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IX. 𝑺𝒆𝒎 𝒅𝒊𝒈𝒏𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆

"Eu tive um sonho
Em que eu consegui tudo o que eu queria
Mas quando eu acordo, eu vejo
Você comigo"

Emily Prentiss

Começamos a investigação da morte de Trip Raines. O garoto havia sido atingido na cabeça com quatro golpes violentos, evidenciando a raiva de quem cometera o crime. O último a falar com ele foi Arturo Rivera, o que imediatamente despertou minha desconfiança. Conversamos com Andrew, o pai de Trip, para saber se ele suspeitava de alguém e até perguntamos sobre a relação do filho com Arturo. Andrew, no entanto, estava certo de que o garoto franzino e sem grande força física não teria capacidade de ferir seu filho, um jovem atleta.

Passamos o dia seguinte à morte analisando as contas bancárias de Andrew e descobrimos um depósito significativo feito na conta da mãe de Arturo. Andrew alegou que o valor se tratava de uma indenização, mas a quantia não fazia sentido. Ele também justificou que havia demitido a governanta por ela ser uma imigrante ilegal. No entanto, Rollins confirmou que os documentos da mulher estavam em ordem e que ela era cidadã há 15 anos.

Além disso, descobrimos que na certidão de nascimento de Arturo constava o nome do ex-marido de sua mãe, mas na certidão de divórcio o casal afirmava não ter filhos. Isso foi o suficiente para Olivia suspeitar que, na verdade, Arturo fosse filho de Andrew Raines, e o depósito seria referente à pensão alimentícia.

Craiger autorizou que chamássemos Arturo para conversar. Talvez o motivo por trás disso não fosse apenas Ellie, mas também a descoberta de um segredo que havia moldado toda a sua vida. Arturo parecia ser um garoto gentil e bondoso, mas até as melhores pessoas são capazes de cometer erros. Com a presença da mãe, iniciamos o interrogatório, querendo saber o que realmente aconteceu na noite anterior, quando Trip ligou para ele.

Arturo explicou que Trip o mandou levar Ellie ao parque. A garota foi com a expectativa de que os dois fugiriam juntos, mas, ao chegar lá, foi surpreendida pelo jovem furioso. Ele queria pagar para que ela abortasse a criança, além de insultá-la com adjetivos cruéis - palavras que sua mãe, presente na sala, pediu com firmeza que ele não repetisse.

— Você precisava defender sua amiga, não é, Arturo? - perguntei, mudando de posição e me sentando na cadeira ao lado dele. Olivia, por sua vez, permanecia em pé, encostada na porta, observando.

— Ellie é minha amiga. Ela não merecia ouvir aquelas coisas - respondeu Arturo, as lágrimas escorrendo pelo seu rosto, sua voz trêmula de dor e arrependimento. - Ele começou a ir embora... então, eu joguei uma pedra nele.

O ambiente ficou pesado. Arturo soluçava baixinho, sua mãe apertava os lábios em silêncio, e Olivia trocava um olhar comigo. Sabíamos que havia mais por trás desse desabafo, algo que ainda não havia sido revelado.
Arturo confessou, com a voz embargada, que após atirar a pedra, golpeou a cabeça de Trip mais três vezes, movido por uma raiva que ele mesmo mal compreendia. Depois, ordenou que Ellie fosse embora e não contasse a ninguém.

— Ele achava que o dinheiro podia comprar as pessoas, como se elas não tivessem valor. Como se a gente não fosse nada - disse Arturo, ressentido, enquanto limpava as lágrimas com as costas da mão.

— Assim como Andrew fez com a sua mãe, não é? - Olivia interveio, tocando exatamente na ferida que não havia cicatrizado, surpreendendo a mulher ao seu lado.

— Do que estão falando? - a mãe de Arturo perguntou, agora visivelmente abalada, o medo estampado em seu rosto.

— Seu filho descobriu tudo - acrescentei, observando as reações de ambos. - Não é mesmo, Arturo? Isso também alimentou a sua raiva.

