o serviu com o jantar que tinha preparado.
- Parece que alguém andou ocupada. - Ele comentou assim que viu Anne colocar em seu prato sua comida favorita.
- Bem, por acaso eu descobri que você gostava desse tipo de massa e resolvi prepará-la como aprendi com minha tia. Espero que goste. - Anne respondeu ansiosa ao vê-lo dar a primeira garfada, mastigar uma pequena porção da comida, e depois ouviu- o dizer:
- Está uma delícia, exatamente como eu gosto. - Anne sorriu aliviada. Era a primeira vez que cozinhara aquela strogonoff sozinha, e tivera receio de não acertar no ponto, mas pela expressão de prazer no rosto de Gilbert, ela tinha conseguido deixá-lo com a mesma consistência das vezes que ele fora preparado por Marilla.
Quando terminaram de comer, Anne serviu a sobremesa e de novo Gilbert a olhou com um misto de surpresa e admiração:
- Se um dia desistir de ser pintora, talvez pudesse abrir um restaurante. Você tem mãos de fada para a cozinha, meu amor. - Ele disse, beijando-lhe os dedos com um carinho que fez Anne se arrepiar. Qualquer toque dele lhe causava aquela sensação na boca de seu estômago, como se milhares de borboletas se agitassem exatamente ali.
- Estou feliz que esses pratos tenham agradado seu paladar. Pensei que tinha perdido o jeito pra cozinhar. Fazia tempo que eu não preparava nada assim.- ela disse tentando disfarçar suas bochechas coradas de leve.
- Está perfeito, meu amor. Como tudo o que você faz.- ela sentiu aquele olhar quente sobre ela, que lhe mandavam mensagens aleatórias, e a deixavam inquieta e estranhamente excitada.
Ele terminou o jantar, lavaram e secaram juntos a louça suja, depois foram para sala onde Gilbert escolheu um cd de sua coleção bem romântico, sentaram no sofá e se puseram a conversar sobre o seu dia. De vez em quando, Anne via Gilbert apertar suas mãos atrás do pescoço, fazer uma careta de desconforto e perguntou:
- Está com alguma dor?
- Não, na verdade, eu passei muito tempo com a cabeça na mesma posição enquanto lia alguns relatórios, e acho que ganhei um belo torcicolo. - Ele respondeu, colocando as mãos no mesmo lugar.
- Eu posso te ajudar com isso. Tire a camisa. - Ela disse com a maior naturalidade do mundo, e Gilbert a olhou por instante. e vendo que ela falava sério, ele fez o que Anne lhe pediu.
A ruivinha fitou as costas musculosas de Gilbert e engoliu em seco antes de começar a massageá-la com suavidade. Primeiro suas mãos foram para a nuca dele, pois era onde ele lhe dissera que estava incomodando mais. Em seguida, elas desceram para o ombro, enquanto os olhos dela não desgrudavam da enorme tatuagem que ele tinha ali. Ela a fascinava de um jeito que ela não achava que fosse possível. Era em formato de um dragão enrolado em uma cobra, e lhe dava uma sensação de poder, como deveria se sentir o predador sobre sua presa, e sem se conter ela desceu seus dedos sobre ela, e logo ela os substituiu por seus lábios, sem pensar realmente no que estava fazendo.
Gilbert respirou fundo ao sentir a boca de Anne sobre sua pele. Deus! Será que ela sabia o que estava fazendo com ele? Todos os dias tendo-a sobre o mesmo teto, e sobretudo em sua cama exigia que ele tivesse um autocontrole que lhe custava muito manter. Os banhos frios de manhã se tornaram uma rotina constante, pois, ele queria que Anne sentisse que estava pronta para terem sua segunda vez sem pressão nenhuma da parte dele, mas, o que quer que ela tivesse em mente naquele momento não o estava ajudando em nada. Por isso, ele segurou as mãos dela que já estavam a caminho de sua lombar e disse olhando-a sobre o ombro esquerdo:
- Querida, o que está fazendo? - Anne o olhou confusa por um instante, pois não sabia o que dizer. Ela começara aquilo sem intenção nenhuma , mas, de repente, ao tocar a pele masculina, ela sentiu que não queria mais parar enquanto um urgência absurda crescia dentro de si, e então ela respondeu com palavras que em outro momento a deixariam rubra de vergonha, porém naquele instante de profunda intimidade, elas traduziam exatamente o que vinha desejando a dias, e não tivera coragem de admitir.
- Eu quero você. - Os olhos de Gilbert brilharam ao ouvir aquilo, e ia perguntar se ela tinha certeza, mas, não precisou, pois os olhos azuis escuros dela a entregaram completamente.
Assim, Gilbert a colocou sentada em seu colo, suas mãos viajando por aquele rosto que era a fonte de seu tormento quando estava dormindo, pois fazia-o desejá-la ainda mais. Então, ele a puxou para um beijo que nada tinha de gentil, porque a pressa de ambos e seu desejo crescente incendiavam cada célula de seus corpos, ditando cada movimento sincronizado em seu próprio espaço e necessidade. A blusa dela foi o primeiro item a ser eliminado da barreira que ainda separava suas peles, em seguida o sutiã foi retirado pelas mãos gentis de Gilbert que apesar de se controlar muito precariamente tentava não a assustar com sua urgência por dias acumulada.
Logo os shorts dela e a calcinha rosa de renda foram atirados ao chão junto com a calça jeans e a cueca boxer de Gilbert, não restando nada que os impedisse de se sentirem como desejavam. Antes de mergulhar naquela "luxúria morena", Anne observou pela primeira vez cada detalhe do corpo de seu namorado que era uma verdadeira obra de arte. Os músculos salientes eram firmes e suaves ao tato ao mesmo tempo, seu abdómen era tão trincado que seus dedos formigavam de vontade de tocá-lo, as pernas eram fortes e tão musculosas quanto o resto do corpo, fazendo-a suspirar alto ao pensar que tinha tudo aquilo à sua disposição pela noite inteira.
Gilbert a deitou no sofá macio, e ela fechou os olhos ao sentir os lábios dele tocando seus seios, enquanto as mãos dele deslizavam por cada curva sua levando-a a nível de excitação que nunca sentira antes. Para tê-lo mais perto, Anne enlaçou-o pela cintura com suas longa pernas, e todo o seu corpo tremeu quando suas intimidades se roçaram de leve, porém, dessa vez não lhe causou nenhum tipo de temor, incitando-a a continuar naquele ato que se antes lhe causava uma repulsa imensa, agora estava lhe revelando um mundo novo que estava amando conhecer, e sabia que a causa dessa sensação tão boa era o homem que a tocava com toda sua paixão e devoção.
Ela abriu os olhos por uma fração de segundos, e eles se encontraram com os de Gilbert que observavam suas reações maravilhado, e então, ela ouviu a voz dele rouca e sensual ao mesmo tempo que lhe disse;
- Tem noção do quanto fica linda desse jeito? E o quanto me deixa louco olhar para você assim tão entregue a mim e sem receio algum? - ela levantou a mão e tocou de leve o maxilar dele e respondeu:
- Eu confio em você. Me faça sua de novo. - Ele sorriu e então Gilbert voltou a tocá-la deixando que o desejo tomasse completamente conta dos dois.
Anne também não perdeu tempo, e tocou Gilbert como queria, pois como o corpo masculino ainda era um mistério para ela que nunca antes tivera esse tipo de intimidade com alguém, amou cada descoberta e mais ainda por ouvir os gemidos baixos de Gilbert cada vez que ela o tocava em um ponto onde lhe dava mais prazer.
E desta maneira, eles se amaram pela segunda vez, e como Gilbert prometera estava sendo melhor do que a primeira vez, quando Anne ainda tinha receio de se entregar por completo. Mas, naquela noite estava sendo diferente, porque ela se sentia diferente, e por isso, permitia que seu corpo reagisse às carícias de Gilbert intensamente sem reprimir nenhuma emoção ou sensação. Era uma liberdade nova, e um sentimento pleno de se sentir uma mulher amada e desejada por seu parceiro, assim como demonstrava sua paixão e desejo por Gilbert. Todo o seu ser parecia em brasa, e o rapaz também se sentia assim, como se fossem entrar em combustão a qualquer momento.
Aquela garota tinha o poder de deixa-lo completamente preso à sua sensualidade natural, desencadeando dentro dele um universo de sentimentos que também lhe eram totalmente novos. Cada carícia dela em sua pele abria uma porta de sua alma, e ele se revelava a Anne de uma maneira que nunca fizera com mais ninguém. E apesar de deixá-lo em um a posição completamente vulnerável, ele não se importava que Anne o visse como realmente era, pois todo o seu coração e todo o seu espírito pertenciam apenas àquela mulher linda que o fazia suspirar por ela a cada hora do seu dia.
Seus beijos se tornaram mais ardentes, e seu corpos se incendiaram juntos naquele momento de amor imensamente partilhado por ambos. E antes que o ápice chegasse para os dois, eles entrelaçaram seus dedos, se olharam nos olhos, e ficaram assim até que tudo pareceu desaparecer por um segundo, e com um gemido alto eles se desmancharam um no outro, e minutos depois, se encontraram abraçados totalmente ofegantes.
- Eu aceito. - Ela disse baixinho no ouvido de Gilbert que a olhou confuso e perguntou:
- O que?
- Eu aceito morar aqui com você. - Ela respondeu, e então um sorriso lindo surgiu nos lábios de Gilbert ao ouvir as palavras pelas quais tanto esperara e disse, antes de beijá-la:
- Eu te amo.
- Eu também te amo. - Ela respondeu, e enquanto os lábios de Gilbert exploravam os seus, Anne pensou que pelo menos naquele instante ela se sentia a mulher mais feliz do mundo, e esperava que essa sensação durasse pelo resto dos seus dias.
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