V. 𝑶 𝒑𝒓𝒐𝒇𝒆𝒔𝒔𝒐𝒓
Olivia Benson
No dia seguinte, Fin e Amanda foram até a escola de teatro com o mandato para as filmagens, enquanto eu estava no escritório preparando a documentação necessária. De repente, uma ligação interrompeu meu trabalho, fazendo meu coração acelerar instantaneamente. Uma nova vítima havia sido encontrada, às margens do lago. Sem tempo a perder, levantei-me apressada da mesa, a urgência estampada no meu rosto.
Emily, que estava ao meu lado, percebeu a mudança na minha expressão e seus olhos refletiram preocupação. Após desligar a ligação, reuni a equipe e compartilhei a notícia da nova vítima. Peguei meu casaco e as chaves do carro, mas antes que pudesse sair, Emily agarrou as chaves de minhas mãos com uma determinação tranquila, informando que ela iria dirigir. Sem argumentar, concordei e entrei no carro ao lado dela.
Durante o trajeto, o silêncio estava carregado de tensão. A paisagem urbana deu lugar a áreas mais isoladas conforme nos aproximávamos do lago. Finalmente, chegamos ao local. O céu estava nublado, lançando uma luz fria e pálida sobre a cena. Melinda, a legista, já estava lá, debruçada sobre o corpo que havia sido descoberto.
Melinda, com seu olhar clínico e meticuloso, estava imersa em sua primeira avaliação. O corpo, parcialmente coberto por uma manta de investigação, parecia inerte e pálido
– Melinda – cumprimentei com um aceno – lembra da Prentiss? Você já a viu em outro caso
– Ah, claro, olá meninas – respondeu Melinda, ainda agachada ao lado do corpo. – Trata-se de uma mulher loira, aparentemente com cerca de vinte e seis anos. O modus operandi é o mesmo, e desta vez, ela foi estrangulada até a morte. Apresenta marcas de mordidas e diversas manchas roxas pelo corpo.
– Está mais violento ou é impressão minha? – Emily alternou o olhar entre eu e Melinda
– Eu também notei isso. Essas manchas na altura das costelas – Melinda apontou – sugerem que o agressor deve ter desferido vários chutes. E o nariz dela parece ter sido quebrado. Ela foi lançada no lago e foi um homem que fazia caminhada que a encontrou – se levantou retirando as luvas.
– Obrigada, Melinda. Por favor, leve o corpo para os exames necessários e procure vestígios de DNA. Precisamos encontrar esse criminoso o mais rápido possível – disse, com uma expressão séria.
Ela assentiu e começou a preparar o corpo para transporte.
Eu e Emily começamos a andar lado a lado, afastando-nos do local do crime e do pesado cheiro de morte que pairava no ar. Enquanto caminhávamos, eu me sentia tomada por uma frustração crescente. A ideia de que uma mulher jovem e cheia de potencial foi brutalmente assassinada por um psicopata me consumia. Era difícil entender como alguém poderia ser capaz de tamanha crueldade.
– No que está pensando? – Emily perguntou
– Em como eu quero pegar logo esse desgraçado – respondi, a irritação clara na minha voz. – Não posso suportar a ideia de que ele possa fazer isso com mais alguém.
Ela parou por um momento, encostando sua mão suavemente sobre a minha. O contato, ainda que breve, transmitiu um inesperado conforto e uma sensação de solidariedade. Foi um pequeno gesto, mas me fez sentir um leve choque, uma conexão silenciosa entre nós.
– Nós vamos pegá-lo – disse com uma firmeza que me fez acreditar em suas palavras
Nós duas levantamos os olhares ao mesmo tempo, nossos olhos se encontrando em um entendimento silencioso. Sem palavras, partimos novamente, dirigindo-nos ao carro. Sabíamos que nosso trabalho estava longe de terminar; ainda precisávamos voltar para a delegacia e descobrir se Fin e Rollins haviam feito algum progresso.
Enquanto dirigíamos de volta, o peso da situação ainda pairava sobre mim. Cada detalhe do caso, cada pista, e cada segundo perdido na busca por justiça para aquela vítima se tornavam mais urgentes. O pensamento de que alguém estava lá fora, capaz de tal violência, me impulsionava a intensificar nossos esforços.
Estávamos no escritório do Capitão revisando imagens das fitas de segurança que Fin e Rollins conseguiram com o mandato. A gravação mostrava claramente, na noite do crime, o professor Nick Austen discutindo com Julie na frente da escola. Ele a agrediu com um tapa no rosto antes de entrar no prédio e deixá-la sozinha. A jovem parece ir embora sozinha, mas minutos depois, Austen é visto saindo da escola; porém, não há evidências de que ele tenha ido atrás dela.
Em outra fita, vimos a segunda vítima saindo da escola e entrando em um carro preto. Precisávamos descobrir se esse carro era o mesmo que Austen dirigia. Eu e Prentiss iríamos entrevistar Julie, Rollins e Fin iriam até Melinda para obter novidades, enquanto Derek e Munch foram investigar o carro de Austen.
Ao chegarmos ao hospital, encontramos Mary, a mãe de Julie. Ela estava visivelmente preocupada após as notícias sobre a nova vítima e temia pela segurança da filha. Tentamos acalmá-la, garantindo que estávamos perto de identificar o culpado. Entramos no quarto de Julie, que estava acordada, o que era um bom sinal para a nossa investigação.
– Julie, sabemos que você deve estar cansada, mas gostaríamos de fazer algumas perguntas sobre seu professor, Nick Austen – Emily disse com uma voz suave enquanto se sentava ao lado da cama de hospital.
– Não... não quero falar sobre ele - Julie hesitou, seu medo evidente.
– Querida, se ele já fez algo com você, por favor, nos conte. Estamos aqui para protegê-la – eu me aproximei um pouco mais, tentando transmitir conforto e segurança – É importante que você nos diga tudo o que sabe.
– Nós… já ficamos algumas vezes – Julie começou a falar, a voz cheia de receio. – Mas quando eu disse que não queria mais, ele ficou com raiva.
– Temos um vídeo mostrando o momento em que ele te agride na frente da escola – Prentiss interveio. – Você reconhece alguma característica dele?
Julie parecia se concentrar, o rosto tenso.
– O cheiro – ela finalmente admitiu. – Ele usava o mesmo perfume. Sim, pode ser ele. – Seus olhos se encheram de esperança. – Vocês vão conseguir pegá-lo e impedir que ele machuque outra pessoa?
– Precisamos reunir provas concretas – Prentiss começou a explicar, mas eu a interrompi.
– Não se preocupe com isso agora. Foque apenas na sua recuperação; nós cuidaremos do resto – tentei oferecer um sorriso tranquilizador.
A morena ao meu lado me lançou um olhar curioso, sem entender completamente a interrupção. Esperei até que saíssemos do quarto para explicar.
– Achei que deveríamos falar a verdade. Ainda não temos provas suficientes para prender o Austen – Prentiss comentou, visivelmente chateada.
– Eu sei, mas não quero que isso atrapalhe a recuperação dela – respondi, com firmeza – Vamos fazer o nosso trabalho e focar em garantir a segurança dela.
O celular de Prentiss tocou assim que chegamos ao carro. Vi que ela atendeu com um sorriso e ouvi o nome de Derek na conversa. Ela deu uma risadinha, provavelmente devido a alguma piada que ele fez e automaticamente revirei os olhos.
Após alguns minutos, Prentiss desligou e informou:
– Confirmaram que Austen possui um carro do mesmo modelo que aparece no vídeo. Em outra câmera de trânsito aparece a garota do lado,Rosalie, dentro do carro e ele dirigindo. Precisamos agir rápido.
Imediatamente, liguei para Cabolt.
– Cabolt, precisamos de um mandado de prisão para Nick Austen o mais rápido possível. Temos evidências suficientes agora e não podemos perder tempo.
Enquanto aguardávamos a resposta, Emily deu partida no carro e dirigiu em direção à escola, onde esperávamos encontrar Austen ou, ao menos, alguma pista adicional que nos levasse até ele.
Quando Emily estacionou o carro, verifiquei minha arma no coldre. Não estava usando o colete à prova de balas, mas a princípio, minha intenção era apenas conversar com Nick, até que Cabolt confirmasse o mandado de prisão. Esperei Prentiss sair do carro e me acompanhar até a entrada da escola.
Na recepção, solicitei à funcionária que chamasse Austen. Ela informou que ele não estava presente. Eu acreditei e estava prestes a sair para ir até ao endereço de sua residência quando ouvi a voz de Emily chamando.
– Senhor Austen! – sua voz saiu alto para que ele ouvisse
Virei-me rapidamente e vi Austen saindo em disparada. Prentiss, com agilidade, correu na direção dele, enquanto eu tomei uma rota alternativa para interceptá-lo pela saída dos fundos.
Quando ele passou pela porta dos fundos, eu já estava com a arma em punho, pronta para imobilizá-lo. No entanto, ao me deparar com Austen, notei que ele também estava armado e apontava uma pistola em minha direção. Emily apareceu logo atrás, sacando a arma do coldre com precisão.
A tensão no ar era palpável. O som do meu coração parecia ensurdecedor enquanto tentava manter a calma e a segurança da situação. Com a arma apontada para Austen, falei com firmeza:
– Nick Austen, coloque a arma no chão e se renda. Queremos apenas conversar - exclamei
O homem à minha frente parecia hesitar, sua expressão misturando medo e determinação. Ele olhou para mim e depois para Emily, que se posicionou estrategicamente ao meu lado. O movimento rápido de Prentiss tentando se aproximar de Austen havia criado uma brecha que iria aproveitar, se fosse necessário.
– Não faça nada estúpido – Emily disse, sua voz firme e autoritária – Outros policiais já estão a caminho
Austen parecia avaliar suas opções, o suor escorrendo de seu rosto. A adrenalina estava em alta, e o ambiente ao nosso redor parecia se mover em câmera lenta. Com a arma ainda apontada para ele, eu tentei manter uma voz calma:
–Você não precisa de mais violência. Se você se entregar agora, podemos garantir que você terá um julgamento justo.
– Vocês não podem garantir nada. Aquela outra garota está morta. Eu não vou pra cadeia - sua voz era carregada de raiva
O meu dedo já estava no gatilho, enquanto ele apontou diretamente para mim. Apertei, sentindo o impacto da bala saindo da minha arma, ao mesmo tempo que o corpo de Emily me empurrou para o lado, se colocando na minha frente, ouvi outro tiro.A adrenalina corria pelas minhas veias e ao ver Nick caído, sangrando, meu instinto foi ir até ele para estancar o sangue e ligar para a ambulância. Mas apenas depois de me abaixar ao seu lado que meus olhos procuraram pela minha parceira e então a vi também caída no chão. Austen não tinha perdido a consciência, então peguei sua mão e a coloquei sobre seu próprio ferimento, o mandando pressionar enquanto eu me levantei depressa, seguindo até a morena que havia sido acertada por um tiro do professor.
– Meu Deus, Emily! –minha voz saiu trêmula, um fio de pânico visível enquanto minha mão alcançava o ferimento dela.
– Ele acertou meu ombro – ela gemeu, a voz cortada pela dor aguda – Acho que a bala atravessou… mas vou ficar bem – ela tentou dizer, forçando um sorriso que mal disfarçava a gravidade da situação.
Com mãos tremendo de preocupação, peguei a mão direita dela e a coloquei sobre o ferimento, pedindo que pressionasse firme. Enquanto falava com o operador do resgate pelo celular, minha voz era um misto de urgência e desespero.
– Preciso de uma ambulância agora! Minha parceira foi gravemente ferida, o sangramento é intenso. Precisamos de ajuda imediatamente! – conclui passando o endereço
Os segundos se arrastavam como horas. Finalmente, o som das sirenes cortou o caos, trazendo um fio de esperança. Derek, Fin e Rollins chegaram rapidamente, suas expressões de choque e preocupação misturadas com a determinação de ajudar.
Eu me sentei no chão ao lado de Emily, puxando-a para mais perto de mim. Sua cabeça repousava no meu colo, e eu a envolvi com os braços, tentando oferecer o máximo de conforto possível. O calor do meu corpo e o ritmo constante do meu coração eram um alívio pequeno, mas bem-vindo, no meio da tensão.
–Vai ficar tudo bem – eu disse, a voz quase quebrando sob a carga emocional – O resgate já está aqui. Não feche os olhos, Emily. Fique comigo.
Ela olhou para mim, a dor ainda evidente, mas com um fio de humor.
–Sempre obedeço suas ordens, detetive Benson – tentou ela, o tom irônico misturado com a dor. Sua tentativa de piada me fez sorrir com dificuldade – Não pense que vai se livrar de mim tão fácil - ela completou
– Assim espero. Não quero perder minha nova parceira – respondi, e ela pareceu ficar satisfeita com o que ouviu
Enquanto ela lutava para permanecer consciente, percebi que mesmo com tão pouco tempo de convivência ela havia conquistado uma grande importância pra mim, o peso da culpa me consome, afinal o tiro era para me acertar. Permaneci ao lado dela, segurando sua mão com firmeza e oferecendo palavras de encorajamento até que o resgate finalmente chegou, trazendo um alívio momentâneo. Pedi que Fin e Rollins tomassem conta da cena e da burocracia, porque eu acompanharia Emilly até o hospital. Derek até quis se oferecer para acompanhá-la, ele parecia tão preocupado quanto eu, mas ela é minha parceira e esse era o meu dever. Ficar ao lado dela.
Esse capítulo veio para deixar vocês nervosos mesmo. O que será que vai acontecer com a nossa querida Emily?
Parece que a Olivia está bem preocupada, isso porque nem queria ela como parceira.
Espero que estejam gostando. Curtam e comentem amorinhos 🤍
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