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Vinte e um - Peso


O tempo passa devagar demais quando se presta atenção nele. Foi essa a conclusão que Jeaic chegou após uma semana que encontraram o corpo de Tara. Para ele, parecia um ano inteiro de dor, angústia e culpa. Foi o tempo que levou para reencontrar-se com Póla a sós, por insistência da mesma. Encontraram-se nas ruínas da catedral durante uma nevasca.

— Você demorou. Estou congelando aqui.

Jeaic parecia mais paranóico que nunca, sempre olhando atento para os lados.

— Não seja ridículo, ninguém virá até aqui em uma nevasca dessas.

— Mas podem dar por nossa falta. O que disse a Liam?

— Liam está dormindo.

— E as crianças?

— É sobre elas que quero conversar — ela disse com um olhar sombrio.

Ele engoliu em seco.

— Você acha que as crianças sabem?

— Não as crianças, e sim uma delas em especial.

— A menina.

— A maldita menina — confirmou com raiva. — Ela deve ter seguido você quando enterrou Tara!

— Não é possível! Eu me certifiquei que...

— Como não é possível? — ela gritou. — Como explica que ela tenha ido diretamente à cova de Tara, quando grupos de busca com dezenas de pessoas falharam?

O gigante ruivo parecia um não naquele momento. Jeaic estava tão encolhido, que parecia uma criança.

— Se ela tivesse me visto, com certeza teria me acusado — a voz dele saiu em um fio.

— A pirralha está com medo! Medo!

— Para de gritar! — ele disse olhando para os lados. Estavam cercados pelas paredes em ruínas e protegidos da neve que caía, mas lufadas violentas invadiam o recinto em que se encontravam. — Se ela sabe de algo, seu filho também sabe, ela deve ter dito.

Póla balançou a cabeça, vendo através dele.

— Ela nada disse. Ele não demonstrou qualquer sinal de que sabia de algo. Crianças não mentem tão bem.

— E ela?

— Nunca mais me encarou. Age estranhamente, fica sempre pelos cantos e calada. Só conversa com Owen.

— Pode estar traumatizada por ter encontrado um cadáver...

— Não seja burro!

Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos. Póla estava exaltada demais.

— Desculpe — disse por fim, baixando a cabeça.

O vento congelado fez com que os dois apertassem ainda mais seus agasalhos sobre seus corpos.

— E o que pretende fazer?

— O que pretendo fazer? Por quanto tempo você acha que a menina vai guardar segredo? Ela vai dar com a língua nos dentes e seremos nós quem pagaremos.

— E o que pretende fazer? — ele repetiu encarando-a, sem com medo do que ela diria a seguir.

— Vamos silenciá-la.

Foi a vez de Jeaic perder o controle.

— Você enlouqueceu? Adultério é uma coisa, assassinato é outra, Póla! O que aconteceu com Tara foi um acidente, estávamos com os nervos à flor da pele, mas nada justifica a morte de uma pobre garotinha!

— É ela ou nós! — ela gritou mais alto que ele, competindo com o barulho do vento lá fora.

— Não vou sujar minhas mãos.

— Elas já estão sujas.

— Há sempre uma maneira de se redimir.

— O que quer dizer? — o olhar dela tornou-se ameaçador.

— Eu vou contar a verdade e acabar com isso.

Póla deu um passo em direção a ele. O olhar dela o fez estremecer tanto quanto o frio infernal.

— Não se atreva, Jeaic.

— Não sou um assassino.

— Não se atreva...

— Ela é só uma criança...

— Eu estou grávida.

Jeaic ficou mudo. Apenas o vento se fez ouvir por alguns segundos.

— Isso mesmo que ouviu, Jeaic, eu estou grávida. Faz um tempo que quero dizer a você, mas nunca tive a oportunidade.

Ele voltou a atenção para a barriga dela, mesmo que sob os agasalhos não fosse capaz de vez nenhum volume anormal.

— Estou nos primeiros meses, mas já tenho plena certeza.

Jeaic continuou calado.

— Vou comunicar a Liam ainda hoje. Só queria que você soubesse primeiro, pois tenho certeza de que o filho é seu.

O olhar de Jeaic era indecifrável.

— Vai deixar que seu filho morra? É o que vai acontecer se nos entregar. Vamos ser condenados à morte!

— Cale-se! — explodiu Jeaic. — Cala essa maldita boca!

Póla assustou-se com a agressividade de Jeaic.

— Vamos acabar com tudo aqui, absolutamente tudo, entendeu? Não nos veremos a sós nunca mais, nunca mais tocaremos um no outro. Isso vai parar aqui e agora.

— Mas...

— Eu não entregarei o que fizemos, Póla, com a condição de que nada aconteça à criança.

