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3° Capítulo - Verdades

Suas sobrancelhas se contraem e seus lábios se semicerram por tempo o suficiente para que eu saiba que ele está confuso. Isso me preocupa, os pensamentos irregulares estão lá, refletidos em seus olhos tom mel, porém embora os rápidos e diferentes questionamentos internos continuem indo e vindo, posso ver também a confiança, a confiança em minhas palavras. Me preocupa porque sinto algo que jamais poderia ser capaz de definir. Ele confia em mim. De novo. Ele o fez na clareia, e está o fazendo novamente agora. Não sei como lidar com isso porque ninguém antes confiou. Mentira. Esme me trouxe para sua casa, para seu lar. Ele confia em mim. Eles confiam.

Gostaria de sentir meus olhos arderem, gostaria de chorar nesse momento, não o faço porque não posso, não posso porque somente vivos podem, e eu já não estou.

— Ela está falando a verdade. — Levo alguns segundos para perceber que é Jasper quem se pronuncia, percebo que o loiro mais novo ainda faz meus pulsos arderem. Ainda o temo mais do que gostaria de o fazer, embora saiba que Rosalie jamais o deixaria me tocar, embora saiba que Carlisle também não. Ele parece mais confuso do que disposto a matar, ainda que a segunda definição permaneça presente, talvez sempre permaneça, talvez fosse uma característica sua afinal. — Não percebi no início porque é... massante. Tudo o que ela sente, Edward não mentiu, não só a mente, é... caótico. — Ele pausa, seu olhar perdido e seu rosto contraído quase como se precisasse de alguns segundos para digerir o que quer que fosse que estivesse acontecendo. — Não tem fome. É praticamente um dos únicos sentimentos ruins que não sinto.

Preciso segurar o impulso de perguntar o que está acontecendo, de perguntar o porquê dele estar sentindo algo, o porquê de achar que pode sentir o que sinto. Não entendo nada do que acontece, nada do que eles são, Carlisle parece respirar aos meus pés, seus ombros subindo e descendo, todos parecem. Riley nunca o fez, nenhum recém criado o fez. Eles não são como eu, não são como nada que já tinha visto ou escutado.

Escuto um arfar de dor vindo do segundo andar, sei que é do garoto que avançou em minha direção porque me faz encolher da mesma forma que o fiz instantes atrás.

O maior de todos o segura e somente nesse momento percebo que o mesmo abandonou o cômodo em que estamos, sei que é o maior porque seus passos são os que mais fazem barulho sob a madeira envernizada do chão. Ele o segura talvez para o impedir de descer e terminar o que começou. Uma parte de mim o agradece porque temo tal cenário da mesma forma que temi minha morte horas atrás.

— Ela não deveria estar aqui! — Ele exclama, sua voz soa perfeita como a de qualquer vampiro que já tenha conhecido, mas sinto a dor por trás da mesma e então sei que estar em minha cabeça dói.

Acredito estar finalmente conseguindo reunir algumas peças, não sei como, mas ele consegue, minha cabeça, ele consegue entrar, não, não entrar, eu saberia se ele estivesse, se me invadisse, realmente saberia, ele consegue saber, quase como se eu projetasse meus pensamentos em sua direção e não o oposto.

Mantenho meu olhar sob Jasper, por mais que me deixe desconfortável, por mais que me apavore, foi isso o que tinha falado, não? Que dentre todos os meus sentimentos fome era um dos únicos ruins que não sentia. Ele também consegue, não em minha cabeça, mas em meus sentimentos, ele consegue os sentir.

Arregalo os olhos, pânico, estou em pânico. Riley realmente pensou que poderia os ganhar? Piada, nós nunca passamos de simples piadas. Quero pensar que não vão me machucar, que não vão, que já podiam o ter feito se quisessem, que Rosalie e Carlisle vão me defender independente do que aconteça, sinto uma ligação com eles que jamais senti antes, não, não, NÃO. Quando isso surgiu? Como? Por quê?

Porque penso que podem me proteger quando ninguém jamais pode?

Porque penso que posso confiar?

Nem sequer os conheço.

Sinto o olhar de todos sobre mim, sinto o olhar da Deusa. Não. Não. Por que a chamo assim?  Por que a chamo assim quando nunca nem sequer a vi antes?

Ela parece um ser celestial capaz de me proteger de tudo e de todos, não, não parece, ela é maravilhosa, mas não minha salvação, ninguém é, ninguém nunca foi.

Carlisle me toca e isso não me apavora, e eu estou sempre apavorada. Não temo que me machuque como temo com todos os outros, ele é como todos os outros, como qualquer um deles, por que não o vejo como se fosse?

Ainda fito as claras íris do homem que me mataria tão rápido quanto eu poderia sequer pensar em fugir.

Por um instante, um rápido instante, penso que poderíamos nos dar bem, NÃO, NÃO PENSO, por que penso algo que não penso? Porque sinto algo que não sinto?

Finalmente mudo minha rota de visão, a direciono para a escuridão que fechar minhas pálpebras proporciona, não, não quero ver, não é real, não é real, não é real.

Quando percebo Edward — ao menos quem acredito ser, lembro-me vagamente de Jasper o ter nomeado assim, de maneira não tão vaga recordo ser esse o nome que utilizarem para se referirem a pessoa que não aceitaria minha presença — está rosnando.

— CHEGA JASPER! — Ele grita, sua voz soando rude de uma maneira que não condiz com sua aparência, embora já esteja acostumada, os recém criados também eram lindos e isso nunca os impediu de muita coisa.

Então para, simplesmente para, não sei exatamente o quê, mas para, sinto a mão do homem loiro ainda repousando em meu tornozelo, abro os olhos os arregalando e então recuo com tanta força e desespero que espero que a poltrana quebra em minhas costas, ela não o faz, não o faz porque nem mesmo na morte tenho liberação de minhas falhas, tão fraca morta quanto viva.

Minha atitude parece refletir em meu exterior porque Carlisle rapidamente se afasta, em menos de um segundo tão longe quanto todos os outros.

É estranho o fitar, ele já não destaca mais, lembro que o chamei de pai em meus pensamentos, eu jamais teria um pai, não depois de tudo que o meu me fez.

— Expliquem! — Exijo, tenho que saber, preciso saber, não posso deixar que me controlem, não de novo, não depois de tudo, mesmo que signifique a morte pela qual implorei tanto para fugir.

Todos fitam Jasper, a loira parecendo a mais desafiadora entre todos os olhares, recordo tudo o que pensei sobre a mesma, percebo o quão estranho é que todos os pensamentos não reflitam nada do que penso ainda que tenham saído de minha cabeça, ela me lembra o das cicatrizes agora, não porque também as tem, mas porque parece tão disposta a matar quanto ele.

— Fiz com que sentisse afeto pelos mais fortes, assim não nos atacaria, e, caso o fizesse, poderia facilmente ser parada sem a necessidade de uma briga. — Uma pausa, não entendo como poderia ser possível algo assim, mas morri e ainda estou viva, então não questiono mais do que encontro necessário. — Suas emoções são... fortes. Acabaram nublando um pouco meu sentido. —  Ele repuxa um pouco o lábio e, por uns curtos instantes, desvia o olhar. Por mais estranho que pareça, quase posso dizer que parece envergonhado e, apesar de poder afirmar que nunca o imaginei com uma expressão dessas, estranhamente percebo combinar mais do que deveria. — Posso ter ampliado essa ligação mais do que achei que estava o fazendo.

O garoto no segundo andar completa primeiro seus pensamentos, sua voz voltando ao normal como se estivesse enfim conseguindo voltar a respirar livremente, certo, eles respiram.

— Ele não conseguiu fazê-la gostar de nenhum de nós com exceção do Carlisle. — Mas gostei de Rosalie, então entendo que com nós quis se referir aos homens da família, faz sentido, Carlisle é o que menos me lembra meu pai.

Curiosamente Edward me lembra Riley, não entendo o porquê de não funcionar, o odeio, mas aceito que, muito provavelmente, foi o máximo que cheguei de ter um amigo. Éramos amigos? Ele nunca me defendeu, mas, e preciso o dar o crédito, ele pelo menos tentou me alimentar no início, coisa que nenhum outro fez em todo o tempo que estive na rua, humana ou não.

