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09 - UMA LUZ NA ESCURIDÃO

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𝐁𝐑𝐎𝐊𝐄𝐍 𝐂𝐎𝐍𝐒𝐓𝐄𝐋𝐋𝐀𝐓𝐈𝐎𝐍𝐒
ꦿᵎִ˓ by staarsummoner 🏹
⚔️ 𝐜𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝟎9 ๑ ִֶָ ⋄
UMA LUZ NA ESCURIDÃO

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AS ÚNICAS COISAS A ILUMINAREM O CAMINHO eram o cajado de Gandalf e a capa de Élen. A escuridão de Moria era densa e opressora e Élen se percebeu necessitando olhar para cima, era um hábito que possuía sempre buscar pelas estrelas, mas ali só conseguia ver o vazio. Ao redor tudo o que encontravam eram ruínas e esqueletos, seu coração saltava toda vez que se deparava com algo que escancarava que aquela civilização havia chegado ao fim. Era como se o passado sussurrasse ao pé de seu ouvido, como se as mãos fantasmagóricas da guerra repuxassem a sua capa pelo caminho, como se ela pudesse sentir a mão de um esqueleto subindo pelo seu calcanhar avisando: a hora do seu povo vai chegar.

— Fiquem alertas. — Gandalf murmurou iluminando o local com a luz do seu cajado, seus olhos avaliavam a escuridão ao redor. — Há seres mais velhos e repugnantes do que os orcs nas profundezas do mundo. Façam silêncio, é uma travessia de quatro dias até o outro lado. Vamos esperar que nossa presença passe despercebida.

O grupo subiu a escadaria da entrada e prosseguiu caminhando pela imensidão abarrotada de pedras, ao redor era possível perceber que havia muito mais do que podiam enxergar, muito mais do que o cajado de Gandalf e a capa de Élen Pudesse iluminar. Aquela constatação de que o invisível fantasmas de uma civilização estava ali deixou a princesa desconfortável, muito mais do que em Lindon. Ela sentia que a história de Lindon, por mais triste que fosse, soava mais distante. Ali em Moria, era como se se desse conta que seus pesadelos eram reais.

Enquanto atravessavam a primeira ponte, Élen arfou e parou, seus pulmões tentavam desesperadamente sugar o ar, mas era como se ele não existisse. Seu coração palpitava ferozmente e a angústia que lhe abateu foi como nenhuma outra antes, aos tropeços ela tateou o ar, seus olhos embalados pelo véu do desespero não conseguiram enxergar nada ao redor. Seu corpo trôpego tropeçou e ela quase caiu escadaria abaixo, bem na direção da escuridão subterrânea sem fim de Moria. O que lhe segurou foram os braços de Legolas enquanto Gandalf murmurava algum alerta.

Então um pensamento estranho lhe ocorreu:

Se ao menos tivéssemos o Anel, nada disso aconteceria. Poderíamos mudar o curso do destino. "

Seus olhos focaram e havia uma única coisa que ela podia enxergar naquele momento, o pequeno objeto dourado e circular pendurado na corrente de Frodo. Ele brilhou aos seus olhos e Élen pode ouvir sussurros distantes incompreensíveis que pareciam crescer em volume até que ela entendeu que o Anel chamava pelo seu nome. A princesa fechou os olhos ferozmente e respirou fundo ainda arfando buscando por ar, suas mãos apertaram os braços de Legolas que a seguravam, ela se concentrou na sensação de ter algo palpável próximo de si e conseguiu focar nos olhos do elfo. Olhos azuis escuros devido a baixa luminosidade no interior da montanha, olhos que tinham pequenos pontos luminosos pela sua íris como se carregassem inúmeras constelações, olhos que lembraram à Élen que existe um céu, um caminho, uma imensidão.

Ela voltou a respirar.

— Você está bem? — O elfo perguntou, uma ruga de preocupação se formou entre as sobrancelhas dele.

— Sim, agora sim. — O peso em seu ser aliviou e foi como se um véu fosse retirado de seus olhos, ela conseguiu perceber seus companheiros ao redor em posição de cautela.

