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Um - Mordida do Diabo

Condado de Tipperary, Irlanda

Ano de nosso senhor de 1450

De onde estava, era possível ver o imponente castelo de Cashel, sobre o rochedo Cashel. Àquela hora da manhã, naquele cenário verdejante incrível, o castelo parecia ainda mais majestoso, como se fosse possível. Brianna estava sobre uma colina, ao lado de sua mãe, Aisling. Ela era uma mulher linda. Enquanto Brianna tinha cabelos loiros e olhos verdes marcantes, Aisling tinha cabelos pretos e olhos azuis. A garotinha olhava para o belo sorriso dela; um sorriso radiante e protetor.

— Está vendo este rochedo enorme sob o castelo, querida?

— Sim. O que tem?

— Há uma lenda sobre ele. Um pouco distante daqui há uma montanha chamada Pedaço do Diabo ou Mordida do Diabo.

Brianna arqueou as sobrancelhas.

— Do Diabo?

Aisling sorriu.

— Sim. É uma montanha bem grande com uma lacuna no meio. A lenda diz que o Diabo deu uma mordida na montanha, por isso ficou faltando um pedaço, e daí o nome da montanha.

— Nossa! Mas o que essa montanha mordida tem a ver com esse rochedo?

— Dizem que o Diabo cuspiu o pedaço da montanha aqui em Cashel, que se tornou o rochedo onde o castelo foi construído. Outros dizem que o rochedo são as fezes do Diabo depois de engolir o pedaço da montanha.

Brianna olhou para o rochedo, fazendo cara de nojo.

— Eca!

Aisling riu.

— Venha, querida. Vou lhe mostrar algo incrível!

Mãe e filha desceram a colina de mãos dadas, indo em direção ao bosque. Ficava a quinhentos metros dali, do outro lado da estrada. Assim que adentraram os grandes carvalhos que constituíam a maior parte da mata, seguiram por uma estreita trilha. Brianna estava curiosa, embora confiasse plenamente em sua mãe. Após alguns minutos, atravessaram um belo riacho de água cristalina, levantando os vestidos para não molhares.

— Agora vou fechar seus olhos. Vai ser uma surpresa.

Brianna sorriu, achando aquilo muito divertido e Aisling tapou seus olhos, caminhando com cuidado por alguns metros. Quando finalmente pararam, os olhos de Brianna ficaram livres para ter aquela visão extraordinária.

Jamais esqueceria.

— Nossa! — conseguiu sussurrar, com os olhinhos verdes varrendo a paisagem à sua frente.

Havia centenas de borboletas azuis pousadas nas árvores ou simplesmente sobrevoando o local. Alguns troncos e árvores estavam repletos delas, cobrindo quase completamente sua extensão. Algumas borboletas aventuraram-se a pousar nas duas intrusas maravilhadas com toda aquela beleza.

— Que lindo!

— É uma colônia de borboletas — explicou a mãe satisfeita com o deslumbramento da filha. — Elas se reúnem para se acasalar e migram à procura de um clima ameno.

— Acasalar?

— Ter filhos — sorriu Aisling embaraçada.

— Então você me acasalou? — perguntou intrigada

Aisling riu novamente da inocência de Brianna. Temeu que ela continuasse seu questionário, mas por sorte, estava entretida demais com as belas borboletas. A menina correu com os braços abertos, esvoaçando os insetos. Estava maravilhada.

— Dizem que quando nós morremos, nos tornamos borboletas.

Sua mãe já lhe explicara o que significava morrer, mas ainda não tinha dito aquilo a ela.

— Então quando a gente morrer vai virar borboletas? — o tom era de alegria por aquela possibilidade.

— Sim, filha. Vamos nos tornar borboletas — sorriu perante a ingenuidade da garota sobre vida e morte.

— Mas a senhora disse que quando morrermos vamos para o paraíso.

— Claro que sim. Vamos virar borboletas e ir para o paraíso, mas só se formos bons durante nossa vida aqui. Caso formos maus, vamos virar mariposas e ir para o inferno.

Brianna fez uma careta. E odiava mariposas. A mãe também explicara o que era inferno.

— Tem borboletas como essas lá?

— Sim. Várias. De todas as cores que você imaginar. Todas juntas em um mesmo espaço. Um lugar ainda mais deslumbrante que esse. Muito mais.

Brianna ficou pensativa por um tempo, então disse:

— Mamãe, eu posso morrer para virar uma borboleta?

Sua mãe ficou séria de repente. Pegou-a pelos ombros suavemente e disse-lhe, olhando-a nos olhos:

— Isso vai levar um tempo. Muito tempo. E você precisa me prometer que vai fazer de tudo para que demore o máximo possível. Vai viver não importa o que aconteça. Promete?

— Sim. Prometo — Brianna sorriu e sua mãe não teve outra opção a não ser se derreter toda e sorrir também.

— Vamos, vamos embora.

— Me deixe ficar só mais um pouquinho, por favor...

Ela deixou. As duas ficaram contemplando aquela paisagem maravilhosa, aquele milagre da natureza.

Que durou até que Brianna acordasse.

Era só mais um sonho; só mais uma recordação. A realidade para ela tornara-se um terrível pesadelo do qual ela só escapava quando dormia. Estava no seu quarto, no quarto de sua tia Coleen. Sua mãe não estava mais lá ao seu lado para protegê-la. Suicidara-se há um ano. Tudo que a confortava era que sua mãe tinha se tornado uma borboleta e estava no paraíso. Brianna era jovem e inocente demais para entender o que era o suicídio, tirar a própria vida... Mas depois desse ocorrido, passou a entender muito bem o significado da palavra "sofrimento". Sua tia era uma camponesa cruel, mesquinha, autoritária. Adotou-a quando a irmã se matou e passou a tratá-la como uma escrava e muitas vezes menos que um animal. Mandava-a fazer tarefas duras, mesmo que Brianna tivesse apenas sete anos de idade. Mesmo assim Brianna era meiga, delicada e extremamente ingênua; nem os maus-tratos de sua tia tiravam sua pureza infantil.

— Brianna! — sobressaltou-se ou ouvir o grito da tia e as batidas fortes na porta de madeira.

— Acordei, tia!

— Pois trate de se levantar, sua bastarda! A vaca não vai esguichar leite na nossa mesa, alguém tem que fazer isso por ela!

Ouviu os passos da megera se afastando. Levantou-se rápido, correndo até a cozinha para pegar um balde. Era uma casa relativamente grande com relação às outras no vilarejo. Na realidade, nenhuma era realmente grande; eram feitas de madeira e cobertas de palha, todas não passavam de casebres. A Casa de Coleen situava-se em um dos extremos do vilarejo, onde o terreno era maior. Andou até o quintal com o balde para ordenhar a vaca, presa por uma cerca de madeira.

— Bom dia, vaquinha — Brianna cumprimentou a vaca colocando o balde sob suas tetas e ordenhando-a.

Minutos depois ela e Coleen estavam sentadas ao redor da mesa de madeira da cozinha tomando o café da manhã que consistia em leite e pão. As duas comiam silenciosamente, quando uma borboleta azul entrou pela janela e sobrevoou a mesa. Brianna olhou maravilhada para o inseto, mas então notou que sua tia levantava-se com a sandália em mãos; ao prever a intenção de Coleen, Brianna gritou:

— Tia, não!

Tarde demais. Coleen esmagara a borboleta contra a parede, depois olhou furiosa para ela.

— Por que gritou comigo, sua retardada?

— É só uma borboleta. Não faz nenhum mal...

— É a porcaria de um inseto, assim como você.

— Não. Mamãe me disse que quando a gente morre vira borboleta e vai para o paraíso.

Coleen deu uma gargalhada maldosa.

— A inútil da sua mãe disso isso? Pois quer saber para onde ela foi? Pro inferno! É para onde vão os suicidas!

— Não é verdade! — as lágrimas encheram os olhos da garota. — Mamãe está no paraíso!

Coleen pegou o copo de leite e jogou o líquido no rosto de Brianna. Agarrou-a pelos cabelos e gritou na sua cara:

— Escuta aqui, sua pirralha maldita! Eu acolhi você, te dou comida e abrigo e em troca você me deve respeito! Se voltar a levantar a voz pra mim desse jeito vai se arrepender de ter nascido! Agora fora daqui! Vai pro seu quarto! Vai ficar sem comer pelo resto do dia para aprender a ter boas maneiras!

Naquele dia Brianna realmente ficou sem as outras refeições e dormiu com fome, depois de chorar copiosamente. Claro que sua mãe estava no paraíso, pensava. Ela não mentiria para ela. Sua mãe estava com as borboletas... Não queria acreditar que sua mãe se transformara em uma mariposa e fora para o inferno, como sua tia dissera.


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