Arturo olhou para a mãe com os olhos marejados, e sua voz saiu cheia de mágoa.

— Eu ouvi vocês conversando, mamãe. Eu sei que sou um Raines. Por que você nunca me contou?

O silêncio que se seguiu foi denso, carregado de dor e arrependimento. Mãe e filho se encaravam, ambos devastados pelo peso da verdade que agora os separava. As lágrimas de Arturo escorriam enquanto a mãe parecia incapaz de encontrar palavras para responder. A sala estava impregnada de tristeza, o eco de uma história que jamais deveria ter chegado a esse ponto.

Enquanto os dois se encaravam, sentia o peso insuportável da revelação: um garoto de apenas catorze anos havia tirado a vida do próprio irmão, sem ao menos saber toda a verdade. Olivia, ao meu lado, parecia mais conformada do que eu. Talvez porque já tivesse presenciado tragédias como essa antes, ou talvez por entender que, agora, o restante do trabalho ficaria nas mãos da promotoria. Eles decidiriam se haveria um acordo para Arturo e sua mãe, ou se tudo seguiria para o tribunal.
O que era certo é que a vida de três jovens havia mudado para sempre, destruída por segredos que nunca deveriam ter sido guardados.

Depois de finalmente concluir toda a papelada do caso, peguei minha jaqueta e bolsa, pronta para ir embora. A delegacia estava quase vazia; a maioria dos colegas já tinha saído. Só Olivia permanecia, concentrada em seus próprios papéis. Me aproximei da mesa dela e me apoiei na borda, observando-a por um instante antes de falar.

— Não vai embora? - perguntei, quebrando o silêncio.

— Vou sim, mas vou ter que chamar um táxi. Meu carro ainda está no conserto - ela respondeu, levantando o olhar para mim.

— Quer uma carona? - ofereci, e, para minha surpresa, ela aceitou.

Esperei pacientemente enquanto ela terminava o que estava fazendo. Em menos de vinte minutos, já estávamos no meu carro. Ela me deu as direções até seu prédio, que ficava a menos de trinta minutos da delegacia. Durante o trajeto, o cansaço do dia inteiro pesava sobre nós, mas havia algo mais pairando no ar, algo que eu tentava ignorar.

Quando chegamos, Olivia hesitou por um momento antes de abrir a porta.

— Sei que o dia foi pesado, mas... quer subir? Beber alguma coisa? - ela perguntou, me olhando de um jeito que quase me fez dizer sim sem pensar.

Por um segundo, cogitei aceitar. Mas então, uma onda de sensatez me atingiu. Olivia estava começando a me fazer sentir coisas que eu sabia que não deveria sentir, pelo menos não agora. Estávamos vulneráveis, confusas, ainda lidando com o peso do que havíamos passado. Estar sozinha com ela naquele momento não parecia a melhor ideia.

— Talvez outro dia - respondi suavemente, tentando não deixar transparecer o turbilhão dentro de mim. - Mas obrigada pelo convite.

Olivia sorriu, embora seus olhos refletissem uma leve decepção.

— Tudo bem. Tem certeza que esse braço está melhor? - perguntou, com genuína preocupação.

— Meus analgésicos estão dando conta. Um banho quente e minha cama vão resolver por hoje - brinquei, tentando aliviar a tensão. Ela assentiu, relaxando um pouco.

— Boa noite, Emily. Descansa bem - disse ela, com um último sorriso antes de abrir a porta e descer do carro.

Fiquei observando-a enquanto ela caminhava até a portaria, certificando-me de que entraria em segurança. Assim que ela desapareceu dentro do prédio, suspirei profundamente e liguei o carro. Enquanto dirigia de volta para casa, tentei afastar qualquer pensamento sobre Olivia. Ela era minha parceira, minha colega de trabalho, e tinha que continuar assim... Mesmo que, naquele momento, a linha entre essas duas coisas estivesse começando a ficar perigosamente borrada.

11 de setembro de 2012

Nosso último caso havia sido resolvido dois dias atrás, e agora estávamos apenas lidando com a burocracia habitual. Parecia uma ótima oportunidade para termos uma noite de folga. Assim que o expediente terminou, seguimos para um barzinho no final da rua. Seria a primeira vez que eu sairia com toda a equipe fora do ambiente de trabalho, e a ideia de ver todos em um contexto mais descontraído era, no mínimo, interessante.

Escolhemos uma mesa num canto mais reservado, e cada um se acomodou em seu banquinho. As conversas começaram leves, acompanhadas de risadas soltas. Pela primeira vez, eu via Benson tão relaxada. Ela havia pedido um whisky, uma escolha que, de certo modo, combinava com sua postura firme e séria no trabalho. Já eu, como de costume, preferi uma cerveja, simples e familiar.

Derek, como sempre, começou com suas piadas e flertes. Primeiro, direcionou-se a Rollins, que riu e devolveu uma resposta afiada. Em seguida, ele virou para mim, um sorriso malicioso nos lábios.

— E você, hein? - disse ele. - Vai ficar quietinha ou vai admitir que tá adorando o charme aqui?

Sorri, balançando a cabeça. Derek e eu tínhamos uma boa relação, cheia de provocações amigáveis. No fundo, éramos mais amigos do que colegas de trabalho.

Foi nesse momento que percebi uma loira no balcão lançando olhares em nossa direção. No início, achei que era só coisa da minha cabeça, mas depois ficou claro. Ela estava olhando para mim. Eu também já havia percebido sua presença antes, nossos olhares se encontrando algumas vezes ao longo da noite. Não era algo que eu estivesse escondendo de mim mesma, mas esse era um lado meu que eu ainda não havia compartilhado com a equipe.

Derek, claro, notou imediatamente.

— Ei, acho que aquela loira ali tá de olho... - Ele passou a mão pelos cabelos, tentando parecer charmoso. - Acho que ela gostou de mim.

Fin, que observava tudo em silêncio, soltou uma risada curta.

— Acho que não é você quem ela quer - disse ele, sorrindo, enquanto a loira se aproximava da nossa mesa.

— Parece que a sorte não está do seu lado hoje, Derek - Rollins completou, dando uma risadinha.

Para a surpresa de todos, ela parou ao meu lado, inclinando-se ligeiramente. Sua presença era marcante, e sua aproximação fez o ar ao meu redor parecer mais denso. Ela se inclinou, e antes que eu pudesse reagir, sussurrou em meu ouvido:

— Eu gostaria de ir embora com você hoje. Vou estar te esperando.

Antes de se afastar, ela deixou um beijo suave na minha bochecha, um gesto inesperado que fez o ambiente ao nosso redor parecer congelar por um instante. Quando ela se afastou, acenou para todos na mesa, como se aquilo fosse o mais natural do mundo.

O silêncio na mesa foi quebrado por Derek, que parecia genuinamente confuso e, talvez, um pouco ferido em seu ego.

— Eu... eu não tô entendendo - ele disse, franzindo as sobrancelhas, e eu não consegui segurar uma risada.

— Qual é o problema, Derek? - provoquei, piscando para ele. - Você acha que só você pode atrair loiras bonitas no bar?

Todos riram, e Derek soltou uma risada constrangida. No entanto, uma pessoa não riu: Benson. Sua expressão permanecia séria, o que me pegou desprevenida. Tentei disfarçar, fingindo que não me importava, mas lá no fundo, algo começou a me incomodar. Será que minha sexualidade poderia interferir na forma como Benson me enxergava?

Enquanto as risadas continuavam, percebi que, de alguma forma, aquela noite havia tomado um rumo inesperado. Não apenas pelo flerte inesperado da loira, mas pela reação de Benson, que agora me fazia questionar algo mais profundo.

