
Conheça o plot
Annabeth Chase nunca conheceu o verdadeiro conceito de amizade.
Sua mãe havia feito questão de mantê-la afastada das demais crianças, sob a desculpa de que não eram boas influências, então ela crescera sozinha. Bem, parcialmente. Sempre teve as estrelas como companhia e, nas noites mais solitárias, Annabeth jurava que podia ouvir os astros a respondendo.
Sua criatividade era imensa, de forma que, diversas vezes, não conseguia ver a diferença entre a realidade e o imaginário. Reinos, criaturas, impérios... a criança simplesmente amava se sentar na janela, sob aqueles mesmos pontos luminosos, e contar sobre o mundo que havia criado naquele dia. Sobre as fadas que conhecera e sobre as batalhas em que lutara.
Ela acreditava que as estrelas tinham um poder diferente, achava que podiam escutar e murmurar em concordância, então ela falava. Falava sobre seus dias, suas descobertas, sobre a floresta escondida em seu guarda-roupa e o mundo sombrio que espreitava por debaixo de sua cama. Sobre a cadeia de montanhas entre suas almofadas e o oceano que era seu lençol azul marinho. Mesmo quando estava prestes a cair de sono, Annabeth falava. Falava sem parar, cada vez mais acreditando que tudo aquilo era real.
À medida que crescia, parou de acreditar que suas pelúcias eram guerreiros perdidos e que sua lâmpada, branca como a neve, poderia fazer nevar caso ela pedisse por favorzinho. Virou uma garota inteligente, corajosa, independente. Não esperava mais pelo beijo de boa noite que nunca chegaria, nem pelos abraços que Atena reservava para sócios no trabalho. Ela teve que amadurecer rapidamente e aprendeu a tomar conta de si mesma.
Nunca, porém, perdeu sua imaginação. Aquela faísca que acreditava em vida em outros planetas e realidades paralelas. Aquele fogo dentro de si que gritava sobre espíritos, seres mitológicos e deuses. Ela sabia que a mãe repudiava a criatividade, então manteve isso como um segredo.
Um que somente ela e aquelas mesmas estrelas poderiam compartilhar.
Percy Jackson, por sua vez, dificilmente poderia ser considerado o garoto popular da turma.
Era muito magro, tinha um cabelo sempre desalinhado e olhos grandes demais para o seu rosto. Era um tanto desengonçado e extremamente animado, o que tendia a afastar as pessoas. Sua dislexia e hiperatividade também não ajudavam quando se tratava de sua vida acadêmica: ele não conseguia estudar e absorver os conteúdos com a mesma facilidade que seus colegas, o que só levava a mais provocações e piadas maldosas.
Como a cereja do bolo, não tinha tanto dinheiro quanto os outros alunos de sua turma. Dependia de uma bolsa de natação para estudar na Half Blood High e todos sabiam que os Jackson tinham filhos demais e dinheiro de menos, fazendo questão de esfregar esse fato na cara do garoto sempre que tinham oportunidade.
Percy se sentia preso, somente com os irmãos mais novos como companhia. Nunca tinha tido coragem de manter uma amizade por tempo o suficiente para realmente se tornar relevante, então realmente tinha seus irmãos caçulas, 12 e 5 anos respectivamente, como únicos amigos. Tentava ao máximo se segurar na frente de estranhos, empurrar quem verdadeiramente era lá para dentro, muitas vezes por medo dos julgamentos. Ele sabia que não tinha nada de errado em ser quem era, mas simplesmente não tinha paciência para lidar com os xingamentos. Com a terra no armário. Com os pneus furados do carro que dividia com os pais.
A única coisa que o fazia ser verdadeiro era quando se jogava na piscina.
Herdara essa paixão do pai e, quando mergulhava, conseguia esquecer o garoto fraco para trás. Percy passava da presa para o predador, e não tinha um único valentão naquele colégio que não soubesse os riscos de se colocar entre Jackson e uma piscina olímpica. Ele se tornava rápido, focado, motivado. Poderia passar horas nadando, segurando a respiração e tentando bater seu próprio tempo, caso tivesse a chance. A morte de seu pai em alto mar só tinha feito essa paixão crescer, pois agora ele nadava pelos dois.
E ele nadaria até que seu corpo colapsasse, até que sua respiração fosse uma só com o movimento das ondas que costumava pegar no fim de semana. Até que se visse sozinho, como sempre estivera, com somente água ao seu redor. Ele sabia que, independente das circunstâncias, ele estaria em casa quando estivesse no mar.
A chegada de Annabeth na cidade foi inesperada, mas o mundo de Percy foi abalado de uma forma boa. De repente, os dois eram amigos e, fácil assim, não estavam mais sozinhos.
Não estavam sozinhos quando encontraram aquela ponte, sobre um riacho, no meio da floresta. Não estavam sozinhos quando se deitaram no teto daquela casa, mirando as estrelas, e não estavam sozinhos quando viraram o porto seguro um do outro. Não estavam sozinhos quando a loira o convenceu de que os deuses estariam olhando lá de cima e, definitivamente, não estavam mais sozinhos quando construíram o Olimpo. Pedaço por pedaço.
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