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Vinte - Corpo


Nenhum dos dois nunca havia matado qualquer ser humano. A atitude de Póla fora puramente instintiva. Mas não havia como voltar atrás. Jeaic andou em círculos várias vezes com as mãos na cabeça, visivelmente transtornado, enquanto Póla chorava de cócoras ao lado do corpo de Tara.

— O que vamos fazer? Temos que contar aos outros.

Póla levantou-se num salto, fitando Jeaic com uma expressão sombria.

— Ninguém pode saber disso, Jeaic. Ninguém!

— Não somos assassinos, Póla!

— Olhe pra isso! — apontou para o cadáver. — Somos assassinos sim!

Você a matou.

Ela aproximou-se dele com a expressão ainda mais ameaçadora.

— Preferia que seu melhor amigo descobrisse que o traímos? Como você acha que ele reagiria? O que meu filho iria pensar? Seríamos obrigados a fugir da cidade por causa dos olhares nos culpando.

Jeaic olhava para o chão.

— É tarde demais, Jeaic. Vamos ter de nos livrar dela.

Póla pegou as mãos de Jeaic e as beijou demoradamente.

— Estamos juntos nisso, não estamos?

Jeaic apenas meneou a cabeça.

— Então vamos acabar com isso!

O ruivo arrastou o corpo pelas pernas até o cubículo onde há pouco ele e Póla haviam se amado. Um rasto de sangue desenhou-se sobre a neve alva; Póla arrastava neve para cima do rastro, na tentativa de ocultá-lo. Jeaic retirou os gravetos e tábuas da entrada da alcova, pôs o corpo dentro, depois saiu e tornou a cobri-la.

— Não vai ser o suficiente. Tenho de voltar aqui com uma pá e enterrá-la.

Póla tornou a chorar. Jeaic andou até ela e segurou-a pelos ombros.

— Devemos agir normalmente, entendeu? Do contrário, desconfiarão de nós. Aja como se nada tivesse acontecido, Póla.

Póla enxugou as lágrimas apressadamente.

— Tem razão. Vamos voltar logo ao trabalho — ela tentou dar-lhe um beijo, mas ele recuou.

Ambos seguiram rumos diferentes.

Owen e Brianna observavam a agitação na rua. Dezenas de pessoas estavam reunidas munidas de tochas nas mãos. No centro da multidão, estavam Jeaic e Liam, que pareciam selecionar pequenos subgrupos.

— Eles vão procurar a Tara, não vão? — indagou Brianna.

— Vão sim. Ela sumiu de manhã e ninguém sabe pra onde ela foi. A Tríona foi a última a vê-la, disse que ela havia saído do trabalho, mas não disse aonde ia — o garoto falava tentando imprimir uma certa maturidade na voz ao relatar os fatos a Brianna.

Os olhos verdes da menina apenas observavam todas aquelas pessoas separando-se em grupos com seus archotes, indo em direções diversas. Perguntava-se como uma mulher adulta poderia se perder em uma cidade tão pequena.

Na verdade essa pergunta se passava pela cabeça de todos. Tara, mesmo sendo solteira e não devendo satisfação a ninguém, era responsável e nunca fugia do trabalho. Seu desaparecimento repentino fez com que sua amiga Tríona se preocupasse e convencesse aos outros de que havia algo errado. Havia sempre a possibilidade de algum acidente ter ocorrido, principalmente envolvendo animais ferozes, como ursos e lobos.

— Vem comigo, Brianna! — o garoto puxou a menina pelo pulso, forçando-a a acompanhá-lo.

— Aonde estamos indo?

— Vamos ajudar a encontrar a Tara!

— Sozinhos? — a idéia a fez estremecer.

— Não seja medrosa, Brianna! Eu estou com você!

A menina perguntou-se mentalmente que tipo de garantia era aquela.

— É muito perigoso, Owen! Da última vez se não fosse o Jeaic...

— Dessa vez estaremos preparados! Com archotes nenhum animal vai nos incomodar.

— Owen...

Owen aproximou-se de Brianna e pegou levemente em seu queixo, levantando seus magníficos olhos verdes temerosos e fitando-os com seriedade e ternura:

— Eu nunca vou permitir que nada de mal aconteça à minha irmãzinha, entendeu?