— Jeaic...

— Se Brianna sofrer um único arranhão, eu juro que vou nos denunciar, entendeu? Entendeu?

— Sim — ela baixou a cabeça.

— Esse é o nosso adeus. As coisas ainda podem se consertar, esse filho pode ser de Liam. Deus queira que seja. Ninguém jamais saberá.

— Jeaic...

Ele olhou para ela. Ela chorava.

— Não pode acabar assim. Vamos nos deitar mais uma vez, uma despedida...

— Adeus Póla — ele deu-lhe as costas e saiu para enfrentar a nevasca. Ela teria de esperar um bom tempo antes de sair para que não os vissem juntos.

Sentou-se no chão e chorou como nunca antes.

Alguns segredos são simplesmente pesados demais para se carregar sozinho. Brianna era uma criança de apenas sete anos de idade e os segredos que carregava eram fardos pesados demais para qualquer adulto. Brianna já sabia do caso de Póla e Jeaic há um tempo, mas não estava preparada para aquilo.

Quando saíra naquela noite, uma semana atrás com Owen à procura de Tara, Brianna não imaginava que fosse lhe acontecer algo semelhante ao que ocorrera com ela quando fora escoltada pelo cavaleiro, quando vira o homem que cortara a própria garganta sobre o rio congelado. Quando ela e Owen procuravam por Tara no bosque, ela entrou em transe, perdeu o controle sobre o próprio corpo, mas embora fosse noite, ela enxergava o dia, e sua visão estava bem mais alta do que o normal, como se houvesse crescido. Andava sem domínio de si mesma, até o ponto em que avistou uma alcova em uma ribanceira, e dela saíam Póla e Jeaic, que tratava de fechar a entrada de seu esconderijo. Depois ela correu e foi alcançada por Jeaic, que a imobilizou. Começou a discutir alto com ela, mas não controlava suas palavras, nem reconhecia sua própria voz. Embora ele segurasse seus pulsos ela não sentia seu toque. Ela ameaçava contar tudo para Liam e Jeaic a implorava para que não o fizesse. Então caiu no chão. Ouviu o diálogo desesperado de Jeaic e Póla, e logo estava sendo arrastada pela neve. Não sentia absolutamente nada, apenas assistia tudo por aqueles olhos que não eram seus, que ela logo descobriu serem de Tara. Foi jogada na alcova e trancada lá dentro, na mais tremenda escuridão e passaram-se horas até que luz iluminasse a caverna. Ela não conseguia se mover, por mais que tentasse. Mais uma vez foi arrastada por Jeaic. De seu ângulo, via apenas o céu, as árvores e Jeaic da cintura para cima, arrastando-a. por fim, Jeaic a pegou nos braços e a jogou em um buraco. Viu a luz desaparecer aos poucos, à medida que mais e mais terra caía sobre seus olhos.

Então despertou ao lado de Owen, noite novamente e não mais que alguns segundos haviam se passado desde que saíra de si. Então saiu correndo em direção ao que se lembrava da paisagem. Não demorou a encontrar o local onde há pouco fora enterrada.

Fora outra visão, mas desta vez, sob os olhos da vítima. Da outra, ela vira pelos olhos da criatura que fizera o pobre homem se suicidar sobre o rio congelado. Não havia parado para pensar nisso em muito tempo, mas agora estava convicta de que tinha um dom especial. Ela tinha visões, enxergava como as pessoas morriam. Ou do ponto de vista do morto ou do assassino. Nunca ouvira falar de ninguém que fizesse algo semelhante.

Pensou em contar a Owen, mas desistiu. Lembrou-se da reação do cavaleiro quando lhe contara sobre sua visão. O horror nos olhos dele. Ele a chamara de bruxa. Outros a chamaram de bruxa.

Talvez fosse mesmo uma. Isso explicaria muita coisa.

Rezou a sua mãe naquela noite em silêncio, como fizera em todas as outras. Queria manter em si a esperança de que existia um paraíso de borboletas e que ele se chamava Hy Brazil, e que ela o encontraria, e que encontraria sua mãe. Pediu conselhos a ela, já que não o podia fazer a mais ninguém. Estava se sentindo completamente só, embora contasse com o apoio e amor de Liam e especialmente, Owen. Não podia contar a eles que Póla e Jeaic eram assassinos. O que seria da família? Eles sofreriam tanto... E a última coisa que ela queria era fazê-los sofrer; ela os amava como se fossem sua família de verdade. Mas o que faria então?

Ela adormeceu. E sonhou. Da outra cama, Owen ouviu-a balbuciar um nome. O menino não teve certeza do que era, mas era algo que acabava em "-uk".


 

Brianna corre perigo de verdade. Onde está seu demoninho da guarda?

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