— Precisamos ter cuidado para não cair, vamos ficar atentos caso alguém precise de ajuda. — Boromir sugeriu em um tom que pareceu compreensivo para Élen e eles voltaram a caminhar.

Élen deixou que o grupo fosse na frente, sobretudo Frodo, queria manter uma distância segura do hobbit, pois havia percebido que suas tentações poderiam falar mais alto e não se perdoaria se fizesse algo que deixasse o pequeno senhor assustado ou inseguro. A mão de Legolas deslizou suavemente pelos braços dela e por um rápido segundo ela sentiu que ele hesitou em soltá-la, o elfo se colocou entre ela e a borda da ponte que começaram a atravessar, observando atentamente os passos que eles davam logo atrás do grupo.

Ela olhou para ele sentindo algo preso em sua garganta, fazia tempo que não tinham seus longos diálogos pela anoitecer e amanhecer e desde o conflito na passagem de Caradhras não haviam tido a oportunidade de conversar. O elfo parecia sereno e alheio aos olhares hesitantes de Élen, ele continuou seguindo ao lado dela - porém em silêncio.  Quem falava era Gandalf, sua voz baixa e grave guiava o grupo pelas ruínas conforme ele explicava a história daquele reino, dando nomes aos ecos de uma história perdida no interior daquela montanha.

— A riqueza de Moria não estava no ouro ou nas joias, mas em mithril. —  O mago se inclinou de forma que seu cajado iluminou a escuridão lá embaixo, foi possível enxergar inúmeros andares subsolos de mineração. — Bilbo ganhou um colete feito de anéis de mithril, Thorin que o presenteou, Eu nunca disse a ele, mas aquele colete era mais valioso que o Condado inteiro.

— Esse foi um presente de reis. — Gimli pareceu maravilhado.

Em alguns pontos a passagem ficava mais estreita, era preciso que andassem em fila encostando nas paredes já que parte do chão já havia cedido. Haviam dezenas, talvez até centenas de escadas de madeira que se estendiam pelos níveis da montanha mostrando que a capacidade de mineração dos anões era grande, poderosa e incalculável.

Precisaram subir uma escadaria de pedra extremamente íngreme e inclinada de forma que a caminhada então se tornou uma escalada. Boromir e Aragorn ajudaram os hobbits a subir primeiro evitando que escorregassem demais, Legolas subiu os primeiros degraus com facilidade e Élen, apesar de sentir as rochas frias e escorregadias, também conseguiu escalar. Ainda assim, Legolas lhe estendeu a mão para lhe ajudar nos últimos degraus, um gesto de mera gentileza e formalidade, mas ela não pode deixar de notar o alívio que sentiu com aquilo. Ainda estava tentando entender como ele estava elaborando o fato dela ser de um povo já condenado.

O grupo se viu diante de uma passagem com três arcos talhados em pedra abrindo as possíveis passagens, era necessário que escolhessem uma direção. Ali no pequeno salão destruído, Gandalf suspirou observando minuciosamente as opções. 

— Eu não me recordo deste lugar. — Ele murmurou e como se explicasse tudo o que precisavam saber, o mago se acomodou em cima de uma rocha que há muito tempo caíra no centro do grande salão em ruínas, ele tirou seu chapéu e descansou o cajado sobre as pernas. Se pôs a contemplar as entradas pensativo e aquilo era um sinal de que precisavam ter paciência e acomodar.

O grupo se acomodou ao chão e em cima das rochas caídas, improvisaram assentos e uma mesa ao centro onde colocaram os alimentos que utilizariam na refeição: pão élfico, frutas colheradas pelo caminho, ervas que colheram no vale e água. Alguns aproveitaram para tirar as botas e luvas molhadas deixando os pertences mais próximos da fogueira para aquecer, desde que enfrentaram o monstro no lago andaram com parte das vestes umedecidas. De forma instintiva, mais uma vez, Élen ergue os olhos para cima e na ausência das estrelas seu coração esmoreceu por um instante. Mas mais do que sua angústia, ela notou a angústia enlutada de Gimli enquanto ele conversava com os demais.