Não sei se essa atitude, o que fez com meus sentimentos, me incomoda ou não, ele quis me deixar dócil, eu seria com isso ou sem, ninguém realmente me machucou e isso me leva a perceber que, contanto que mãos, pés e cotovelos se mantenham longe de meu corpo, posso aceitar muitas coisas que talvez não devesse. Por um instante não posso evitar questionar se penso assim ou se ele me faz pensar assim, o questionamento é respondido tão rápido quanto aparece, nem mesmo ele poderia me quebrar mais do que já estava, provavelmente.

— Ela tem mais medo de nós do que nós dos recem-criados. Estava morando na rua quando foi transformada. Provavelmente nenhum parente buscando. Ela não pensou em Bella em nenhum momento além de quando sentiu meu cheiro. Não vai mentir e vocês não deveriam se aproximar muito. Agora eu posso, por favor, ir embora? — O garoto parece quase desesperado, de certa forma é um pouco gratificante, saber que minha mente machuca a alguém mais além de mim mesma.

Esme suspira e isso me deixa triste, passa tão rápido quanto chega e percebo que não é porque estou triste, mas sim porque Jasper espelhou as emoções da mãe.

Mantenho meu olhar sobe o loiro, não posso deixar de pensar que para um homem perigoso ele sente compaixão demais.

— Tudo bem. Eu realmente gostaria que você fizesse parte disso, mas entendo o seu lado, querido. Apenas não demore muito, sim?

É tão doce, tão suave.

Se minha mãe tivesse me tratado assim, as coisas teriam sido diferentes?

Escuto um arfar no andar de cima.

Óh, certo, o leitor de mentes. Desculpe se por acaso estiver ouvindo. Se serve de consolo, me machuca mais do que a você.

— Desculpe mãe, tentarei voltar o mais breve possível. — Eu quase posso escutar o sorriso que ele direciona a ela antes de saltar por uma das enormes janelas do casarão, é fofo, mesmo com meus pensamentos em sua cabeça ele sorri, ele a reconforta, é estranho como o garoto que avançou em minha direção se compadece tanto de sua mãe.

— Como se a gente não soubesse que ele só quer uma desculpa para ficar mais tempo com a Bella. — É a voz da Deusa, digo, de Rosalie. A fito e não posso deixar de pensar no quão normal ela parece agora, absurdamente estonteante, porém normal, quase como uma adolescente que fisicamente se desenvolveu demais, ela é linda, em todos os sentidos, mas não celestial, apenas... apenas ela?

Ela caminha pela sala se sentando em uma das poltronas, o que serve para quebrar um pouco o clima do ambiente juntamente com a escandalosa risada do gigante que agora desce as escadas atrás da mãe.

Alice também ri, suas curtas mechas balançando de um lado para o outro enquanto sua cabeça sacode.

— Rosalie, querida, por favor. — É Carlisle, quase tão suave quanto sua esposa.

— O que é? Eu menti? — Uma pausa, a fito apenas para ver como ergue a sobrancelha quase que em desafio. — Ele parece mais o cachorro da relação do que o próprio cachorro.

Esme faz uma expressão de desapontamento, entretanto quase posso jurar que algo em seu olhar concorda com o que a filha diz, ainda que não queira demonstrar, esse é o bom de estar sempre nervosa, sempre atenta, você se acostuma a notar coisas que às vezes quase não estão lá.

Jasper resmunga revirando os olhos, me surpreende o quanto ele parece um adolescente fazendo isso, e não um assassino psicopata.

— Tadinho Rosalie! Ele está apaixonado, é nor- — Alice interrompe a si própria arregalando ambos os olhos, suas íris desfocam por tempo o suficiente para que até eu me preocupe, mesmo que praticamente nem a conheça. Vampiros não morrem, não fácil assim, mas vampiros também não respiram e mesmo assim os Cullen o fazem. Nunca me preocupei com a morte de ninguém antes além da minha e da de minha mãe — talvez no fundo não tenha me preocupado nem mesmo com a dela —, mas Alice me deu as roupas que uso agora, ela foi gentil e não posso esquecer isso, não quando foi mais gentil em algumas horas do que minha mãe provavelmente foi em anos.

Quando penso em me levantar e caminhar sorrateiramente em sua direção, o que seria impossível visto que todos estão a fitando, sua expressão finalmente volta ao normal, ou quase isso. Seu rosto parece tão surpreso que por um instante acho que ela nem mesmo seria capaz de falar tamanho o choque, seja lá o que tivesse acontecido.

— Alice pode ver o futuro, é meio bizarro, mas bem útil, principalmente para investir na bolsa. — Olho para o lado para ver o gigante, Emmett, a alguns bons metros de mim, tão longe ao ponto de encostar tranquilamente na parede de vidro da lateral, mesmo assim ele sussurra e coloca a mão ao redor da boca como se estivesse me contando um segredo. Contraio ambas as sobrancelhas refletindo, ele é facilmente três ou quatro vezes meu tamanho, mas está tão longe, e estranhamente sendo tão considerado que a informação que me passa acaba sendo de maior atenção do que o medo que eu poderia vir a sentir, ver o futuro?

Lembro de quando a matriarca disse que Alice estava planejando trocar o carpete, o carpete que eu sujei com meus pés descalços e lamacentos, ela já sabia que isso aconteceria?

Lembro de quando me chamou de Bree Bree e de como tentou me abraçar, sim, sabia. Ela me viu chegando.

Me pergunto se Riley sabia disso, claro que não, Alice poderia ver todos os nossos movimentos antes mesmo de que pudéssemos sequer pensar em os fazer. A cada instante tenho ainda mais certeza de que ele não sabia de nada quando nos faz correr em direção a nossa morte certa, em direção a sua morte certa. Não consigo deixar de me questionar o porquê. Os Cullens não nos atacariam, tenho certeza, agora tenho, eles me pouparam e eu não fiz nada digno de receber esse perdão além de rastejar e implorar. Não posso evitar ter a sensação de que ele me matou por nada, embora talvez me satisfaça um pouco saber que ele morreu por nada também. Certo, talvez seja por isso que a manipulação de sentimentos não funcionou com Edward, talvez não fôssemos tão amigos assim afinal.

— O que você viu? — Jasper é o primeiro a questionar, ele parece genuinamente interessado e é bizarro perceber como seus olhos brilham quando fitam a menina ao seu lado. Eles parecem mais um casal do que irmãos e isso não soa tão errado quanto sei que deveria.

Alice sorri, um sorriso de orelha a orelha mostrando todos os seus dentes excessivamente brancos e então consigo entender como ela cativou até mesmo o mais monstruoso membro da família.

Seus olhos focam em mim, seu sorriso é tão grande que só não me encolho mais porque já o estou desde que Carlisle se afastou. É instenso. Ela parece ler minha alma e não gosto disso, minha alma não tem nada bom para ser lido.

— Não se preocupem. — Um gritinho de exclamação enquanto ela saltita. Isso me recorda um desenho que vi escondida uma vez. Meu pai não gostava de desenhos infantis em sua casa e minha mãe não gostava de contradizer meu pai. Ela me recorda as fadas que ficavam no final do arco-íris. Sempre felizes, mas prontas para lutar se necessário, para defender o seu lugar. Tem algo afiado em seu olhar, no fundo dele, atrás de toda empolgação infinita, algo que não consigo fingir não ter visto. Algo que tem no olhar de todos aqui. Embora que muito mais aparente em Jasper, Rosalie e Edward, os que sei serem os mais selvagens, ainda que Rosalie superficialmente aparente ser o exato oposto disso, ela é bem esperta, na verdade. — Não foi nada demais, vocês vão descobrir na hora certa, podem continuar o que estavam fazendo. — Ela quase cantarola. Não preciso tirar meus olhos dela para saber que agora todos me fitam em confusão, não os julgo porque me sinto tão confusa quanto, eu vou fazer algo?

Carlisle pigarreia logo após ela parar e então tudo volta ao normal, sinto a tensão retornando tão rápido quanto seu pigarreio e sei que voltou o momento em que eu devo começar a falar. É surreal como ele controla a situação com um único movimento, e mais surreal ainda que esse movimento sequer inclua levantar a mão.