Brianna sentiu-se repentinamente segura com aquelas palavras. Deu um sorriso, o suficiente para alegrar o menino.

— Então vamos logo ser os primeiros a encontrar a Tara!

Brianna assentiu e os dois saíram de mãos dadas em direção à casa de Owen, onde ele pegou dois archotes apagados. Estavam prestes a saírem quando Póla os repreendeu:

— Aonde pensam que vão?

Brianna ficou sem ação, mas Owen foi rápido:

— Vamos brincar.

— Com archotes? É perigoso brincar com fogo.

— Não vamos acendê-los, vamos fingir que são cajados.

Póla consentiu sem muito interesse e viu as duas crianças deixarem a casa. Então trancou a porta, recostou-se em uma parede e pôs-se a chorar.

Lembrou-se de seus momentos com Tara, em todas as vezes que as duas estiveram juntas. Lembrou-se de uma época em que eram muito amigas, confidentes. Lembrou-se das duas crescendo juntas, brincando onde agora brincavam seu filho e outras crianças. Acabou. Ela havia matado sua amiga, assassinado-a devido a seu segredo sujo, um segredo que não tardaria a ser revelado, trazendo apenas mais tragédia.

Não teria coragem de tão cedo ir à igreja, tampouco de confessar-se com o padre. Sentia-se a pior das pecadoras. Adúltera e assassina. O inferno a aguardava, ela sabia.

O grupo liderado por Jeaic e Liam já havia percorrido grandes distâncias andando em círculos, gritando pelo nome de Tara. Balançavam, suas tochas ardentes enquanto esquadrinhavam cada milímetro de neve e árvores.

Jeaic já havia retirado o corpo de Tara de seu esconderijo secreto e o enterrara a vários metros dali algumas horas antes. Logo em seguida, lacrou por completo a entrada da alcova, camuflando-a definitivamente, como se nunca houvesse existido.

Em seu coração ardia a terrível chama da culpa. Sua vontade era de chorar pedindo perdão a Liam e a todos e confessar o que ele e Póla haviam feito. Mas sabia o quão medonhas seriam as conseqüências de uma confissão. E se Liam tivesse ouvido a acusação de Tara? Bastaria que ele e Póla negassem até a morte. Em quem ele confiaria? Na mulher e no melhor amigo? Ou em uma amiga de sua mulher despeitada pelo amor não correspondido dele? De qualquer maneira, o melhor era que aquele tipo de suspeita nunca chegasse aos ouvidos de seu melhor amigo. Tara não merecia morrer, mas sua morte se fizera necessária, com certeza; Póla acabara fazendo o que cabia a ele.

— Ela não está no bosque, posso garantir — resmungou um dos homens, cansado e com frio.

Na verdade, muitos ali acreditavam ser perda de tempo procurar por Tara no bosque. Ela era uma mulher adulta, podia muito bem ter viajado, encontrado algum amante ou coisa parecida e desaparecido sem dar satisfações a ninguém. Só haviam concordado em partir naquela busca noturna por causa do ataque da ursa às crianças e à convicção de sua amiga Tríona de que algo estava errado.

Liam era um homem nobre, preocupado com o bem alheio. Se Tríona dizia que havia uma chance de Tara haver sido atacada por animais selvagens ou ter se ferido gravemente, ele não descansaria até encontrá-la. E essa obstinação de Liam atormentava seu amigo ruivo; ele sabia que aquela busca não daria em nada, que jamais encontrariam Tara, porque ele mesmo a havia enterrado bem abaixo do gelo, profundo demais para qualquer animal farejá-la e cavar em sua procura.

Phil estava próximo a eles, com um chapéu tricotado cobrindo-lhe a careca. Cada vez que respirava, uma pequena nuvem de ar frio escapava-lhe dos lábios, assim como de todos ali presentes. O inverno estava se mostrando tão rigoroso como nunca na Irlanda aquele ano.

— Maldita mulher — praguejou Phil. — A essa hora deve estar cavalgando nua sobre algum macho e nós aqui procurando por ela feito imbecis.

— Ou morta, sangrando e congelando nesse frio — retrucou Liam irritado com a falta de respeito do amigo.

— Pros infernos! Ela conhece esses bosques como a palma da mão dela; não ia se deixar pegar de surpresa por um urso ou um lobo faminto.

— E se tiver sido, Phil? Lembre-se de que ela é uma mulher indefesa e que não andava armada.

Mulher indefesa. Desarmada. Essas palavras estavam atormentando Jeaic cada vez mais, sufocando-o em sua própria culpa. Sua vontade era de imediatamente contar a vontade a todos, mas esse pensamento já lhe ocorrera há pouco tempo e ele o havia abandonado com o pouco de sensatez que ainda lhe restava.

O grupo vagou por cerca de duas horas até que um dos homens anunciou que voltaria à cidade, contagiando os outros, sedentos pelo aconchego de seus lares.

— Vamos, Liam, vai ver, ela está nos esperando na cidade com cara de cretina, nos perguntando o porquê desse alvoroço todo. Juro que lhe darei um tabefe, não antes de dar um naquela vaca da Tríona.

Liam sorriu ao imaginar a cena descrita por Phil, também exausto pela busca infrutífera. Teve de concordar e voltar com os outros para a cidade. Jeaic mantinha-se calado, alheio a tudo, rezando para que aquilo passasse, que Tara fosse esquecida e que logo todos seguissem com suas vidas. Se assim não fosse, enlouqueceria com certeza.

O grupo regressava em direção a Vill of Michel e logo adentravam as ruas da pequena cidade. Estacaram diante de uma multidão. O aglomerado de pessoas abria alas para alguma coisa, como uma grande massa orgânica que se partia. Liam apressou o passo, ultrapassando seus companheiros de busca. Jeaic e Phil o seguiram.

Logo todos visualizaram a razão daquela multidão.

Dois homens carregavam um embrulho grande, comprido e encurvado, enrolado em um lençol branco ensangüentado.

Jeaic gelou.

Sentiu que seu coração subitamente parara de bater. Ao longe, viu Póla, no meio da multidão, encarando-o com olhos apavorados. Jeaic sentiu náuseas.

Os dois homens colocaram o embrulho no chão e desembrulharam-no.

Era o corpo sujo de terra e sangue de Tara.

Já era quase manhã. O céu já clareava. A capela fora o local escolhido para a reunião, para aquele interrogatório. Havia cerca de cinqüenta pessoas ali dentro e as portas estavam fechadas. No centro do altar, as duas crianças estavam sentadas em duas cadeiras de madeira, e em pé a seu lado estavam o padre, Liam, Póla, dois outros homens e Últan; o resto da multidão, inclusive Jeaic e Phil estava a uma certa distância, apenas observando.

— Vamos, crianças, expliquem mais uma vez como encontraram o corpo de Tara — disse Últan inquisidoramente.

Owen estava emburrado por aquilo tudo e Brianna estava encolhida em seu assento, amedrontada.

— Nós já falamos o que aconteceu! — disse Owen asperamente.

— E nós estamos dizendo para repetirem a história!

Owen olhou para Brianna. Não podia negar nem para si mesmo que estava tão intrigado quanto todos ali sobre como Brianna acabara descobrindo onde estava o corpo. Mas sabia que ela se complicaria se ele não a ajudasse.

— Já disse. Eu chamei a Brianna pra ajudar a procurar por Tara e nós entramos sozinhos no bosque, então nós vimos manchas de sangue, vimos a neve remexida, suja de terra e fomos chamar ajuda.

— Os homens que foram até o local indicado por vocês não se lembram de ter visto nenhuma gota de sangue — disse Últan com o olhar frio encarando os destemidos olhos azuis de Owen.

— Isso é verdade — disse um dos homens ali em pé. — Quando chegamos, a menina estava apontando para a neve e dizendo que a mulher estava lá embaixo. E não havia sangue algum.

— Se meu filho diz que havia sangue naquela maldita neve, então havia sangue! Se vocês não prestaram atenção, azar o de vocês! — as bochechas coradas de Liam estavam mais rubras que nunca. — Por que diabos essas crianças mentiriam, e como diabos saberiam que o corpo estava lá?