— A essas horas era para estarmos aproveitando a hospitalidade dos anões. Você ficaria encantado, Mestre Elfo. — Gimli murmurou, em seu tom era possível sentir que ele lamentava profundamente. — Fogo crepitante, cerveja de malte, carne vermelha no osso! Esse era o lar do meu primo Balin, chamavam de Mina devido à sua grandeza em riquezas.

A escuridão envolvia as Minas Moria como um véu espesso e denso, atravessado apenas pelas chamas tímidas de uma fogueira improvisada que eles fizeram. O grupo havia caminhado boa parte da noite atravessando as passagens frias e úmidas, o peso do silêncio apenas quebrado por passos cuidadosos e ocasionais murmúrios. Quando finalmente decidiram parar para descansar, foi porque Gandalf permanecia sentado afastado examinando as passagens à frente para decifrar o caminho.

Élen se sentou próxima à fogueira, sentindo o calor das chamas contra o frio que parecia emanar das próprias paredes. Sua capa reluzia com um brilho sutil, como as estrelas que um dia guiaram os passos de seu povo. Era um reflexo da tradição dos Domielië, um lembrete de quem ela era mesmo naquele lugar de sombras. Ela percebeu que sentia um alívio e conforto ao passar os dedos pelo bordado do tecido que absorvendo o calor da fogueira transmitia para ela um conforto mais tangível.

— Sua capa está brilhando, princesa. — Boromir comentou franzindo as sobrancelhas, mas com um sorriso leve no rosto que indicava curiosidade. — É algum feitiço?

— Não exatamente. — Élen respondeu estendendo a capa para que Boromir pudesse ver melhor os desenhos. — É uma tradição do meu povo. Nas noites de aniversário, nossas capas são encantadas para refletirem a luz das estrelas onde quer que estejamos.

— Mesmo nas profundezas de Moria? — Gimli resmungou apontando para a escuridão ao redor. — Aqui não há estrelas para brilhar.

— Não, mas o brilho não vem das estrelas. — Legolas respondeu em tom sereno, embora seus olhos estivessem fixos em Élen como se estivesse desvendando o mistério. — Vem dela mesma, da herança que Élen carrega.

O silêncio se instalou por um momento, até Frodo quebrá-lo.

— Élen, como seu povo celebra aniversários?

Ela hesitou, seus olhos pousaram nas chamas enquanto procurava as palavras. O brilho da capa parecia um peso agora, como se carregasse toda a saudade que sentiu ao resgatar as memorias de comemorações anteriores.

— Nós nos reuníamos sob o céu aberto, mesmo no frio ou na chuva. Cantávamos, dançávamos... Mas o mais importante era compartilhar algo especial, um presente simbólico, algo simples, mas significativo. — Ela fez uma pausa e um singelo sorriso iluminou o rosto da princesa. — Não tínhamos muito nos últimos anos, mas nunca deixávamos essa tradição morrer.

— E qual era o significado desses presentes? — Frodo insistiu, a curiosidade brilhando em seus olhos do hobbit enquanto ele se aproximava para sentar ao lado dela diante da fogueira.

Boromir, Aragorn e Gimli se acomodaram do outro lado da fogueira a observando por cima das chamas discretas. Legolas repousava em pé encostado na rocha ao lado esquerdo de Élen, seus braços estavam cruzado sob seu peito e ele observava enquanto ela contava-lhes maia detalhes de seu povo.

— Era um lembrete de que mesmo nas noites mais escuras, há luz. — respondeu Élen. Sua voz estava calma, mas a emoção era palpável. — Algo para dizer que, enquanto estivermos juntos, sempre haverá algo a celebrar, por menor que seja. Ah e cada Domielië em seu nascimento recebe o nome de uma estrela, é um nome sagrado portanto somente os pais podem saber. E esse nome é revelado apenas para a pessoa que se casar, além de podermos ver nossa estrela na noite do nosso aniversário.

— Lamento que não possa ver a sua estrela esta noite, Élen. — Legolas murmurou de forma sincera, os demais concordaram.

Merry olhou para Élen como se lamentasse profundamente que não estivessem tendo um banquete para o aniversário dela.

— Um presente simples? — Aragorn murmurou deixando seu cachimbo por um instante, sua voz soou como se estivesse carregada de memórias. — Nas terras do Norte, presenteiam com canções. Algo composto na hora, às vezes com versos que não fazem sentido, mas que aquecem o coração.

— No Condado sempre temos boa comida e bebida. — Frodo disse com um brilho nos olhos, apesar do cansaço que começava a abater todo o grupo. — E, claro, fogos de artifício!

— Ah, os fogos de Mestre Gandalf! — Com o rosto iluminado por um sorriso nostálgico, Sam acrescentou. — Não há festa sem eles.

Gimli bateu no joelho com um riso baixo.

— Entre os anões, celebramos com histórias. Contamos os feitos de quem faz aniversário, exaltando suas conquistas.

Boromir acrescentou:

— Em Gondor, celebramos com danças na praça central. O povo todo participa, e é impossível não ser arrastado para a roda, mesmo que não saiba dançar.

Todos olharam para Legolas que pareceu hesitar por um momento antes de falar.

— Em minha terra, os aniversários são noites de contemplação. Passamos a noite inteira acordados, sob as estrelas, refletindo sobre o passado e o futuro.

Élen sentiu o olhar de todos voltado para ela novamente, esperando sua resposta. Frodo foi o primeiro a quebrar o silêncio.

— Aqui não há estrelas, nem fogos de artifício, nem canções da praça... Mas podemos fazer algo, não podemos?

Aragorn assentiu como se aprovasse e então olhou para Élen como se aguardasse sua permissão.

— O que você acha, princesa? Permitiria que celebrássemos sua noite, mesmo aqui em meio à escuridão?

Ela olhou para eles observando a cor e o calor da fogueira refletindo nos rostos de seus companheiros. Apesar do cansaço, havia sinceridade nos olhos deles, uma vontade de oferecer conforto em um lugar tão desolador. Ela percebeu que iria apreciar muito a comemoração daquele momento com todos eles. Um dia, se tivesse um futuro, poderia olhar para trás e perceber que viveu um tempo muito precioso com seus amigos.

Amigos. A palavra ecoou dentro dela como se abrisse um significado novo e maravilhoso para ela. Com os olhos cheios de lágrimas de gratidão, a princesa assentiu.

— Se puderem encontrar algo simples, ficarei feliz em compartilhar essa tradição com vocês.

Boromir retirou uma pequena faca de sua cintura e a estendeu com reverência na direção de Élen. Ele entregou a ela com um sorriso:

— Não é muito, mas é o que tenho. Espero que no futuro, quando tivermos vencido Sauron, isso fique como prova da amizade entre Gondor e Domielië.

Algo dentro de Élen pareceu explodir em um misto de alívio e alegria que se espalhou pelo seu corpo como uma onda invadindo a praia. Aquelas palavras vindas justamente da pessoa que primeiramente desconfiou dela, significaram muito para a princesa. Ela se sentiu extremamente grata pelo presente que Boromir lhe concedeu, não a faca, e sim sua confiança.

Merry e Pippin pegaram duas pedras lisas que pareciam um dia ter sido uma do chão e a entregaram.

— Uma pedra para a princesa da estrela crepuscular. Que ela lembre das montanhas onde seu povo brilhou através de você. — E então Pippin se aproximou dela e sussurrou sem jeito. — Não tinha nada comestível, mas quando for ao Condado ganhará um bolo festivo.

Frodo tirou do bolso uma folha seca que encontrara antes de entrarem nas Minas.

— Não sei se isso tem valor, mas achei bonita. A folha é algo simples, mas também representa vida.  Espero que um dia, a terra que seu povo habita seja cheia de vida.

Em seguida foi a vez de Samwise que lhe entregou uma flor que ele havia pegado no vale.