Continuamos a beber, rindo e trocando histórias enquanto o bar começava a encher. O clima estava leve, mas já era possível sentir que a noite estava se encaminhando para o fim. Foi então que Fin e Rollins se levantaram, dizendo que tinham outros planos para encerrar a noite. Derek, por outro lado, parecia mais interessado em continuar ali, especialmente depois de todo o drama envolvendo a loira.

— Bom, acho que também vou aproveitar a minha noite - disse eu, sorrindo, tentando manter o tom descontraído.

— Você vai mesmo aceitar o convite da loira? - Derek perguntou, lançando um olhar travesso. - Cara, você é mais legal do que eu imaginava! - Ele deu dois tapinhas nas minhas costas, como se estivesse me dando os parabéns.

Eu ri, balançando a cabeça.

— Tem muita coisa que vocês ainda não sabem sobre mim, Derek - respondi com um sorriso enigmático, deixando a provocação no ar. Peguei algumas notas e coloquei em cima da mesa. - Tudo bem se eu for agora?

Foi nesse momento que Olívia, que havia estado quieta durante a maior parte da conversa, finalmente disse algo.

— Aproveite. - Sua voz era firme, mas seu olhar permanecia fixo na bebida à sua frente, sem nem me encarar.

O clima entre nós ficou um pouco tenso, como se algo não dito estivesse pairando no ar. Por um breve segundo, pensei em perguntar se estava tudo bem, mas decidi ignorar. Talvez fosse coisa da minha cabeça. Me despedi de Fin e Rollins, que já se preparavam para sair, e então caminhei até onde a loira ainda estava sentada, casualmente mexendo em seu copo.

— Então... aceito seu convite. - Sussurrei no ouvido dela, sentindo um arrepio enquanto ela sorria de canto. Sem demora, nos levantamos e caminhamos em direção à saída.

Antes de passar pela porta, olhei para trás, uma última vez, na direção da mesa. Derek, claro, estava com um enorme sorriso no rosto, acenando para mim de forma exagerada e me dando um sinal de "parabéns" com as mãos. Aquilo me fez rir de leve. Mas o que realmente me surpreendeu foi o olhar de Olívia. Ela finalmente me encarava, mas seu olhar estava carregado de algo que eu não conseguia decifrar. Parecia uma mistura de irritação e algo mais que me escapava.

O que eu teria feito? Era estranho. Não havíamos tido nenhum desentendimento, e eu nunca senti que ela era uma pessoa que tivesse problemas com a sexualidade alheia. Ainda assim, aquele olhar me deixou com uma sensação estranha no peito, como se eu tivesse tocado em algum ponto sensível sem querer.

Eu poderia voltar, perguntar o que estava acontecendo. Mas, ao mesmo tempo, não queria estragar o que restava da noite. Talvez fosse melhor deixar para resolver isso depois.

Com a loira ao meu lado, finalmente saímos do bar, e a noite fria nos envolveu. O ar fresco parecia perfeito para aliviar a confusão que a troca de olhares com Olivia tinha deixado em mim. Levei a mulher - cujo nome eu ainda não sabia e, honestamente, nem me importava em saber - para meu apartamento. Era algo que eu não fazia desde que cheguei a Nova York. Sempre preferi manter relacionamentos assim: casuais, sem compromissos, de uma noite só. Quando chegamos ao meu prédio, a atração entre nós já era palpável. No elevador, ela tomou a iniciativa com um beijo intenso, e de repente estávamos nos devorando antes mesmo de chegarmos à porta do apartamento.

A intensidade dela era maior que a minha. Quase não consegui abrir a porta. Quando finalmente entramos, o desejo nos empurrou diretamente para a sala, e o que começou ali rapidamente se transformou em algo mais, terminando no meu quarto. Confesso que sentia falta de estar com outra mulher; o toque feminino, o carinho, e até o ritmo eram diferentes. Mais demorados, mais atentos. E isso sempre me deixou mais satisfeita.

Nós exaurimos nossos corpos até finalmente adormecermos, ainda enroscadas nos lençóis.

Cinco e meia da manhã. O toque insistente do meu celular me despertou abruptamente. Pisquei algumas vezes, ainda grogue, e estiquei a mão até o móvel ao lado da cama. No visor, o nome de Olivia brilhava. Suspirei, sabendo que se ela estava ligando tão cedo, era algo importante. Atendi.

— Temos um novo caso - disse ela com a voz mais fria do que o habitual. - Estou enviando o endereço por mensagem.

— Certo, já estou a caminho - respondi, com a voz rouca de sono. Quando desliguei, olhei para o lado. A loira, que eu sequer havia perguntado o nome, ainda dormia tranquilamente. E lá estava eu, acordando cedo no dia do meu aniversário, algo que eu realmente não esperava.

Levantei e fui direto para o banheiro, tentando espantar o sono com um banho quente. A água corria pelo meu corpo, mas minha mente ainda estava presa na conversa com Olivia. Havia algo estranho na forma como ela falou comigo, algo na sua frieza. Mesmo sem saber o motivo, senti que aquela tensão do bar não tinha se dissipado.

Quando terminei o banho, voltei para o quarto, enrolada na toalha, e a loira continuava profundamente adormecida. Decidi que era hora de acordá-la, então caminhei até a janela e puxei as cortinas, deixando a luz suave do início do dia invadir o quarto.

— Já está na hora? - ela resmungou, sem abrir os olhos. - Achei que íamos dormir mais um pouco...

— Sinto muito, querida, mas o trabalho me chama. - Respondi, me sentando na cama, de costas para ela. - Preciso que você se vista. Posso te deixar em casa.

Ela suspirou pesadamente, resmungando algo sobre querer dormir mais. Mas insisti, explicando que precisava ir trabalhar. Relutante, ela se levantou, claramente irritada, vestiu as roupas rapidamente e ficou pronta para sair em questão de minutos. Seu humor havia mudado, e eu sabia que isso não acabaria de forma pacífica.

Descemos juntas pelo elevador, e enquanto dirigíamos em direção à casa dela, a loira - que agora se revelou uma falante incansável - não parava de falar sobre si mesma. Tudo que eu queria era terminar logo essa parte da manhã. Quando finalmente parei em frente ao prédio dela, ela virou-se para mim, com uma expressão mais séria.

— Podemos nos ver de novo? - perguntou, quase como uma súplica disfarçada.

Pensei por um momento em como seria mais fácil inventar uma desculpa, mas decidi ser honesta.

— A noite foi ótima, de verdade - comecei, escolhendo as palavras com cuidado. - Mas eu trabalho demais... não daria certo.

Ela bufou, revirando os olhos.

— Ah, entendi. Foi só sexo de uma noite e nada mais, certo? - A irritação estava clara na sua voz. - Pelo menos pode me dizer seu nome?

— Emily - respondi simplesmente.

— Scarlet - ela disse, com uma expressão de desgosto. - Prazer em conhecê-la, Emily. Até nunca mais.

Ela bateu a porta do carro com força, saindo apressada sem olhar para trás.

Suspirei, observando-a se afastar. O que aquela loira tinha de bonita, tinha de intensa - e não exatamente de um jeito bom. Achei que quando duas mulheres se conhecem num bar e passam a noite juntas, o entendimento de que era algo casual já estivesse claro. Mas parece que ela tinha uma ideia diferente.

Dei partida no carro e, enquanto dirigia para o endereço que Olivia havia me enviado, meus pensamentos voltaram àquela tensão latente entre nós. Não podia ignorar que, no fundo, algo sobre a forma como ela reagiu naquela noite ainda me incomodava.

Assim que estacionei próximo à cena do crime, a movimentação de policiais e a fita amarela isolando a área me trouxeram de volta à realidade do trabalho. Tranquei as portas do carro e caminhei até o local, mostrando meu distintivo para passar pelos oficiais que guardavam o perímetro. O cheiro de sangue e sujeira se misturava no ar, algo que, apesar dos anos, ainda me causava uma leve náusea. A legista, Miranda, já estava ajoelhada perto do corpo, concentrada em sua análise, enquanto Olivia, mais uma vez, mantinha aquele ar de frieza.

— Bom dia... o que temos aqui? - perguntei, me abaixando ao lado do cadáver.

— Mulher caucasiana, entre 25 e 30 anos. Múltiplos ferimentos nas coxas, sinais claros de violação, e traumatismo craniano grave - Miranda começou, sua voz firme e profissional, enquanto passava os olhos pela vítima.

A cena era brutal. A mulher estava jogada ao lado de uma lixeira, abandonada como se sua vida não tivesse tido nenhum valor. Esse tipo de violência contra mulheres sempre me causava uma revolta profunda. Quem poderia fazer algo assim? No entanto, não era só a brutalidade que me incomodava naquele momento. A presença de Olivia, que sequer havia me dirigido um olhar desde que cheguei, também mexia comigo. Havia algo errado entre nós, algo não resolvido, e isso me deixava distraída.

— Olha, uma tatuagem de borboleta - Olivia finalmente quebrou o silêncio, apontando para um pequeno desenho no ombro da vítima.

Eu me aproximei para olhar melhor. A tatuagem não era delicada, e chamava atenção.

—Ela foi deixada aqui sem nenhuma dignidade - murmurei para mim mesma, sentindo a irritação crescer. Como alguém poderia tratar outro ser humano dessa forma? - Isso me revolta...

Antes que pudesse continuar, Miranda sinalizou para o assistente que era hora de virar o corpo. Quando o fizeram, o horror que já estava presente se intensificou. O rosto da mulher... ou melhor, o que restava dele, havia sido removido. A pele fora arrancada de maneira quase cirúrgica. O impacto da visão me deixou momentaneamente sem palavras.

— Cortaram o rosto dela. Quem fez isso, desfigurou completamente — Miranda comentou, seu tom misturado entre perplexidade e profissionalismo.

— Não apenas o rosto... — Olivia continuou, sua voz calma, mas carregada de tensão. — Cortaram os dedos e arrancaram os dentes. Quem fez isso sabia exatamente o que estava fazendo. Está claro que queriam evitar qualquer tipo de identificação.

Eu ainda tentava processar o que via quando algo na barriga da mulher chamou minha atenção. Abaixei-me mais uma vez e, com a ponta da minha caneta, ergui a blusa da vítima para não interferir nas provas.

— Espera. Tem outra tatuagem aqui... — observei, olhando atentamente para as letras em preto.

— Isso é russo — Miranda murmurou, estreitando os olhos enquanto examinava o desenho.

— Alguém consegue entender o que diz? — perguntei, me afastando ligeiramente do corpo, sentindo o peso daquela descoberta.

Olivia, que até então parecia alheia a mim, finalmente levantou os olhos e me encarou pela primeira vez naquela manhã.

— Gostaria, mas não falo russo — respondeu, sua voz com um tom de cansaço. — Mas o recado está claro: quem fez isso não queria que soubéssemos quem ela era, mas deixou essas tatuagens para que alguém entenda a mensagem.

Assenti, processando suas palavras. Olivia estava certa. As tatuagens não eram apenas marcas de identidade; eram pistas. Mas para quem? E por quê?

Me levantei e dei alguns passos para trás, sentindo a pressão do ambiente pesar sobre mim. Algo sobre esse caso parecia diferente. Não era apenas um assassinato brutal. Quem quer que tenha feito isso estava enviando um recado claro, e, de alguma forma, sabia que alguém eventualmente entenderia.

— Vou deixar você com o corpo, Miranda — disse enquanto me afastava da cena, minha mente já começando a trabalhar em direção à delegacia e ao próximo passo da investigação. — Me avise assim que tiver algo.

— Claro, Emily — Miranda respondeu, focada na vítima.

Enquanto caminhava de volta para o meu carro, a cabeça fervilhava com perguntas. A brutalidade do crime, as tatuagens misteriosas, e Olivia. Algo me dizia que isso tudo ia muito além de um assassinato comum.
Assim que entrei na delegacia, fui recebida pelo som familiar da voz de Derek, sempre pronto para soltar suas piadas.

— Olha só quem chegou, a destruidora de corações! — Ele riu, jogando as mãos para o alto como se estivesse me anunciando.

Revirei os olhos, mas entrei no clima.

— Ainda não superou a loira? — perguntei, rindo de volta enquanto caminhava em direção à minha mesa.

— Pelo jeito, a noite foi boa... — Rollins surgiu ao lado dele, segurando um buquê de rosas brancas. — Porque entregaram isso pra você.

Fiquei surpresa ao ver o buquê. Não era da loira, com certeza. Peguei as flores e olhei o cartão, um sorriso surgindo nos meus lábios assim que li as assinaturas. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Olivia entrou na sala. Seu olhar imediatamente pousou nas flores em minhas mãos, mas, ao invés de curioso, parecia... chateado? Ela desviou os olhos rapidamente, o que me deixou ainda mais confusa.

— São dos meus amigos da BAU — expliquei, balançando o cartão no ar. — Pelo meu aniversário.

A reação na sala foi de surpresa. Eu nunca tinha mencionado meu aniversário para ninguém da equipe, então o desconcerto nos rostos de todos era visível. Amanda, sempre a mais calorosa, foi a primeira a reagir, me puxando para um abraço apertado.

— Feliz aniversário, querida! — Ela disse, sorrindo.

Derek e Fin vieram logo depois, com Derek brincando sobre como eu estava ficando velha. Fin deu um tapinha nas minhas costas, e até Much, com seu jeito mais reservado, murmurou parabéns. A única que ficou mais distante foi Olivia, que parecia hesitante. Ela deu alguns passos à frente, mas sua postura estava mais tensa do que o normal.

— Eu realmente não sabia — começou Olivia, um pouco desconcertada. — Se soubesse, teria dado os parabéns antes.

— Tá tudo bem. Eu não costumo contar pra ninguém, não dou muita importância a isso — dei de ombros, tentando minimizar a situação.

Hesitante, Olivia finalmente se aproximou e me deu um abraço breve, mas sincero. Senti o calor dos seus braços por um momento e, por mais que fosse um gesto simples, havia algo de diferente. Quando ela me soltou, meu coração deu um leve salto. Não era só a proximidade física que me afetou, mas a sensação de que havia uma conexão ali que eu não tinha percebido antes.

— Parabéns, Emily — ela sussurrou, seu tom suave, mas carregado de algo que eu não conseguia decifrar completamente. Logo em seguida, se afastou, parecendo ligeiramente desconfortável.

O breve contato deixou uma sensação estranha no ar. Eu não sabia se era só impressão minha, mas havia algo a mais naquele abraço. Não queria deixar que os outros percebessem minha confusão interna, então sorri para todos e me sentei à mesa, colocando as rosas ao meu lado.

Peguei meu celular e enviei uma mensagem rápida para os meus amigos da BAU, agradecendo pelas flores. Eles sabiam o quanto eu amava rosas brancas. Elas sempre me traziam uma mistura de sentimentos — algo bonito e puro, mas também lembranças de um passado que eu mantinha enterrado. Algo que eles nunca souberam e, sinceramente, eu preferia que continuasse assim. Nem mesmo Olivia sabia.

Enquanto esperava pela resposta dos meus amigos, olhei discretamente para Olivia do outro lado da sala. Ela estava concentrada em seus papéis, como se nada tivesse acontecido. Mas eu sabia, no fundo, que aquele abraço tinha mexido com ambas. E talvez, só talvez, essa tensão entre nós fosse algo que precisaria ser enfrentado, mais cedo ou mais tarde.

Oi amorinhos, demorei mais aqui estou!!!

Alguém sente cheiro de ciúmes incubado? Olivia ainda não sabe mas o que ela está sentindo é ciúmes e Emily não está enxergando nada.

Espero que gostem do capítulo e até o próximo 🤍

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