Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 7

"Portanto, não corro como quem corre sem alvo, e não luto como quem apenas soca o ar."

1 Coríntios 9:26

✦✦✦


       Olho de Peixe contemplava a serenidade que aqueles dias lhe traziam. Espreguiçou-se, deitado em uma rede, com um tricórnio posicionado perfeitamente sobre o rosto. Desfrutava de uma tranquila vida, enfim, e em tão tenra idade. Vivia seus doze anos, o alvorecer da adolescência, porém, Olho de Peixe podia jurar que vivera umas cinco décadas.

      Vagueou durante algum tempo sozinho nas ruas, afugentado pelos guardas, a ser espancado por outros moleques de rua, e consequentemente, até a própria vida lhe agredia.

      Antes, Olho de Peixe servira ao bando de Guelra, e enquanto o lunático líder recrutava um outro bando de marginais mirins, Olho de Peixe tomou a decisão inesperada de fugir. Ora, se Barbatana conseguiu livrar-se daquele parvo chefe do bando, ele também conseguiria. E foi o que fizera.

      Por vezes, Olho de Peixe lembrava-se de Barbatana e de seus olhos de cor rara. Tempos antes, o moleque franzino derrotou o líder, e em uma triste negativa com a cabeça, deixou o bando para sempre. Naquele mesmo dia, Olho de Peixe perdera um irmão. Um amigo.

      Arrumara um serviço comum — e muito exaustivo —, sendo o ajudante de um taberneiro chamado Kalt, um homem gigantesco com uma barba tão negra e áspera quanto um abismo. Trabalhar naquele lugar, segundo Olho de Peixe, era um inferno. Muitas vezes ao separar as brigas dos bêbados, machucava-se.

      Tantas vezes, convivendo em tal ambiente de discórdias, ganhara cicatrizes na alma e no corpo. A cicatriz mais recente estava em seu rosto. Encontrava-se em sua bochecha direita, feita pela lâmina de um punhal que, por sorte, não atingira seu olho. Fora feita quando tentara separar uma briga dos fregueses bêbados de Kalt. Saíra machucado de uma luta que não era sua, e ainda perdera o direito de receber seus cruzados. Raios!

      Em algumas ocasiões, e era obrigado a lavar o chão vomitado de todo o estabelecimento, enquanto o seu patrão divertia-se no andar de cima com as meretrizes, e céus, como tais mulheres eram escandalosas! Era constrangedor ouvi-las.

     Mas, ainda sim, Olho de Peixe ganhara benefícios vivendo na taberna. Tinha direito a todo e qualquer suco de tomate que podia ingerir. Sim, o jovem Olho de Peixe tinha um gosto singular de beber suco de tomate. Um hábito estranho? Deveras. Mas, o que fazer se o garoto amava beber suco de tomate?

Pôs a perna para fora da rede, ganhando impulso em balançar-se com a ponta dos pés.

      A taberna, até então, tinha lhe servido como uma espécie de abrigo do mundo. No entanto, Olho de Peixe não gostaria de ser para sempre um serviçal naquela taberna imunda.

Almejava algo a mais.

       Olho de Peixe.... Como ele detestava esse nome! Não tinha sequer firmeza para apagar tal alcunha ridícula dada por Tubarão. Aquele nome parecia estar marcado em sua alma, com o mesmo ferro quente que abrasava o lombo dos bois, sempre impedindo-o de proferir seu nome legítimo.

— Levante logo, vadio! — Kalt berrou, sacudindo as cordas da rede. — Vá limpar aquelas mesas, que em breve os meus clientes chegarão.

       Olho de Peixe alteou o tricorne, vendo a feição ébria do patrão de barriga estufada. O maldito embriagou-se novamente.

— Não posso nem descansar? Fiquei até tarde na cozinha ontem, lavando a louça, Kalt. — Olho de Peixe fitava o patrão quase com melancolia.

— Só se descansa, quando morre! — Kalt dera uma risada sarcástica, que para Olho de Peixe parecera maléfica. — Anda! Limpe as mesas e varra o chão!

— Sabes, Kalt, ontem o senhor esqueceu-se de me pagar...

— Pagamento? — O interrompeu com sua voz cavernosa. — E ainda és exigente?! Vás trabalhar e aí pensarei se darei, ou não, os teus cruzados!

      Olho de Peixe levantou-se da rede, claramente aborrecido, e logo uma vassoura fora empurrada em suas mãos. O sossego se fora. Colocou o tricórnio sobre os cabelos loiros, e partiu para cumprir o seu infame trabalho.

       Fora para o salão da taberna, e deu graças aos Céus por não haver bêbados caídos ao chão, ou sinais de poças de vômito em algum canto. Contudo, seus olhos de íris esverdeada fitaram duas figuras inusitadas aos fundos da taberna, justo no canto mais escuro. Trajavam mantos vermelhos e pareciam cochichar, pois seus ombros desciam e subiam.

Olho de Peixe não demonstrou preocupação e iniciou a limpeza na taberna.

      Enquanto estava a varrer o chão barrento, Olho de Peixe se aproximou da mesa no canto escuro e escutou a prosa dos dois homens que sussurravam, conspiradores. Estavam curvados sobre a mesa, e escondiam algo. Olho de Peixe mirou de soslaio, e logo descobriu que eles ocultavam um mapa. Seus capuzes vermelhos faziam sombra sobre seus rostos, dificultando sua identificação. Olho de Peixe jamais vira tais clientes na taberna, no mesmo instante, sinalizou aquilo como um chamariz para problemas.

      Aqueles dois eram Illuminatos, e procuravam incansavelmente o esconderijo dos Assassinos, para conseguir glórias a seu favor. Os tais não carregavam seus nomes verdadeiros, pois os Illuminatos tinham a crença de que eram guerreiros sagrados protegidos pelos deuses, e desse modo, deveriam renegar o seu nome de batismo e aceitar nomenclaturas provenientes das constelações. Aqueles dois, portanto, chamavam-se Crater e Octans.

      Crater espalmou a mão sobre o mapa amarelado e muito amassado sobre a mesa, unindo o ombro com o do amigo, formando uma espécie de barreira.

— Então, tudo pronto para acharmos nosso pote de ouro? — Octans questionou em uma voz que deveria ser baixa.

— Shhh. — O outro pôs o dedo indicador rente aos lábios. — Fale baixo, animal. Ninguém pode saber que estamos à procura desse local, entendeu?! — Crater estava a um ponto de esmurrá-lo.

— E sabe onde aquele tal lugar está, caro amigo?

— Lógico! Não está vendo o mapa?! Aqui, é onde a tal fica. — Apontava, batendo o dedo indicador no mesmo lugar do papel. — Tomaremos uma nau e partiremos para encontrar a guilda e destruí-la.

— Alguém mais virá conosco?

— Só alguns homens de confiança — Crater lhe respondeu.

       Octans virou a caneca goela abaixo e a batera no tampo de madeira rachada da mesa, fazendo um chiado com os dentes.

— Quanto mais cedo partimos, melhor. — Levantou-se, enérgico. — A acharemos e seremos tido como heróis em nossa facção.

— Sente-se, imbecil! — Crater ralhou, puxando seu manto. — Não chame atenção!

— Só estamos nós aqui. E aquele pirralho. — Fizera um gesto com a cabeça, referindo-se para Olho de Peixe que ainda varria o chão.

      Olho de Peixe atentou-se a conversa daqueles dois homens. Uma caça ao tesouro. Era maravilhoso. Uma chance de mudar de vida. Uma oportunidade de sair de vez daquela taberna. Viveria como um lorde, por toda a vida. Sentia formigamentos nas palmas das mãos e no solado dos pés.

— Ei, pirralho! — Octans chamara por Olho de Peixe. — Traga mais uma caneca!

       O menino assentiu, deixando a vassoura recostada em uma mesa, indo em disparada até a cozinha. Enquanto via a cerveja do barril encher a caneca, o garoto fazia imensos planos caso encontrasse um baú cheio de ouro. Planos infantis, pensamentos ingênuos de criança. A primeira coisa que faria, era comprar uma casa feita de doce e se encheria de guloseimas.

      A caneca transbordou, fazendo a cerveja escorrer em sua mão, deixando sua pele com um cheiro nauseante. Fora até a mesa dos encapuzados, colocou a caneca sobre a mesa, não sem antes espiar o mapa.

— O que tanto olhas, guri? — Crater questionou fazendo o coração do garoto gelar.

— Na-nada, senhor. — Olho de Peixe gaguejou.

      Voltou correndo para a cozinha, com o coração na mão. Segundo o mapa que espiara, a nau daqueles homens cheio de mistério iria sair do porto, e ir em direção ao mar aberto. Olho de Peixe encostou as costas no armário de madeira podre, deslizando até o chão.

      Nunca viajara para grandes distâncias.

      De uma coisa, Olho de Peixe tinha plena certeza. Sua vida sempre fora difícil. Lembrava-se bem pouco do rosto da mãe, no entanto, recordava-se perfeitamente de que tinha mais ou menos quatro irmãos. Crianças franzinas e famintas. Lembrou-se que um de seus irmãos, uma menina pequena e muito magra, morrera de inanição. Passavam maus bocados em sua vida. No fundo, ele entendia a mãe, mas ainda sim a odiava. Sempre a via chorar pelos cantos do casebre, insultando a Deus por sua vida miserável. Então, ela o abandonou. Abandonara todos os filhos. Deixou-os dispersos, para serem criados pela vida. Não soube mais de notícias de seus irmãos. Nunca houvera paraíso para Olho de Peixe. Vivia a fugir sem rumo, roubar para sobreviver, e em seguida Tubarão o adotou como parte da gangue.

       Olho de Peixe não tinha sangue italiano correndo em suas veias. Era de raízes germânicas. Um estrangeiro solitário em terra alheia.

Um enjeitado.

— O que fazes aí no chão, pentelho? — Kalt cutucou com o pé, a parte lateral da anca de Olho de Peixe.

— Sabe o que é, Kalt? — Olho de Peixe vira os dois encapuzados levantar-se e sair pela porta da taberna.

— Diga-me logo, moleque!

— Acho que vi um rato debaixo desse armário!

— Um rato? Isso vai desvalorizar minha taberna! Menino, vá comprar uma ratoei...

       Antes de terminar a fala, Olho de Peixe já havia saído da taberna, e tudo que Kalt vira fora as portas duplas e baixas, a movimentar-se.

      O coração de Olho de Peixe iria sacar a qualquer momento, e sair pela garganta. Nem ele mesmo entendia por que raios seguira os dois encapuzados de manto escarlate, noite afora, e nem mesmo saberia explicar por que encontrava-se escondido naquela nau, em alto-mar, dentro de um bote. Controlava a respiração e até mesmo limitava seus movimentos para que não fosse descoberto. Se fosse achado ali, tinha a plena certeza que morreria. Maldição, tinha apenas doze anos. Não poderia morrer tão jovem. Seu estômago começara a soar roncos altos e Olho de Peixe pôs as mãos sobre a barriga, apertando-a. Ergueu um pouco do grosso pano que cobria o bote. Nenhum sinal dos encapuzados.

      Com cautela, desceu uma perna e depois a outra. Encostou-se na parede da nau, cambaleando como um bêbado. Sentiu um enjoo enorme, e um gosto ácido subia rápido, tentando invadir sua boca. Acabara por vomitar, atrás dos barris com pólvora. Definitivamente, Olho de Peixe não nascera para ser marinheiro. Limpou a boca com o dorso da mão. Posicionou as mãos nos joelhos, curvando-se, respirando com dificuldade. E logo fora surpreendido com uma voz que o fizera sobressaltar-se, assustado.

— Ora, veja isto. Temos um rato como passageiro. — falara Crater. — É o moleque da taberna!

      Olho de Peixe pode, por fim, notar o semblante do até então sujeito que estava encapuzado. Havia uma grande cicatriz que cruzava o rosto na vertical, como se tivesse sido feita por um gancho. Era uma aparência tão aterradora que fizera Olho de Peixe tremer dos pés à cabeça, rezando a Ave Maria várias vezes, mentalmente.

— Um forasteiro? — Octans levara a mão ao cinto, tamborilando os dedos no cabo de um punhal. — Não aceitamos bem forasteiros, pirralho.

— E o que faremos com esta peste?

      Crater arrancou o tricórnio de Olho de Peixe e segurou o garoto pelos cabelos, com muita força, fazendo-o arquejar de dor.

— Vamos atirá-lo ao mar e os tubarões que cuidem dele! — Octans sugeriu, com um sorriso sombrio.

     O garoto fechou os olhos, prendendo as lágrimas, e naquele maldito instante podia sentir, com toda a fibra que era chegado o seu fim. Arrependeu-se por abandonar a taberna, e julgava-se, depreciando-se, lamentando por sua vida ter sido tão curta e apática.

       Quando menos esperavam, a nau chacoalhou com um estrondo, e logo mais a fumaça e o fogo surgiram, transformando as feições dos dois Illuminatos que ameaçavam o garoto. Foram atingidos por uma bola de canhão de uma outra nau. Tornaram-se perturbados, largando Olho de Peixe e gritando palavras de ordem para os outros subordinados, que corriam para apontar os tardios canhões na direção da nau inimiga.

      Mais um estrondo e dessa vez, Olho de Peixe viu claramente ganchos voando e atrancando-se nas bordas da nau, firmando-se. Homens com capuzes pretos invadiam a nau, munidos de espadas e braçais com lâminas. Olho de Peixe correu para esconder-se, mas tudo que conseguia distinguir era uma confusa fumaça e homens digladiando-se em uma luta mortal e atroz. O sangue espirrava de seus corpos, e cadáveres amontoavam-se. Os combatentes da nau inimiga levavam a melhor no embate.

      Tudo o que Olho de Peixe conseguia pensar era, no que raios acabara de se meter. Estava em meio a um confronto sangrento, dentro de uma nau em alto-mar, e tinha a sublime certeza que os tais encapuzados de preto, também o ceifaria. Era só uma questão de tempo até encontrá-lo escondido atrás dos barris de pólvora. Tapou as orelhas, bloqueando o ruidoso som externo. Os canhões cuspiam suas bolas de fogo, e as espadas bramiam com o som do aço chocando-se um no outro.

       Até que... houve o silêncio. 

Olho de Peixe, devagarinho, levantou-se de seu esconderijo, e tudo que conseguia ver era corpos e sangue. Vomitara novamente, desta vez por presenciar uma cena tão hedionda, que mexeria com sua memória permanentemente. Todos que estavam naquela nau, foram mortos.

      E ele escapara com vida.

      E sentia que ficaria vivo por pouco tempo. Um dos homens de capuz preto, ainda com uma espada pingando sangue em mãos, andejou até ele, o que apenas contribuiu para que Olho de Peixe caísse atordoado, rastejando-se para fugir do tal homem. O Assassino abaixou o capuz, revelando a tez negra com barba por fazer, e a cabeça que jazia raspada.

— Ei, calma, amiguinho. — O Assassino falou em uma voz paternal. — Não vou te machucar.

— Tu... Ma-matou todos eles? — Olho de Peixe podia pressentir que o tal encapuzado enfiaria a espada em seu peito.

— Eles estavam fazendo uma coisa que não deveriam, em um lugar que não os pertencem.

— Quem são...? — Olho de Peixe pendeu a cabeça para o lado, vendo outros homens, de trajes pretos, andando pela nau.

— Somos Assassinos, garoto. — Estendeu a mão para o garoto, a fim de levantá-lo. — Chamo-me Xadai, e estes que vês no chão, desfalecidos, são Illuminatos, nossos inimigos de longa data.

        Olho de Peixe reparou em Octans e Crater, que jaziam ao chão, com o pescoço estraçalhado, e por alguma razão desconhecida, alegrou-se por aqueles infelizes estarem mortos.

— Quem és tu, garoto? — Xadai indagou para o menino loiro.

Ainda um pouco perplexo, Olho de Peixe não ousou lhe respondeu. Mas, em sua mente, tinha uma apresentação formulada:

"Muitos me chamam de Olho de Peixe. Mas, o meu verdadeiro nome é Jervaise Hadwig."

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro