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Dezessete - Urso


Ano de nosso senhor de 1450

35

— Você deve ter perdido a cabeça, Liam! Santo Deus, de onde tirou a idéia de trazer essa garotinha para casa?

Brianna estava no quarto de Owen, sentada ao lado dele, ouvindo a discussão dos pais do garoto na sala.

— O que queria que eu fizesse, mulher? Abandonasse essa criança para morrer no frio?

— E ao invés disso a traz para casa? Nós quase não temos condições de sustentarmos a nós mesmos, aí você arranja mais uma boca!

— Onde está seu coração, mulher? Congelou junto com a neve?

— Ela não é problema nosso!

O pequeno Owen estava envergonhado ao lado de Brianna. Mal tinha coragem de olhar para ela; imaginava que sua mãe fosse reagir daquela forma, mas não sem nenhuma educação, em voz alta e de maneira tão ríspida.

— Sua mãe não gostou de mim — murmurou a menina.

— Não importa. Meu pai e eu gostamos.

— Não quero que briguem por minha causa. Eu devo ir embora.

— Embora para onde?

Atrás de minha mãe, pensou Brianna. Mas como conseguiria sem a ajuda de Marduk? A porta do quarto abriu-se e Liam apareceu com um sorriso envergonhado, que acentuava ainda mais o enrubescimento das bochechas.

— Não se preocupe, Brianna. Póla está apenas um pouco irritada hoje, mas logo passa. Você vai ver como ela é uma pessoa amigável. Deixe-a se acostumar com a idéia.

Brianna deu um sorriso triste, desesperançoso. Liam não conseguiu dizer mais nada e se retirou do quarto cabisbaixo.

A família morava em uma residência simples, parecida com a que Brianna vivera com sua tia em Tipperary. No centro da sala havia um círculo de pedra onde uma fogueira ficava sempre acesa e o teto era alto o suficiente para evitar um acidente. Liam era um lenhador, e Póla, uma camponesa. Póla Wise não tinha um rosto muito atraente, mas não chegava a ser feia; seu corpo, por outro lado, era cheio de curvas e seus seios eram abundosos. Havia alo nela que lembrava em Brianna sua tia Coleen, embora fisicamente as duas não se parecessem em nada.

Vill of Michel parecera agradável a Brianna. As pessoas eram simples e trabalhadoras, e aparentavam ser gentis. A maioria das residências era de cabanas de madeira humildes, mas bem trabalhadas, conferindo à cidade um aspecto aprazível, mesmo que parcialmente coberta de neve. O lugar era cercado por uma cerca de madeira pontiaguda de grossos troncos, com uma torre de três metros na entrada, com uma cabine de observação. Os primeiros dias no povoado foram difíceis para Brianna; primeiro pela dificuldade de adaptação àquela nova vida, depois pela saudade que sentia de seu amigo Marduk. Mas a menina encontrou em Owen uma nova amizade.

Owen era um bom menino; gostava de ajudar os pais, era solícito e educado. Sempre que podia, tentava dar atenção a Brianna, oferecia-se para mostrá-la os locais da cidade, como as fazendas, o jardim murado, os estábulos e um viveiro de peixes. Owen mostrou-lhe também as ruínas do monastério de Brigown, construído sobre uma colina. Era uma imponente construção de pedra. Brianna foi também apresentada aos amigos de Owen, todos na faixa de idade dos dois. As crianças também eram legais com a forasteira e sempre a incluíam nas brincadeiras na neve. Algumas vezes iam para o velho monastério brincar de se esconder e procurar. Quando nevava, Brianna e Owen ficavam reclusos em casa, enquanto o garoto lhe contava as velhas lendas da cidade:

— Dizem que na floresta aqui ao lado existem monstros peludos enormes com garras e presas afiadas — enquanto contava, o menino era performático, imitando os dentes com os dedos, para conferir mais realidade à sua narrativa.

Brianna ficou assustada imediatamente. Lembrou-se da criatura terrível que a perseguira, o lobisomem. Encolheu-se nas cobertas, para a alegria de Owen, satisfeito por conseguir assustá-la.

— Algumas pessoas dizem que esses monstros parecem humanos, só que bem maiores, com aspecto parecido com o de um lobo. Ora ficam em pé, ora correm nas quatro patas... Ninguém até hoje sobreviveu ao encontro com uma fera dessas.

— Então como é que você sabe?

— Me contaram, ora.

— Mas você disse que ninguém sobreviveu...

— Tudo bem, alguém deve ter sobrevivido então. Pergunte ao papai — disse irritado por ser contrariado, como se pego em uma mentira.

Brianna sorriu por deixar Owen desconcertado. Mas ela sabia que aqueles monstros eram reais; só não contaria nada a ele.

— Owen...

— O que foi? — disse educadamente, mas ainda aborrecido.

— Seus pais são o que meus agora? Tios?

Ele pensou por um momento, então respondeu:

— Provavelmente são seus pais também.

— Meus pais?

— Sim.

— Mas eu já tenho uma mãe.

— Você disse que ela tinha morrido...

— Sim, mas continua sendo minha mãe. Ela apenas está no paraíso, transformada em uma borboleta.

— Borboleta? Que bobagem! As pessoas não viram borboletas.

— Viram sim, quando morrem.

— Quem te disse isso?

— Minha mãe.

— Mas ela já morreu. Como ela te disse?

— Antes de morrer, claro.

— Ah...

Ficaram em silêncio por um momento.

— Você se lembra dela?

— Claro que sim. Sempre sonho com ela também. Ela era a mulher mais bonita do mundo!

Owen se constrangeu por estar tocando naquele assunto. Resolveu ficar calado por um momento.

— Então quer dizer que somos irmãos? — indagou Brianna.

Ele ponderou por um segundo e assentiu.

— Faz sentido. Sou sim seu irmão.

— Eu nunca tive um irmão...

— Nem eu.

Póla nunca olhava Brianna nos olhos. Não a destratava ou humilhava, mas agia como se ela não existisse. Na hora do jantar à mesa, o constrangimento era constante; por mais que Liam tentasse deixar o clima mais agradável contando coisas engraçadas de seus amigos lenhadores, a indiferença de Póla sempre predominava. E todos em algum momento ficavam em silêncio até que acabasse a refeição.

Uma manhã, Brianna resolveu que falaria com Póla. Queria descobrir por que ela não simpatizava com ela. A mulher estava de saída, com duas cestas enormes nos braços. Com o inverno rigoroso, não havia muito que se fazer no campo. Os camponeses tinham outras ocupações, como trabalhar nos estábulos e nos mercados ou caçando na floresta.

— Dona Póla...

Póla surpreendeu-se por a garota ter acordado tão cedo. Antes até que Liam. Olhou-a com o cenho franzido, esperando que dissesse o que pretendia.

— Eu fiz algo de errado com a senhora?

Póla não esperava por aquilo; ficou sem jeito.

— Não, não fez nada de errado.

— Então por que a senhora não gosta de mim?

— Quem disse que não gosto de você?

— Ninguém. É que a senhora nem fala comigo...

— Foi o Liam quem disse pra você falar comigo? — perguntou irritada.

— Não — balançou a cabeça.

Póla a encarou inquisitivamente.

— Eu não quero você em minha casa — disse, por fim.

— Quer que eu vá embora?

— Sim, quero. Eu e Liam não temos condição de sustentar mais uma criança.

— Mas eu posso trabalhar para ajudar. Minha tia me fazia trabalhar sempre. Eu posso limpar a casa enquanto a senhora trabalha, ou ajudá-la no trabalho...

Póla ficou sem reação. Sua expressão carrancuda desapareceu, enquanto olhava desconcertadamente para a menina. Pela primeira vez notou os verdes e brilhantes olhos umedecidos naquele rosto angelical.

— Eu preciso trabalhar — saiu apressadamente carregando suas cestas.

Naquele mesmo dia, à noite, na hora do jantar, os quatro comiam calados, quando Póla quebrou o gelo:

— Gostou da comida, Brianna?

— Sim, muito. Está uma delícia.

Liam e Owen se entreolharam, completamente surpresos. A partir dali, o clima mudava completamente. Algo nas palavras de Brianna fez Póla repensar bem sobre suas atitudes e tratar a menina de uma forma diferente. Pouco a pouco a mulher ia se acostumando com a idéia de ter uma filha ilegítima, e além do mais, ela não dava tantas despesas.

Aos poucos, Brianna foi conhecendo seus vizinhos que vez ou outra visitavam a casa deles. Havia os amigos lenhadores de Liam: Phil, um gorducho careca de braços fortes e Jeaic, um homem musculoso de cabelos curtos e ruivos. Reuniam-se para beber e conversar; e também as amigas de Póla: As camponesas Tara, Seona e Tríona e a esposa do carpinteiro, a simpática Sive; eram mulheres prosaicas, acostumadas a uma vida de trabalho, que reuniam-se para conversar e falar mal dos maridos, seu passatempo preferido.

Jeaic era o amigo mais próximo de Liam e o que mais freqüentava a casa. Brianna foi com a cara dele assim que o conheceu; o ruivo além de simpático era engraçado, e parecia agradar também a Póla, que sempre ria de seus comentários cômicos. Certa vez levou Brianna e Owen para passear na floresta, fora dos limites da pequena cidade. Era uma manhã um pouco mais aquecida que o normal, embora a neve estivesse por toda a parte.

— Eu trouxe vocês aqui por um motivo — disse ele, ficando sério de repente.

Owen olhou para Brianna, e ambos encararam assustados o lenhador, que sorria diabolicamente. Então Jeaic agachou-se, apanhou dois punhados de neve e lançou nos dois, atingindo-os em cheio.

— Guerra de neve! Um ponto pra mim! — gritou correndo deliberadamente devagar, para deixar que as crianças o alcançassem. Ambas sorriam, agora refeitas do susto, fazendo pequenas bolas de neve para perseguir o adulto brincalhão.

Ficaram por cerca de vinte minutos perseguindo-o e lançando-o bolas de neve, às vezes fugindo da "fúria" dele, procurando esconderijos para se defenderem. Esconderam-se atrás de uma pequena elevação de terra, onde havia uma bifurcação abobadada. A entrada era tão baixa que para entrar eles teriam que se agachar um pouco, mas era larga o suficiente para os dois passarem lado a lado.

— Uma pequena caverna! Vamos nos esconder aqui!

A proposta de Owen não agradou Brianna. Não tinha boas recordações de cavernas.

— Onde estão vocês, seus pestinhas? Não sabem o que os aguarda quando eu os encontrar. Por enquanto vocês estão ganhando porque sou alto e fácil de acertar e vocês são nanicos e escorregadios como cobras! — dava um sotaque caricato à voz, para acentuar sua imagem de vilão.

Owen já se precipitava na entrada da bifurcação, segurando Brianna pelo braço.

— Vamos, ou ele vai alcançar a gente! — sussurrou.

— É melhor não. Pode haver cobras — outra memória que não lhe agradava nem um pouco.

— Não seja medrosa...

Owen calou-se repentinamente. Ouviram um som estranho vindo de dentro da pequena caverna. Parecia uma respiração pesada. Deu um passo com cautela para trás, ainda segurando Brianna, enquanto ambos olhavam para dentro, assustados.

Então veio o rugido.

— Corra, Brianna!

As duas crianças já corriam com todas as forças, enquanto uma fera peluda emergia das sombras da caverna: um urso pardo furioso. Era um adulto, de um metro de altura e quase dois de largura. Brianna tropeçou e caiu, virando-se indefesa para a criatura.

O urso arreganhou a boca e rugiu alto diante dela. Então se ergueu sobre as patas traseiras, ficando assustadoramente maior. As garras eram profusas e mortais.

Brianna gritou apavorada.

O urso continuava a ameaçar com seu rugido, pronto para atacar.

Uma bola de neve acertou o rosto do animal, que desviou a atenção da garota. Owen já se agachava novamente para apanhar mais um punhado de neve. O urso caiu novamente sobre as quatro patas, agora avançando ferozmente em direção ao menino.

— Ei!

O animal urrou ao receber uma forte pancada nas costas, e virou-se imediatamente. Jeaic segurava um pedaço de madeira e já atacava novamente o urso com extrema força, provocado a ira da fera, que avançou sobre ele.

— Fujam, crianças! — berrou, desviando-se de uma patada mortal do urso jogando-se no chão e rolando, levantando logo em seguida para correr do animal furioso que avançava velozmente.

— Vem Brianna! — gritou Owen ajudando-a a se levantar pela mão.

A menina ergueu-se ainda trêmula, correndo guiada pelo garoto. O urso e Jeaic haviam desaparecido da vista dos dois em uma ladeira. Os dois só pararam de correr ao chegarem às margens de um riacho.

— Você está bem, Brianna?

— Estou sim — respondeu arfante. Coração a mil. — E o Jeaic?

— O urso deve ter pegado ele...

— Não... Não pode! Ele deve ter escapado!

Owen abraçou Brianna, que sentia o impulso de chorar.

— Vamos chamar ajuda.

Já se haviam recomeçado a correr, quando ouviram a voz jovial de Jeaic atrás deles.

— Aonde vão, pestinhas? Ainda não acabamos a guerra!

— Jeaic!

As crianças correram em direção a ele e o abraçaram. Além de ofegante, seu braço estava sangrando.

— Vocês estão bem? Estão feridos?

— Não. Mas você está. Ele acertou você!

— De raspão, meu chapa. Não é um ursinho que vai derrubar o Jeaic aqui. Aliás, uma mamãe urso.

— Mamãe?

— Eu passei em frente à toca dela enquanto voltava e vi um filhotinho assustado saindo, procurando por ela, provavelmente. Além de proteger o território, estava protegendo a cria. Mas sorte que ninguém se feriu gravemente.

— Como conseguiu fugir dela? — indagou Brianna curiosa e feliz de tudo ter acabado bem.

— Eu a coloquei no colo e dei umas boas palmadas nela.

— Qual é, Jeaic! Fala a verdade! — disse Owen incrédulo.

— Na verdade eu dei uma surra nela com as mãos.

— Mentira. Ela engoliria você!

— Vocês falam demais! Vamos voltar para a cidade e contar a seus pais o que aconteceu.



Ao redor de uma fogueira, Jeaic contava a um grupo de moradores mais uma vez como heroicamente salvara as crianças do urso. Liam e Póla, que inicialmente haviam ficado bravos pela imprudência dele em levar seus filhos para a floresta agora já estavam extremamente gratos pelo ato confirmado por Owen e Brianna. Estes dois, aliás, divertiam-se relatando os fatos a seus amiguinhos em uma roda diferente da dos adultos.

Jeaic explicava que só conseguiu fugir da morte certa porque o urso caiu em uma vala após atacar e ele desviar-se. Levara antes uma patada de raspão do animal enquanto defendia-se dele com seu pedaço de madeira. Nada sério. Mas tinha de admitir que tivera grande sorte.

— Deus estava comigo. De que outra maneira eu sobreviveria?

Entre as crianças, Brianna apontava mais um herói.

— O Owen me salvou primeiro.

Todos olharam para ele, que enrubesceu.

— Eu?

— Você jogou bolas de neve nele quando ele ia me atacar, aí ele perseguiu você. Se o Jeaic não tivesse chegado, você ia morrer por minha causa.

— Ah, eu só estava protegendo minha irmã — disse encabulado.

As crianças começaram a ovacioná-lo, deixando-o ainda mais sem jeito. O loirinho de olhos azuis por fim deu um abraço em Brianna. A garota estava feliz naquele momento. Encontrara pessoas que se importavam com ela. Uma família de verdade.

Mas nem tudo era perfeito.


  

O que poderia dar errado?

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