Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

19.1

Percy's POV

- Estrelinha, não vai falar comigo? - perguntei, sentando na beirada daquela cama cor de rosa em formato de carro. Estelle não se deu ao trabalho de responder, somente virando de costas para mim na cama. - Me desculpa Telle, eu não deveria ter brigado com você.

- Você jogou um pincel em mim - a menina choramingou, ainda com o rosto enfiado entre os cobertores.

- Eu joguei, me desculpa, eu não queria que você se machucasse. - Fiz carinho por cima das cobertas, tentando fazê-la se virar para mim. - Eu fiquei assustado em te ver perto daquela ponte.

Estelle não disse nada, mas se virou no lençol para me encarar. Ela parecia magoada, o que fez com que eu me sentisse como um verdadeiro monstro.

- Você gritou comigo.

- Eu gritei, eu fui um idiota, não fui? - Estelle balançou a cabeça, o que me fez rir pelo nariz. - Eu não devia ter gritado com você e nem jogado o pincel, o que eu fiz foi errado. Você acha que consegue me perdoar, princesa? - Fiz um biquinho e uma leve cosquinha na sua cintura, vendo ela se remexer.

- Só se você brincar de boneca comigo, igual a Annabeth fazia. - meu peito se apertou com a lembrança, mas consegui me manter calmo. Annabeth costumava brincar bastante com a minha irmã toda vez que vinha em casa. Sorri em sua direção, fazendo com que ela se remexesse e sorrisse de volta.

- Você tá falando sério, baixinha? É claro que eu quero brincar de boneca com você - respondi com ênfase na afirmação, fazendo com que a pequena se levantasse em um pulo e corresse para a caixa de brinquedos como se eu nunca tivesse perdido a cabeça na frente dela.

Estelle retirou duas bonecas do baú enquanto eu me sentei em seu tapete felpudo, esperando pelo seu retorno. Lembrei do dia em que Annabeth deu essas bonecas para Estelle, pois foi no mesmo dia em que fomos no riacho pela primeira vez. Me lembrei de quando nadamos lá pela primeira vez, sem termos idéia do que aquele local se tornaria. Do que aconteceria.

As vezes eu gostaria de poder voltar no tempo para aquela data, seja para aproveitar Annabeth por mais tempo ou para dar a volta junto à ela, impedindo que ela sequer conhecesse aquela ponte infernal.

- Essa daqui é a Thalia e essa daqui se chama Reyna. - Estelle me entregou a boneca Thalia e eu logo ergui seus braços, imitando os movimentos que minha irmã fazia.

Não era a primeira vez que eu brincava de bonecas com Estelle, então sabia exatamente para que lado sua criatividade corria. A criança gostava muito de lutas, cenas de aventura e ação. Gostava de fazer suas bonecas lutarem, voarem e guerrearem entre si. Eu conseguia ver muito de Annabeth nela, nessa personalidade criativa e animada.

Tyson se juntou a nós por alguns minutos, se apoiando no batente da porta e depois indo pegar uma terceira boneca. Pela primeira vez em algum tempo, eu me senti minimamente em paz. Eu obviamente ainda pensava em minha namorada toda vez que colocava meus olhos naqueles brinquedos, mas tentava focar em como ela sempre pareceu feliz ao brincar com a minha irmã.

A conversa com a minha mãe tinha tirado um peso enorme dos meus ombros, por mais que eu ainda me sentisse culpado. Ela decidiu que eu começaria a fazer terapia em algumas semanas, e eu imediatamente concordei. Me recusava a continuar tendo aqueles pensamentos perigosos e solitários, por mais que eu secretamente merecesse.

Annabeth não gostaria que eu pensasse assim, nisso a minha mãe tinha razão, então eu me esforçaria para que isso mudasse. Por ela.

Contei a respeito do Olimpo enquanto caminhávamos de volta para casa e minha mãe ouviu cada palavra. Achei que ela brigaria comigo por todos os riscos envolvendo a ponte e a floresta abandonada, mas ela só sorria e perguntava mais sobre a casa que construímos, sobre nossas aventuras. O único momento em que ela surtou comigo foi quando eu acidentalmente deixei escapar que quase fui esmagado por uma árvore, mas eu mereci. Tinha sido realmente estúpido da minha parte.

Conversamos sobre Annabeth de uma forma que eu ainda não tinha feito antes. Contei sobre o pedido de namoro, sobre as músicas que eu havia escrito, sobre nossas viagens de ônibus e sobre como ela tinha se tornado mais do que eu jamais poderia imaginar. Annabeth não tinha sido somente uma namorada, mas também minha melhor amiga. Ela era uma parte de mim, uma parte da minha família, e foi bom focar nas partes felizes desse relacionamento.

Eu ainda sentia uma saudade que me deixava sem ar e suspeitava que isso nunca mudaria, mas tinha sido bom relembrar dos momentos felizes. Annabeth não gostaria que eu pensasse na queda, no impacto... ela gostaria que eu me lembrasse dela, e isso era o que eu iria fazer.

Ou pelo menos tentar.

Percy's POV

- Oi, sabidinha - eu cumprimentei de olhos fechados, tentando normalizar as batidas do meu coração. Me encostei bem naquele ponto onde terra e lápide se encontravam, apoiando as costas contra a data do seu nascimento. - Me desculpa, eu queria ter vindo aqui antes.

Respirei fundo na tentativa de organizar meus pensamentos, e então comecei a falar. Falei sobre meus sentimentos, sobre as músicas escondidas embaixo da minha cama e sobre sobre o meu dia no museu. Contei que queria impressioná-la, que tinha passado horas pensando nela e que sentia muito. Pedi desculpas, mas não especifiquei o motivo.

Honestamente, nem eu mesmo sabia o motivo.

Por não ter estado lá para pegá-la? Por ter quebrado minha promessa? Ter me culpado? Ter me odiado a ponto de considerar tirar a minha própria vida? Por não ter tido a chance de dizer a imensidão dos meus sentimentos? Por tentar seguir em frente?

Eu não sabia o que pensar, não queria ter que olhar muito para dentro de mim mesmo para não correr o risco de quebrar, mas sabia que sentia muito.

Contei, em detalhes, sobre as obras que eu tinha visto. Contei sobre o interclasse, sobre a formatura e sobre a minha escolha de carreira - uma que eu manteria um segredo nosso por algum tempo. Contei que não tinha tido coragem para nadar de novo, não quando eu só conseguia vê-la se afogando dentro d'água, mas que trabalharia nesse trauma futuramente.

Disse a ela que tinha começado a fazer terapia e que as sessões estavam me ajudando a compreender a situação. Compreender o meu papel na sua vida e em todas as coisas boas que passamos, entender a dimensão do que aconteceu e os motivos reais. A chuva que fragilizou a ponte, a madeira podre. Um acidente.

Contei sobre Tyson e seu novo interesse amoroso, sobre Estelle e sua nova inclinação a brincar de rainha e sobre a minha mãe, que havia decidido começar uma nova carreira como escritora. Contei que seus irmãos estavam, aos poucos, retomando atividades como sorrir ou levantar da cama e que seu pai estava pensando em se mudar, mas que estava em dúvida pois não queria ficar longe do seu túmulo.

Não menti para Anna pois sabia que ela odiaria, onde quer que estivesse. Expliquei como todos nós sofremos muito e como a falta dela era algo que escurecia os dias, mas prometi que me esforçaria ao máximo para não deixar que eles quebrassem. Que eu cuidaria de todos para ela.

Tirei uma folha sulfite do meu casaco e coloquei em cima da terra fria, junto com um buquê de flores que estava na minha mão esquerda. Não quis reler aquela canção em especial pois sabia que iria chorar se o fizesse, então só usei o peso das flores para segurar aquele pedaço de mim.

Fiz um pequeno carinho na terra com o dedão e senti meu corpo tremer com o contato, por estar tão perto e ao mesmo tempo tão longe de uma pessoa que eu amava, mas que nunca mais poderia ver.

"Em memória de uma incrível filha, irmã, amiga e namorada. Para aquela que se juntou às estrelas cedo demais"

Deixei as lágrimas escorrerem silenciosamente pelo meu maxilar, sendo interrompidas somente pelos meus sussurros de uma das primeiras músicas que eu havia planejado. Uma que eu não havia terminado, mas que há uma semana tinha brilhado em mim como um fio de saudade, adoração.

And if you have a minute, why don't we go? Talk about it somewhere only we know. - minha voz saía tremida com toda a emoção, mas eu não me importava. Não me importava que estava sussurrando e nem que chorava entre o refrão, somente que ela estava lá e que eu finalmente poderia cantar para ela. - This could be the end of everything. So, why don't we go? Somewhere only we know.

Deixei o último verso se calar com o vento, minha respiração alterada ocupando o lugar das notas de um piano. Permiti que meu lábio tremesse e também me permiti alguns segundos com a cabeça apoiada na lápide, só para sentir um arrepio explorar o meu corpo inteiro.

Um calor inexplicável, era o que parecia.

Começou na ponta dos meus dedos, subindo pelos meus braços e descendo até os meus pés. Quando fiz menção de me levantar, o calor pousou nas minhas bochechas como a mão de alguém, colocada cuidadosamente em um ato de carinho.

Eu sabia que era coisa da minha cabeça. Sabia que não era assim que as coisas funcionavam, mas não resisti a abrir um sorriso molhado. Sua presença era tão nítida quanto as nossas aventuras, quanto os pássaros que nos atacavam na casa da árvore ou quanto o chifre do minotauro que eu tinha pendurado no meu quarto. Não resisti a revirar meus olhos e sorrir como não fazia havia tempo.

Sempre do seu jeito, Annie Bell - comentei. - Eu nunca vou poder me despedir de você, não é mesmo? Nós nunca vamos ter uma despedida porque você não vai embora, acertei?

O calor se moveu, como se a mão fantasma em minha bochecha fizesse carinho. Me assustei com o pensamento que veio em mente, banhado no exato timbre da sua voz: "Eu só parti um pouco antes, mas isso não significa que vou quebrar minha promessa, cabeça de algas".

Dei uma leve risada e chacoalhei a cabeça, essa visita definitivamente estava me afetando. Me levantei lentamente, olhando mais uma vez para aquela escritura. Mais uma vez para as flores e a data gravada na lápide.

Só podia ser algo da minha cabeça - não havia outra explicação -, mas quando sussurrei "eu te amo", poderia jurar que aquela voz sussurrou de volta, indo embora tão rapidamente quanto chegou.

Guardei essas palavras no meu coração, independente de serem reais ou não, e preferi acreditar no meu coração. Era isso que Annabeth tinha me ensinado, a final de contas, a fechar os olhos e ver com o coração. Guardei as palavras bem fundo dentro do meu peito e pensei que realmente, Annie nunca quebraria sua promessa.

Ela estaria presente em cada céu estrelado, em cada chuva e em cada sol escaldante. Ela estaria no vento, na água, na terra... e não me deixaria, não se eu a mantivesse por perto.

Eu não quebraria minha promessa, e tinha a impressão que Annabeth também não quebraria a dela.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro