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Treze - Cobras


O ruído característico de cobras ecoava na escuridão; fossem suas línguas bifurcadas dançando no ar ou o som na terra feito enquanto se arrastavam. A primeira reação de Brianna foi de correr, mas nas trevas em que estava, aquela não era a melhor opção. Ficou então imóvel, com a impressão de que seus joelhos tremiam mais que os guizos das cobras.

Sentiu a pele escorregadia de uma delas roçar seu pé. Teve vontade de gritar.

Mas estava petrificada de medo. Sentiu novamente o réptil passar por ela, desta vez, passando sobre seu pé esquerdo e roçando no calcanhar do direito. Respirou fundo várias vezes seguidas, como se o ar estivesse lhe escapando. O pânico parecia crescer e tomar conta da menina cada vez mais, chegando a um nível insuportável.

Brianna gritou. O grito fino ecoou pela caverna.

Então silêncio.

Brianna não sentiu nenhuma mordida e não conseguia mais ouvir o barulho das serpentes.

— Silêncio, menina! — ouviu uma voz feminina à sua frente dizer, reverberando logo em seguida. Então uma chama foi acesa. A princípio um ponto mínimo de chamas, que foram crescendo rapidamente, até iluminarem todo o ambiente.

Quem segurava a tocha era uma mulher de meia idade, cabelos desgrenhados, usando roupas sujas, descalça, com olhos azuis profundos e espantados. Era magra, o que era acentuado pelo volume de seu cabelo. As chamas revelaram um espaço enorme atrás dela, de teto baixo e íngreme, que em poucos metros estendia-se ainda mais para baixo, onde o fogo não alcançava; mostrando quão grande era a caverna adiante. O espaço em que as duas estavam era menor, de cerca de cinco metros de largura por dois de altura.

As cobras — seis ao todos, de espécies diferentes — rastejavam em direção à mulher, que não se alardeou.

— O que veio fazer em meu esconderijo? Como veio parar aqui? — a mulher falou com firmeza embora mantivesse o olhar preocupado.

— As cobras vão atacar você!

— São minhas cobras. Não vão me fazer nada. Como veio parar aqui? — as cobras aninharam-se próximo à mulher, e uma delas, uma longa e cinza, subiu em espiral pela sua perna.

Brianna ficou fascinada com aquilo.

— Elas são mansinhas?

— São letais, mas não comigo. Como veio parar aqui? — impacientou-se.

— Eu estava fugindo de um... eu esqueci o nome. Era grande como um urso — tentava lembrar-se da descrição de Marduk.

— Um lobisomem? — a mulher não parecia surpresa.

— Isso mesmo! — lembrou-se do termo.

A mulher olhou para o buraco do declive atrás da menina e deduziu que caíra por ali.

— Deveria ter devorado você. Com quem estava?

Brianna lembrou-se da bronca de Marduk sobre não contar a ninguém sobre ele.

— Estava sozinha — sentiu que sua voz saía de forma estranha; não era acostumada a mentir.

— Estava lá fora naquele frio sozinha? Acha que vou acreditar nisso? Onde estão seus pais? É uma armadilha, não é? Estão usando adultos em miniatura agora — a mulher falava inquisitivamente, cerrando os dentes de raiva.

— Eu falo a verdade, senhora. Também está sozinha?

A mulher foi pega de surpresa. A menina falara com uma um olhar tão condescendente e triste, que por um instante, ficou abalada em sua convicção de que se tratava realmente de algum tipo de emboscada.

— Você realmente veio até aqui sozinha?

— Nunca estou sozinha. Minha mãezinha está comigo.

— Onde ela está? Lá fora, na neve?

— Não, ela está no paraíso.

A máscara de desconfiança e arrogância da mulher desapareceu completamente. Ela transformou seu olhar acusador em um complacente e misericordioso.

— Oh, menina! Venha cá... — ela agachou-se, abrindo os braços.

Brianna hesitou por um momento e a mulher sorriu, entendendo o porquê. Pegou a cobra de dentro das vestes e a pôs no chão. Todas se afastaram para um buraco na parede. A menina então correu para os braços da mulher.

Foi um abraço forte de uma criança carente e solitária. Uma indigente em um mundo cruel e impiedoso. A mulher sentiu um aperto no coração. Seus olhos encheram-se d'água. Não havia como não acreditar na menina por mais absurda que fosse sua história.

— Como se chama?

— Brianna.

— Lindo nome, Brianna. O meu é Clodagh. Venha comigo. Vou apresentá-la a alguém — pegou Brianna pela mão e a acompanhou pela parte que se estendia da caverna. Guiou-a até uma estradinha suspensa em uma parede rochosa. — Não olhe para baixo.

A tocha iluminava um perímetro pequeno, mas já era suficiente para dar uma idéia da vastidão daquele lugar. De um lado da estradinha, a parede, da outra, um abismo cujo chão a chama não alcançava. Brianna obedeceu Clodagh não olhando para baixo, mas estava com medo da altura. No teto era possível se ver as estalactites apontando para baixo como espinhos de pedra, e entre elas, silhuetas assustadoras de inúmeros morcegos; as paredes continham musgo que se alargava até o chão da estradinha.

Pouco a pouco foi possível se ver o chão da caverna repleto de rochas, musgo, alguns arbustos e um lago de água cristalina. Essa parte da caverna compreendia um complexo de galerias, como um labirinto.

Na beira do lado estava uma outra mulher esperando por elas; esta, bem mais jovem que Clodagh.

— Era apenas uma menina, Fiona.

— Eu ouvi toda a conversa, mamãe. Difícil não ouvir nessa gruta — falou sorrindo para Brianna. — Eu sou Fiona, filha dela.

Brianna retribuiu o sorriso.

— Vocês se parecem.

— Bondade sua, Brianna — disse Clodagh. — A Fiona é uma versão minha bem mais jovem e bonita.

— Modéstia sua, mamãe. Sabe bem que é muito bonita. Com sede, Brianna? — disse apontando para o lago. — é bem limpo.

Brianna acenou com a cabeça e agachou-se na beira do lago, apanhando água com as mãos em concha e em seguida bebendo.

— Pode acender os archotes, filha. Não há perigo algum.

Fiona assentiu e fez um gesto com as mãos.

Alica incendia!

Uma chama formou-se na ponta de seu dedo e com um gesto seu, percorreu pontos específicos da caverna, acendendo dezenas de archotes de ferro presos às paredes ou ao chão.

Brianna assistiu aquilo maravilhada.

— Como fez isso?

— Mágica.

— Você me ensina?

Mãe e filha riram. Agora era possível se ter uma visão mais ampla da caverna, e tal visão era assustadora para Brianna pela sua magnitude. Viu um canto da caverna onde havia agasalhos. A menina não demorou a deduzir:

— Vocês moram aqui embaixo?

— Nos escondemos — corrigiu Fiona. — De gente muito má. Não aceitam gente como nós lá fora.

— E fariam coisas terríveis se nos encontrassem — Clodagh disse com mágoa. — Somos bruxas.

A palavra não era estranha a Brianna. Fora acusada de ser aquilo simplesmente por conhecer Marduk.

— É um crime ser bruxa?

— Para a religião deles, é. Qualquer coisa que não tenha a ver com o deus deles é motivo para a morte — disse Fiona com um olhar frio para o nada.

— Mas não precisa se preocupar, Brianna. Vamos cuidar de você.

— Como vocês comem aqui?

Clodagh deu um sorriso para Fiona e fez um gesto com a mão. Uma fumaça negra formou-se em sua mão bruxuleando, então deu lugar a uma coxa de frango assada. Brianna arregalou os olhos.

— Tome. Deve estar faminta.

Brianna tomou o frango das mãos de Clodagh e deu uma mordida, mastigando de olhos fechados, saboreando-o.

— É real! — disse de boca cheia.

— É mágica. Feitiço de conjuração básico. Esse frango veio de um castelo aqui próximo.

— Mas como é que isso é possível?

— Eu me concentro na comida que eu quero, ou no objeto que seja. Pode ser específico ou apenas a idéia. O feitiço percorre uma distância enorme para trazer até mim.

— Nossa! — primeiro veio a admiração, depois uma idéia. — Vocês podem trazer um... animal?

— Temos que ter em mente o animal, caso seja um em particular. Quer trazer algum animal de estimação?

Brianna desanimou-se. Elas provavelmente nunca tinham visto Marduk, portanto não poderiam trazê-lo. Voltou a preocupar-se com seu amigo; e se o lobisomem o tivesse devorado?

— Você precisa descansar, menina. Deite-se ali, onde há agasalhos o bastante para nós três.

De fato Brianna estava cansada, mas não conseguiria dormir pensando em se pobre amigo lá fora sendo perseguido por um lobisomem cruel. Mesmo assim obedeceu Clodagh e foi deitar-se sobre os panos e embrulhar-se. As duas feiticeiras afastaram-se um pouco para deixarem a garota em paz, então foram conversar baixinho.

Graças ao eco, Brianna foi capaz de ouvir os sussurros reverberantes das duas:

— Tem certeza de que ela não foi enviada pelos Arcanis, mamãe?

— Nenhum bruxo do clã é tão poderoso. Não há magias tão realísticas. Eu vi a dor no olhar da menina. Eu senti.

— Mas e esse Filho da Lua que ela citou? O que eles fazem na região? É território dos Domus Mortem.

— Deve ser alguma matilha mercenária, ou apenas um nômade. Provavelmente nem sabe onde está pisando. Os Domus Mortem exterminam todos os Filhos da Lua, sem diplomacia.

— Mas o que me preocupa são os Arcanis. Se eles souberem que estamos vivas... Somos procurados tanto por eles quanto pelos inquisidores... — Fiona teve um arrepio só de imaginar o que os notívagos fariam com elas se as encontrassem. Além de fugirem de seu clã, o que era expressamente proibido, haviam matado o vampiro que as acompanhara na sua missão em que fugiram para que ele não as rastreasse.

— Estamos seguras aqui, Fiona.

— Como seguras, mamãe? A menina veio parar aqui por acidente. Algum notívago também pode para se refugiar do sol.

— Sabemos lidar com lâmias.

— Vai mandar cobras morderem eles?

— O que você espera que nós façamos?

— Pedir proteção dos Domus Mortem.

— Eles são aliados dos Arcanis.

— De alguma casta de lobisomens então. Eles estão em guerra com o Domus Mortem, e como eles são aliados do Arcanis...

— Aqueles cães selvagens não nos dariam abrigo; vão achar que estamos tentando nos infiltrar e por via das dúvidas nos matarão. E além do mais, filha, lembra do porquê de nós fugirmos dos Arcanis?

— Éramos abusadas e não tínhamos liberdade.

— Se nos unirmos a qualquer outro clã, a situação vai se repetir.

As duas ficaram em silêncio.

— Por quanto tempo mais ficaremos nessa caverna, mamãe?

— Sair agora e sair em uma década não vai mudar nada. Os lâmias não envelhecem, nem esquecem uma traição. E você sabe qual a pena de traição de um clã, especialmente se você é humano...

— Então vamos viver aqui embaixo para sempre?

— O mundo lá fora não nos pertence, filha. Somos caçadas como animais pelos homens e pelos lâmias. Nunca seremos aceitas. Aqui, pelo menos temos uma à outra e estamos seguras...

— Isso é aterrorizante, mamãe. Uma prisão eterna...? Não veremos mais ninguém? Viveremos como os lâmias, nas trevas?

— Pelo menos somos livres. E não estamos tão sozinhas; nós temos a menina agora.

— E por falar nela, o que faremos com ela?

— Ninguém pode saber que estamos aqui, Fiona...

Fiona entendeu o recado. Baixou a cabeça, amargurada.

— A menina não tem mãe. Podemos ser como mãe e avó para ela. Ela viverá segura do mundo lá fora... Apenas nós três...

— Espere... ouviu isso?

— O quê?

As duas levantaram, indo em direção a onde Brianna estava deitada.

— Onde ela está? Brianna? Brianna!

O único som que ouviu foi o eco de sua voz.

— Ela ouviu nossa conversa! Rápido, vamos procurá-la! Ela não pode sair daqui em hipótese alguma!

Separaram-se rumo a galerias diferentes.


  

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