— Riley disse que vocês não gostavam de novatos. — Começo antes que ele tenha a oportunidade de me mandar o fazer porque, apesar de ter medo de falar sem permissão, também quero acabar com esse assunto o mais rápido possível. Sei que já os contei isso antes, mas sinto que não desenvolvi como talvez fosse necessário, por isso repito. — Disse que queriam o sangue só pra vocês e que por isso iriam atrás da gente. — Aproveito que estou com os pés em cima da poltrona para olhar para meus joelhos ao invés de para eles. — Que tínhamos que nos unir para os enfrentar e acabar logo com a ameaça. Ele disse que vocês eram velhos, e que por isso, se estivéssemos juntos, poderíamos... — Hesito, não gosto dessa palavra,. — poderíamos lidar com isso facilmente. Ele nos trouxe o cheiro daquela moça, disse que quem chegasse primeiro poderia a ter. Todos ficaram loucos.

— Mas você não gosta de sangue. Por que se juntou? — É Rosalie quem pergunta e é estranho como Carlisle a deixa tomar a frente da situação sem que nem mesmo precise fazer um pedido antes. Erguo os olhos rapidamente apenas para ver como ele realmente não parece se importar com o corte, como me fita esperando por uma resposta como se essa fosse sua única preocupação.

— Vocês não sabiam disso. Tinha medo que viessem atrás de mim e que não me dessem uma oportunidade para explicar. — Ninguém nunca deu, não concluo, entretanto. Ninguém nunca deu até agora.

— Você não parecia disposta a lutar. Podia simplesmente ter fugido pra bem longe. — É o gigante que fala, seu tom é surpreendentemente manso, quase como se estivesse me dando um conselho.

Abraço com mais força meus joelhos.

— Riley me alimentou. — Uma pausa, não quero contar, não isso, não quero que eles saibam, não por medo, me surpreendo ao constatar tal fato, mas por vergonha, por vergonha ao deixar claro o quão patética era, o quão patética sou. — Ele... ele foi o único. Eu morei nas ruas por muito tempo e, e ninguém nunca... — Me lembro das vezes que pedi ajuda, que pedi qualquer coisa, nem mesmo que fosse resto, me lembro das vezes que me xingaram, que mandaram eu me afastar, que ameaçaram chamar a polícia, me lembro da moça que cuspiu no meu rosto quando tentei pegar do lixo o resto do lanche que ela havia jogado fora, me lembro de com quanta fome estava, de com quanta fome estava o tempo todo. — Ele tentou me dar sangue depois da transformação, mais de uma vez, mesmo quando eu sempre terminava vomitando tudo. Ele me matou, mas disse que era porque precisava de ajuda. Que não queria mais ser caçado. Que não podia enfrentar vocês sozinho. Ele parecia desesperado e eu, eu só, eu só pensei que podia, que deveria, ajudar. Vocês eram os vilões da história. Mas quando nós chegamos, quando todos começaram a morrer, eu, eu... — Sinto minha garganta travar embora saiba que ela está bem, vampiros não tem a garganta travada, eu só, só não quero mais falar, não sobre isso. Mesmo que eles queiram ouvir. Não posso. Não consigo.

Riley me enganou. Eu sei disse. Realmente sei. Os Cullens não teriam ido atrás da gente. Ele sabia disso, não tinha como não saber. Nós éramos os bandidos, não eles. Não quando lutaram tão bravamente para defender a própria família, não quando faziam tanta questão de compreender meu lado da história quando podiam simplesmente destroçar minha garganta como haviam feito com todos os outros.

Ele encaminhou todos para uma morte certa, ele me encaminhou para a morte certa, e eu deveria o odiar por isso — inferno, uma parte de mim realmente odeia, uma parte de mim realmente se satisfaz ao pensar que está morto agora — mas, mas não consigo deixar de pensar em como foi o único.

Permaneça viva, disse ele, o meu assassino.

Mesmo que por seus próprios interesses. O odeio. O repugno. Mas às vezes, somente às vezes, ouso pensar no futuro, e em como sei que não teria sobrevivido por muito mais tempo caso tivesse permanecido como humana.

Não ouso erguer o olhar para saber o que se passa em suas expressões, sou menos corajosa do que gostaria, embora nunca tenha me arrependido de fugir de casa, a pesar de tudo.

Não quero pensar nisso.

Por mais do que dois minutos ninguém se pronuncia. Sei disse porque conto os segundos.

— Ele está morto agora. — É Jasper quem fala, seu tom receoso de uma maneira que eu jamais imaginaria que ele seria capaz de usar.

— Isso é bom. Suponho? — Deveria ser uma afirmação, entretanto sai mais como uma pergunta do que qualquer outra coisa.

Embora já esperasse por isso, pela morte dele, não consigo evitar não saber como me sentir a respeito. Mas uma vez entendo porque a manipulação de sentimentos não funcionou com o telepata.

— Como nós dissemos antes de meu marido chegar. Queremos que você viva com a gente. Como família. — Dessa vez é Esme quem se pronuncia. Sua voz é tão delicada que quando dou por mim já estou a fitando, seu sorriso é tão brilhante e chama tanto minha atenção que quase não raciocínio o significado de suas palavras e em como ela está deliberadamente tentando mudar de assunto. — Como nossa filha. Minha e do Carlisle. — Percebo então que o loiro está ao seu lado, um dos braços apoiado em cima dos ombros de sua mulher.

Ela fez uma declaração parecida horas atrás.

Agora, sem o empata no controle — ao menos acho que não está — percebo o quão diferente isso parece.

A resposta sai por meus lábios muito mais rápido do que achei que sairia, muito mais rápido do que eu consiga impedir.

— Não sei o que é ter uma família.

Lembro de minha mãe, de todas as vezes que me tratou com carinho. Não são muitas. Posso não saber de muitas coisas, mas sei que não minto quando digo tal frase.

Uma família de verdade jamais me deixaria passar pelo o que passei, certo?

Gosto de pensar que sim.

— Pode aprender. Conosco. — É estranho, Carlisle não brilha mais, mas ainda assim parece como se o fizesse.

Fito Jasper apenas para presenciar como levanta ambas a mãos em sinal de rendição, o lado direito de sua boca repuxado de uma maneira que, se estivesse o conhecendo agora, diria que está tentando conter um sorriso. Ele passa confiança e então, por mais estranho que pareça, tenho certeza de que não está me controlando de novo.

Volto meu olhar para o casal que ainda me mira esperando por uma resposta. É tão... iluminado?

Não sei definir. É reconfortante os fitar, quase como uma sensação de estar em casa. Não, quase como uma sensação de estar em um lar. Nunca tive um lar.

— E se eu não for uma boa aluna?

— Isso só servirá para nos mostrar que não estamos sendo bons professores. — Ele diz.

Eles sim poderiam ser meus deuses, talvez, algum dia, quando já não estiver mais tão quebrada, se isso pudesse ser possível. Acho que gostaria disso. Realmente gostaria.

— Para ser honesto, Riley não mentiu sobre tudo. — O homem volta a dizer quando meu silêncio passa a durar mais do que provavelmente deveria. — Existe sim um clã de vampiros... — Ele ergue uma das sobrancelhas, como se questiona-se a si próprio, internamente, se o que quer que fosse dizer estava realmente correto. — antigos, que não lidam bem com... iniciantes. — Uma pausa, ele parece estar se esforçando para falar de uma maneira que eu entenda e aprecio tal ação provavelmente mais do que deveria, é algo bobo, porém que não me recordo já o terem feito antes. Minha própria mente me repreende, Esme o fez quando cheguei, embora que para ela tenha parecido muito mais natural do que para o loiro sob minha visão. — Eles acham que matamos todos os recém-criados. Por isso Esme se retirou com você do confronto. Não queríamos correr o risco que te vissem antes que tivéssemos a possibilidade de.... entender a situação.

— Em resumo, você já teria que ficar conosco de qualquer maneira, até a poeira com esse clã abaixar. Seria uma dor de cabeça para todo mundo se descobrissem sobre você. — É Rosalie quem, mais uma vez, o corta. Vendo como, novamente, ele não parece se importar o mais mínimo percebo que definitivamente devem ter uma relação muito, muito, boa. Eu teria recebido um soco na boca por muito menos.

— Eles caçariam e matariam você. — Jasper. — Assim como fariam o mesmo com a gente.

A loira revira os olhos e só por isso, diferente de Carlisle, sei que não gostou de ser interrompida.

Não consigo conter o arfar de surpresa depois que compreendo o que essas palavras realmente significam. Achei que tivessem apenas decido me poupar. Agora vejo. Eles se colocaram em risco quando tomaram essa decisão. Se colocaram em risco por mim. Por alguém que nem sequer conheciam. Por alguém que podia muito bem estar mentindo o tempo todo. Pela primeira vez entendo o ataque de Jasper, pela primeira vez quase estou de acordo.

— Mas existe uma diferença entre estar conosco, e estar conosco. — Rosalie é quem volta a se pronunciar agora olhando para as unhas muito bem pintadas, ela faz questão de destacar o segundo estar e algo em meu interior diz que ela não está tão relaxada quanto quer demonstrar.

Entendo perfeitamente o que quer dizer.

Também não estou tão relaxada quanto gostaria de conseguir demonstrar.

Percebo que estão arriscando muito mais do que eu sequer poderia imaginar serem capazes de o fazer. Que qualquer um seria capaz de o favor, não por mim.

Nem me conhecem e mesmo assim o fazem.

— E nós gostaríamos muito, MUITO, muito mesmo, da segunda opção. — Alice sorri, seus olhos quase brilhando. Não posso deixar de me questionar se ela, alguma vez, chegou a passar por algum acontecimento ruim em sua vida. Digo, ela está morta agora, e isso por si só já não conta como uma experiência agradável, nem de longe, mas ela parece TÃO feliz o tempo todo.

— Por que?

Ela parece pega de surpresa pela questionamento.

— Sempre é bom ter um pirralho a mais pra irritar no dia a dia. — O gigante diz se sentando no carpete recém trocado. Parece tão simples e relaxado que por um instante quase poderia o confundir com um humano. — E não é como se fosse tão ruim assim ter alguém te esperando em casa. — Primeiro ele dá de ombros, como se falasse a coisa mais óbvio do mundo, depois sua expressão se fecha enquanto semicerra os lábios, seus olhos fugindo dos meus para encontrar o de seu pais quase como quem pede ajuda. Mesmo o temendo, chega quase a ser engraçado ver alguém de ser tamanho tendo tal atitude. Tão engraçado que quase esqueço de quem eu realmente tinha me esperando em casa, sempre com um cinto na mão e uma garrafa de cerveja na outra. — Beleza, fiz merda.

Também desvio o olhar para o casal.

— Vocês vão me bater? — Pergunto antes que me dê conta, preciso perguntar, não posso conviver com essa dúvida, não de novo, não quando a suportei durante tanto tempo, viva e morta. Sem nunca saber quando o cinto dele me acertaria, sem nunca saber quando as presas me alcançariam.

— Não! — É a primeira vez que vejo Esme tensa, sua voz não soa mais tão adocicada e sei que esse assunto a incomoda. Por mais do que um instante não posso deixar de acreditar que fala a verdade.

— Por que? — Temo estar fazendo muitas perguntas, mas não posso evitar, não quando estão me dando tanto espaço.

Lembro de quando era mais nova, de quando seguia minha mãe o tempo todo porque, não tão inconscientemente, tinha medo de que o encontrasse sem ela por perto — parei de o fazer quando percebi que ela estava sempre perto dele, e de que sua presença não alterava muito as coisas no final. Eu fazia muitas perguntas para ela. Antes que o medo se apossasse o suficiente para que as perguntas finalmente terminassem. Meu pai costumava dizer que eu tinha uma puta boca grande de merda, odeio constatar que ele provavelmente não estava errado nesse sentido.

— Não batemos em ninguém aqui, jamais. — Apesar de seus olhos sérios e de sua postura impecável, vejo com a mão de Carlisle afaga delicadamente o ombro de sua esposa. É sútil, mas está lá. Uma mensagem silenciosa compartilhada entre ambos que não consigo identificar.

Minha mente recorda algo que gostaria de ter esquecido.

— Ed- — Tento falar o nome, mas nada sai, sinto meu corpo tremer e então entendo que agora o telepata ocupa o cargo que anteriormente Jasper sobressaía: o de me aterrorizar. — O menino que saiu, acho, acho que posso o machucar se permanecer.

Não sei quando meu medo diminuiu o suficiente para que pudéssemos conversar de tal maneira, e não sei se gostei que isso tenha acontecido. A puta boca grande nunca me rendeu nada além de bons hematomas.

Pensar que posso perder a oportunidade de algo bom, algo realmente bom, que pela primeira vez me está sendo oferecido por causa dele não me agrada, mas não posso deixar de ser sincera, não quando estão me dando tanto sem exigir nada em troca, não quando nem mesmo minha genitora o fez.

— Quem liga para o Edward?

— Rosalie!

— Embora tenha acabado a palhaçada da ligação. — Não é difícil perceber o quanto seus olhos borbulhavam de raiva quando fita rapidamente o irmão loiro, embora perceber o rápido milésimo em que o vi desviar o olhar envergonhado seja. — Não estava brincando sobre o que disse mais cedo. Se ela sai da jogada, a Bella também sai. Não está sob discussão.

— Rosalie.

— Rosalie nada mãe. Não estou dizendo que vou matar a tonta, até porque ela já demonstrou ser mais do que capaz de fazer isso por conta própria. Mas nós salvamos a pirralha, mesmo que ela opte por não ser da família, está sob nossa responsabilidade agora. Não vou ficar sorrindo para o casal maravilha se Bree tiver que ir por isso, e vocês também não. — Dessa vez, sem influência das falsas emoções, não sei descrever o que sinto quando meu nome escapa por seus lábios. — Não está sob discussão. — É diferente da última vez, antes, graças a manipulação, ela parecia tudo o que eu gostaria de ser, agora, sob meus próprios olhos, sei que jamais conseguiria ser alguém como ela. Não porque não quisesse, mas porque jamais alcançaria. — Se ela sai de Forks, nós saímos também.

Apesar de tudo, sua fala não me reconforta tanto quanto deveria. Não gosto de pensar que estão brigando por minha culpa.

Esme suspira e tento não pensar que a decepcionei, que Rosalie a decepcionou por minha causa. Seus olhos se direcionam para mim e não sei se estou preparada para ouvir o que quer que seja o que pretende mencionar.

— Querida, Edward pode ser um pouco... volátil, às vezes. — Seus olhos permanecem gentis então, ainda que eu não saiba o que significa volátil, sei que se a proposta permanecer não a negarei. — Entretanto isso não significa que não a queira na família. — acho difícil de acreditar levando em consideração a forma como avançou em minha direção e em como saiu correndo minutos depois, mas não a contradigo porque sua gentileza é tanta que me desconcerta. — Acredite, nem todos nós temos bons pensamentos o tempo todo. — não acredito. — Se trata apenas de uma questão de tempo para que ele se acostume.

Lembro de quando quebramos seu belíssimo chão com nossos joelhos, de quando me disseram para ficar e eu disse que ficaria, não consigo entender porque o fiz, não como entendo agora, sei que Jasper não nos manipula porque isso é tão real que chega a doer em meu coração que já nem sequer bate mais.

— Eu gostaria de ficar. Se isso não for ser um problema.

Sinto ter falado a coisa certa, porque o casal sorri logo em seguida.

[...]

Capítulo não revisado e sem fotos porque se eu ainda fosse buscar fotos ia acabar desistindo de postar.

Comentem o que acharam, eu nem sempre consigo responder, mas juro que leio tudo.

Na verdade os comentários de vocês são a única razão para não ter largado a história (e cá entre nós, dar uma vida feliz para a Bree, pq ela merece).

Sim, eu tive que reler toda a história para fazer esse capítulo pq nem eu lembrava mais o que tinha acontecido, e olha que eu que escrevi hemkkkkk então entendo vocês.

Finalmente foi explicado o porquê dela e da Rosalie terem tido aquela conexão quando se conheceram, tudo culpa do Jasperkkkk aposto que ninguém estava esperando por isso. Amo surpreender vocês

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