II. 𝑸𝒖𝒆𝒊𝒎𝒂 𝒅𝒆 𝑨𝒓𝒒𝒖𝒊𝒗𝒐
Emilly Prentiss
A pergunta de Olívia me pegou despreparada. Eu sabia que, no fundo, a dúvida sobre por que alguém trocaria um cargo de alto escalão no FBI por um posto de detetive em uma delegacia não era só dela. Eu mesma já havia feito essa pergunta. Tinha meus motivos, razões que ainda não estava pronta para revelar. O que eu sabia era que a decisão não era simples, e a mudança não se tratava apenas de uma nova posição de trabalho, mas de algo muito mais profundo.
A viagem até Nova Jersey trouxe um misto de alívio e angústia. Conversar com a mãe da vítima foi um momento delicado. Ela havia perdido o filho. A história era que o garoto, quando tinha apenas onze anos e um futuro promissor no basquete, mas com o tempo, aquele sonho desmoronou devido aos abusos do treinador, com isso o jovem acabou se afastando do esporte, culminando em um suicídio trágico anos depois. A informação era devastadora. Imaginar o sofrimento pelo qual ele havia passado antes de chegar a esse ponto me encheu de uma raiva fervorosa. A ideia de Ray Mars estar envolvido apenas intensificou meu desejo de justiça. No entanto, Olívia me pediu calma e discernimento. Havia muito mais a investigar antes de podermos agir.
Ao retornarmos à delegacia, Fin e Amanda estavam à espera com uma importante atualização. Eles tinham conseguido obter os comprovantes de pagamento para a conta de Danny. Com essa evidência em mãos, estávamos em posição de solicitar um mandado. Mas eu sabia que isso era apenas o começo. O caminho para desmascarar a verdade e levar Ray Mars à justiça seria longo e exigiria cada grama de nossa paciência e persistência.
Olívia me olhou com um misto de compreensão e determinação. Nós sabíamos que a luta estava apenas começando, e estávamos prontos para enfrentá-la.
Acordei antes do despertador tocar, pronta para encarar o terceiro dia de investigação. O sol brilhava intensamente quando estacionei meu carro e tranquei as portas, acionando o alarme. Avistei Amanda acenando para mim antes de entrar no prédio. A passos largos, entrei pelas portas de vidro, passando pela recepção com meu crachá novo e fui direto ao elevador.
Assim que cheguei na sala e fui me aproximar da minha mesa, Derek apareceu, mordendo um donuts e abrindo a caixa para me oferecer um. Não sou fã de doces logo pela manhã, então recusei. Derek riu e voltou para sua mesa, enquanto Olívia se aproximou.
– Uma policial que não come rosquinhas?! Como confiar em você? – O sarcasmo era evidente em seu tom.
Eu ignorei o comentário, pois o Capitão Craig havia saído de sua sala para nos questionar sobre novidades. O mandado não tinha dado certo, e precisávamos de novas evidências. Rollins projetou na tela do computador que Ray tinha uma Fundação para garotos, e sugeriu que começássemos por ali. O Capitão concordou, mas antes de se retirar, sentou-se ao lado de Benson e lhe falou algo baixo que eu não conseguia ouvir. Olívia, dona de lindos cabelos castanhos um pouco abaixo dos ombros, não parecia satisfeita com o que ouviu e me lançou um olhar duro. Estava apenas há três dias na equipe e ainda não compreendia totalmente a resistência dela. Sabia que era cedo para esperar confiança ou amizade, mas, tendo nos conhecido antes, esperava que isso facilitasse nossa aproximação. Conhecida por seu trabalho árduo, respeitada e querida pela equipe, além de ser extremamente inteligente e adaptável. O contraste com a personagem que eu conheci anos atrás na boate, no caso de El Dragón, era marcante.
A Tenente levantou-se da mesa e acenou para que eu a acompanhasse. Percebi então que eu seria sua parceira novamente, provavelmente por ordem do Capitão.
Entrei no carro de Olívia, que tinha um aroma fresco de morango e hortelã, e era extremamente limpo e confortável. Decidi não puxar conversa desta vez, pois ela parecia mais séria do que no dia anterior. Nosso destino era a Fundação Ray Boys, para uma conversa com o treinador.
Fomos recebidas por um jovem funcionário, que nos conduziu até a sala do treinador Ray Mars. Ele nos recebeu com uma simpatia cordial, mas não demorou para que a conversa tomasse um rumo tenso. Olívia mencionou o nome do garoto que se suicidou e observou a reação de Mars. O treinador parecia relaxado, retirando os óculos e começando a falar. Ele imediatamente começou a desqualificar o garoto, alegando que ele era um usuário de drogas e tinha problemas de comportamento devido ao abandono paterno. Mars tentava passar a imagem de que as acusações eram inventadas para chamar atenção.
– Eu era o único que tentava salvar aquele garoto. A mãe dele que o destruía com seus pensamentos malignos sobre mim e o influenciava negativamente – Ray Mars continuou, com uma postura defensiva.
– Quais pensamentos? – Eu comecei a perguntar, mas Olívia me interrompeu.
– Que pensamentos? – Olívia puxou a cadeira e se sentou em frente ao treinador com uma expressão determinada.
Mars, com um ar de desdém, respondeu.
– O treinador e o atleta têm um vínculo intenso porque eu queria fazê-lo chegar longe. Apenas isso.
– Você tem poder sobre esses garotos – Olívia continuou, com um tom incisivo – E sabe como usá-lo.
– Eu faço meu trabalho para identificar garotos especiais e dar um futuro a eles – Mars insistiu, tentando manter a calma.
– Então você tem a chave do futuro – eu disse, aproximando-me da mesa e olhando bem nos olhos de Mars ,– E o que pede em troca?"
– Que eles tenham sucesso na vida. Nada mais – Mars respondeu, recostando-se na cadeira com uma expressão tranquila, quase desdenhosa.
– Então, pagamentos para manter o silêncio não são um pedido seu, certo? – Olívia não hesitou – A impressão que tenho é que sua fundação está aqui para garantir o silêncio
– Que vergonha – Mars disse, levantando-se irritado – Essa fundação é minha vida, meu trabalho
– Você acha que a lei não pode tocá-lo, treinador? – Olívia perguntou, com o fogo da indignação nos olhos enquanto se inclinava sobre a mesa para confrontá-lo.
Mars continuou a falar, alegando que seu falássemos com seus garotos, os mesmos o defenderiam, que o viam como um pai. Benson, insatisfeita, deu as costas e saiu andando. Eu olhei mais uma vez para o treinador, com a certeza de que ele estava escondendo algo. Sem dúvida, nenhum de nós acreditou em suas palavras. Segui Olívia, que está decidida a descobrir a verdade por trás das palavras do treinador.
Todos da equipe se empenharam em encontrar outros jovens que tivessem recebido dinheiro da Fundação, mas todos insistiram que o apoio era apenas para ajudar e negaram qualquer envolvimento de Ray. Eu e Derek tentamos novamente com Danny, que precisava nos fornecer o nome de mais alguém que pudesse ter sofrido na mesma época. O que descobrimos foi ainda mais perturbador: Danny revelou o nome de Prince Miller, o jogador em destaque que estava em todos os outdoors da cidade.
Benson e Tutuola foram interrogar o astro do esporte, que estava acompanhado de sua advogada. Ele falou pouco sobre seu tempo com Mars como treinador e estava visivelmente na defensiva, evitando qualquer crítica direta a Ray. Rollins acreditava que Miller tinha alguma razão pessoal contra Ray, já que ele não compareceu à festa de premiação. A situação parecia estar se transformando em um beco sem saída.
Quando parecia que as coisas não poderiam piorar, Danny apareceu na delegacia informando que Prince o procurara e queria encontrá-lo na noite seguinte em uma boate, alegando que precisavam conversar. Decidi colocar uma escuta no encontro, mas precisaríamos de uma autorização. Fin e Olívia foram até a promotora, que inicialmente se mostrou relutante. Ela temia que qualquer declaração de Prince pudesse prejudicar o caso ao invés de ajudar a incriminar Ray. No entanto, Fin e Olívia conseguiram convencê-la.
Na noite do encontro, eu, Olívia e Derek estávamos prontos, mas recebemos um aviso pelo rádio sobre uma briga na porta do local. Quando chegamos, encontramos Danny ferido e Prince o expulsando do local. Danny estava tão furioso que não queria mais colaborar com a investigação. Tentei convencê-lo a permanecer e ajudar, mas ele parecia estar sob influência de substâncias ilícitas e me mandou ficar longe. Apesar disso, consegui que ele aceitasse meu cartão, prometendo que me ligaria se mudasse de ideia.
Na manhã seguinte, fui encontrar Stevens e Rollins para um café da manhã em um trailer. Enquanto pegava meu café, meu celular tocou, e a notícia que recebi fez meu coração acelerar e a preocupação tomar conta de mim. Um corpo havia sido encontrado em uma vala, e meu cartão estava no bolso da vítima. Desliguei o telefone e avisei os dois que estavam comigo.
Ao chegarmos ao local, o policial responsável nos conduziu até o corpo. Imediatamente reconheci Danny, e uma onda de culpa me atingiu com força. Me ajoelhei para examinar a cena, sentindo a responsabilidade esmagadora por não ter impedido sua decisão de ir embora.
– Eu devia ter feito mais para detê-lo – murmurei para Smith, que colocou a mão no meu ombro.
– Não é culpa sua – Derek disse, tentando me consolar – Parece que isso não foi uma overdose.
– Vou chamar o perito. Isso é claramente uma cena de crime – disse Rollins enquanto se afastava para fazer a ligação.
Danny estava com um elástico amarrado no braço e uma agulha ao lado. Sua boca estava coberta de sangue, e ele havia sangrado internamente. Concordei com Stevens: isso tinha todas as características de um "cala a boca" ou, pior, uma queima de arquivo.
E vamos ao segundo capítulo dessas duas. Emily como sempre misteriosa e aguçando a curiosidade de Olivia que ainda não está satisfeita com a nova parceira.
Votem e comentem, quero saber o que estão achando 🤍
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