— Olhe a língua, Liam, está na casa de Deus — repreendeu o padre. — É exatamente isso que queremos descobrir, entre nós, representantes de Vill de Michel, antes de envolver as autoridades. — E dirigindo-se a Owen: — Filho, você jura pela sua alma, aqui, na casa do Senhor, sob a pena de que sua alma queime no inferno eternamente se estiver mentindo, que foi exatamente o que você contou que aconteceu?

Owen estremeceu. Aquilo era sério demais. Se mentisse, queimaria no inferno. Mais uma vez olhou para Brianna. Não fora aquilo que acontecera. Não. Eles não entenderiam se ele falasse a verdade.

Quando penetraram no bosque procurando por Tara, Brianna ficou estranha depois de alguns minutos de busca; a menina não mais o ouvia, revirou os olhos e desmaiou. Ele tentou acordá-la, mas ela parecia apenas fora de si, não desacordada; ele a chamou em desespero, imaginando o pior:

— Acorde, Brianna, por favor, acorde!

Brianna não lhe respondera, nem nas vezes seguintes em que a chamou. Ele estava prestes a sair à procura de ajuda, quando ela se levantou, saiu correndo em uma direção qualquer enquanto ele lhe seguia gritando por seu nome; depois de alguns minutos, ela parou ao lado de uma árvore, olhou para o chão e disse com toda a convicção do mundo:

— Tara foi enterrada aqui.

Agora na igreja, Owen sabia que ninguém aceitaria aquela hipótese de que ela entrara em um transe e o levara até o cadáver. E se a aceitassem, a acusariam de bruxaria.

O padre aguardava sua resposta.

Se dissesse a verdade, seria o fim de Brianna; se mentisse, seria seu fim. Tomou sua dura decisão:

— Juro pela minha alma, reverendo.

Houve um burburinho geral. O padre pediu silêncio.

— Já que o garoto jura na casa do Senhor, não restam dúvidas — o padre virou-se aos dois homens chamados pelas crianças para desenterrar o corpo. — Vocês estavam ansiosos demais e não viram o sangue.

— Mas se eles não viram o sangue, ele deve ainda estar lá — disse Últan para a multidão.

— Vocês não enxergam o que estão fazendo, seus imbecis? — a voz de Phil trovejou na capela. — Estão preocupados com quem encontrou o corpo, quando na verdade deveriam se focar em quem pôs o corpo lá em baixo!

Nova balbúrdia.

— Ele tem razão — finalmente falou Jeaic. — Essas duas crianças não assassinaram e enterraram o corpo de Tara a quase dois metros de profundidade.

Quando Jeaic se calou, percebeu a extrema burrice que acabara de proferir em seu desespero desmedido: havia dito a profundidade do buraco, mesmo que ninguém houvesse dito tal informação. Devia ser seu dia de sorte ninguém ter prestado atenção àquele ínfimo detalhe que poderia acabar lhe entregando. Póla parecia ignorá-lo, como se temesse que alguém notasse alguma coisa pelo olhar dos dois. Ele mesmo evitava encará-la, o tempo todo paranóico.

Resolveu tentar salvar sua pele:

—Talvez não tenha sido ninguém daqui, quem sabe foi um bandido nômade qualquer que tentou estuprá-la e depois a enterrou.

Foi Últan quem retrucou com veemência:

— Nenhum estuprador, bandido, saqueador que fosse de fora se daria ao trabalho de enterrar a vítima. Daria o fora da cidade sem se preocupar. Se o assassino se preocupou em acabar com os vestígios de seu crime, então...

— Só pode ser alguém daqui... — completou Liam chocado com a própria conclusão.

Jeaic gelou. Póla gelou. Faziam um esforço sobre-humano para tentar não transparecer seu medo.

Tirando o fato de que acabara de condenar sua alma, Owen estava mais tranqüilo; pelo menos ninguém mais se preocupava com eles. Brianna estava a salvo. Ao olhar para a menina, viu-a com o olhar distante, fixo no nada; um olhar triste e preocupado.


 

Será que descobrem que foram eles?

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