— Eu encontrei ela depois de darmos adeus ao Bill, o pônei. Olhei para ela e lembrei das flores do Condado, espero que essa flor possa lhe ajudar com a saudade que sentimos da beleza do nosso lar.

Élen recebeu a folha e a flor com uma mesura agradecendo.

Aragorn inclinou-se e cantou um pequeno verso, sua voz grave ecoando nas paredes de pedra.

O verso em sindarin relembrou uma poesia sagrada para os domielië.

" A iel lin síla, a erin lû thia,
Minel melad vín ú-gar a-dangen.
Cenim i alfirin ar elenath lín,
A thalion galad lîn na gwann len.

" Que tua luz brilhe, mesmo nos tempos sombrios,
Nossa amizade não será quebrada nem esquecida.
Vemos a imortalidade nas tuas estrelas,
E a força da tua luz nos guia sempre.

— Uma canção para a princesa que carrega a luz nas sombras.

Élen agradeceu Aragorn com outra mesura, por um instante olhou para o rosto de todos os membros da sociedade e de repente ela teve consciência de que iria querer se lembrar daquela noite pelo resto de sua vida. Então se permitiu observar e reparar nos detalhes das feições de cada um.

Legolas olhou para Élen por um momento e se aproximou em silêncio enquanto seus dedos percorriam o próprio cabelo. Ele retirou um fio de prata de seu cabelo que usava como ornamento e e estendeu a mão na direção de Élen. — Posso? — Ele perguntou e com a permissão dela, o elfo trancou o fio de prata à uma mecha de seu cabelo cacheado. Ali tão próxima dele, Élen podia ver os olhos do elfo concentrados na trança que fazia e apesar dele fazer aquilo em silêncio, o gesto foi mais eloquente do que palavras.

— Obrigada. — Ela sussurrou em agradecimento, a voz mal saiu, mas Legolas viu seus olhos e por um instante ela sentiu que ele compreendia a gratidão dela. Um brilho singelo passou pelas íris do elfo como se houvesse contemplado uma estrela cadente e então ele assentiu e se afastou.

Mesmo Gandalf, que estava sentado à parte, levantou-se e murmurou algumas palavras em um tom baixo. Por um momento, a chama da fogueira brilhou mais intensamente, iluminando o rosto de Élen com um calor dourado.

— Não podemos ter fogos aqui, mas prometo que em um outro momento teremos uma comemoração apropriada. Até lá, um pouco mais de calor na fogueira para aquecer seu coração vai lhe fazer descansar melhor nesta noite. — O mago falou de forma afetuosa e voltou a observar o caminho diante deles.

Élen se aconchego próxima à fogueira, segurou os presentes em suas mãos, com o coração movido pela simplicidade e sinceridade de cada gesto.

— Obrigada... — ela disse, a voz embargada. — Obrigada a todos vocês.

O grupo ficou em silêncio por um momento, e então Aragorn, com um sorriso, disse:

— Feliz aniversário, princesa.

Apesar da escuridão e do perigo ao redor, Élen sentiu que não estava sozinha. Percebeu que aquele sentimento era o mais intenso e comum na companhia de seus amigos e que apesar de estarem em uma missão perigosa, a maior da vida de todos eles, ainda assim ela se sentiu segura e em casa.

Enquanto o grupo se ajeitava para o descanso, o silêncio nas profundezas de Moria parecia mais opressivo do que nunca. Sam ajeitou cuidadosamente o travesseiro improvisado para Frodo que já estava quase adormecido. Gimli recostou-se contra uma pilastra, murmurando algo sobre como as pedras das Minas ainda eram mais confiáveis que qualquer floresta. Aragorn mantinha sua espada ao alcance ficando sempre em alerta, enquanto Boromir, após resmungar algo sobre vigias, acabou por descansar ao lado da fogueira que lentamente se apagava.

Gandalf permaneceu acordado e sentado em uma pedra mais afastada. O brilho suave de seu cajado iluminava seu semblante preocupado. Seus olhos estavam fixos na escuridão à frente, quase como se procurassem respostas que só ele sabia serem difíceis de alcançar. Não era possível deixar de reparar o quanto o mago havia tentado de tudo para evitar aquele caminho, estivera apreensivo e mais facilmente aborrecido desde então,  agora que de fato estavam dentro de Moria, Gandalf parecia mais taciturno e preocupado.

Élen, porém, não conseguia dormir. O brilho de sua capa havia diminuído, mas a inquietação em seu coração permanecia. Ela olhou para Legolas que estava sentado um pouco afastado, com a postura ereta, quase imóvel, mas os olhos atentos fixos no vazio.

Tomando coragem, pois sabia que se deixasse sua mente não iria silenciar-se por si só, ela se levantou e se aproximou silenciosamente, sentando-se ao lado dele. Durante um momento, nenhum dos dois falou. Apenas o som do leve estalar da fogueira e o eco distante de gotas d’água preenchiam o espaço.

— Você ficou decepcionado? — Élen perguntou por fim rompendo o silêncio com um tom hesitante.

Legolas virou o rosto para ela, suas feições iluminadas apenas pela luz suave que ainda emanava da capa dela. Os olhos do elfo pareceram confusos e então curiosos.

— Decepcionado? — Ele repetiu como se a pergunta fosse inesperada.

— Com a minha origem. — Ela abaixou o olhar, os dedos trêmulos brincando com o fio de prata que ele lhe dera antes. — Quando revelei quem eu sou... quem meu povo era. Senti que você ficou distante depois disso.

Legolas permaneceu em silêncio por um instante como se ponderasse sobre as palavras certas.

— Não foi distância, Élen. — Ele finalmente respondeu, sua voz baixa mas sempre carregada de sinceridade. — Foi... introspecção. Eu creio.

Ela ergueu os olhos, encontrando os dele, e ele continuou:

— Eu senti que você relutou em compartilhar essa verdade. Não por vergonha, mas por receio de como eu reagiria. Isso me fez pensar que, talvez, eu tenha falhado com você.

— Falhado? — Ela franziu o cenho, agora era ela quem estava confusa.

— Sim. — Legolas desviou o olhar, observando a chama quase extinta da fogueira. — Talvez eu não tenha demonstrado o suficiente que você pode confiar em mim, que minha lealdade a você não é condicionada por sua linhagem ou segredos. Eu queria lhe dar espaço, mas agora percebo que isso pode ter parecido frieza.

Élen ficou em silêncio, absorvendo as palavras. Sentia o peso de sua própria insegurança, mas também a sinceridade do elfo ao seu lado.

— Eu hesitei em contar porque não queria que você me visse como... falha. — Ela admitiu, sua voz falhou levemente. — Como tantos veem o meu povo.

— Nunca. — A resposta de Legolas veio imediata e firme. Ele se virou para ela novamente e em seus olhos havia algo que Élen não soube interpretar muito bem, mas remetia à ela como proteção e mais do que companheirismo. — Nunca vi você ou os Domielië dessa forma. Sua luz... mesmo aqui, nas sombras de Moria, ela brilha. Posso não te conhecer por completo, Élen, mas observo seu coração e sua postura. Nunca pensaria algo assim de você.

Ela sentiu as palavras alcançarem um lugar profundo em seu coração, mas antes que pudesse responder, ele continuou:

— Os elfos de outrora nutriam grande amizade pelos Domielië. — Ele falou com um tom quase nostálgico como se evocasse memórias que pertenciam a outra era. — Ambos honravam Varda, Senhora das Estrelas e compartilhavam o amor pela luz que ela traz. Não somos tão diferentes, Élen. E, assim como antigamente, acredito que podemos honrar esse vínculo.

Élen assentiu, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios.

— Honrar esse vínculo... Sim. Acho que é isso que precisamos fazer.

Por um momento, o peso que sentia pareceu diminuir. Ali, ao lado de Legolas, ela encontrou algo que não esperava: compreensão.

— Obrigada, Legolas. — Ela disse, sua voz suave mas carregada de emoção.

Ele inclinou levemente a cabeça em um gesto respeitoso.

— Não precisa agradecer. — Ele respondeu, com um sorriso discreto. — Me desculpe por parecer nutrir qualquer tipo de desafeto quando na verdade eu me importo. Acho que nós elfos temos um modo muito diferente de expressar emoções se compararmos aos humanos.

O silêncio voltou a envolvê-los, mas desta vez não era opressor. Era tranquilo, como a paz de uma resolução e alívio que Élen precisava. Os dois ficaram mais algum tempo lado a lado mesmo que não houvesse céu para avaliar.

— Sinto muito que não possa ver as estrelas na noite do seu aniversário.  — Ele disse por fim.

Élen observou Gandalf contemplativo e introspectivo, olhou para os hobbits, Aragorn e Boromir que descansavam diante da fogueira. E então olhou para os olhos de Legolas, admirou os pontos cintilantes em sua íris azul escura como a noite.

— Mas eu vi as mais lindas constelações nesta noite. — Ela murmurou. Ele sorriu, um sorriso aberto, sincero e nada contido enquanto desviava os olhos. Era a primeira vez que Élen o via sorriso daquela forma.

— Ah! — Gandalf exclamou finalmente se dando conta, a comoção do mago fez alguns despertarem. — É por ali!

— Ele lembrou! —  Merry exclamou para os outros acordando Pippin. — Ele se lembrou! — O hobbit mais inquieto e impaciente se levantou depressa para se aproximar do mago sacudindo Frodo e Sam quando passou por eles.

— Não! — Gandalf exclamou colocando de volta o seu chapéu cinzento. — Mas o ar não fede tanto aqui embaixo. Quando estiver com dúvida, Meriadoc, siga sempre o seu nariz.

Eles reuniram os pertences, Aragorn apagou a fogueira e apagou os rastros o máximo que podia. Em instantes o grupo seguiu Gandalf pela passagem, descendo uma grande escadaria. E Élen não pode deixar de tentar farejar o ar erguendo o nariz e respirando fundo tentando captar algo. Franziu o cenho não conseguindo identificar nenhuma diferença, concluiu que ainda tinha muito a aprender com Gandalf.
  
 
   
  

🏹 | NOTAS DA AUTORA

01. EU ESTAVA MORRENDO DE SAUDADES, socorro. Eu sei que esperaram muito pelo capítulo e sinto muito pela demora. Mas vocês sabem como eu sou, eu quero entregar o melhor e às vezes isso requer tempo. Apesar de eu ter concluído as disciplinas do mestrado, ainda preciso escrever minha tese e trabalhar. Mas por mim eu ficaria só escrevendo essa fic!

02. Estamos caminhando para a finalização do primeiro arco, tenho previsto mais três capítulos para terminar A Sociedade do Anel. Preparem os corações, pois teremos cenas fortes.

03. Na sexta-feira dia 20/12/2024 irei publicar minha fanfic do Halbrand/Sauron que vai ser um conto. Quem estava me pedindo uma fanfic dele já vai preparando o coração!

04. O que estão achando da fic? Deixem seu voto e por favor, deixem um comentário e uma mensagem pra essa autora que ama seus leitores. Senti falta de vocês ♡

Quero deixar um agradecimento especial à nwphthys que fez um crackship maravilhoso, ele está no capítulo de Galeria II. Foi esse crackship que inspirou este capítulo! Ela também escreve no universo de Tolkien, vão visitar o perfil dela e ler as fics dela quando puderem! ♡

𝐁 𝐑 𝐎 𝐊 𝐄 𝐍
𝐂 𝐎 𝐍 𝐒 𝐓 𝐄 𝐋 𝐋 𝐀 𝐓 𝐈 𝐎 𝐍 𝐒

𝒍𝒂𝒚𝒐𝒖𝒕 𝒃𝒚 𝒅𝒓𝒆𝒔𝒔𝒂𝒅𝒔𝒈𝒘𝒕𝒕𝒑
© staarsummoner, 2024

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